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G R U P O D A S A L V A Ç Ã O G A S T R O E N T E R O L O G I A P R O B L E M A 1 F E C H A M E N T O Pro���m� 1 – Fec����n�o 2. Elucidar a fisiopatologia da DRGE sintomas átipicos e diagnóstico FISIOPATOLOGIA TACK, T.; PANDOLFINO, J. Pathophysiology of Gastroesophageal Reflux Disease. Gastroenterology. Vol. 154, No. 2. 2018. Disponível em: https://www.gastrojournal.org/article/S0016-5085(17)3 6248-0/abstract A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) está diretamente relacionada ao fluxo retrógrado do conteúdo gástrico para o esôfago. É importante entender que um certo grau de refluxo é normal e não caracteriza a DRGE. A doença acontece quando temos uma maior exposição esofágica ao suco gástrico ou um limiar reduzido para lesões epiteliais e percepção de sintomas. Em circunstâncias normais, o refluxo é evitado pela barreira anti-refluxo, que é uma zona anatômica complexa composta por vários componentes, incluindo o esfíncter esofágico inferior, diafragma crural extrínseco e as estruturas de suporte do sistema gastroesofágico valvar. A integridade da mucosa em indivíduos normais reflete um balanço entre os fatores agressores (refluxo ácido, potência do refluxato) e os fatores de proteção (clareamento ácido esofágico, integridade da mucosa). Quando essas estruturas não funcionam bem, temos um número crescente de refluxos e reação esofágica cada vez mais anormal ao conteúdo exposto. Numerosos fatores podem contribuir para o refluxo se tornar patológico, merecendo destaque as aberturas transitórias ou relaxamentos transitórios do esfíncter inferior do esôfago. Estes, ocorrem independentemente da deglutição, principalmente em indivíduos com pressão basal normal. Em alguns casos, que não constituem maioria, pode ocorrer hipotensão esfincteriana, como principal mecanismo fisiopatológico. RELAXAMENTO TRANSITÓRIO DO ESFÍNCTER ESOFÁGICO INFERIOR: É responsável por grande parte dos episódios de refluxo. No relaxamento transitório, há maior duração do relaxamento do esfíncter esofágico inferior (EEI), bem como sua frequência e não é acompanhado de movimentos peristálticos do esôfago. O mecanismo desencadeante pode ser a distensão gástrica ortostática. HIPOTONIA DO ESFÍNCTER ESOFÁGICO INFERIOR: O EEI é composto por musculatura lisa tonicamente contraída. A pressão normal em repouso encontra-se entre 10-30 mmHg, sendo menor no período pós-prandial e maior a noite. Apenas uma minoria das DRGE apresenta hipotonia severa, ou seja, < 10 mmHg. Os fatores que podem gerar esse processo são: distensão gástrica, colecistocinina, alimentos (gordura, cafeína, chocolate, álcool), tabagismo e drogas. ANATÔMICOS: Alterações anatômicas na transição esofagogástrica, como hérnia de hiato, podem comprometer a barreira anti-refluxo. Entrada oblíqua do esôfago, ângulo de His, pinçamento esofágico pelo hiato diafragmático, pressão negativa torácica, peristaltismo, membrana frenoesofágica e presença de EEI constituem o principal mecanismo de contenção. A hérnia de hiato trata-se da protrusão de um órgão pelo hiato esofágico para dentro do tórax. CONTINUANDO... Uma vez que o refluxo ocorre, a lesão e os sintomas serão regulados pela duração da exposição e pela causticidade do suco gástrico. A duração do refluxo é determinada pela eficácia da reação esofágica de depuração do refluxo, cujos determinantes dominantes são: peristaltismo, salivação e a presença de hérnia de hiato. Anormalidades na depuração esofágica são provavelmente os principais determinantes para o desenvolvimento de esofagite, enquanto a sensibilidade esofágica é um dos principais determinantes da percepção dos sintomas da DRGE. Após o refluxo, o período em que o pH esofágico se mantém < 4 é chamado de tempo de clareamento ácido (peristalse esofágica + tamponamento pela saliva). Na DRGE 3 mecanismos reduzem o esvaziamento esofágico: 1. Disfunção peristáltica que resulta em falha ou hipotensão das contrações peristálticas (< 30 