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A doença do refluxo gastroesofágico

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Patrícia Miranda- MEDICINA 
 
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é a 
condição que se desenvolve quando o refluxo do 
conteúdo procedente do estômago provoca 
sintomas desagradáveis e/ou complicações. É 
um diagnostico mais comum feitos em 
gastroenterologia e no atendimento primário 
dos pacientes. 
O diagnóstico da DRGE é frequentemente 
baseado na presença de sintomas típicos (pirose 
e regurgitação) ou sintomas atípicos 
extraesofágicos (dor torácica não cardíaca, 
tosse, pigarro e disfonia), por respostas à 
terapia supressora de ácido com um curso de 
tratamento com IBP, achados à endoscopia de 
lesões mucosas relacionadas ao refluxo e pelo 
monitoriamento prolongado do refluxo pelo 
pHmetria esofágica. Além do aspecto clínico da 
sintomatologia propriamente dita, outros 
eventos importantes também merecem 
consideração. Assim mais recentemente a DRGE 
tem sido associada a alterações do sono. 
 
 
 
Fisiopatologia 
As lesões características da DRGE ocorrem 
quando a mucosa do órgão é exposta ao refluxo 
gástrico que contém agentes agressores como 
ácido, pepsina, sais biliares e enzimas 
pancreáticas. 
Em condições normais ocorrem episódios de 
refluxo de curta duração e rápida depuração, 
 
 
 
denominado refluxo fisiológico. Numerosos 
fatores podem contribuir para o refluxo se 
tornar patológico, merecendo destaque as 
aberturas transitórias do esfíncter inferior do 
esôfago. 
Estes, ocorrem independentemente da 
deglutição, principalmente em indivíduos com 
pressão basal normal. Em alguns casos, que não 
constituem maioria, pode ocorrer hipotensão 
esfincteriana, como principal mecanismo 
fisiopatológico. 
 
Uma observação recente de grande interesse, é 
que o refluxo gastroesofágico, em particular 
aquele que ocorre no período pós-prandial, se 
origina de um reservatório gástrico de ácido, 
sobrenadando o conteúdo gástrico. Essa “bolsa 
ácida” recém-secretada não se mistura com a 
refeição e pode ser detectada próximo à junção 
esofagogástrica em torno de 20 minutos após a 
refeição. Esse fato aponta para um novo alvo 
com o objetivo de edução da pirose pós-
prandial. Nos pacientes com DRGE, sobretudo 
naqueles com hérnia hiatal, a bolsa ácida é 
maior e se estende mais proximalmente no 
esôfago quando comparada àquela observada 
em controles saudáveis. 
 
O refluxo gastroesofágico provoca diminuição 
da resistência do epitélio mucoso esofágico com 
dilatação do espaço intercelular e presença de 
erosões. Entretanto, a presença de erosões na 
mucosa esofágica pode não ocorrer, 
caracterizando-se a forma não erosiva da 
doença, como se verá a seguir. A dilatação do 
espaço intercelular, por outro lado, é uma das 
mudanças morfológicas mais precocemente 
observadas no epitélio esofágico. Ela é 
observada tanto em pacientes com a doença 
erosiva quanto naqueles com a doença não 
erosiva, podendo, em teoria, ser o mecanismo 
gerador ou perpetuador dos sintomas, mesmo 
nos pacientes em tratamento com inibidores da 
bomba protônica (IBP). A gravidade da esofagite 
é relacionada à duração, ao tempo de exposição 
ácida e ao pH do conteúdo gástrico refluído 
Doença do refluxo gastroesofágico 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
 
• Doença do refluxo não erosivo (DRGE-
NE) 
A forma mais frequente da enfermidade é 
definida pela presença de sintomas 
desagradáveis associados ao refluxo, com 
ausência de erosão ao exame endoscópico. 
Atenção, pois a verificação da presença de 
edema e eritema per se não caracterizam a 
ocorrência de DRGE-NE, a qual pode ser 
diagnosticada clinicamente com base na história 
clinica, embora a presença de sintomas típicos 
também não assegure o diagnóstico de forma 
definitiva. Assim, demanda a realização de teste 
terapêutico, particularmente, em pacientes com 
menos de 45 anos de idade. 
• Doença do refluxo erosivo (DRGE-E) 
A apresentação clássica da enfermidade, com 
sintomatologia clínica e presença de erosão ao 
exame endoscópico, a qual, embora importante, 
não apresenta especificidade elevada. 
 
