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Patologia Mamária A mama possui duas estruturas principais (ductos e lóbulos), dois tipos de células epiteliais (luminal e mioepitelial), e dois tipos de estroma (interlobular e intralobular). Cada elemento pode originar uma lesão benigna ou maligna. As porções superficiais dos ductos são recobertas por epitélio escamoso queratinizado que muda abruptamente para um epitélio de dupla camada (células luminais ou mioepiteliais). Sucessivas ramificações dos ductos principais, eventualmente, levam à formação da unidade ducto lobular terminal. Em mulheres adultas, os ductos terminais se ramificam em um conglomerado de pequenos ácinos, em forma de cacho de uva, para formar o lóbulo. Somente com o início da gravidez que a mama se torna madura e funcional. ÇÃ Na gravidez, os lóbulos aumentam progressivamente em número e tamanho. Ao final da gravidez, a mama é quase inteiramente composta por lóbulos separados por estroma escasso. Após o parto, os lóbulos produzem colostro (rico em proteínas), que se transforma em leite (rico em gordura e calorias) em até 10 dias, enquanto os níveis de progesterona diminuem. *As alterações produzidas durante a gravidez podem explicar a diminuição dos riscos de câncer de mama observadas em mulheres que engravidaram durante a juventude. Ao fim da lactação, o epitélio mamário e o estroma entram em remodelação. As células epiteliais entram em apoptose e observa-se uma regressão dos lóbulos. Entretanto, não há uma atrofia completa, tendo como resultado, um aumento permanente no número e tamanho dos lóbulos. Depois da terceira década, os lóbulos e seu estroma especializado começam a atrofiar e o estroma interlobular, antes fibroso e radiodenso, é substituído por um tecido adiposo radiolucente. Ç A, As mamografias em mulheres jovens são tipicamente radiodensas ou brancas, dificultando a detecção das lesões ou calcificações que formam massas (que também são radiodensas). B, A densidade da mama de uma mulher jovem se dá por causa do predomímio do estroma interlobular fibroso e da escassez de tecido adiposo. Antes da gravidez, os lóbulos são pequenos e revestidos por estroma intralobular celular frouxo. C, Durante a gravidez, as ramificações dos ductos terminais produzem lóbulos maiores e mais numerosos. As células luminais dentro dos lóbulos passam por alterações de lactação, um precursor da produção do leite. D, Com o avanço da idade, os lóbulos diminuem de tamanho e número, e o estroma interlobular é substituído por tecido adiposo. E, As mamografias são mais radiolucentes com a idade, um resultado do aumento do tecido adiposo, que facilita a detecção de massas radiodensas e calcificações. Ç Á Os sintomas mais comuns relatados por mulheres com doenças mamárias são: ❖ Dor ❖ Massa palpável ❖ “Encaroçamento” – sem massa nítida ❖ Descarga papilar Massas palpáveis devem ser distinguidas de nodulosidade normal. As lesões palpáveis mais comuns são cistos, fibradenomas e carcinomas invasivos. A descarga papilar é uma descoberta menos comum e mais indicativa de carcinomas quando é espontânea e unilateral. *Descargas hemorrágicas ou serosas são mais comumente causadas por papilomas ductais e cistos. O rastreamento mamográfico foi introduzido em 1980 como um meio de detectar carcinomas de mama pequenos, não palpáveis e assintomáticos, e atualmente é o meio mais comum de detecção do câncer de mama. A sensibilidade e especificidade da mamografia aumentam com a idade, como resultado da substituição do parênquima fibroso, radiodenso, das jovens, pelo parênquima gorduroso, radiolucente, de mulheres idosas. Os principais sinais mamográficos de carcinoma mamário são: ❖ Densidades - Densidades arredondadas são mais comumente alterações benignas, fibradenomas ou