mmHg); UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� 3 Pro���m� 1 – Fec����n�o 2. “Re-refluxo” associado à hérnia hiatal (conteúdo refluído presente no saco herniário), que impede o esvaziamento esofágico; 3. Redução da salivação (por exemplo, sono, xerostomia e tabagismo) ou da capacidade neutralizante salivar também prolongam o clareamento ácido. Então, como a gente sabe, o suco gástrico é uma mistura de ácidos, bile e enzimas digestivas. Esse material pode agredir camadas epiteliais, a menos que medidas protetivas estejam presentes. Embora vários componentes possam ferir o esôfago, o grande vilão é o ácido. Esse ácido, na grande parte dos casos, NÃO está sendo secretado de forma anormal. Além do ácido, outros componentes do suco gástrico, como bile, enzimas digestivas, patógenos microbianos e outros fatores nocivos, podem danificar o esôfago e causar sintomas. A pepsina também tem um efeito deletério no esôfago, mas tudo depende da acidez local, lembrem-se que essa enzima é inativada em pH > 4,5. A bile é secretada no intestino delgado proximal. No entanto, padrões secretores anormais e dismotilidade antro-duodenal podem aumentar a quantidade de bile no estômago. A exposição esofágica à bile misturada com ácido está associada a graus mais graves de esofagite. A questão da bile é tão séria, que alguns autores acreditam que a esofagite erosiva esteja mais relacionada ao ácido e o esôfago de Barrett a bile. Uma observação recente de grande interesse, é que o refluxo gastroesofágico, em particular aquele que ocorre no período pós-prandial, se origina de um reservatório gástrico de ácido, sobre- nadando o conteúdo gástrico. Essa “bolsa ácida” recém-secretada não se mistura com a refeição e pode ser detectada próximo à junção esofagogástrica em torno de 20 minutos após a refeição. Nos pacientes com DRGE, sobretudo naqueles com hérnia hiatal, a bolsa ácida é maior e se estende mais proximalmente no esôfago quando comparada àquela observada em controles saudáveis. O refluxo gastroesofágico provoca diminuição da resistência do epitélio mucoso esofágico com dilatação do espaço intercelular e presença de erosões. A dilatação do espaço intracelular é uma das mudanças morfológicas mais precocemente observadas no epitélio esofágico. Ela é observada tanto em pacientes com a doença erosiva quanto naqueles com a doença não erosiva, podendo, em teoria, ser o mecanismo gerador ou perpetuador dos sintomas, mesmo nos pacientes em tratamento com inibidores da bomba protônica (IBP). A DRGE pode ser classificada em duas formas de apresentação, conforme a presença ou não de erosões ao exame endoscópico. DOENÇA DO REFLUXO NÃO EROSIVA: É definida pela presença de sintomas desagradáveis associados ao refluxo, com ausência de erosões ao exame endoscópico. Atenção, pois a verificação da presença de edema e eritema não caracterizam a ocorrência da doença do refluxo não erosiva, a qual pode ser diagnosticada clinicamente com base na história clínica, embora a presença de sintomas típicos também não assegure o diagnóstico de forma definitiva. Assim, demanda a realização de um teste terapêutico, particularmente, em pacientes com menos de 45 anos de idade. DOENÇA DO REFLUXO EROSIVA: Apresentação clássica da enfermidade, com sintomatologia clínica e presença de erosões ao exame endoscópico. Diversas classificações endoscópicas da esofagite têm sido propostas, sendo frequentemente adotada em nosso meio a denominada de classificação de Los Angeles. UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� 4 Pro���m� 1 – Fec����n�o RELAÇÃO COM H. PYLORI Em outras referências tinha encontrado que a H. pylori possuía um efeito protetivo na DRGE, pois essa produz urease, que quebra uréia em amônia e amônia aumenta o pH. PH aumentado não gera tanto dano na mucosa esofágica, certo? Além disso, vi que a H. pylori aumenta a produção de somatostatina (inibidor das células parietaisprodutores de H+ e Cl-) pelas células D. Porém nesse artigo, ele traz que quando a H. pylori