 
 
Esôfago de Barrett 
É a substituição do epitélio escamoso 
estratificado por epitélio colunar contendo 
células intestinalizadas (metaplasia intestinal) 
em qualquer extensão do órgão. Trata-se de 
uma condição adquirida que resulta do refluxo 
gastroesofágico crônico. O diagnóstico é 
primariamente suspeitado pelo exame 
endoscópico, mas deve ser sempre confirmado 
pelo exame histológico de fragmentos de 
biópsia, o qual demonstra metaplasia intestinal 
incompleta com presença de células 
caliciformes. 
 
O esôfago de Barrett é uma condição pré-
maligna que se acredita ser o maior fator de 
risco para o desenvolvimento de 
adenocarcinoma do esôfago distal. 
 
• Recidivas 
Os pacientes com DRGE apresentam diferentes 
defeitos fisiopatológicos que não são 
efetivamente corrigidos com o tratamento, mas 
são atenuados pelo bloqueio do ácido que 
provém do estômago. Assim, é de se esperar 
que, após o tratamento da fase aguda da 
enfermidade, possam ocorrer recidivas com a 
suspensão do tratamento, particularmente nos 
casos mais graves. De fato, a DRGE-E recidiva em 
80 a 90% dos pacientes dentro de seis meses do 
término do tratamento. 
 
O tratamento de manutenção desses pacientes 
deve ser considerado, sobretudo, nos casos de 
esofagite erosiva. 
 
Diagnóstico. 
O diagnóstico da DRGE se inicia com uma 
anamnese cuidadosa. Esta deve identificar os 
sintomas característicos, bem como definir sua 
intensidade, duração e frequência. Devem ser 
observados os fatores desencadeantes e de 
alívio, além de ser determinado o padrão de 
evolução da enfermidade no decorrer do 
tempo, assim como o impacto na qualidade de 
vida dos pacientes. Os sintomas considerados 
típicos são: 
 
- Pirose: Algumas vezes chamada de azia, que é 
a sensação de queimação retroesternal que se 
irradia do epigástrio à base do pescoço, 
podendo atingir a garganta. 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
- Regurgitação: Definida como a percepção do 
fluxo do conteúdo gástrico refluído para a boca 
ou hipofaringe. 
Quando os dois sintomas ocorrem 
simultaneamente, a probabilidade de o paciente 
apresentar DRGE é elevada, ao redor de 90%. 
 
Por outro lado, quando os pacientes 
apresentam sintomas típicos duas ou mais vezes 
por semana, por no mínimo 4 a 8 semanas, 
existe razoável probabilidade de serem 
portadores de DRGE. 
 
A pirose costuma ocorrer 30 a 60 minutos após 
as refeições, especialmente quando estas são 
muito volumosas e/ou ricas em gordura. 
Associados aos sintomas típicos, também 
podem ocorrer sialorreia, eructação, sensação 
de opressão retroesternal. 
 
Condições que elevam a pressão intra-
abdominal também podem exacerbar os 
sintomas, particularmente a obesidade. Nesse 
caso a obesidade deve ser considerada um fator 
de risco para a DRGE, uma vez que a ocorrência 
de refluxo gastroesofágico patológico está 
relacionada a esta. 
É interessante observar que a intensidade é tão 
importante quanto a frequência dos sintomas e 
que existe relação entre a gravidade e a afetação 
da qualidade de vida. Isso vale tanto para a 
DRGE não erosiva quanto para a esofagite 
erosiva. 
 
A ausência de sintomatologia típica não descarta 
a hipótese de DRGE, tendo em vista as 
manifestações atípicas da DRGE. 
 
A DTNC é particularmente importante: depois 
de afastada a etiologia cardíaca (que deve ser 
considerada primeiramente na abordagem 
diagnóstica), a DRGE costuma ser a causa mais 
comum de dor torácica, podendo corresponder 
a 50% dos casos de DTNC. 
A tosse crônica, laringite crônica e asma são 
processos multifatoriais que podem ter o refluxo 
como fator potencial de agravamento e, por 
isso, a DRGE pode não ser a única causa dessas 
manifestações. 
 
