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INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA – ICET CURSO DE ENGENHARIA Adriano da Silva Daniel Nogueira da Silva Eric Santos Camara Erick Zaracho Pessoa Leonardo Araújo Dias Lívia Vasconcelos Celegato Maria Clara Dias IMPLANTAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO SETOR INDUSTRIAL: Iniciativas da engenharia elétrica para a redução da emissão de carbono ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS) SÃO PAULO / SP 2021 / 3° SEMESTRE Adriano da Silva Daniel Nogueira da Silva Eric Santos Camara Erick Zaracho Pessoa Leonardo Araújo Dias Lívia Vasconcelos Celegato Maria Clara Dias IMPLANTAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO SETOR INDUSTRIAL: Iniciativas da engenharia elétrica para a redução da emissão de carbono Trabalho apresentado no curso de Graduação em Engenharia na Universidade Paulista. SÃO PAULO / SP 2021 / 3° SEMESTRE ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Comparação da eficiência das luminárias de LED .................................... 12 Figura 2: Sistema de iluminação hibrida da fábrica de fogões Muller ....................... 13 Figura 3: Distribuição do consumo elétrico pelos sistemas industriais ...................... 14 Figura 4: Inversor de frequência WEG CFW 08 ........................................................ 16 Figura 5: Impactos da Indústria 4.0 ........................................................................... 18 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 OBJETIVO................................................................................................................... 5 METODOLOGIA .......................................................................................................... 6 1. PROTOCOLO DE QUIOTO (1997) ...................................................................... 7 2. ACORDO DE PARÍS (2015) ................................................................................ 7 3. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ................................................................................. 9 4. O PAPEL DAS INDÚSTRIAS NA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA .......................... 10 4.1 Eficiência energética no sistema de iluminação da indústria ....................... 11 4.2 Eficiência energética em motores elétricos .................................................. 14 4.2.1Influência dos inversores de frequência na redução do consumo de energia por motores elétricos .......................................................................................... 16 4.3 Eficiência energética através da Indústria 4.0 ................................................. 17 5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 20 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 21 4 INTRODUÇÃO Desde o início da industrialização através da máquina a vapor no século XVIII, o homem vem criando métodos de manufatura cada vez mais automatizados, com isso é evidente o aumento nas atividades industriais trazendo como consequência o aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera do planeta. Notamos que tanto o nosso planeta quanto os seres vivos que nele habitam sofrem com o aquecimento global que vem aumentando a temperatura da atmosfera terrestre por consequência do efeito estufa causado pela emissão de gases poluentes oriundos das ações humanas. Esse assunto vem sendo alvo de discussões desde 1997 com o início do protocolo de Quioto, visando à redução na emissão de gases do efeito estufa para a desaceleração das mudanças climáticas que vem ameaçando a vida no planeta. A partir do trabalho exposto a seguir iremos retratar sobre um assunto que possui extrema importância para o futuro do planeta, a eficiência energética. Através deste, iremos demonstrar como está sendo tratado o tema eficiência energética em um dos setores que mais consomem energia elétrica no mundo que é o setor industrial, visando analisar as diferentes inovações tecnológicas desenvolvidas com foco na redução do consumo energético e manufatura sustentável, por meio também da Industria 4.0. 5 OBJETIVO O presente trabalho objetiva explanar as iniciativas tomadas no setor da engenharia elétrica para a redução da emissão de dióxido de carbono (CO2), um dos gases responsáveis pela deterioração da camada de ozônio, causando o conhecido efeito estufa que consequentemente resulta no aumento da temperatura do planeta. A partir deste, utilizaremos o conceito de eficiência energética aplicada no setor industrial para exemplificar as ações executadas no setor elétrico para a diminuição no consumo e para o melhor aproveitamento de energia. 