predomina no corpo do estômago, ou seja onde temos as células parietais, ela diminuem o volume geral de massa dessas células e assim reduz a produção do ácido (beleza, nada diferente do que já vimos), mas quando essa bactéria se localiza no antro ela aumenta a produção de ácidos, pois alteram a inibição do feedback negativo via interferência das células D, mais comuns nessa região. SINTOMAS ATÍPICOS Fonte: Artigo - Doença do refluxo gastroesofágico. → Só lembrando que os sintomas típicos são a pirose e a regurgitação. A DRGE pode se manifestar através de sintomas atípicos, que compreendem dor torácica de origem indeterminada, sintomas otorrinolaringológicos e sintomas pulmonares, dentre outros. (ver Tabela 1) Os pacientes com manifestações atípicas com frequência não apresentam sintomas típicos de DRGE associados ou sinais endoscópicos de esofagite, tornando o diagnóstico clínico difícil e exigindo alto índice de suspeição. A relação causal entre DRGE e manifestações atípicas é outro desafio, já que a DRGE é uma doença altamente prevalente, e a associação não causal pode ocorrer com frequência, tornando o teste terapêutico ferramenta importante para o estabelecimento de causalidade. DOR TORÁCICA A dor em região anterior do tórax representa um sintoma alarmante, pela frequente associação com doenças do coração, levando muitos pacientes à investigação cardiológica ou mesmo a emergências, pelo receio de serem portadores de uma condição que carreia risco de vida. A real prevalência da dor torácica não cardiogênica ou não cardíaca (DTNC) é desconhecida. Estima-se que cerca UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� 5 Pro���m� 1 – Fec����n�o de 600 mil angiografias coronárias sejam realizadas, por ano, para investigação deste sintoma. Destas, cerca de 30% são normais ou apresentam alterações mínimas, o que representa, pelo menos, 180 mil novos casos/ano de DTNC. Detalhe: (((Castell propôs a substituição do termo DTNC por dor torácica de origem indeterminada (DTOI) ou dor torácica inexplicada, uma vez que, mesmo em pacientes com angiografia coronária (AGC) normal, ainda restaria a possibilidade da existência de angina microvascular.))) O prognóstico dos pacientes com dor torácica e angiografia coronária normal é muito bom, com mortalidade por doença cardíaca inferior a 1% em um seguimento de até sete anos envolvendo mais de 4 mil pacientes. A simples reafirmação da origem não cardíaca da dor tem se mostrado insuficiente para melhora sintomática, justificando a progressão da investigação, na tentativa de encontrar a causa deste sintoma. As doenças do esôfago vêm sendo implicadas, historicamente, como principal causa de DTOI, sendo a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) a afecção mais prevalente, seguida pelos distúrbios motores (DMEs) e mais recentemente pelo chamado “esôfago irritável” (EI). A prevalência de doenças esofagianas em DTOI varia conforme a apresentação dos pacientes, sendo de 29% a 60% nos admitidos em emergências (uma vez excluída doença cardíaca isquêmica) e de 18% a 76% em pacientes com dor torácica recorrente de longa data. Outras doenças relacionadas à DTOI estão listadas na Tabela 1. A história clínica geralmente não permite distinguir pacientes com dor de origem cardíaca daqueles com dor de origem esofagiana, exigindo assim a realização de extensa investigação, muitas vezes inconclusiva. Características tradicionalmente relacionadas à dor cardíaca podem também ser observadas na dor esofagiana, tais como alívio com o uso de nitratos, irradiação para membro superior esquerdo e dor provocada por exercícios, o que pode ser explicado pelo aumento do refluxo gastroesofágico que ocorre nesta situação. Alguns autores têm demonstrado particularidades da dor esofagiana que, embora inespecíficas, poderiam sugerir este diagnóstico, tais como relação atípica com exercícios, dor noturna, incômodo retroesternal contínuo após episódio agudo, dor retroesternal sem extensão para região lateral, dor