Os mecanismos causais para a tosse, laringite de 
refluxo e síndromes asmatiformes podem ser 
diretos (aspiração) ou indiretos (mediados 
neuralmente). 
Nesses casos, a semiologia se reveste de maior 
importância porque deve caracterizaro 
sintoma, sua relação com a alimentação, 
exercícios físicos e postura do indivíduo e 
presença de manifestações típicas (que podem 
ser leves ou eventualmente negligenciadas pelo 
paciente). 
 
Deve-se ter atenção à ocorrência dos sinais e/ou 
sintomas de alerta que, frequentemente, estão 
associados a complicações. Os pacientes, nesses 
casos, devem ser muito bem investigados, 
recebendo abordagem diagnóstica mais 
agressiva 
 
Os sinais ou sintomas de alerta são: anemia, 
hemorragia digestiva, emagrecimento, disfagia 
e odinofagia, além da presença de sintomas de 
grande intensidade, principalmente os que têm 
início recente em pacientes idosos e/ou com 
história familiar de câncer. 
 
Atenção: HELICOBACTER PYLOTI 
 
Existem evidências demonstrando que a 
infecção por H. pylori não tem relação com a 
DRGE e que sua erradicação não agrava seus 
sintomas. Portanto, tendo em vista a remissão 
de sintomas ou cicatrização de lesões, até o 
presente, não está indicada a pesquisa do 
H.pylori ou sua erradicação. 
 
Teste diagnóstico terapêutico 
No III Consenso da DRGE Brasileiro baseado em 
evidências, o teste diagnóstico terapêutico (IBP, 
administrado em dose plena por um período de 
quatro semanas) para os pacientes com menos 
de 45 anos e com manifestações típicas foi 
classificado como recomendação de grau A, o 
que quer dizer que é um procedimento válido e 
suportado pela literatura. Ainda assim, foi 
explicitamente recomendado que todo paciente 
com suspeita ou diagnóstico de DRGE realize a 
endoscopia digestiva alta (EDA) antes do início 
do tratamento. Essa orientação baseia-se no 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
fato de que a EDA é um procedimento seguro e 
facilmente executado, amplamente disponível e 
de baixo custo em nosso meio. Permite a 
visualização direta da mucosa e aumenta a 
acurácia diagnóstica nos casos de DRGE erosiva. 
Isto, além de identificar precocemente as 
complicações ou outras eventualidades, como 
neoplasias de esôfago e estômago. 
 
O teste diagnóstico terapêutico é uma conduta 
interessante, porém, determinados pacientes 
com DRGE eventualmente podem não 
apresentar resposta positiva ao teste, ou porque 
necessitam de dose maior do medicamento ou 
de sua utilização por período mais prolongado. 
Na mesma linha do teste diagnóstico 
terapêutico, o estabelecimento do diagnóstico 
de maneira simples e intuitiva, baseado apenas 
na anamnese e no exame físico para pacientes 
com idades inferiores a 45 anos sem sinais de 
alerta e com sintomas típicos de DRGE, tem sido 
proposto, também. Todavia, não é a conduta 
proposta para o nosso meio que geralmente 
indica a realização da EDA. 
 
• Exame endoscópico e biópsia de 
esôfago 
O exame endoscópico é o método de escolha 
para o diagnóstico das lesões causadas pelo 
refluxo gastroesofágico. 
Permite a caracterização da presença de erosões 
da mucosa esofágica e possibilita a realização 
de biópsias. Assim, o exame endoscópico 
possibilita a classificação da DRGE em doença 
erosiva ou não erosiva que poderá ter 
implicações diretas na forma de abordagem 
terapêutica. 
 
As biópsias de esôfago têm indicação limitada 
apenas às complicações da doença: esôfago de 
Barrett, úlceras de esôfago e estenose, além de 
caracterizar o adenocarcinoma esofágico. O III 
Consenso Brasileiro da DRGE sinaliza que, em 
pacientes refratários ao tratamento com IBP, a 
observação das dimensões do espaço 
intercelular do epitélio do esôfago distal 
aumenta a probabilidade de certeza diagnóstica 
e permite a análise da resposta terapêutica. A 
dilatação do espaço intercelular pode, 
preferencialmente, ser observada à microscopia 
eletrônica, embora o diagnóstico nessa instância 
seja oneroso e não facilmente acessível. 
 
