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1
fatores que influenciam a eficiência energética no setor industrial 
NOGUEIRA, Robson Aparecido[footnoteRef:1] [1: Graduando do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário UNINTER] 
LIMA, José Airton G. de[footnoteRef:2] [2: Especialista em Engenharia de Produção pelo Centro Universitário UNINTER, Especialista em Novas Tecnologias no Ensino de Matemática pela UNICESUMAR, Bacharel em Engenharia Elétrica pela Faculdade Estácio de Curitiba, Orientador de TCC no Centro Universitário UNINTER, Professor na rede pública de ensino, professor de matemática no SENAI, Professor corretor de provas discursivas EAD e presencial no Centro Universitário UNINTER.
] 
RESUMO
Este artigo trata da eficiência energética no setor industrial. Busca-se responder o seguinte problema: quais são as funções e o impacto da eficiência energética para o setor industrial? Com isso, o objetivo geral deste trabalho é o de identificar os fatores que influenciam na eficiência energética industrial. Quanto aos objetivos secundários, estes visam: definir o conceito de eficiência energética; descrever o surgimento da eficiência energética no Brasil e os programas federais que relacionados a ela; analisar as funções da eficiência energética em termos técnicos e estratégicos no âmbito da indústria. Utiliza-se como metodologia de trabalho a pesquisa bibliográfica, pois parte da revisão de trabalhos já elaborados, além disso, adota como procedimento de análise a abordagem qualitativa de cunho descritivo explicativo. Portanto, realiza-se uma descrição acerca do surgimento da eficiência energética no mundo e no Brasil, mas também uma explicação sobre os principais fatores que influenciam a eficiência no setor industrial. Esta pesquisa atingiu o objetivo proposto, pois constatou-se que a indústria é um dos setores que mais utiliza energia elétrica, dentre os fatores que influencia na eficiência energética no setor industrial estão a ventilação, iluminação, sistemas térmicos, tensão de maquinários e equipamentos, fatores de potência, posição de transformadores adjacentes, também os modelos de gestão. Assim, pode-se afirmar que os projetos que contemplam a eficiência energética representam um ótimo custo-benefício para as empresas, pois tendem a otimizar os processos industriais, além de diminuir as repercussões ambientais. 
Palavras-chave: Eficiência energética. Energia elétrica. Processos industriais.
1 INTRODUÇÃO 
O progresso da industrialização somado as crescentes inovações tecnológicas causam um aumento expressivo do uso de energia. No âmbito industrial, o uso da eletricidade é expressivo, visto que é a base para todo o funcionamento da produção. Além disso, os motores industriais, de maneira geral, têm também um gasto significativo de energia. 
Nota-se, portanto, que há uma demanda crescente por energia elétrica, o que acarreta uma maior necessidade de oferta. Surge diante deste cenário, uma preocupação com uso eficiente desta energia, tanto para fins econômicos quanto para fins de sustentabilidade. Nesse sentido, a eficiência energética tem se tornado pauta nas discussões sobre as medidas de gestão de energia, principalmente, no setor industrial. Justamente sobre esta questão – eficiência energética no setor industrial – que se desdobrará o presente trabalho.
Um dos maiores desafios dentro de uma indústria é o de aumentar a eficácia do nível operacional em meio ao mercado altamente competitivo. Esta configuração exige, dentre outros fatores, que a indústria melhore a qualidade, aumente a sua produtividade e promova a redução de custos. Este último fator é um dos mais preocupantes em relação ao uso de energia, visto que a maior parte dos custos de produção em uma indústria advém do consumo de energia elétrica. 
O crescente interesse pela questão ambiental e o impacto atribuído ao setor industrial justifica a relevância da temática aqui proposta. Nessa direção, a adoção da eficiência energética tem se disseminado no setor industrial, justamente por visar a otimização do uso da energia e contribuir para a redução dos gastos da mesma. Além da redução de custos, o impacto ambiental também tem sido discutido, pois um projeto de eficiência energética propicia que a indústria adote uma atitude responsável e econômica no processo de produção. 