espontânea, dor causada por mudança postural ou alimentação, alívio com antiácidos, alívio com nitroglicerina em prazo superior a 10 minutos e a presença de sintomas esofagianos associados (pirose, disfagia, regurgitação líquida ou dor desencadeada pela deglutição). A presença de sintomas esofagianos não constitui um dado definitivo da origem esofagiana da dor, dada a elevada prevalência de doenças cardíacas e esofagianas na população e sua frequente associação, podendo estar presentes em até 50% dos pacientes com dor cardíaca. De acordo com o consenso Roma III, define-se dor torácica funcional de provável origem esofágica como dor ou desconforto torácico em linha média que não são em queimação, na ausência de DRGE ou doenças motoras esofágicas com base histopatológica, iniciados há pelo menos seis meses e presentes nos últimos três meses. SINTOMAS OTORRINOLARINGOLÓGICOS O refluxo do conteúdo gastroduodenal para a região faringo-laríngea, mais conhecido como refluxo laringofaríngeo, é uma importante causa de sintomas otorrinolaringológicos, motivando 4% a 10% das consultas de ORL. Dentre as manifestações mais comuns citamos rouquidão, dor de garganta, tosse crônica, globus, disfagia, gotejamento pós-nasal, apneia, espasmo laríngeo e mesmo a neoplasia de laringe. O consenso de Montreal definiu como associação estabelecida a tosse crônica, laringite e asma; no entanto, a relação causal com DRGE permanece discutível, uma vez que na maioria dos casos o sintoma é multifatorial e a DRGE participa como mais um fator causador, sendo escassas as evidências na literatura que demonstrem efeito benéfico do tratamento antirrefluxo na maioria destes pacientes. Os sintomas ORL, assim como os pulmonares, podem ser causados por dois mecanismos: o primeiro, a ação irritativa direta da secreção gastroduodenal aspirada para a laringe e árvore brônquica, e o segundo, uma ação indireta mediada pelo reflexo esofagobrônquico (via nervo vago). Os principais sinais e sintomas da laringite por refluxo incluem as alterações vocais (disfonia, afonia), rouquidão, espasmos laríngeos, pigarro, nódulos de cordas vocais, estenose subglótica e câncer de laringe, dentre outros (ver Tabela 2). (((Embora relacionados à DRGE, estes sinais e sintomas não são específicos, podendo também estar relacionados ao tabagismo, à exposição ambiental a irritantes ou alérgenos ou à descarga pós-nasal. Sintomas típicos de refluxo podem estar ausentes.))) Nos últimos anos, a pepsina tem sido implicada como importante fator de agressão à mucosa laríngea, agindo em conjunto ao ácido e aos sais biliares. SINTOMAS PULMONARES Define-se tosse crônica como a persistência deste sintoma por mais de oito semanas. Em não fumantes, com radiografia de tórax normal e que não estejam usando inibidores da ECA, as quatro causas mais comuns são: DRGE, asma, bronquite crônica e gotejamento pós-nasal. Cerca de 50% dos pacientes com tosse crônica são UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� 6 Pro���m� 1 – Fec����n�o diagnosticados como portadores de DRGE, que pode ser implicada como fator causal ou apenas um agravante da tosse. Antes de se considerar o diagnóstico de tosse por DRGE é preciso excluir asma e gotejamento pós-nasal, além do uso de medicamentos que possam causar tosse crônica (IECAs). O estabelecimento de uma relação causal entre DRGE e tosse pode ser difícil, pelo fato de muitos pacientes não apresentarem sintomas típicos de refluxo, de a endoscopia ser normal na grande maioria dos pacientes e da baixa sensibilidade da pHmetria no diagnóstico definitivo, em torno de 66%. O uso do teste terapêutico com inibidores de bomba de prótons por um a dois meses pode ser útil no estabelecimento da relação causal, sendo preconizado por muitos especialistas como medida propedêutica inicial. Nos pacientes não respondedores, a pHmetria convencional sem IBP pode ser realizada para fins diagnósticos nos pacientessem o diagnóstico prévio de DRGE, e naqueles com diagnóstico já estabelecido, pode-se