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Farmacoterapia II Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 1 Doença de Parkinson: Relembrando fisiologia das vias nigroestriatais: Núcleos basais: regulação do movimento voluntário – local de patogenia da Doença de Parkinson. Função: auxilio de aprendizagem dos padrões coordenados do movimento e facilitação dos padrões motores aprendidos. Anatomicamente, os núcleos basais formam alça reentrante ao receber impulsos do córtex cerebral, processar essa informação no contexto do influxo dopaminérgico da substância negra e devolver a informação ao córtex através do tálamo. Circuito interno dos núcleos basais: Estriado – caldado e putamén – é o núcleo de influxo primário. Globo pálido (parte interna) e substância negra – núcleos de descarga. São interconectados através de 2 internúcleos (subtalâmicos + parte externa do globo pálido). Estriado: processamento da informação – impulsos corticais para essa estrutura utilizam glutamato. O estriado também é alvo da via nigroestriatal dopaminérgica. Maioria dos neurônios são “espinhosos médios”, que liberam GABA e emitem suas projeções para dois alvos distais → formação da via direta e da via indireta (interneurônios (liberam Ach) intercomunicação dessas vias). O equilíbrio das vias direta e indireta regula o movimento. Via direta – neurônios estriatais – expressão de receptores D1 de dopamina – projetam-se para globo pálido interno, que inibem o tálamo que, por sua vez envia projeções excitatórias ao córtex → via direta estimula o movimento. Via indireta – neurônios estriatais – expressão de receptores D2 de dopamina – projeta-se para globo pálido externo, que inibe neurônios do núcleo subtalâmico (neurônios glutamatérgicos) → via indireta inibe o movimento. A presença de níveis aumentados de dopamina no estriado tende a ativar neurônios que expressam D1 na via direta e inibe neurônios da via indireta que expressam D2: ambos efeitos promovem movimento. DOENÇA DE PARKINSON: DEFICIÊNCIA DE DOPAMINA: via direta redução de atividade; via indireta hiperativa: redução do movimento. Fisiopatologia: Perda seletiva de neurônios dopaminérgicos na parte compacta da substância negra. Extensa perda, destruição de pelo menos70% dos neurônios quando aparecem pela primeira vez os sintomas. Destruição desses neurônios (mecanismos não totalmente elucidados) causa os sintomas: Bradicinesia, lentidão anormal dos movimentos, rigidez, resistência ao movimento passivo dos membros, comprometimento do equilíbrio postural, tremor característico quando os membros estão em repouso. Classes e agentes farmacológicos antiparkinsonianos: Tratamento sintomático, restaura a qualidade durante muitos anos, porém a evolução da doença leva a uma crescente dificuldade no controle dos sintomas. Além disso, algumas manifestações não respondem bem às medicações atuais, particularmente comprometimento cognitivo e a demência, que caracterizam estágios avançados da doença. Intervenções farmacológicas visam restauração dos níveis de dopamina no cérebro. São divididas em: Precursores da DA; Agonistas dos receptores de DA; e Inibidores da degradação de DA. • Precursores da DA: Levodopa: A própria DA não passa pela BHE – no entanto, o precursor imediato da DA, a l-DOPA (levodopa), é Farmacoterapia II Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 2 transportado pela BHE por transportadores de aminoácidos neutros. Uma vez no SNC, a l-DOPA é convertida em dopamina pela enzima AADC. Geralmente combinada com carbidopa, benzerazida e entacapone. A levodopa oral é imediatamente convertida a DA no intestino, o que diminui a quantidade de levodopa capaz de alcançar a BHE e aumenta efeitos adversos periféricos da dopamina, como náuseas. A carbidopa reduz efeitos adversos do metabolismo periférico, pois impede a conversão da levodopa em DA na periferia, pois é um inibidor de AADC. – Levodopa/carbidopa (Sinemet®, Cronomet®) – Levodopa/benzerazida (Prolopa®, Parkidopa®) – Levodopa/carbidopa/entacapona (Stalevo®) Levodopa isolada: 1-3% atinge SNC. Levodopa + carbidopa: 10%. Há melhora em 80% dos pacientes e restauração total em 20%. Efeitos diversos agudos: Náuseas e vômito, hipotensão, efeitos semelhantes à esquizofrenia. Efeitos adversos: discinesia (2 anos após a terapia), flutuações no efeito terapêutico, perda da eficácia com evolução da doença. A levodopa é o tratamento mais efetivo para a doença