cistos, enquanto os carcinomas invasivos geralmente formam massas irregulares ❖ Calcificações - são formadas em secreções, restos necróticos ou estroma hialinizado. Calcificações consideradas benignas são frequentemente associadas a grupamento de cistos apócrinos, fibradenomas hialinizados e adenose esclerosante. Calcificações malignas são geralmente pequenas, irregulares, numerosas e agrupadas. Ú Ó á A ectasia ductal apresenta-se como uma massa palpável periareolar, frequentemente associada a descarga papilar espessa, esbranquiçada, e ocasionalmente com retração da pele. Dor e vermelhidão são incomuns. Essa alteração tende a ocorrer durante a 5ª ou 6ª década de vida, geralmente em multíparas. Morfologia Ductos dilatados são preenchidos por secreções espessas e numerosos macrófagos repletos de lipídios. Quando rompidos, ocorre uma reação inflamatória crônica intersticial e periductal, composta por linfócitos, macrófagos e número variado de plasmócitos. Os granulomas podem se formar em volta dos depósitos de colesterol e secreções. A consequente fibrose produz uma massa irregular com retratação da pele e do mamilo. As apresentações clínicas da necrose gordurosa são variáveis - como uma massa palpável indolor, espessamento ou retratação da pele, ou densidades mamográficas ou calcificações. A maioria das mulheres afetadas possuem história prévia de trauma mamário ou cirurgia. Morfologia As lesões agudas podem ser hemorrágicas e conter áreas centrais de necrose gordurosa liquefativa com neutrófilos e macrófagos. Com o passar dos dias, fibroblastos proliferados e células inflamatórias crônicas rodeiam a lesão. Sequencialmente células gigantes, calcificações e hemossiderina aparecem, e eventualmente o foco é substituído por tecido cicatricial ou é circundado e cercado por tecido fibroso. Macroscopicamente, observam-se nódulos firmes e mal delimitados, de coloração branco-acinzentada, contendo pequenos focos de calcificação. Micro: a mudança inicial é a interrupção de células de gordura, onde vacúolos com os restos de células de gordura necróticas são formadas. Eles, então, tornam-se rodeados por macrófagos carregados de lipídios e infiltrado neutrofílico. Posteriormente, ocorre substituição por linfócitos, histiócitos, proliferação fibroblástica podendo haver calcificação. Ã As lesões epiteliais benignas são classificadas em três grupos, de acordo com o risco subsequente de desenvolvimento de câncer de mama: ❖ alterações mamárias não proliferativas ❖ doença mamária proliferativa e ❖ hiperplasia atípica. A maioria desperta atenção clínica quando detectada pela mamografia ou como achados incidentais em espécimes cirúrgicos. çõ á ã Também conhecidas como alterações fibrocísticas. Essas lesões não possuem relação com o câncer de mama. É a desordem mais comum da mama. Maior incidência entre 20 e 40 anos. Desordens hormonais (Excesso de estrogênio ou deficiência de progesterona). Clínica As mamas podem ter um aumento difuso, nodularidades, descarga papilar ou não apresentarem alterações. Existem três principais alterações morfológicas: ❖ alteração cística, muitas vezes com metaplasia apócrina ❖ fibrose ❖ adenose Pequenos cistos são formados pela dilatação dos lóbulos e podem coalescer para formar grandes cistos. Os cistos são recobertos por um epitélio atrófico plano ou por células apócrinas metaplásicas. Frequentemente os cistos se rompem, liberando seu conteúdo para o estroma adjacente. A inflamação crônica e a fibrose secundárias contribuem para o aspecto nodular na palpação da mama. IMAGEM: Os cistos são revestidos por células apócrinas com núcleo arredondado e citoplasma granular abundante. Note a calcificação luminal, que se forma nos resíduos da secreção. Adenose - é definida como um aumento no número de ácinos por