Convém lembrar que um número relativamente 
elevado de pacientes não mostra alterações da 
mucosa ao exame (erosões) ou revela alterações 
inespecíficas como, por exemplo, edema e 
eritema que não são características da DRGE e, 
portanto, não permitem estabelecer o 
diagnóstico. É a ausência de alterações 
endoscópicas que, na dependência da 
ocorrência de sintomatologia típica, pode 
corresponder à forma não erosiva da 
enfermidade. 
 
A existência de numerosas classificações 
endoscópicas espelha a dificuldade existente na 
uniformização dos diagnósticos endoscópicos da 
DRGE e, consequentemente, na eventual 
comparação de resultados de diferentes exames 
do mesmo paciente. 
Com esse objetivo, é recomendável o emprego 
da classificação de Los Angeles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
 
 
• Raio X contrastado de esôfago 
(esofagograma ou seriografia) 
Tem hoje indicação restrita em função dos 
avanços da avaliação endoscópica. A indicação 
do esofagograma baseia-se na capacidade do 
exame em avaliar dinamicamente a morfologia 
do órgão e o tempo de trânsito do contraste. 
Entretanto, para o diagnóstico de DRGE 
apresenta baixa sensibilidade e especificidade e, 
por conseguinte, raramente está indicado. 
 
• Cintilografia 
Pode demonstrar o refluxo do conteúdo gástrico 
após a ingestão de contraste marcado no Tc. O 
exame é caro e pouco disponível, mas, por ser 
uma técnica não invasiva, tem sido utilizado 
amplamente para o diagnóstico da DRGE em 
crianças. Pode também ser útil para investigar as 
manifestações atípicas respiratórias. 
 
• Manometria convencional e 
manometria esofágica de alta 
resolução 
O diagnóstico da DRGE não pode estar baseado 
nos resultados do esofagograma ou da 
manometria esofágica, que seja convencional oi 
de alta resolução. A manometria convencional 
tem valor bastante limitado na investigação 
diagnóstica inicial da DRGE. Entretanto, está 
indicada nas seguintes condições: 
- Antes da realização do exame pHmétrico, com 
o objetivo de precisar o local do esfíncter 
esofágico inferior para localização do sensor de 
pH. 
- No pré-operatório da DRGE para afastar 
acalasia e distúrbios importantes de motilidade 
esofágica, por exemplo, a esclerose sistêmica, 
porque estes contraindicam a fundoplicatura. A 
presença de peristalse diminuída é menos 
importante antes da cirurgia porque estas 
alterações não têm se correlacionado com a 
predição de disfagia pós-fundoplicatura. 
 
- Na investigação complementar de disfagia, 
particularmente quando existe suspeita de 
alterações motoras de esôfago, como o 
“esôfago em quebra-nozes” e espasmos 
esofágico difuso. 
A manometria de alta resolução procura superar 
as limitações da monometria convencional, 
possibilitando o emprego de um grande número 
de sensores de pressõa, inclusive sensibilidade 
circunferencial, que faz com que a imagem final 
seja contínua e espacial. Apresenta maior 
especificidade na identificação dos tipos de 
aclasia, obstrução funcional da junção 
esofagogástrica e na definição do espasmo 
esofágico. É importante considerar que muitos 
pacientes com DTNC e espasmo esofágico difuso 
ATENÇÃO: Classificação de Los Angeles 
Grau A: Uma solução ou mias soluções de 
continuidade da mucosa, não maiores que 5 mm 
cada, que não se estendem entre duas pregas 
longitudinais. 
 
Grau B: Uma ou mais soluções de continuidade 
da mucosa, com mais de 5mm cada, não 
contíguas entre o topo de duas pregas 
longitudinais. 
 
Grau C: Soluções de continuidade da mucosa 
contíguas entre o topo de duas (ou mais) pregas, 
porém envolvendo menos de 75% da 
circunferência do esôfago. 
 