6 METODOLOGIA Para o presente trabalho, foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica com a finalidade de reunir informações sobre as ações tomadas pelo setor de engenharia elétrica para que seja possível a redução da emissão de gases prejudiciais á atmosfera do planeta, gases estes que são responsáveis pelo efeito estufa. A finalidade é demonstrar equipamentos e sistemas desenvolvidos para a redução no consumo de energia elétrica no setor industrial. Para isso, a pesquisa será fundamentada em estudos elaborados por especialistas na área de engenharia elétrica e de energia, através de artigos publicados em sites, jornais e dissertações elaboradas por pesquisadores pertinentes no assunto. Como objetivo empírico, foram selecionados dois dos setores que mais consomem energia elétrica numa indústria, são esses os sistemas de iluminação e os sistemas motrizados, com a intenção de demonstrar o impacto significativo destes no consumo de energia elétrica pela indústria, trazendo também os métodos utilizados pela Indústria 4.0 para a redução deste consumo que traz um impacto significativo atuando diretamente com a eficiência energética em diversos setores além dos citados. 7 1. PROTOCOLO DE QUIOTO (1997) Durante a 3° Conferência das Partes da UNFCCC (COP – 3), foi elaborado o Protocolo de Quioto, cujo objetivo era regulamentar a Convenção Climática e, desse modo, determinar metas específicas a serem atingidas pelos países que o ratificassem para a redução dos principais gases causadores do efeito estufa. (IPAM AMAZÔNIA, 2015). Ficou definido através de negociações sobre o protocolo como e em que contexto a proteção climática deveria prosseguir, concluindo que os países responsáveis pelas maiores emissões de gases do efeito estufa deveriam liderar a desaceleração da mudança climática, após a assinatura de 141 países. Sob o protocolo, 38 países industrializados se comprometeram a reduzir suas emissões em 5,2%, em média, até o ano de 2012, comparando com os níveis de 1990. (WELLE, 2020). O Protocolo foi elaborado com base nos princípios e disposições da Convenção Quadro das Nações Unidas e sua estrutura baseia-se em anexos. Apenas sobrecarrega ainda mais os países desenvolvidos sob o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada e respectivas capacidades, pois reconhece que esses países por serem desenvolvidos, são os grandes responsáveis pelos altos níveis de emissões de gases do efeito estufa. (UNFCCC, c2021). O acordo se deu insuficiente para limitar o aumento do aquecimento global em longo prazo, segundo Andrew Light, do World ResourcesInstitute (WRI), pois o documento se aplica apenas aos países responsáveis por um quarto das emissões globais. (WELLE, 2020). 2. ACORDO DE PARÍS (2015) Segundo (CABRAL, 2019), o Acordo de Paris é um tratado mundial discutido entre 195 países durante a COP21 com o intuito de reduzir o aquecimento global. O acordo foi aprovado em dezembrode 2015 e entrou em vigor em novembro de 2016. 8 Para isso precisou que 55 países que representavam 55% das emissões dos gases do efeito estufa o ratificassem. Ainda segundo CABRAL, até julho de 2017, 195 países assinaram o acordo e 147, dentre eles o Brasil, o ratificaram. Desta forma o Acordo de Paris substituiu o Protocolo de Quioto a partir de 2020. O Acordo tem como seu principal objetivo o combate ao aumento da temperatura terrestre provocada pelo aquecimento global que significa impedir que a temperatura do planeta aumente em 2°C em relação à era pré-industrial. Além disso, o Acordo estimula o desenvolvimento de mecanismos para reduzir os impactos provocados pela mudança climática e substituição de fontes emissoras de gases do efeito estufa. (ECOA, 2021). Embora todos os países possuem responsabilidades comuns e devem contribuir para a redução dos gases de efeito estufa, suas contribuições são diferentes e levarão em consideração os padrões históricos e atuais de emissões, bem como a capacidade de contribuição para o combate às mudanças climáticas. (HUBNER, et al., 2016) As emissões de gases tiveram um aumento de 41% desde 1990 e continuam a aumentar. Se as emissões de dióxido de carbono (CO2) forem mantidas nos níveis atuais, o planeta terá um aquecimento de 3 °C até o final do século. (WELLE,2020). A expansão das atividades no setor industrial, agrícola e de transportes, demandou grande consumo de energia, energia essa proveniente da queima de combustíveis fósseis, além do desflorestamento de novas áreas para ocupação e usos com outras atividades, isso foi o principal motivo do aumento das atividades de emissão de gases. (CENAMO, 2004). Em 2020, o governo federal do Brasil se comprometeu a reduzir em 37% em relação ao ano de 2005, a emissão líquida de gases de efeito estufa até 2025. Até 2030, a meta é a redução em 43% das emissões e neutralizar as emissões líquidas até 2060. (ECOA, 2021). No Brasil, para que sejam alcançados os objetivos do Acordo de Paris, o governo tem como principais metas, aumentar a utilização de fontes energética alternativas e a implantação de tecnologias limpas nas indústrias. (MEIRELES, 2020). 