lóbulo, ou seja, hiperplasia glandular. ç á As lesões caracterizadas pela proliferação das células epiteliais, sem atipia, estão associadas a um pequeno aumento no risco de carcinomas subsequentes em qualquer mama.Essas lesões não são clonais e geralmente não estão associadas a mutações. Embora elas sejam preditoras de risco, provavelmente não são reais precursoras do carcinoma. Raramente formam massas palpáveis. Podem apresentar como densidades mamográficações ou serem diagnosticadas somente em biópsias. Morfologia Hiperplasia epitelial Os ductos e lóbulos mamários normais são revestidos por uma dupla camada de células mioepiteliais e células luminares. Na hiperplasia epitelial, o aumento do número de células luminais e mioepiteliais preenche e distende os ductos e lóbulos. Adenose esclerosante Há um aumento no número de ácinos, que estão comprimidos e distorcidos na porção central da lesão. A fibrose estromática pode comprimir completamente as luzes, criando um aspecto de cordões sólidos ou camada dupla de células repousando em um estroma denso, um padrão histológico que algumas vezes simula um carcinoma invasor. A adenose esclerosante desperta a atenção clínica como um nódulo palpável, uma densidade radiológica, ou como calcificações. IMAGEM: A unidade ducto lobular terminal envolvida está alargada, e os ácinos são comprimidos e distorcidos pelo estroma denso. As calcificações estão presentes em algumas luzes. Lesão esclerosante complexa são lesões estreladas, associadas a traumas ou cirurgias prévias. Caracterizada por um ninho central de glândulas num estroma hialinizado. Papiloma ductal Os papilomas crescem dentro de um ducto dilatado e são compostos por múltiplas ramificações com eixos fibrovasculares. Geralmente se encontram próximos aos mamilos e se associam a descargas papilares serosas ou hemorrágicas. Fibroadenoma É o tumor benigno mais comum de mama, com maior incidência antes dos 30 anos. Podem ser uni ou bilaterais e multifocais. É uma neoplasia composta por tecido fibroso e glandular proliferado. Quando ele maligniza, vira um sarcoma. →MACRO: nódulo, encapsulado, móvel, de coloração brancacenta, consitência firme-elástica. Pode apresentar microcalcificação (microcalcificação grosseira). →MICRO: estroma fibroblástico, celular que envolve espaços císticos ou glandulares que são revestidos por epitélio com dupla camada celular. Quando esse tumor se maligniza, se transforma em Tumor Phyllodes O Tumor Phyllodes pode nascer como um tumor phyllodes, sendo benigno ou maligno, ou se originar de um fibroadenoma. *Quando evolui do fibroadenoma é sempre maligno IMAGEM 2: Tumor Phyllodes ç á A hiperplasia atípica é uma proliferação clonal que tem algumas, mas não todas, características histológicas necessárias para o diagnóstico do carcinoma in situ. As doenças proliferativas com atipia incluem hiperplasia ductal e lobular atípica. Morfologia A hiperplasia ductal atípica consiste em uma proliferação relativamente monomórfica de células espaçadas regularmente, por vezes em padrão cribriforme. * É distinguida do CDIS por preencher parcialmente os ductos envolvidos A hiperplasia lobular atípica consiste em células idênticas àquelas do carcinoma lobular in situ, mas as células não preenchem ou distendem mais de 50% dos ácinos em um lóbulo. Na hiperplasia lobular atípica, as células lobulares atípicas podem repousar na membrana basal dos ductos, sobrepondo-se às células luminais normais. IMAGEM 1: Hiperplasia ductal atípica. Um ducto está preenchido por uma população mista de células colunares orientadas na periferia e células mais arredondadas dentro da porção central. Embora alguns espaços sejam arredondados e regulares, os espaços periféricos são irregulares e em fenda. Essas características são altamente atípicas, mas