Diante do aumento de energia oriundo, especialmente, da industrialização e da inovação tecnológica, o problema desta pesquisa buscará responder: quais são as funções e o impacto da eficiência energética para o setor industrial? Com isso, o objetivo geral deste trabalho é o de identificar os fatores que influenciam na eficiência energética industrial. Quanto aos objetivos secundários, estes visam: definir o conceito de eficiência energética; descrever o surgimento da eficiência energética no Brasil e os programas federais que relacionados a ela; analisar as funções da eficiência energética em termos técnicos e estratégicos no âmbito da indústria. 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Uma das modalidades de energia mais consumida no mundo é a energia elétrica. O aumento do consumo crescente, atrelado à falta de investimentos nos setores de geração, transmissão e distribuição pode diminuir a distância entre a demanda e oferta, acarretando um fornecimento mais crítico. Desse modo, o aumento do consumo de energia na sociedade tornou imprescindível uma ampliação na capacidade de geração da mesma. Ademais, o agravamento nas condições do meio ambiente, tornou-se crucial a união de esforços para a diminuição dos impactos ambientais da atividade humana, principalmente, no que diz respeito aos padrões de uso de energia e os métodos de obtenção de suas fontes. 
 Diante disso, os países começaram a pensar em iniciativas que promovessem a sensibilização para a eficiência energética. A finalidade da eficiência energética é de gerar a mesma quantidade de energia, mas reduzindo o seu consumo. Destaca-se que além do potencial de eficiência industrial, as questões socioambientais são determinantes para projetos de eficiência energética industrial (BORNE, 2010).
2.1 BREVE HISTÓRICO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO CONTEXTO GLOBAL
Segundo Alves (2009), a eficiência energética começou a ser discutida no período da primeira crise do petróleo, na década de 70. Nessa época, observou-se a necessidade de pensar em fontes renováveis de energia como forma de racionalizar o consumo de energia e, por conseguinte, aumentar a eficiência energética. 
Conforme descrito por Souza, Correa e Leite (2011), embora, ocorressem ações de forma isolada ao redor do mundo para sua otimização, a eficiência energética só passou a ser pauta central após a crise do petróleo, ocorrida durante os anos 70, quando os países de maior industrialização começaram a concentrar investimentos em programas direcionados na obtenção de fontes renováveis de energia e no desenvolvimento de disposições visando a eficiência energética nas indústrias, com a finalidade da redução na demanda do petróleo e derivados. 
As discussões em torno da eficiência energética culminaram no Protocolo de Kyoto em 1997, dado que além de trazer novos paradigmas ao setor energético do ponto de vista econômico, os estabelecimentos de regulamentações com vista no aumento da eficiência energética se tornaram fundamentais com a manifestação cada vez mais evidente dos impactos ambientais da queima e uso de combustíveis fósseis. Para que as metas do Protocolo de Kyoto fossem atingidas, essas regulamentações deveriam ter sua instauração realizada em tempo hábil, de forma eficiente e em todos os níveis da cadeia energética (SOUZA; CORREA; LEITE, 2011).
As ações acordadas entre os países signatários para o cumprimento das metas, envolveu o Reino Unido, cujo foco foi a conscientização da população e implementação de programas como o Electricity Standard of Performance (SoP), que acabou por implantar melhorias em aquecedores de água e no controle geral do aquecimento, bem como no isolamento de paredes e nas formas de utilização da iluminação, além de fomentar empreendimentos e projetos paraexploração e uso de combustíveis fósseis e conservação energética. A França teve como prioridade, as medidas estabelecidas pela Agência do Meio Ambiente e da Matriz Energética, que foram as da matriz energética limpa, a economia de resíduos e a poluição do ar. A Espanha, com respaldo no Instituto para a Diversificação e Economia Energética, desenvolveu formas de fomentar o uso energético racional e estimular a utilização de fontes renováveis, bem como o uso de combustíveis limpos, auditorias no setor e troca de equipamentos obsoletos. Ainda há programas similares em países como Nova Zelândia, Noruega e Austrália, que buscam a diminuição do desperdício de energia em todos os setores (SOUZA; CORREA; LEITE, 2011). 
Durante o despontar dessas discussões no cenário mundial, o governo brasileiro focalizou na diminuição do consumo do óleo na indústria alimentícia, que foi obtido por meio de um aumento de seus preços (o que ocasionou um corte de 10% a 5% no consumo final), estabeleceu cotas para o uso de combustíveis fósseis e transferiu a utilização tecnológica para a construção de usinas nucleares, todas essas ações a partir da década de 1980. Não obstante essas ações, a expansão hídrica para a geração de energia elétrica continuou acontecendo e as medidas não obtiveram uma boa receptividade por uma grande porção da classe empresarial (SOUZA; CORREA; LEITE, 2011). 