9 Uma das importantes contribuições das empresas é a busca pela eficiência energética, reduzindo cada vez mais o consumo de energia e a emissão de gases poluentes. A Associação Brasileira de Empresas e Serviços de Conservação de Energia (ABESCO) estima que anualmente o Brasil têm um desperdício equivalente à meia usina de Itaipu. Contraditoriamente, esse desperdício acontece em um país onde a energia é uma das mais caras, afetando diretamente os negócios das empresas. Nesse sentido, a busca por eficiência energética traz ganhos tanto econômicos quanto ganhos ambientais. (LIMA, 2017) 3. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA “A utilização racional de energia chamada de eficiência energética, consiste em usar de modo eficiente a energia para se obter um determinado resultado. Por definição, a eficiência energética consiste da relação entre a quantidade de energia empregada em uma atividade e aquela disponibilizada para sua realização.” (ABESCO, [s.d]). No Brasil, estima-se que anualmente 10% da energia elétrica gerada seja desperdiçada em forma de calor, mais conhecido como “Efeito Joule” (DUARTE, 2016). Esse fenômeno tem maior predominância em sistemas com tecnologias mais antigas, quando não havia sofisticação para a gestão de energia. Com isso, subentende-se que para que seja possível haver eficiência energética em determinado processo, deve-se conservar a maior parte possível da energia utilizada. Conservação de energia, no contexto de eficiência energética, é o nome dado ao conjunto de práticas, operação e manutenção de equipamentos e sistemas que consomem energia, visando eliminar o desperdício de energia. (ALVES, 2007). As práticas de conservação de energia são referentes à otimização e manutenção da eficiência energética de um dado sistema ou máquina, na medida em que lidam com a eliminação, tanto a curto quanto a longo prazo, de consumos 10 energéticos não necessários à sua função de prover serviços energéticos. (ALVES, 2007). A atualização de equipamentos para tecnologias mais modernas, que possuem uma eficiência maior e potencial de automação apresentam grandes vantagens, pois quando o equipamento é eficientemente melhor, o gasto de matéria prima é reduzindo, gerando uma economia para a empresa. (VILELA, 2020). De acordo com o relatório da PROCEL, a utilização de equipamentos de melhor eficiência e instalações elétricas dimensionadas geraria uma economia de 8,8% no consumo de energia elétrica (DUARTE, 2016). Na Europa, boa parte dos resultados dos países é proveniente de políticas públicas adotadas para estimular as indústrias locais a produzirem energia, além de gastarem o mínimo possível. De acordo com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a maior parte do consumo de energia nacional é feito por indústrias.(DUARTE, 2016) 4. O PAPEL DAS INDÚSTRIAS NA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA O desenvolvimento econômico tem importante influência em relação ao aumento do consumo de energia atualmente, uma vez que, o mesmo resulta de setores em crescimento, como por exemplo, as indústrias, que por sua vez é o que mais consome energia, sendo a energia elétrica a fonte de maior utilização. (BORTOLO, 2018) Mundialmente a indústria é a maior consumidora de energia elétrica, sendo no Brasil responsável por 41% do consumo total. De acordo com o “Bloco Especial sobre Indústria e Energia da Sondagem Empresarial” realizada pela no ano de 2015, o insumo energia elétrica é estratégico, utilizado por 79% das empresas e responsável por mais de 40% de seus custos de produção. (TAKEDA, 2020). http://www.epe.gov.br/mercado/Paginas/Consumomensaldeenergiael%C3%A9tricaporclasse(regi%C3%B5esesubsistemas)%E2%80%932011-2012.aspx http://www.epe.gov.br/mercado/Paginas/Consumomensaldeenergiael%C3%A9tricaporclasse(regi%C3%B5esesubsistemas)%E2%80%932011-2012.aspx 11 Desse modo, segundo a ENGIE BRASIL (2020), como a energia elétrica é um dos principais insumos desse processo, é necessário encontrar meios de utilizá-lo de forma econômica e racional. É aí que entra a eficiência energética. Conforme a Agência Internacional de Energia, entre os anos de 2000 e 2016, as soluções em eficiência energética resultaram em uma redução de 12% no consumo de energia global. O Banco Interamericano (BID) estima que 17% da energia produzida