não preenchem o diagnóstico de carcinoma ductal in situ. IMAGEM 2: Hiperplasia lobular atípica. Uma população de células monomórficas pequenas, redondas e não coesas preenche parcialmente o lóbulo. Embora as células sejam morfologicamente idênticas às células do carcinoma lobular in situ, a extensão do envolvimento não é suficiente para esse diagnóstico. *As hiperplasias lobular e ductal atípicas podem ser adquiridas através de mutações cromossômicas como a perda do cromossomo 16q ou ganho do 17p, que também são observadas no carcinoma in situ. A hiperplasia lobular atípica também mostra perda da expressão da molécula de adesão E-caderina, uma característica compartilhada com o carcinoma lobular in situ. Essa forma de disseminação intraepitelial é chamada de “pagetoide”. Á O carcinoma da mama é a neoplasia maligna extracutânea mais comum em mulheres, perdendo apenas para o câncer de pulmão como causa de mortes por câncer. O câncer de mama é raro em mulheres com idade inferior a 25 anos, mas a incidência aumenta rapidamente depois dos 30 anos. O número de casos RE-positivos detectados em mulheres mais velhas aumentou, como resultado do rastreamento mamográfico e terapias hormonais da menopausa (que estão associadas com um aumento dessa forma de câncer). Como resultado, os casos com RE-negativo e HER2-positivo abrangem quase metade dos cânceres em mulheres jovens, mas menos de 20% dos casos em mulheres mais velhas. Fatores de Risco ❖ Mutações hereditárias - Aproximadamente 5% a 10% dos carcinomas de mama ocorrem em pessoas com mutações hereditárias nos genes supressores de tumores. ❖ Parentes em primeiro grau com câncer de mama ❖ Raça/etnia. ❖ Idade ❖ Menarca precoce ❖ Idade tardia de primeira gestação ❖ Doença mamária benigna ❖ Exposição estrogênica - A reposição hormonal da menopausa aumenta o risco de câncer de mama ❖ Densidade mamária – quanto maior a densidade, maior o risco ❖ Risco aumentado em mulheres com CA de mama contralateral e CA de endométrio. ❖ Exposição a radiação ❖ Influência geográfica (EUA, Europa) ❖ Dieta (rica em gordura e consumo de álcool) ❖ Tóxicos ambientais A amamentação entra como um fator protetor para o câncer de mama. A lactação suprime a ovulação e pode desencadear diferenciações terminais das células luminais Etiologia e Patogenia O câncer de mama pode ser hereditário, desenvolvendo-se em mulheres com mutações em genes supressores tumorais, ou esporádico. Contudo, os fatores ambientais atuam diretamente na influência das formas hereditárias do câncer de mama, e tanto os fatores genéticos quanto os ambientais contribuem para as formas esporádicas do câncer. →50% originam no QSE, 10% nos outros quadrantes e 20% na região central. Forma hereditária Aproximadamente 12% dos casos de câncer de mama ocorrem devido à hereditariedade de um gene ou genes suscetíveis. A probabilidade de uma etiologia hereditária aumenta quando existem parentes de primeiro grau afetados, idade precoce, múltiplos cânceres ou membros da família com outros cânceres específicos. Os genes mais importantes e de maior suscetibilidade envolvidos com o câncer de mama familiar conhecidos (BRCA1, BRCA2, TP53 e CHEK2) são genes supressores tumorais que participam normalmente no processo de reparo do DNA e na manutenção da integridade genômica. É provável que a perda completa de função dessas proteínas crie um fenótipo “mutante”, aumentando a propensão de acumular lesões genéticas que aceleram o desenvolvimento da neoplasia. As mutações no BRCA1 e BRCA2 são responsáveis por 80% a 90% dos casos de câncer de mama hereditários de “gene único” e de aproximadamente 3% de todos os casos de câncer de mama. Forma esporádica Os principais fatores de risco para o câncer de mama esporádico são aqueles relacionados à exposição