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FASES DA DEGLUTIÇÃO

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Patrícia Miranda- MEDICINA 
 
 
A deglutição é resultado de um complexo 
mecânico neuromotor que tem como função 
transportar o alimento da cavidade oral para o 
estômago. Essa função sofre efeitos das 
mudanças anatômicas decorrentes do 
crescimento humano. No recém-nascido, a 
laringe está aproximadamente em nível de C1 
para C4, descendo, em adultos, para C4 a C7. 
Desse modo, o contato da epiglote com o palato 
mole é perdido. No ser humano adulto, isso 
pode aumentar o risco de aspiração de alimento 
para as vias aéreas, em função da proximidade 
da entrada do esôfago e da laringe e do caminho 
em comum (faringe) pelo qual o ar e o bolo 
deglutido devem passar. Esse arranjo entre as 
outras da via aerodigestiva é único em humanos. 
 
Fase oral preparatória 
 
A primeira fase a ocorrer durante a função de 
deglutição é a preparatória, que consiste em 
preparar o material na boca para ser deglutido. 
Dois padrões de posicionamento do bolo em 
relação à língua podem ser observados nessa 
fase : o padrão tipper (a língua mantém o bolo 
na superfície dorsal); e o dipper (posição do bolo 
no sulco sublingual anterior). Os alimentos 
sólidos e semissólidos são mastigados, 
misturados com a saliva e preparados para 
serem deglutidos, e a ponta da língua é 
posicionada contra o incisivo superior ou 
rebordo alveolar da maxila. A cavidade oral 
posterior é isolado, em caso de bolo maior, pela 
elevação da base da língua contra o palato mole. 
Os músculos da mandíbula e a musculatura 
facial (orbiculares e bucinadores) 
desempenham um importante papel na 
mastigação. Durante a fase oral da deglutição, 
esses grupos de músculos se contraem 
levemente para estabilizar a mandíbula, os 
lábios e as bochechas. A coordenação entre a 
fase mastigatória e as outras fases da deglutição 
e respiração é necessária para evitar a aspiração. 
Nela se encontra a glândula salivar. Ela é uma 
glândula que libera uma secreção chamada 
saliva na cavidade oral. Normalmente, é 
secretada apenas uma quantidade suficiente de 
saliva para manter as túnicas mucosas da boca e 
da faringe úmidas e para limpar a boca e os 
dentes. Quando o alimentos entra na boca, no 
entanto a secreção de saliva aumenta e o 
lubrifica, dissolvendo-o e iniciando a 
decomposição química dos alimentos. 
 