Portanto, pode-se afirmar que a partir da década de 80, o Brasil desenvolveu programas de eficiência energética reconhecidos internacionalmente. Os principais programas que podem ser elencados são o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), o Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (CONPET), assim como o PBE, Programa Brasileiro de Etiquetagem (VIANA et al., 2012). 
Mais tarde, a partir de 1998, os investimentos em programas de incentivo nacionais, cujo objetivo era uma melhoria na eficiência energética se tornaram obrigatórios e previsto pela Lei n° 9.991/ 2000. O órgão responsável para a fiscalização desses melhoramentos é a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que direciona as medidas para que se possa prevenir novas ocorrências de uma “crise de apagões” e seus consequentes racionamentos. Nesse cenário, houve o surgimento de várias medidas de incentivo, e a partir destas medidas de incentivo, a manifestação de programas federais para a certificação de que as indústrias e os outros setores dependentes do setor energético colocassem em prática novas determinações objetivando o aumento da eficiência energética (MENKES, 2004). 
Como dito anteriormente houve uma crise energética a nível mundial, no entanto, esta crise só teve impacto e sentido no Brasil no início do século XXI com a ocorrência dos apagões, que deixaram cidades inteiras sem energia elétrica por horas, o que comprovou a inadequação da geração e do consumo de energia. Esses apagões, mais notadamente conhecidos como Crise do Apagão e ocorridos, mormente entre 1 de julho de 2001 e 19 de fevereiro de 2002, estimularam o governo federal a investir em uma busca eficiente na promoção de políticas públicas e em projetos com o objetivo do aumento das ações voltadas para a eficiência energética, além de campanhas para que os consumidores finais se mantenham não apenas informados sobre a conjuntura nacional na produção e distribuição de energia elétrica, mas também sobre meios de implantar o consumo consciente de energia (ALVES, 2009).
Assim, em 2000 ocorreu a promulgação da Lei n°9991, que postula sobre a normatização da obrigatoriedade de investimentos em programas de eficiência energética no uso final por parte das empresas brasileiras distribuidoras de energia elétrica. Esta Lei acabou por consolidar a captação de recursos para ações objetivando o aprimoramento das medidas em eficiência energética pelo programa de Eficiência Energética das Concessionárias de Distribuição de Energia Elétrica (PEE) (VIANA et al., 2012).
Figura 1- Linha do tempo das pautas governamentais sobre eficiência energética
Fonte: Adaptado de Alves (2009)
A Lei n° 10.295/ 2001 ou Lei de Eficiência Energética, trouxe a instituição da obrigatoriedade de etiquetagem no Brasil, uma vez que esse procedimento de regulamentação apresenta resultados comprovados no aperfeiçoamento do uso consciente de energia. A tramitação dessa lei no Congresso Nacional teve seu início na década de 1990, e sua aprovação deu-se no ano de 2001. A primeira regulamentação de equipamento através dela deu-se por intermédio do Decreto 4.508, com a normatização do motor elétrico trifásico, cuja estimativa de consumo elétrico nacionalmente contempla uma parcela de aproximadamente 32% (GARCIA, 2003).
No setor industrial pode-se fazer, principalmente, o apontamento de duas iniciativas federais que visam o desenvolvimento de disposições acerca da eficiência energética: o supracitado PROCEL – Indústria (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) e o PROESCO, transformado em 2016 em BNDES Eficiência Energética, que consiste em uma linha de crédito provida pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o apoio de tais projetos em prol da eficiência energética em Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ESCO’s) e no nível dos usuários finais desta. A atuação do PROCEL Indústria visa minimizar perdas em sistemas motrizes já instalados na indústria brasileira, buscando dar suporte técnico aos diversos segmentos industriais no que diz respeito à melhoria do desempenho energético de suas instalações (PROCEL, 2007). 
Ressalta-se que o PROCEL foi criado e articulado pelo Ministério de Minas e Energia e efetivado pela Eletrobrás, tem por finalidade a supressão do desperdício e o incentivo para novas formas de fazer um uso eficiente e racional da energia elétrica em âmbito nacional. Através da instituição do Selo Procel de Economia de Energia em 1993, a iniciativa obteve êxito no impulsionamento da produção e o comércio de utensílios mais eficientes e de forma competitiva nos diferentes nichos do mercado industrial. O Selo, estabelecido em comum acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), representando fabricantes de aparelhos e o Inmetro, consolidou-se como a maior garantia da aquisição de um equipamento energicamente eficiente, e, portanto, ecologicamente correto (JANUZZI; DANELLA; SILVA, 2004). 