hormonal: gênero, idade da menarca e menopausa, história reprodutiva, amamentação e estrogênios exógenos. A exposição hormonal estimula o crescimento da mama durante a puberdade, ciclos menstruais e gravidez, aumentando assim o número de células com potencial para originar o câncer. A proliferação do epitélio mamário durante o ciclo menstrual também propiciaum acúmulo de lesões no DNA, e o intervalo temporário na divisão celular que ocorre durante a última parte do ciclo menstrual permite que ocorram reparos no DNA alterado e que as mutações sejam excluídas do genoma. ÇÃ Á Quase todas (>95%) as neoplasias malignas da mama são adenocarcinomas que se originam primeiramente a partir do ducto/sistema lobular na forma de carcinomas in situ; no momento do diagnóstico clínico, a maioria (ao menos 70%) terá infiltrado a membrana basal e invadido o estroma.. →O termo carcinoma in situ se refere a uma proliferação neoplásica de células epiteliais que está limitada aos ductos e lóbulos pela membrana basal. →O carcinoma invasivo (sinônimo de carcinoma “infiltrante”) é aquele que infiltra a membrana basal e se desenvolve em meio ao estroma. Nesses casos, as células têm potencial para invadir a vascularização e, consequentemente, atingir linfonodos regionais e sítios distantes. Na ausência de rastreamentos mamográficos, os carcinomas invasivos geralmente se apresentam como uma massa de pelo menos 2 a 3 cm de tamanho. A aparência mamográfica e macroscópica do carcinoma invasivo é muito variada, dependendo da reação estromática ao tumor. Quando o tumor envolve a porção central da mama, pode ocorrer retração do mamilo. Tipos mais comuns: carcinoma ductal e carcinoma lobular. O CDIS é uma proliferação clonal de células epiteliais malignas, limitadas aos ductos e lóbulos pela membrana basal. As células mioepiteliais estão presentes em lóbulos e ductos, apesar de poderem estar em menor número. O CDIS pode se disseminar pelo sistema ductal e produzir lesões extensas envolvendo um setor inteiro da mama. O CDIS é quase sempre detectado na mamografia. A maioria é identificada como um resultado de calcificações associadas a secreções ou necrose; menos comumente, fibrose periductal envolvendo alguns casos de CDIS forma uma densidade mamográfica ou massa palpável. Raramente, o CDIS produz uma descarga papilar ou é detectado como um achado incidental em biópsias por outra lesão. Morfologia O CDIS pode ser dividido em dois grandes subtipos arquiteturais, comedocarcinoma e não comedocarcinoma. Comedocarcinoma - pode produzir, ocasionalmente, alguma nodularidade, mas geralmente é detectado em mamografias como áreas de calcificações agrupadas, lineares e ramificações. Ele é definido por duas características: (1) células neoplásicas com núcleo pleomórfico de alto grau e (2) áreas de necrose central. Não comedocarcinoma - não exibem o núcleo de alto grau e a necrose central. Vários padrões podem ser reconhecidos. CDIS cribriforme pode ter espaços arredondados (como um cortador de biscoitos) em meio a ductos, ou um padrão sólido. O CDIS micropapilífero é reconhecido pelas protrusões bulbares sem eixos fibrovasculares, frequentemente arranjadas em complexos padrões intraductais. Em outros casos, o CDIS produz verdadeiras papilas, com núcleos fibrovasculares desprovidos de células mioepiteliais. As calcificações também podem ser observadas na forma não comedocarcinoma do CDIS, associadas à necrose focal ou a secreções intraluminais. Doença de Paget do mamilo é uma manifestação rara do câncer de mama (1% a 4% dos casos) que se apresenta como uma erupção eritematosa unilateral com uma crosta escamosa. Prurido é comum, e a lesão pode ser confundida com eczema. Células neoplásicas (células de Paget) se disseminam pelo sistema ductal, atravésdos seios