Quimicamente, a saliva é composta por 99,5% 
de água e 0,5% de solutos. Entre os solutos estão 
os íons, incluindo o sódio, o potássio, o cloreto, 
o bicarbonato e o fosfato. Também estão 
presentes alguns gases dissolvidos e substâncias 
orgânicas, incluindo a ureia e ácido úrico, o 
muco, a imunoglobulina A, a enzima 
bactetiolítica lisozima e a amilase salivar, uma 
enzima digestória que atua sobre o amido. 
A água fornece um meio para dissolução de 
alimentos, de modo que eles possam ser 
aprovados pelos receptores gustativos e de 
modo que as reações digestórias possam ter 
início. Os íons cloreto na saliva ativam a amilase 
salivar, uma enzima que inicia a degradação do 
amido na boca em maltose, maltotriose e alfa-
dextrina. Os íons bicarbonato e fosfato 
tamponam alimentos ácidos que entram na 
boca, de modo que a saliva é apenas 
ligeiramente ácida (pH entre 6,35 e 6,85). As 
glândulas salivares (como as glândulas 
sudoríparas da pele) a ajudam a remover 
moléculas residuais do corpo, que respondem 
pela presença de ureia e ácido úrico na saliva. O 
muco lubrifica os alimentos para que ele possa 
ser movimentado facilmente na boca, modelado 
em uma bola e deglutido. A imunoglobulina A 
(igA) impede a ligação de microrganismos, de 
modo que eles não são capazes de penetrar o 
epitélio, e a enzima lisozima mata as bactérias; 
no entanto, estas substâncias não estão 
presentes em quantidades suficientes para 
eliminar toas as bactérias da boca. 
Fases da deglutição 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
A digestão mecânica na boca resulta da 
mastigação, em que o alimento e manipulado 
pela língua, triturado pelos dentes e misturado 
com a saliva. Como resultado, a comida é 
reduzida a uma massa flexível, facilmente 
engolida, chamada bolo alimentar. As moléculas 
de alimento começam a se dissolver na água da 
saliva, uma atividade importante porque as 
enzimas podem reagir com as moléculas do 
alimento apenas em um meio líquido. 
A amilase salivar inicia a degradação do amido 
pela fragmentação do amido em moléculas 
menores, como maltase dissacarídea, a 
matotriose trissacaridea e polímeros de glicose 
de cadeia curta chamamos alfa-dextrina. 
Mesmo que o alimento normalmente seja 
deglutido muito rapidamente para que todos os 
amidos sejam fragmentados na cavidade oral, a 
amilase salivar no alimento ingerido continua 
agindo sobre os amidos por aproximadamente 
1h, tempo em que os ácidos do estômago 
inativam-na. A saliva contém lipase lingual, que 
é secretada pelas glândulas linguais na língua. 
Esta enzima torna-se ativa no ambiente ácido do 
estômago e, assim, começa funcionar após o 
alimento ser deglutido. 
 
Deglutição 
 
O movimento do alimento da boca para o 
estômago é alcançado pelo ato de engolir, ou 
deglutição. A deglutição é facilitada pela 
secreção de saliva e muco e envolve a boca, a 
faringe e o esôfago. 
Ela se divide em três fases: 
1. A fase voluntária, em que o bolo 
alimentar é passado para a parte oral 
da faringe. 
2. A fase faríngea, a passagem 
involuntária do bolo alimentar pela 
faringe até o esôfago. 
3. A faze esofágica, a passagem 
involuntária do bolo alimentar através 
do esôfago até o estômago. 
A deglutição é iniciada quando o bolo alimentar 
é forçado para a parte posterior da cavidade oral 
e pelo movimento da língua para vima e para 
trás contra o palato; essas ações constituem a 
fase voluntária da deglutição. Com a passagem 
do bolo alimentar para a parte oral da faringe, 
começa a fase faríngea involuntária da 
deglutição. O bolo alimentar estimula os 
receptores da parte oral da faringe, quem 
enviam impulsos para o centro da deglutição no 
bulbo e parte inferior da ponte do tronco 
encefálico. Os impulsos que retornam fazem 
com que o palato mole e a úvula se movam para 
cima para fechar a parte nasal da faringe, o que 
impede que o bolo alimentar entre no restante 
do trato respiratório. O bolo alimentar se move 
pelas partes oral e laríngea da faringe. Quando o 
esfíncter esofágico superior relaxa, o bolo 
alimentar se move para o esôfago. 
 