Grau D: Soluções de continuidade envolvendo 
mais de 75% da circunferência do esôfago. 
 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
respondem à supressão ácida porque 
presumivelmente apresentam DRGE. Nestes 
casos, a alteração motora pode ser mais bem 
observada pela manometria de alta resolução. 
 
No que se refere à DRGE de modo geral, o 
método atualmente não apresenta grandes 
vantagens em relação à manometria 
convencional. Porém, poderá vir a ter papel 
importante no futuro, à medida que progridemos estudos, sobretudo os relacionados à junção 
esofagogástrica. 
• pHmetrica esofágica de 24 horas. 
O monitoriamento ambulatoria do refluxo 
gastroesofágico pode ser realizado por 
diferentes métodos. O monitoriamento do pH 
intraesofágico pode ser realizado via cateter 
transnasal ou com cápsula telemétrica sem fio e 
pode detectar episódios de refluxo medindo as 
diminuições do pH esofágico. Cateteres de 
impedância e pH posicionados por via transnasal 
no esôfago, avaliam a mudança da resistência 
elétrica conforme a composição química do 
material refluído e medem a direção do fluxo 
(anterógrado ou retrógado), assim como, o pH 
esofágico. 
Cateteres de refluxo medindo as diminuições do 
pH esofágico. Cateteres de impedância e pH 
posicionados por via transnasal no esôfago, 
avaliam a mudança da resistência elétrica 
conforme a composição química do material 
refluído e medem a direção do fluxo 
(anterógrado ou retrógrado), assim como, o pH 
esofágico. Assim, este último método é capaz de 
medir refluxos ácidos e não ácidos. Embora o 
monitoramento do refluxo esofágico represente 
ferramenta valorosa na avaliação de pacientes 
com suspeita da DRGE, cada modalidade tem 
suas limitações, que precisam ser consideradas 
quando da decisão de como e quando utilizar 
cada um destes métodos. 
Em particular, deve ser lembrado que a 
pHmetria prolongada, dentre suas limitações, 
apresenta como a principal delas a incapacidade 
de determinar o volume ácido do refluxato. 
Ainda assim, é considerada um método 
específico e sensível para o diagnóstico do 
refluxo ácido gastroesofágico e sua correlação 
com os sintomas referidos pelos pacientes. 
 
 
 
 
• pHmetria sem fio: cápsula Bravo 
 
Ela dispensa o uso de sondas, fios ou cabos. O 
sistema constitui o aperfeiçoamento da 
pHmetria de 24 horas, evitando algumas de suas 
limitações (como a dificuldade para a localização 
do eletrodo, possibilidade de deslocamento do 
cateter durante o período de exame, incômodos 
e limitações dietéticas para o paciente). 
 
A cápsula é afixada temporariamente por sucção 
na mucosa do esôfago distal, de onde transmite, 
via radiotelemetria, sinais para o receptor que é 
preso ao cinto do paciente. Após o período de 
exame, a cápsula se desprende 
espontaneamente e é eliminada 
pelo tubo digestivo, e os sinais são analisados 
por um programa instalado em computador. 
 
Por dispensar o uso de cateteres, o sistema é 
bastante confortável para o paciente e permite 
o registro prolongado do pH esofágico por até 
96 horas, melhorando a acurácia da pHmetria 
convencional de 24 Horas. 
 
• Impedância esofágica. 
A impedância é a medida da resistência elétrica 
resultante de uma corrente elétrica gerada 
entre pares de eletrodos quando da passagem 
do bolo alimentar. 
Ela detecta a ocorrência de alterações na 
resistência à corrente elétrica por meio de 
eletrodos em pares posicionado no interior do 
esôfago (de maneira sequência), por meio de 
um dispositivo de sonda. O método é capaz de 
diferenciar o trânsito esofágico de sólidos ou 
líquidos, tanto no sentido anterógrado quanto 
no sentido retrógrado (refluxo gastroesofágico). 
A impedância não caracteriza o refluxo de 
natureza ácida e, por isso, a monitorização do 
volume e conteúdo ácido do material refluído 
não pode ser determinado pelo método. Para 
obviar essa deficiência, é incorporado ao 
sistema um eletrodo de pH (impedância-
pHmetria), que permite que o refluxato possa 
ser categorizado nas seguintes categorias: 
- Ácido (pH < 4); 
- Fracamente ácido (pH entre 4 e 7); 
- Fracamente alcalino (pH > 7). 
Tratamento 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
 