Segundo Godoi (2011), o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) busca a inovação na eficiência energética de forma conceitual, na medida em que auxilia no desenvolvimento de métodos para a implementação da lei de eficiência energética por meio de projetos que fomentem um aumento da eficiência nos sistemas mecânicos, cujo funcionamento se dá através de motores elétricos, mas também em relação à iluminação, ar condicionado, entre outros aspectos. Estes projetos devem ser fortemente baseados nos instrumentos de gestão de energia que avaliam e diagnosticam o potencial energético encontrado nas indústrias do país. 
Os trabalhos desenvolvidos pelo PROCEL, em geral, ocorrem com o envolvimento de seis etapas, descritas a seguir: sensibilização da governança corporativa no setor industrial; instituição do treinamento de multiplicadores locais por intermédio de um curso multidisciplinar cuja carga horária é a de 180 horas de duração; estímulo para a mobilização das indústrias locais através das federações de indústrias; estabelecimento de um programa de treinamento voltado aos agentes industriais e, por fim, a realização de auto diagnósticos energéticos, tal como a divulgação de casos bem sucedidos (PROCEL, 2007). 
2.2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO SETOR INDUSTRIAL
A participação do setor industrial na eficiência energética, por via de regra, segue um programa constituído principalmente de três ações: o diagnóstico energético, o controle dos índices e a comunicação do programa e seus resultados subsequentes. A operacionalização da eficiência energética exige uma correta identificação, a acurada quantificação e a ulteriormodificação da situação existente, assim como o acompanhamento e a implementação das ações corretivas necessárias e os resultados alcançados. Desse modo, o diagnóstico da realidade energética da instalação industrial faz-se indispensável, pois a partir dele as medidas que podem ser adotadas para a melhoria da eficiência podem ser estabelecidas, e assim, os projetos de redução do uso (e de perdas) de energia podem ser acertadamente implementados (CORREIA, 2007). 
A eficiência energética influencia, de uma maneira geral, quatro áreas no setor industrial, áreas essas contidas em uma concepção amplificada da gestão de energia. A primeira, a econômica, refere-se â observação na redução dos custos através do uso de negociações tarifárias. A segunda faz referência à racionalização do uso de energia na planta da indústria, a qual contempla o planejamento e a implementação de ações de eficiência energética. A terceira trata do aumento da eficiência energética, fazendo referência à melhoria contínua dos processos industriais e na estrutura da gestão, levando em conta que estas ações, se forem gerenciadas de forma correta, podem resultar numa gestão competitiva, com um aumento da produtividade, redução de custos e lucratividade. A quarta área consiste na racionalização de energia a partir da atualização ou substituição de sistemas ou processos, ou seja, requer investimentos pela estrutura de gestão (GODOI, 2011). 
Dentro do setor industrial, a implementação de medidas visando uma melhoria na eficiência energética faz o papel de motor para o progresso econômico de cada empresa. No panorama geral e em setores onde o uso de energia se faz de forma intensiva, tal como na indústria transformadora, essa implementação possui um papel crucial na minimização da emissão de gases do efeito estufa (GEE). Entretanto, embora caracterize uma fonte de benefícios para o setor, o cenário ainda mostra uma escassez de aplicação dessas medidas por algumas barreiras ainda existentes (BRAZÃO, 2012).
Com vistas de assegurar a eficiência energética na indústria de forma efetiva, diferentes conjuntos de parâmetros devem ser executados. Dentre eles, pode-se apontar um conjunto de modificações comportamentais nos participantes no processo de produção, que se implementadas corretamente, podem converter-se em vantagens econômicas significativas para a organização. Ou então, uso de tecnologias que propiciem a otimização no funcionamento de equipamentos e que alcancem o dimensionamento preciso das instalações (GASPAR, 2004).
No que se refere as medidas que uma organização pode adotar para uso eficiente de energia faz-se necessário levar em conta o conjunto de fatores que podem interferir na eficiência energética. Os principais fatores que podem interferir na eficiência são: iluminação, motores elétricos, sistemas térmicos, compressores de ar, energia alternativa e reaproveitamento, sistemas de controle, gestão, transmissão e condicionamento de energia elétrica (CORTELETTI, 2015). A Figura 2 ilustra estes fatores que interferem na eficiência energética. 