de Parkinson. • Inibidores da MAO-B Selegilina (Niar®, Jumexil®, Deprilan®) Protege a DA da degradação. Não provoca reação do queijo. Não tem ação periférica. Pode proteger da neurotoxicidade. Desvantagem: metabólito – anfetamina: pode causar insônia e confusão. Rasaglina, recemente aprovada nos EUA, é um inibidor da MAO-B que não forma metabólito tóxico. Os inibidores da MAO-B melhoram função motora na doença de Parkinson quando utilizados isoladamente e ambas podem aumentar a eficácia do tratamento com levodopa. Tolcapona e Entacapona: inivem a COMT e, portanto, inibem a degradação da DA. Podem ser utilizados com a carbidopa para estender ainda mais a meia-vida da levodopa. Efeitos da carbidopa, dos inibidores da COMT e dos inibidores da MAOb sobre o metabolismo periférico e central da levodopa: a levodopa é administrada VO e metabolizada nos tecidos periféricos e TGI pela AADC, COMT e MAOa. Esse metabolismo diminui consideravelmente a dose efetiva de levodopa disponível para o cérebro e aumenta significativamente os efeitos periféricos do fármaco. A carbidopa é um inibidor de AADC que não tem capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica. Levodopa + carbido = maior fração de levodopa disponível no cérebro, menor dose necessária e menor efeitos adversos. Ao inibir COMT na periferia, a entacapona e tolcapona aumentam a fração de levodopa periférica disponível para o cérebro. Inibidores seletivos da MAOb aumentam eficácia do tratamento com levodopa ao inibir o metabolismo da DA no cérebro. • Agonistas dopaminérgicos: Mesmos efeitos da levodopa, mas sem neurotoxicidade. São moléculas não-peptídicas: não competem com levodopa ou outros aminoácidos neutros pelo seu transporte pela BHE. Não necessitam de conversão enzimática pela AACD: permanecem efetivos em fase avançada da doença de Parkinson. Bromocriptina(Parlodel®)/Pergolida (agonistas derivados do esporão de centeio): forte inibição da hipófise, tendo ação mais longa que a levodopa. Farmacoterapia II Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 3 Bromocriptina: agonista D2. Perfolida agonista D1 e D2 Pramipexol/Ropinirol (agonistas não-esporão do centeio): agonistas D3>D2; aplicação em pacientes que nunca utilizaram levodopa Limitações: efeitos adversos – náusea, edema periférico, hipotensão. Os fármacos mais recentes não-esporão de centeios produzem menos efeitos, mas são utilizados com muito mais frequência. Todos agonistas dopaminérgicos podem produzir uma variedade de efeitos colaterais cognitivos: sedação excessiva, sonhos vívidos e alucinações. Farmacologia não-dopaminégica na doença de Parkinson: Amantadina, triexifenidil e benztropina. Amantadina: tto das discinesias – bloqueio dos receptores NMDA excitatórios. Provável aumento de DA. É menos eficaz que a levodopa ou os agonistas dopaminérgicos. Os efeitos colaterais são semelhantes a levodopa porém mais brandos. Triexifenidil e benztropina: antagonistas dos receptores muscarínicos e reduzem tônus colinérgico do SNC – diminuem mais o tremor. Acredita-se que esses agentes anticolinérgicos atuam ao modificar ações dos neurônios colinérgicos estriatais, que regulam as interações dos neurônios das vias direta e indireta. • Doença de AlzheimerA doença de Alzheimer (DAz) é uma afecção neurodegenerativa progressiva e irreversível de aparecimento insidioso, que acarreta perda da memória e diversos distúrbios cognitivos (SMITH, 1999). A doença de Alzheimer está associada a encolhimento do cérebro e perda localizada de neurônios, principalmente no hipocampo e na parte basal do prosencéfalo. A perda de neurônios colinérgicos no hipocampo e no córtex frontal é característica da doença, e acredita-se que esteja por trás da deficiência cognitiva e da perda da memória de curto prazo que ocorrem na DAz. Atualmente, os inibidores da colinesterase e a memantina são os únicos fármacosaprovados para o tratamento da DAz. As terapias empregadas são pouco eficazes. • Anticolinesterásicos - Tacrina - Donezepila - Galantamina - Rivastigmina Farmacoterapia II Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 4 • Supostos vasodilatadores (diidroergotoxina) • Agonistas muscarínicos (arecolina, pilocarpina) • intensificadores da cognição (piracetam, aniracetam) • Antagonistas NMDA (memantina) Essas drogas não proporcionam nenhum benefício demonstrável e ainda não foram oficialmente aprovadas.
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