O tratamento da DRGE objetiva controlar os 
sintomas, cicatrizar lesões e prevenir as 
complicações, podendo ser fundamentalmente 
clinico e cirúrgico. O tratamento endoscópico, 
embora promissor, encontra-se ainda na fase de 
investigação. 
É difícil determinar qual alteração 
fisiopatológica predominante deveria ser 
corrigida pelo tratamento. Por isso, as medidas 
terapêuticas visam corrigir ou minimizar as 
consequências do refluxo gastroesofágico, o 
qual deve ser combatido. 
• Tratamento clínico 
A grande maioria dos pacientes se beneficia com 
o tratamento clínico, que deve abranger 
medidas comportamentais e farmacológicas, as 
quais devem ser implementadas 
simultaneamente. O paciente deve ser 
informado da natureza crônica da sua 
enfermidade, e uma verdadeira parceria entre o 
médico e o paciente deve ser estabelecida com 
o propósito de aumentar a aderência ao 
tratamento. 
 
 
A inibição da secreção ácida gástrica é benéfica 
no tratamento dos pacientes com DRGE, haja 
visto ocorrer a melhora dos sintomas e a 
cicatrização da esofagite. A probabilidade de 
cicatrização da esofagite está diretamente 
relacionada com a potência do efeito 
antissecretor da medicação utilizada. No plano 
do tratamento farmacológico, os fármacos 
disponíveis sâo: 
- Acalinos (ou antiácidos) e sucralfato são 
empregados para neutralizar a secreção ácida 
gástrica, servindo apenas para controle 
imediato dos sintomas. Há escassez de 
evidências que suportem o seu uso e o ganho 
terapêutico é muito pequeno. São raramente 
empregados, estando indicados apenas em 
situações especiais para fornecer alívio 
sintomático passageiro para indivíduos com 
sintomas esporádicos 
 
- O alginato é um polissacarídeo natural extraído 
da alga marrom que se polimeriza quando 
exposto ao ácido formando uma matriz de gel 
sobrenadante ao conteúdo gástrico que 
posteriormente é estabilizada por íons cálcio. 
Assim, uma combinação de alginato-antiácido 
tem se mostrado efetiva em prevenir o refluxo 
originário da bolsa ácida, compondo, desse 
modo, o racional para sua utilização na DRGE. A 
combinação de um inibidor da bomba protônica 
(IBP) com o alginato tem ganhado interesse 
crescente após a recente descoberta da bolsa 
ácida na porção proximal do estômago. 
 
-Bloqueadores dos receptores H2 da histamina 
(cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina) 
apresentam bons resultados para a cicatrização 
de esofagite erosiva leve, mas não são ideais 
para o tratamento de doença moderada a 
intensa ou quando longo período é necessário, 
já que apresentam taquifilaxia. 
São eventualmente prescritos em situações em 
que não pode ser utilizado o IBP. 
 
- Procinéticos (metoclopramida, domperidona e 
bromoprida) são eficazes para o alívio da pirose 
quando comparados a placebo. Porém, devem 
ser considerados medicamentos de exceção, 
uma vez que não aumentam o índice de 
cicatrização da esofagite. Podem ser utilizados 
apenas em associação com IBP em pacientes 
com quadro de dismotilidade associada à DRGE 
(p. ex., empachamento pós-prandial). 
 
Os IBPs devem ser considerados medicamentos 
de escolha (em ciclo de 4 a 8 semanas de 
tratamento para a fase aguda). Evidências 
sugerem fortemente os benefícios de 
manutenção da DRGE (com ou sem esofagite 
erosiva). As doses do tratamento de 
manutenção costumam ser inferiores àquelas 
utilizadas no tratamento da fase aguda da 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
enfermidade e, nesse sentido, os diferentes IBP 
se comportam de modo semelhante. 
 
 
Tendo em vista que é necessária a ativação das 
bombas protônicas pelos alimentos para a 
estimulação da produção de ácido clorídrico, é 
recomendável a administração do IBP em jejum, 
30 a 60 minutos antes da ingestão alimentar. 
Determinados pacientes hipersecretores podem 
necessitar de dose dobrada do IBP para alívio 
dos sintomas ou cicatrização da esofagite. 
Os eventos adversos mais comuns dos IBP são: 
cefaleia, diarreia, constipação e dor abdominal. 
 