Figura 2 – Itens relacionados a eficiência energética na indústria
Fonte: Corteletti (2015)
Para que ocorra a otimização do consumo em iluminação, o estudo da luminotécnica deve avaliar as modalidades de iluminação compatíveis tanto com ambientes externos quanto com internos, além de examinar todas as outras variáveis para viabilizar o uso eficiente da iluminação natural, bem como a aplicação de iluminação artificial através de lâmpadas e luminárias (GOLDEMBERG; LUCON, 2008). 
As lâmpadas podem ser do tipo fluorescente, cuja emissão se dá através de uma descarga elétrica de baixa pressão, que produz uma radiação ultravioleta que, em conjunto com o vapor de mercúrio, se metamorfoseia em luz visível em contato com o tubo, em cujo revestimento se encontra um material fluorescente. Elas podem ser incandescentes, nesse tipo de lâmpada, a luz é obtida pela incandescência obtida pelo aquecimento de um filamento de tungstênio na passagem de corrente elétrica. Também podem ser de descarga, em que a luz é obtida nessa lâmpada pelas formações de tensão ente eletrodos especiais, ocasionando uma excitação entre gases e vapores metálicos (GOLDEMBERG; LUCON, 2008). 
Em relação aos motores, eles têm como tarefa a transformação de energia elétrica em energia mecânica. O aumento de eficiência está relacionado na identificação e substituição de motores que apresentem superdimensionamento ou aplicar técnicas de controle que reduzam o desperdício gerado pelo superdimensionamento do motor. Deve-se levar em conta a idade do motor, pois isso pode influenciar sua eficiência. 
	Os sistemas térmicos abrangem uma vastidão de conceitos, tais quais: os de Temperatura, Calor Sensível e Calor Latente, Umidade Relativa do Ar (UR), Entalpia, Ciclo Frigorífico Por Compressão, Coeficiente de Performance (CoP), Razão de Eficiência Energética (Energy Efficiency Rate/ EER), Eficiência em kW/TR, Transmissão de Calor e Dimensionamento da Refrigeração. Em busca de maior eficiência, pode-se verificar se o acionamento elétrico está adequado; se há a ocorrência de perdas térmicas em caldeiras, sistemas de aquecimento, fornos, e estufas, entre outros. Também podem ser examinadas perdas no sistema de ar comprimido; perdas nos sistemas de bombeamento e distribuição de fluidos; pode ser realizada uma verificação nas perdas térmicas do sistema de refrigeração e climatização (MELO; CAMPELO; MENEZES, 2010). Para que o aquecimento ou refrigeração aconteça de modo adequado é fundamental que as resistências elétricas ou queimadores de combustível estejam em um posicionamento correto, aponta-se também, ações de limpeza em queimadores, conferência dos sistemas de isolamento térmico, dentre outras ações. 
Outro agente que influência a eficiência energética é o Fator de Potência, que faz a quantificação da eficiência energética ofertada pela instalação e cujo valor mínimo deve ser de 0,92, conforme estabelecido pela ANEEL (GOLDEMBERG; LUCON, 2008). 
Além dos fatores para a instauração de medidas para melhoraria na eficiência energética nos sistemas industriais, destaca-se a substituição de fontes energéticas como a geração distribuída, a cogeração e as fontes renováveis de energia. Em relação as fontes alternativas, cabe enfatizar que o Brasil possui grande potencial de produção de energia eólica e solar, sendo que o uso de painéis fotovoltaicos possui altíssima eficiência e o uso de turbinas eólicas, por exemplo, podem ser usadas em sistemas de bombeamento e compressão, tornando o uso de energia mais eficiente. 
As ações para melhoria da eficiência nos sistemas do processo de produção industrial precisam ser implantadas por meio de uma gestão adequada, ou seja, os processos de gestão da empresa podem identificar oportunidades para redução no consumo energético; aumentar oportunidades para aumento da eficiência no gerenciamento da produção (como layout produtivo e dimensionamento dos lotes produzidos); conscientização e capacitação dos colaboradores da empresa; redução do custo da energia elétrica por meio de readequações na forma de contratação e compra de energia (enquadramento tarifário). 
Sendo assim, a gestão de energia se apoia em instrumentos gerenciais bem determinados, se funda a partir da ação gerencial integradora, empreendedora e comprometida com a competividade, a lucratividade, a sustentabilidade e o futuro da empresa (GODOI, 2011). 