optar pela impedanciopHmetria em uso de IBP, para avaliação do refluxo não ácido. Estudo recente demonstrou que os portadores de DRGE e tosse que irão se beneficiar do tratamento com IBPs são os que apresentam sintomas típicos de refluxo associados (pirose e regurgitação), hérnias hiatais volumosas (maiores que 4cm) e com exposição ácida à pHmetria superior a 12% do tempo total de exposição ácida. Em pacientes com asma, a prevalência de DRGE pode atingir até 80%, na maioria dos casos sem sintomas digestivos associados. A DRGE pode causar ou exacerbar episódios de broncoespasmo através de dois possíveis mecanismos: reflexo esofagobrônquico mediado pelo nervo vago ou através de microaspiração de ácido para a árvore brônquica. Assim como a laringite por refluxo e a tosse crônica, o grande desafio diagnóstico é estabelecer a relação causal entre asma e DRGE. Da mesma forma, esta relação muitas vezes só pode ser estabelecida após teste terapêutico com IBPs em dose única ou dupla por 1-2 meses. DIAGNÓSTICO Fonte: Artigo - DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO. A principal ferramenta para o diagnóstico da DRGE é a história clínica. A anamnese deve identificar os sintomas característicos, sua duração, intensidade, frequência, fatores desencadeantes e de alívio, padrão de evolução no decorrer do tempo e impacto na qualidade de vida. Os sintomas típicos relatados pela maioria dos pacientes são pirose e regurgitação ácida. A pirose é definida como sensação de queimação retroesternal que se irradia do manúbrio esternal até a base do pescoço. Ela ocorre em geral 30-60 min após a ingestão de alimentos, especialmente se a refeição for copiosa, ou rica em gordura ou ácido, podendo ser aliviada após a ingestão de antiácido, ou mesmo água. A regurgitação ácida é o retorno do conteúdo ácido até a cavidade oral. Se o paciente apresenta estes sintomas no mínimo duas vezes por semana, em período de quatro a oito semanas ou mais, o diagnóstico da DRGE deve ser suspeitado. Deve ser lembrado, entretanto, que pacientes com outras doenças tais como úlcera péptica, gastrite e câncer gástrico podem também referir estes sintomas. Além dessas, outras manifestações clínicas podem ser decorrentes do refluxo gastroesofágico. São as manifestações atípicas, sendo as mais referidas a dor torácica não coronariana, as respiratórias (tosse e asma brônquica), as otorrinolaringológicas (disfonia, pigarro e sensação de globo faríngeo) e as orais (erosão dental, aftas, halitose) (Tabela 1). (O que acabamos de ver, só que por tabela hahahaha) Pacientes com manifestações atípicas podem não apresentar sintomas típicos da DRGE. Os critérios de seleção para se investigar o refluxo gastroesofágico em pacientes com tosse crônica incluem ausência de tabagismo e de irritantes ambientais, exclusão de asma, secreção pós-nasal e radiografias de tórax e seios da face dentro da normalidade. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS Em pacientes com idade média de 54 anos, a presença de pirose e regurgitação ácida apresenta sensibilidade de 67% e especificidade de 77% no diagnóstico da DRGE. Sendo assim, a confirmação do diagnóstico da DRGE necessita de exames subsidiários descritos a seguir. ENDOCOPIA DIGESTIVA ALTA UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� 7 Pro���m� 1 – Fec����n�o É o exame de escolha na avaliação de pacientes com sintomas da DRGE, tendo indicação naqueles com sintomas crônicos, com idade superior a 40 anos e com sintomas de alarme, tais como disfagia, odinofagia, perda de peso, hemorragia digestiva, náusea, vômitos e história familiar de câncer. A endoscopia digestiva alta permite diagnosticar outras afecções, tais como úlcera péptica, monilíase esfágica, câncer do estômago e esofagite eosinofílica, que também apresentam sintomas dispépticos. Além disso, este exame permite visualizar erosões (soluções de continuidade limitadas à mucosa, com pelo menos 3 mm de extensão, com depósito de fibrina e permeação neutrofílica do