Fase esofágica 
 
O esôfago secreta muco e transporta os 
alimentos para o estômago. Ele não produz 
enzimas digestórias nem realiza absorção. 
A fase esofágica da deglutição começa quando o 
bolo alimentar entra no esôfago. Durante esta 
fase, o peristaltismo, uma progressão de 
contração e relaxamentos coordenados das 
camadas circular e longitudinal da túnica 
muscular, empurra o bolo alimentar para a 
frente. (O peristaltismo ocorre em outras 
estruturas tubulares, incluindo outras partes do 
canal alimentar e ureteres, ductos biliares e 
tubas uterinas; no esôfago é controlado pelo 
bulbo). 
1. Na secção do esôfago imediatamente 
superior ao bolo alimentar, as fibras 
musculares circulantes se contraem 
comprimido a parede esofágica e 
comprimindo o bolo alimentar em 
direção ao estômago. 
2. As fibras longitudinais inferiores ao 
bolo alimentar também se contraem, o 
que encurta esta seção inferior e 
empurra suas paredes para fora que 
possam receber o bolo alimentar. As 
contrações são repetidas em ondas que 
empurram o alimento em direção ao 
estômago. Os passos 1 e 2 se repetem 
até que o bolo alimentar alcança os 
músculos do esfíncter esofágico 
inferior. 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
3. O esfíncter esofágico inferior relaxa e o 
bolo alimentar se move para o 
estômago. 
O muco produzido pelas glândulas esofágicas 
lubrifica o bolo alimentar e reduz o atrito. A 
passagem do alimento sólido ou semissólido da 
boca ao estômago leva de 4 a 8 horas;alimentos 
muito moles e líquidos passam em 
aproximadamente 1s. 
 
Fase gástrica 
 
Funções: 
1. Mistura a saliva, os alimentos e o suco 
gástrico para formar o quimo 
2. Serve como reservatório para o 
alimento antes da liberação para o 
intestino delgado. 
3. Secreta suco gástrico, que contém HCL 
(mata bactérias e desnatura proteínas), 
pepsina (começa a digestão de 
proteínas), fator intrínseco (auxilia na 
absorção de vitamina B12) e lipase 
gástrica (auxilia na digestão de 
triglicerídeos). 
4. Secreta gastrina no sangue. 
 