• Tratamento cirúrgico 
A princípio, o tratamento clínico constitui-se na 
primeira forma de abordagem no controle do 
refluxo e queixas do paciente. Boa parte 
melhora apenas com tratamento sintomático e 
a reeducação, centralizada em atividades físicas 
regulares e constantes, anteriormente referidas. 
A indicação cirúrgicada DRGE tem opiniões 
controversas. Os consensos nacionais ou 
internacionais, que abordam o tema, sugerem a 
correção cirúrgica nas seguintes condições: 
- Esofagites recidivantes após tratamentos bem 
conduzidos, de no mínimo seis meses. 
- pacientes que apresentem complicações da 
DRGE, inclusive as extraesofágicas; 
 
- perspectiva de uso de inibidores da bomba de 
prótons por longos anos; 
- Hérnias de grande volume em pacientes com 
risco de volvo ou perfuração. 
- Baixa idade. 
Quando os sintomas afetam a qualidade de vida 
do paciente, a indicação pode ser também 
subjetiva. 
Operação antirrefluxo, quer pela via 
laparotômica quer pela videolaparoscópica, é 
desenhada para diminuir a exposição esofágica 
ao suco gástrico pela criação de um mecanismo 
antirrefluxo sobre o esfíncter esofágico inferior. 
Como uma câmara de ar circular envolvendo o 
esôfago abdominal, quando ela se expande pela 
presença de ar deglutido durante a alimentação, 
“estrangula” o esôfago distal, a peristalse axial 
gástrica distal fisiológica empurra 
progressivamente o ar para o duodeno, e a 
válvula vai gradativamente afrouxando, livrando 
a zona esfincteriana da compressão pneumática 
extrínseca. 
 
Os procedimentos cirúrgicos mais utilizados são 
as fundoplicaturas totais e parciais feitas pela via 
laparoscópica, nas quais o esôfago distal é 
envolvido pelo fundo do estômago em 360° e 
270°, respectivamente. 
 
Associa-se a elas o fechamento do hiato 
esofágico, fazendo-o retornar ao seu diâmetro 
normal. Nesses casos, o objetivo é restaurar o 
segmento intra-abdominal do esôfago, 
mantendo-o em posição anatômica, recriando 
uma zona de alta pressão na junção 
esofagogástrica. Aumenta-se, assim, a 
competência do esfíncter e indiretamente 
melhora-se a habilidade de clareamento do 
corpo esofágico e desaparecimento do processo 
inflamatório péptico que o refluxo estava 
promovendo. Das técnicas, a mais utilizada 
internacionalmente é a fundoplicatura total 
para os quadros de DRGE sem alteração da 
motilidade. 
 
Mais recentemente, foi introduzida uma nova 
tecnologia à abordagem cirúrgica, o Linx, ainda 
não disponível no Brasil. Este consiste em um 
sistema que utiliza um pequeno anel expansível 
composto por contas de titânio 
magneticamente imantadas que promove o 
aumento mecânico da função do esfíncter 
esofágico inferior. O aparelho é implantado por 
via laparoscópica no esôfago distal ao nível da 
junção esofagogástrica. A atração magnética 
entre cada conta aumenta a pressão do esfíncter 
esofágico inferior. Quando ocorrem pressões 
maiores, as forças magnéticas são 
sobrepassadas, permitindo funções com 
deglutição, eructação e vômitos. A eficácia e a 
segurança desse aparelho foram 
prospectivamente testadas e apresentaram 
redução significativa dos sintomas relacionados 
com a DRGE, com relevante melhora na 
qualidade de vida dos pacientes relacionada à 
DRGE e 80% dos pacientes atingindo a 
normalização do pH esofágico. 
 
 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
Referência 
 
FILHO.J.P.P.M. it al. Doenças do esôfago: 
Doença do refluxo gastroesofágico. In: 
ZARWEKA.S. it al. Tratado de gastroenterologia: 
da graduação a pós-graduação. 2ed. São Paulo: 
Editora Artheneu, 2016.

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