galactíferos, para a pele do mamilo, sem infiltrar a membrana basal. As células neoplásicas rompem a barreira epitelial normal, permitindo que o fluido extracelular seja exteriorizado pela superfície do mamilo. O CLIS é uma proliferação clonal de células dentro de ductos e lóbulos que crescem em uma maneira não coesa, geralmente devido à perda da proteína de adesão tumoral E-caderina. O CLIS é sempre um achado incidental de biópsia, já que não está associado a calcificações ou reações estromáticas que produzem densidades mamográficas. *As células da hiperplasia lobular atípica, do CLIS, e do carcinoma lobular invasivo são morfologicamente idênticas. Morfologia O CLIS consiste numa população uniforme de células com núcleos ovais ou arredondados e pequenos nucléolos, envolvendo ductos e lóbulos. Células mucoprodutoras com aspecto de “em anel de sinete” estão comumente presentes. A falta de E-caderina resulta em uma forma arredondada, sem coesão de células adjacentes. A disseminação “pagetoide”, a presença de células neoplásicas entre a membrana basal e as células luminais sobrejacentes, é comumente visto na mama, mas o CLIS não envolve a pele dos mamilos. →O CLIS quase sempre expressa RE e RP. A superexpressão do HER2 não é observada. IMAGEM A, População monomórfica de células pequenas, redondas e pouco coesas preenchendo e expandindo o ácino de um lóbulo. →O CLIS é um fator de risco para carcinomas invasivos. O carcinoma ductal invasivo (ou infiltrante) é o tipo mais comum de câncer de mama. Cerca de 80% dos cânceres de mama invasivos são carcinomas ductais invasivos. MACRO: muitos tumores são firmes a endurecidos e tem bordo irregular. MICRO: Carcinomas bem diferenciados (grau 1) mostram formação tubular proeminente, núcleos pequenos e arredondados e raras figuras mitóticas Carcinomas mediamente diferenciados (grau II) podem ter formações tubulares, mas agrupamentos sólidos ou células infiltrantes únicas também estão presentes. Estes tumores possuem alto grau de pleomorfismo nuclear e contem figuras mitóticas. Carcinomas pouco diferenciados (grau III) frequentemente invadem como nichos desorganizados ou lâminas sólidas de células com núcleo aumentado e irregular. São comuns uma taxa proliferativa alta e áreas de necrose tumoral. O carcinoma lobular é o subtipo com a associação mais clara de fenótipo e genótipo. A maioria dos casos mostra uma perda bialélica da expressão CDH1, o gene que codifica a E-caderina. Morfologia O carcinoma lobular geralmente forma uma massa irregular, semelhante aos outros carcinomas de mama, mas (conforme mencionado) também pode ter um padrão infiltrativo difuso, com desmoplasia mínima. Esses tumores são difíceis de serem detectados pela palpação ou por imagens. A marca histológica registrada é a presença de células tumorais infiltrativas não coesas, geralmente na forma de células em anel de sinete, contendo gotículas de mucina intracitoplasmática. Não há formação tubular. As variantes alveolar e sólida consistem em agrupamentos circunscritos de células tumorais. ●1 a 5% dos CA de mama. Mulheres mais jovens. Gen BRCA1. . O carcinoma medular é mais macio que outros carcinomas devido a uma desmoplasia mínima, e geralmente se apresenta como um nódulo bem circunscrito. Ele é caracterizado por: ❖ Ninho sólido, de aspecto sincicial, composto por grandes células com núcleo pleomórfico, e proeminente nucléolo, que compõe mais de 75% da massa tumoral ❖ Figuras mitóticas frequentes ❖ Infiltrado linfoplasmocitário de moderado a intenso ao redor e dentro do tumor ❖ Borda abaulada (não infiltrativa) ● 1 a 6%. Mulheres mais idosas, crescimento lento O carcinoma mucinoso (coloide) é macio ou elástico e tem a consistência e o aspecto de uma gelatina pálida azul-acinzentada. As bordas são abauladas ou