Diante disso, um projeto de eficiência energética pode contribuir em diversos aspectos, tanto social, econômico e produtivo para indústria. Conforme aponta Sola e Kolaveski (2004), um projeto de eficiência energética pode diagnosticar e atuar em vários contextos dentro do ambiente industrial. No entanto, ressalta-se que um programa de eficiência energética ideal começa já na construção da planta industrial; no projeto elétrico a distância entre o ponto de fornecimento da tensão e as máquinas deve ser o menor possível para evitar quedas de tensão, os condutores devem atender as normas e, asmáquinas e equipamentos devem ter o maior rendimento possível. Ademais, uma revisão das normas e procedimentos alça o projeto como um potencial instrumento de eficiência energética nas instalações elétricas. 
De modo geral, pode-se afirmar que a eficiência energética consiste em uma racionalização de energia. A indústria, sendo então o maior usuário de energia, ao consolidar sua aderência a um projeto de eficiência energética, poderá alcançar muitas vantagens, tanto a nível econômico quanto socioambiental. 
3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste artigo utilizou-se como metodologia de trabalho a pesquisa bibliográfica, definida por Gil (2002, p. 64) como a “busca pela literatura produzida sobre determinado assunto”. Para tanto, o primeiro passo foi realizar um levantamento sobre o tema, cujas fontes foram trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses e artigos acadêmicos de bases de dados do Google Acadêmico. Foram escolhidos os trabalhos e artigos que mais se aproximavam do objeto de estudo aqui proposto. Após a seleção de material, foram realizados fichamentos de cada trabalho escolhido, selecionando os conceitos e as descrições mais relevantes para este estudo. 
O procedimento adotado para realização da pesquisa ocorreu pela abordagem qualitativa de cunho descritivo explicativo, pois se caracteriza pela “descrição e análise de fenômenos, bem como explicação das condições que levaram a ocorrência de determinados fatos” (GIL, 2002, p.71). Portanto, foi feita uma descrição acerca do surgimento da eficiência energética no mundo e no Brasil, mas também uma explicação sobre os principais fatores que influenciam a eficiência no setor industrial. 
Sendo assim, esta pesquisa possui o caráter de uma revisão de literatura, em que foi desenvolvida com base em material já elaborado, a fim de ampliar e sintetizar o conhecimento sobre a temática proposta, de acordo com os objetivos elencados. 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O maior crescimento econômico e populacional atrelado a expansão de atividades industriais implicou no aumento de energia no mundo todo. Esta situação fez com que os países desenvolvidos propusessem novos padrões de consumo de energia. Entre as décadas de setenta e noventa, tais países pensaram e desenvolveram ações no sentido de incentivar as empresas a promover medidas de eficiência energética. Segundo Godoi (2011), estas ações tinham como foco, principalmente, nas melhorias técnicas de equipamentos e instalações. 
No Brasil, pode-se observar que a eficiência energética passou a ser discutida após uma crise de energia, com isso, houve aumento de ações, programas e incentivos com a finalidade de promover uso racional de energia elétrica. Desse modo, foram desenvolvidos vários programas com esse intuito, dentre eles, destaca-se principalmente, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL).
A eficiência energética pode ser conceituada como uma capacidade para a menor utilização de energia para a produção de igual quantia de serviços com base no uso de energia. Ela também pode ser definida como um agregado de políticas e ações visando a redução de custos energéticos e/ ou o aumento da quantia energética fornecida de forma que não haja alterações na geração. O objetivo é fazer com que a energia consumida pelo sistema tenha o mais baixo custo (ambiental e financeiro). Sendo assim, no setor industrial, a implementação de medidas visando uma melhoria na eficiência energética faz o papel de motor para o progresso econômico de cada empresa. 
Pode-se classificar as medidas de eficiência energética em: medidas tecnológicas, as quais consistem em substituição total ou parcial de sistemas e processos industriais por energeticamente mais eficiente, por exemplo, troca de lâmpadas ou de motores que tenham como efeito final a economia de eletricidade. Também tem as medidas comportamentais, que se apoiam em mudanças de hábitos e dependem da cultura organizacional, por exemplo, racionalizar energia de equipamentos que não estão sendo operados. 