epitélio, caracterizando a esofagite), úlceras (soluções de continuidade que atingem pelo menos a camada muscular da mucosa), estenose péptica de esôfago de Barrett. Outras lesões podem também ser observadas - edema, eritema e friabilidade -, as quais não permitem o diagnóstico da DRGE, tendo em vista a subjetividade. Várias classificações foram propostas para caracterizar a intensidade da esofagite de refluxo, sendo que a mais utilizada em nosso país é a de Los Angeles (Tabela 2). Vale lembrar, entretanto, que o diagnóstico de esofagite é observado em apenas 40% dos pacientes com a DRGE e a gravidade da esofagite não mostra correlação com a intensidade dos sintomas. Nasi et al. (2001) discordam desta afirmação pois observaram pirose intensa em 37,5% dos pacientes com esofagite erosiva e em 10,3% naqueles sem erosão (p<0,01). A complementação do exame endoscópico com biópsia não deve ser conduta de rotina, estando reservada para situações especiais, tais como estenose, úlcera e esôfago de Barrett. EXAME RADIOLÓGICO CONTRASTE DO ESÔFAGO Este exame possui baixa sensibilidade e especificidade para o diagnóstico da DRGE, devendo ser solicitado quando o paciente refere disfagia e ou odinofagia, pois ele avalia a morfologia do esôfago, demonstrando a presença de estenose e condições que favorecem o refluxo gastroesofágico, tais como hérnia hiatal por deslizamento e ângulo esôfago gástrico anormal. MANOMETRIA ESOFÁGICA COMPUTADORIZADA A manometria esofágica não é utilizada para fins diagnósticos; porém, ela fornece informações muito úteis ao avaliar o tônus pressórico dos esfíncteres esofagianos e a atividade motora do corpo esofágico. Ela posui valor preditivo na evolução da doença. Assim o diagnóstico de hipotonia acentuada do EIE (menor que 10 mm Hg) sinaliza para o tratamento clínico de manutenção ou mesmo indicação de fundoplicatura. Andreollo et al. (2010) observaram hipotonia do EIE em 29,5% de pacientes submetidos a fundoplicatura laparoscópica. Outras indicações da manometria esofágica são: a) localização dos esfíncteres esofagianos, informação indispensável para o correto posicionamento dos sensores de pHmetria; b) diagnóstico de distúrbios motores específicos, tais como acalásia, doenças do colágeno, aperistalse e hipocontratilidade acentuada; c) análise da atividade motora no pré-operatório de fundoplicatura, tendo como objetivo assegurar-se das condições funcionais do esôfago em se adaptar à válvula anti-refluxo gastroesofágico. CINTILOGRAFIA ESOFÁGICA Este exame demonstra o refluxo gastroesofágico após ingestão de contraste marcado com técnica. É técnica não invasiva que pode ser utilizada para o diagnóstico da DRGE em crianças. Entretanto, é exame caro e pouco disponível.pHmetria esofágica prolongada Método específico e sensível para o diagnóstico de refluxo gastroesofágico e sua correlação com sintomas (índice de sintomas). Além de diagnosticar a presença e a intensidade do refluxo gastroesofágico, este exame caracteriza o padrão do mesmo, ou seja, se é ortostático, supino ou bi posicional. O exame está indicado nas seguintes situações: a) diagnóstico da DRGE em pacientes com endoscopia normal; b) caracterização do padrão do refluxo gastroesofágico; c) participação do refluxo ácido nas manifestações atípicas do refluxo gastroesofágico. Nessa situação é aconselhável que o exame seja realizado com cateter de no mínimo dois canais de registro, ficando um posicionado no esôfago distal e o segundo no esfíncter superior do esôfago ou acima dele, o que permite o diagnóstico de refluxos gastroesofágico e laringofaríngeo respectivamente; d) estudo da recidiva de sintomas no pós-operatório; e) avaliação da eficácia do tratamento clínico. Nos pacientes com pHmetria normal, porém com resposta favorável aos inibidores de bomba de prótons, impõe-se o diagnóstico de doença do refluxo não erosiva. Outra situação relativamente comum é aquela na qual o paciente apresenta pHmetrianormal, índice de sintomas negativo e falta de resposta aos