circunscritas. As células tumorais estão dispostas em ninhos e em pequenas ilhas de células dentro de grandes lagos de mucina Ó O prognóstico para mulheres com câncer de mama depende das características biológicas do carcinoma (tipo histológico ou molecular) e da extensão da disseminação do câncer (estágio) no diagnóstico. ❖ Carcinoma in situ – prognóstico excelente. ❖ Metástases a distância - Uma vez presentes, a cura é improvável ❖ Metástases linfonodais. - O status dos linfonodos axilares é o fator prognóstico mais importantepara o carcinoma invasivo na ausência de metástases a distância. ❖ Tamanho do tumor - O risco de metástases linfonodais axilares aumenta com o tamanho do tumor primário, mas ambos são fatores prognósticos independentes ❖ Doença local avançada - Carcinomas que invadem a pele ou a musculatura esquelética são usualmente grandes e podem ser difíceis de tratar cirurgicamente. ❖ Carcinoma inflamatório - Carcinomas de mama que se apresentam com eritema mamário e espessamento cutâneo têm prognósticos muito ruins, já que a maioria das pacientes comprovadamente tem metástase a distância. ❖ Invasão linfática e vascular - As células tumorais estão presentes nas luzes vasculares (tanto em linfáticos quanto em pequenos capilares) em cerca da metade dos carcinomas invasivos. Esse achado está fortemente associado à presença de metástases ganglionares. ❖ Subtipo molecular - O subtipo molecular, determinado pela expressão de RE e HER2 e proliferações, é um fator ❖ prognóstico importante. ❖ Tipos histológicos especiais - A taxa de sobrevida em mulheres com algum tipo especial de carcinoma invasivo (tubular, mucinoso, lobular, papilar, adenoide cístico) é maior que a de mulheres com carcinomas sem tipos especiais. ❖ Grau histológico ❖ Índice de proliferação – deve ser analisada pelo marcador Ki67, que indica o quanto as células estão se proliferando. ❖ Receptores de estrogênio e progesterona – altas chances de resposta a terapia hormonal. Apesar disso, RE positivos respondem menos à quimioterapia. Tumores bem diferenciados geralmente expressam RE e RP. ❖ HER2 - A superexpressão HER2 está associada à baixa sobrevida, já que se relaciona a um menor período livre de metástases. Três principais subtipos de câncer de mama são diferenciados por alterações características no DNA genômico, mRNA, proteínas e morfologia. RE-positivo, HER-negativo É a forma mais comum de carcinoma invasivo. Com base nas taxas de proliferação, ele é subdividido em dois subgrupos. Luminal A RE-positivo, HER2-negativo, baixa proliferação. Eles respondem bem aos tratamentos hormonais, e, apesar do fato de frequentemente haver resposta incompleta à quimioterapia, os casos de doença metastática mostram longa sobrevida. Luminal B RE-positivo, HER2-negativo, alta proliferação. Diferentemente dos carcinomas RE-positivos de baixo grau, cerca de 10% desses tumores apresentam uma resposta completa à quimioterapia. Expressam HER2 e genes relacionados a HER2. Esses carcinomas são relativamente mais comuns em mulheres jovens e em mulheres não caucasianas. Quando presente, a expressão RE é geralmente baixa; a expressão dos receptores de progesterona geralmente está ausente. TESTE FISH Teste que confirma a presença de cerb positivo quando o teste de reação do tecido dá inconclusivo ❖ 0, +1 – negativo ❖ +2 – inconclusivo ❖ +3 - positivo RE-, RP- e HER2 – expressam genes das células mioepiteliais e basais. Devido à alta proliferação e ao rápido crescimento, esse tipo de neoplasia pode se apresentar como massa palpável no intervalo entre os rastreamentos mamográficos. ❖ Mastectomia, quadrantectomia. ❖ Linfadenectomia (análise linfonodo sentinela ou axilar) ❖ Radioterapia ❖ Quimioterapia ❖ Hormonioterapia
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