Alguns minutos depois de os alimentos entrar no 
estômago, as ondas de peristaltismo passam 
pelo estômago a cada 15 a 25 s. Poucas ondas 
peristálticas são observadas na região do fundo 
gástrico, que tem principalmente uma função de 
armazenamento. 
Em vez disso, a maior parte das ondas começa 
no corpo gástrico e se intensifica à medida que 
alcança o antro pilórico. Cada onda peristáltica 
move o conteúdo gástrico do corpo gástrico 
para baixo para dentro do antro pilórico, em um 
processo conhecido como propulsão. O óstio 
pilórico normalmente permanece quase, mas 
não completamente, fechado. Como a maior 
parte das partículas de alimento no estômago 
inicialmente são demasiadamente grandes para 
passar através do estreito óstio pilórico, elas são 
forçadas para trás para o corpo gástrico, em um 
processo conhecido como retropulsão. 
 Ocorre então outra rodada de propulsão, 
movendo as partículas de alimentos de volta 
para o antro pilórico. Se as partículas de 
alimento continuam sendo demasiadamente 
grandes para passar através do óstio pilórico, a 
retropulsão ocorre novamente e as partículas 
são comprimidas de volta para o corpo gástrico. 
Em seguida, ocorre ainda outra rodada adicional 
de propulsão, e o ciclo continua se repetindo. O 
resultado líquido destes movimentos é que o 
conteúdo gástrico é misturado ao suco gástrico, 
e por fim sendo reduzido a um líquido com 
consistência de sopa chamado quimo. 
Uma vez que as partículas no quimo são 
suficientemente pequenas, elas podem passar 
através do óstio pilórico, em um fenômeno 
conhecido como esvaziamento gástrico. O 
esvaziamento gástrico é um processo lento: 
apenas aproximadamente 3 ml de quimo se 
movem através do óstio pilórico de cada vez. 
Os alimentos podem permanecer no fundo 
gástrico durante aproximadamente 1 h sem 
serem misturados ao suco gástrico. Durante este 
tempo, a digestão pela amilase salivar das 
glândulas salivares continua. Logo, no entanto, a 
ação de agitação mistura o quimo com o suco 
gástrico ácido, inativando a amilase salivar e 
ativando a lipase lingual produzida pela língua, 
que começa a digerir os triglicerídios em ácidos 
graxos e diglicerídios. 
Embora as células parietais secretem os íons 
hidrogênio (H+) e íons cloreto (Cl-) 
separadamente no lúmen do estômago, o efeito 
líquido é a secreção de ácido clorídrico (HCl). As 
bombas de prótons alimentares H+ K+ ATPase 
transportam ativamente o H+ para lúmem 
enquanto trazem os íons potássio (K+) para 
dentro da célula. Ao mesmo tempo, o Cl- e o K+ 
se difundem para fora para lúmen através dos 
canais de Cl- e K+ da membrana apical. A enzima 
anidrase carbônica, que é especialmente 
abundante nas células parietais, catalisa a 
formação de ácido carbônico (H2CO3) a partir da 
água (H2O) e dióxido de carbono (CO2). 
Quando o ácido carbônico se dissocia, ele 
fornece uma fonte uma fonte pronta de H+ para 
as bombas de prótons, mas também produz íons 
bicarbonato (HCO3-). Conforme o HCO3- se 
acumula no citosol, ele sai da célula parietal na 
troca de CL- via antiportadores Cl-HCO3+ na 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
membrana basolateral (próxima da lâmina 
própria). O HCO3- se difunde nos capilares 
sanguíneos próximos. Esta “maré alcalina” dos 
íons bicarbonato entrando na corrente 
sanguínea após uma refeição pode ser grande o 
suficiente para elevar ligeiramente o pH do 
sangue e deixar a urina mais alcalina. 
O líquido fortemente ácido do estômago mata 
muitos microrganismos dos alimentos. O HCl 
desnatura parcialmente as proteínas dos 
alimentos e estimula a secreção de hormônios 
que promovem o fluxo da bile e do suco 
pancreático. A digestão da enzima das proteínas 
também começa no estômago. A única enzima 
proteolítica (que digere proteína) no estômago 
é a pepsina, que é secretada pelas células 
principais gástricas. A pepsina rompe certas 
ligações peptídicas entre os aminoácidos, 
fragmentando uma cadeia proteica de muitos 
aminoácidos em fragmentos peptídicos 
menores. A pepsina é mais efetiva no meio 
ambiente ácido do estômago (pH2); torna-se 
inativa em um pH mais alto. 
Outra enzima do estômago é a lipase gástrica, 
que cliva os triglicerídeos (gorduras e óleos) das 
moléculas de gordura em ácidos graxos e 
monoglicerídeos. Um monoglicerídeo é 
composto por uma molécula de glicerol ligada a 
uma molécula de ácido graxo. Esta enzima, que 
tem um papel limitado no estômago adulto, 
opera melhore a um pH entre 5 e 6. Mais 
importante do que qualquer lipase lingual ou 
lipase gástrica pancreática, uma enzima 
secretada pelo pâncreas para o intestino 
delgado. 
Apenas uma pequena quantidade de nutrientes 
é absorvida no estômago, porque suas células 
epiteliais são impermeáveis à maior parte dos 
materiais. No entanto, as células mucosas do 
estômago absorvem um pouco de água, íons e 
ácidos graxos de cadeia curta, bem como 
determinados fármacos (especialmente p ácido 
acetilsalicilico) e álcool. 
Dentro de 2 a 4 horas após a ingestão de uma 
refeição, o estômago já esvaziou seu conteúdo 
para o duodeno. Os alimentos ricos em 
carboidratos permanecem menos tempo no 
estômago; alimentos ricos em proteína 
permanecem um pouco mais, e o esvaziamento 
é mais lento após uma refeição rica em gordura 
contendo grandes quantidade de triglicerídios. 
 
Referência 
TORTORA. G.J. et al. Princípios de anatomia e 
fisiologia. Ed.14.Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2016 
 
ZATERKA. S. et al. Tratado de gastroenterologia: 
da graduação à pós- graduação. Ed 2. São Paulo: 
Editora Atheneu, 2016.

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