na América Latina é desperdiçada. Além disso, calcula-se que a indústria brasileira poderia economizar cerca de R$ 4 bilhões adotando soluções de eficiência energética. (ENGIE BRASIL, 2019) Em conformidade com o relatório de 2019 do Programa Nacional de Conservação de Energia (PROCEL), a partir das ações de eficiência energética implementadas em 2018, a organização promoveu uma economia de 22,99 bilhões kWh, o equivalente a 4,87% do consumo brasileiro. O resultado impediu a emissão de 1,701 milhão tCO2, valor correspondente ao CO2 emitido por 584 mil veículos durante um ano. (ENGIE BRASIL, 2020). Ao aderir soluções de eficiência energética, uma empresa consome menos para atingir o mesmo objetivo, além de exercer uma menor pressão ao sistema energético do país e eliminar os efeitos causados pela sua atividade no meio ambiente. (ENGIE BRASIL, 2019) 4.1 Eficiência energética no sistema de iluminação da indústria Todos os componentes necessários para atender as condições de iluminação são definidos como sistema de iluminação. Para que um sistema de iluminação execute um bom desempenho deve-se atentar a cuidados que se iniciam no projeto elétrico que envolvam informações sobre luminárias, perfis de utilização, ou o tipo de atividade a ser executada. (CNI, p.17, [s.d]). O sistema de iluminação requer uma parcela da demanda de energia elétrica, já que as áreasde trabalho devem fornecer iluminação suficiente para que o colaborador desenvolva o melhor rendimento possível ao executar determinada 12 atividade, pois cada atividade requer um nível de exigência compatível com a sua importância e uma percepção visual mais apurada. Por consequência, o investimento em ações de eficiência energética nessa área é de grande importância, objetivando a diminuição da carga instalada em sistemas ultrapassados, buscando tecnologias mais atualizadas para melhorar o sistema de iluminação consumindo menor parcela de energia elétrica. (BORTOLO, 2018) Para que uma empresa consiga aumentar sua produtividade e diminuir custos é essencial que um projeto luminotécnico seja bem elaborado, onde um dos passos decisivos do projeto para alcançar a eficiência energética é a substituição das luminárias tradicionais, que são tecnologias mais ultrapassadas, para luminárias de LED, cuja vida útil é mais longa e tem baixa depreciação, logo seu impacto ambiental é mínimo. (ZAGONEL, c2019) A seguir na imagem 1, apresenta a eficiência da luminária de LED em comparação às luminárias que possuem tecnologias mais antigas, segundo a empresa Fluxo Consultoria. Figura 1 - Comparação da eficiência das luminárias de LED Fonte:fluxoconsultoria.poli.ufrj.br/blog/lampada-led-economize-nas-contas-de-energia/ 13 Mesmo que as luminárias de LED apresentem grandes vantagens para o sistema de iluminação, inclusive a respeito da variação de nível luminoso, estudos apontam que a luz natural oferece ainda mais benefícios além da contribuição para o bom humor do colaborador que por consequência melhora sua produtividade na execução do trabalho. Mas por não ser possível sua utilização em períodos cuja iluminação natural seja insuficiente, um sistema híbrido de iluminação com luminárias LED e domus lineares é a melhor alternativa. (GRUPO MB, c2021) Um domu é uma abertura linear contínua na cobertura de um ambiente fabricado com material translúcido que permite a entrada de luz ou ar, permitindo iluminar até 8 vezes mais que janelas com área equivalente de abertura. (GRUPO MB, c2021) Na imagem 2 a seguir, está ilustrado o sistema de iluminação hibrida feita através de domus lineares pelo Grupo MB da fábrica de fogões Mulle em Timbó – SC, que trabalha com sua linha de produção das 8:30h às 17h com as luzes artificiais apagadas, gerando uma economia de R$ 5.300,00 de acordo com a empresa Grupo MB. Figura 2: Sistema de iluminação hibrida da fábrica de fogões Muller Fonte: grupomb.ind.br/mbobras/portfolios/mueller-fogoes/ Claramente iniciativas de aprimoramento dos sistemas de iluminação na indústria trazem uma considerável economia no consumo de energia elétrica, mas para se obter uma grande redução do consumo de energia é necessária a substituição de 14 motores antigos por modelos com tecnologias mais eficientes, pois os motores elétricos representam 70% de toda energia consumida pela indústria. (LOPPNOW, 2018) 4.2 Eficiência energética em motores elétricos No setor industrial, os motores elétricos são responsáveis por 30% do consumo de energia elétrica produzida no país. (AGARELLI, 2015) De acordo com SOUZA (2018) o Ministério de Minas e Energia relata que os motores elétricos consomem 68% de toda eletricidade destinada ao setor industrial. (apud ANASTACIO, et. al., [s.d]) Na imagem 3, o gráfico representa a parcela de consumo de energia elétrica pelos diferentes sistemas que utilizam a eletricidade como fonte de energia de acordo com SILVA (2011). Figura 3: Distribuição do consumo elétrico pelos sistemas industriais Fonte: Pesquisa e inovação para o desenvolvimento do Brasil, 2011. 