Destaca-se também que dentre essas medidas, destacam-se os principais fatores que influenciam na eficiência energética, tais como: a análise no desperdício no sistema de iluminação, a realização ineficiente e insuficiente de manutenção nos sistemas mecânicos e elétricos, a falta de uma gestão realizada com eficácia no âmbito dos insumos energéticos e de contratos com concessionárias; a falta de um sistema de controle de eficiência nos processos produtivos; a ausência de foco energético nos sistemas de automação de processo; o carregamento ineficiente de transformadores, dentre outros. 
Nas indústrias, a eficiência energética deve ser projetada desde a iluminação até a escolha correta e cuidadosa do grau de tensão de maquinários e equipamentos, na posição de transformadores adjacentes e centros de carga. De modo geral, os equipamentos industriais devem ser examinados para que possa ocorrer uma atenuação de perdas no momento da transmissão da energia produzida. Essas considerações também devem ser estendidas à escolha de equipamentos cujos modelos expressem menores perdas e/ ou um consumo reduzido para a realização de suas tarefas (CANEPPELE; SERAPHIM, 2013).
A eficiência energética no setor industrial vai depender da gestão eficiente e pode ocorrer de diversas formas. Contudo, é pertinente ressaltar que tal trabalho deve ser desenvolvido para uma perspectiva integrada entre a gestão ambiental, estrutura organizacional, áreas de gestão de recursos humanos, produção e engenharia. 
Conforme exposto no Manual de eficiência energética na indústria (COPEL. 2005, p. 1), com o uso eficiente da energia elétrica, a indústria terá uma melhor utilização das instalações e equipamentos elétricos, uma redução no consumo de energia e consequente economia nas despesas com eletricidade. Com o melhor aproveitamento da energia conseguirá um aumento de produtividade e um padrão de qualidade no produto acabado, isto tudo, mantendo o nível de segurança e diminuindo o tempo de parada, por manutenção, nas máquinas. 
Desse modo, a eficiência energética pode se adequar às conveniências de gestores nas organizações por melhorar o uso dos recursos e diminuir as repercussões ambientais, trazendo respostas financeiras positivas para a empresa que opta por buscar melhorar seus índices de eficiência. 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho de conclusão de curso atingiu o objetivo proposto inicialmente, o qual consistia em identificar os fatores que influenciam na eficiência energética industrial. Dessa maneira, no desenvolvimento da pesquisa foi primeiramente realizada uma contextualização histórica de como surgiu o debate sobre a eficiência energética, depois, descrito os principais fatores que influenciam na eficiência no âmbito industrial. 
Pode-se observar que a indústria é um dos que mais utiliza energia elétrica, desse modo, a prática da eficiência energética possui benefício tanto para minimização de custos da empresa quanto para o desenvolvimento de medidas mais sustentáveis. Dentre os fatores que influencia na eficiência energética no setor industrial, pode-se citar: ventilação, iluminação, tensão de maquinários e equipamentos, fatores de potência, posição de transformadores adjacentes a centros de carga. 
Os projetos que contemplam a eficiência energética representam um ótimo custo-benefício para as empresas, pois tendem a otimizar os processos industriais. A eficiência energética pode se adequar às conveniências de gestores nas organizações por melhorar o uso dos recursos e diminuir as repercussões ambientais, trazendo respostas financeiras positivas para a empresa que opta por buscar melhorar seus índices de eficiência. Como proposta de estudos futuros sugere-se aprofundar na análise de projetos que otimizem a eficiência energética industrial. 
REFERÊNCIAS
ALVES, Claudio Filipe Vieira. Plano de Eficiência Energética numa Unidade Industrial. 125f. Dissertação de mestrado em Eletrotécnica. Universidade do Porto, 2009. 
BORNE, Lucas S. EficiênciaEnergética em Instalações Elétricas. Trabalho de conclusão de curso - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2010.
BRAZÃO, Ana Cristina Silva. Políticas para a promoção da eficiência energética na indústria portuguesa. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências e Tecnologia. Lisboa, 2012.
CORLETTI, Daniel. Ferramenta de auto avaliação do potencial de eficiência energética aplicada as indústrias do setor metal mecânico. Dissertação. Instituto Tecnológico de Aeronáutica. São Jose dos Campos, 2015.
COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA – COPEL. Manual de eficiência energética na indústria. Curitiba, 2005.
CORREIA, P. Avaliação do mercado de eficiência energética no Brasil: Pesquisa na Classe Comercial AT. Procel: 2007.
GARCIA, Agenor Gomes Pinto. Impacto da lei de eficiência energética para motores elétricos no potencial de conservação de energia na indústria. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2003.
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