inibidores de bomba de prótons, fatos que indicam o diagnóstico de pirose funcional.pHmetria esofágica prolongada sem fio (cápsula Bravo) UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� 8 Pro���m� 1 – Fec����n�o Este método tem como vantagens oferecer mais conforto para o paciente, registro do pH esofágico por tempo mais prolongado (até 96 horas), além de evitar o deslocamento do cateter, que pode ocorrer na pHmetria convencional. A cápsula é fixada temporariamente por sucção na mucosa do esôfago distal de onde transmite, via telemetria, sinais para o receptor que é preso ao cinto do paciente e analisados por computador. A cápsula se desprende espontaneamente e é eliminada pelo tubo digestivo. A utilização deste método é muito restrita no Brasil, devido ao elevado custo da cápsula. (((Os dois métodos de pHmetria esofágica, convencional e sem fio, têm capacidade semelhante de diagnosticar o refluxo gastroesofágico patológico.))) TESTE DE BERNSTEIN É teste provocativo de perfusão da mucosa esofagiana com solução diluída de ácido clorídrico. O aparecimento de sintomas durante a perfusão é associado à sensibilidade e especificidade em torno de 80%. Seus resultados, entretanto, são do tipo qualitativo somente, não sendo possível a quantificação do refluxo gastroesofágico. Seu uso no exercício clínico está praticamente abandonado com o advento da pHmetria esofágica de 24 horas. IMPEDANCIOMETRIA ESOFÁGICA Este é método novo que demonstra os movimentos anterógrados e retrógrados do refluxato. Quando associado à pHmetria (impedanciopHmetria esofágica) avalia também a natureza física (líquido, gasosa ou mista) e química (ácido, não ácido, levemente ácido). Assim o exame fornece o diagnóstico do refluxo líquido, gasoso ou misto, se é ácido ou não ácido. Nos pacientes refratários ao tratamento com inibidores de bomba de prótons, o diagnóstico de refluxo não ácido constitui indicação para o tratamento cirúrgico, pois a fundoplicatura elimina os dois tipos de refluxo. TESTE TERAPÊUTICO Nos pacientes com menos de 40 anos, com queixas típicas de DRGE e sem manifestações de alarme pode ser instituído o tratamento com inibidores de bomba de prótons em dose plena por quatro semanas, associado às medidas comportamentais (Tabela 3). O teste é considerado positivo quando os sintomas são abolidos, sugerindo fortemente o diagnóstico de DRGE5. → Complementando/resumindo: Para o diagnóstico da laringite por refluxo, a laringoscopia tem importante papel na identificação de possíveis anormalidades sugestivas da doença, embora seja altamente subjetiva, inespecífica e não antecipe a resposta à terapia. Para o diagnóstico da DRGE, o exame inicial deve ser a endoscopia digestiva alta, que será anormal na maioria dos pacientes, exigindo a realização da pHmetria prolongada, para diagnosticá-la. O papel da pHmetria prolongada na demonstração da relação causal entre a DRGE e sintomas ORL não está bem estabelecido, já que possui elevado número de falso-negativos e seu resultado não é capaz de antecipar a resposta ao tratamento. Nos pacientes já em uso de dose dupla de inibidores da bomba de prótons e com sintomas persistentes, a impedanciopHmetria pode ser útil na demonstração de refluxo não ácido anormal, presente em 10% a 40% destes pacientes, embora sua relação causal não esteja fortemente estabelecida. (Isso aqui faz parte do tópico de sintomas atípicos, sintomas otorrinolaringológicos.) Achei isso aqui dr baixo massa: Dois novos métodos têm se destacado no diagnóstico da laringite por refluxo: O primeiro, chamado Restec, consiste em uma pequena sonda posicionada na parede posterior da orofaringe, capaz de detectar refluxo ácido líquido e em aerossol; o segundo, denominado Peptest, consiste na detecção de pepsina na saliva dos pacientes sintomáticos, podendo ser realizado no próprio consultório de forma simples, rápida e com bom custo-benefício. UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� 9
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