15 Segundo LUCA (2018) Cerca de 30% dos motores que estão em funcionamento dentro das indústrias operam de forma ineficiente, o que acarreta em um alto consumo de energia elétrica. (apud ANASTACIO, et. al. [s.d]) MARQUES et. al. (2006) diz que, para que seja atingida a eficiência energética em sistemas de força motriz, algumas ações serão necessárias, como a aquisição de motores de alto rendimento, adequação da carga para que o motor trabalhe dentro do rendimento adequado, a correção do fator de potência, instalação de sistemas para automação e controle dos motores e executar manutenções periódicas. (apud SOLA, MOTA, 2015, pg. 500) Motores de alto rendimento proporcionam redução nas emissões de CO2, uma vez que o método de geração de energia para alimentar qualquer equipamento ocasiona a emissão de gases do efeito estufa. (SILVA, 2016) Nas indústrias, é predominante o emprego de motores elétricos com potência a partir de 1 CV (cavalo-vapor) com índices elevados de eficiência, como por exemplo, os motores AR Plus de 1 CV cujo índice de eficiência chega em torno de 82%, podendo os motores de maior potência apresentar índices de 96% de eficiência. (AGARELLI, 2015) Executando a troca de motores de modelos antigos para motores de maior rendimento pode trazer como resultado, uma economia de em média 9,3% no consumo de energia. (SILVA, 2016) Segundo LIANG et al. (2015), a eficiência do motor é proporcional ao seu rendimento e menor será as perdas de energia devido ao efeito joule, atrito e etc. A utilização de materiais de qualidades superiores na fabricação contribui para essa redução de perdas e aumento no desempenho do motor. (apud ANASTACIO et al., [s.d], pg. 5) Os avanços tecnológicos como os circuitos de controle e a implementação dos programas de eficiência energética, nos permitem observar, por meio da relação peso – potência, o quão eficaz foram esses esforços na evolução de um mesmo motor elétrico, como por exemplo, dos motores de 88 kg/kW, do século XIX, que na atualidade chagamos a índices em torno de 6kg/kW. (AGARELLI, 2015) 16 RAMOS (2009) explana que, outro ponto contribuinte para elevar a eficiência de um motor está no método de acionamento utilizado, pois em aplicações que exigem que a velocidade seja controlada, a aplicação do inversor de frequência é amplamente viável e eficiente. (apud ANASTACIO et al., [s.d], pg. 5) 4.2.1Influência dos inversores de frequência na redução do consumo de energia por motores elétricos O inversor de frequência é um dispositivo eletrônico capaz de controlar a velocidade de rotação de um motor elétrico. Este dispositivo faz o controle da velocidade do motor variando, em sua saída, a frequência fornecida pela rede elétrica. A velocidade em que o motor irá girar é proporcional à frequência fornecida pelo inversor, quanto maior a frequência, maior será a velocidade de rotação. (MATTEDE, c2019) A figura4 a seguir, destaca um inversor de frequência CFW 08 da WEG para acionamentos de motores de 0,25 a 20CV. Figura 4: Inversor de frequência WEG CFW 08 Fonte: www.weg.net/catalog/weg Os acionamentos eletrônicos como o inversor de frequência tornaram-se uma atraente alternativa com os grandes avanços dos estudos na área de eletrônica de potência. Além de serem mais versátil para o controle de motores, os inversores http://www.weg.net/catalog/weg 17 também são utilizados como forma de conservar a energia elétrica proporcionando uma economia em função da potência de entrada utilizada, das horas de funcionamento e do preço da energia elétrica consumida. (SOUSA e SILVA, pg. 114, 2012) Desse modo, pode-se tirar como conclusão, segundo TAKEDA (2020), que o maior potencial de economia do consumo de energia não está exclusivamente empregado no motor, mas sim nas demais partes que constitui o sistema. Normalmente o que se percebe é uma limitação no entendimento sobre os custos empregados na melhoria da eficiência e no potencial de economia de energia. Especialmente quando se fala em redução do consumo de energia, a mais nova revolução industrial chamada de Indústria 4.0 tem no ganho de eficiência energéticaum de seus principais objetivos. (PROCOBRE, 2019) 4.3 Eficiência energética através da Indústria 4.0 A Quarta Revolução Industrial, ou Industria 4.0, é um conceito que surgiu na Alemanha durante a Feira de Hannover em 2011. Ela engloba as principais inovações da automação da indústria através da IoT (Internet of Things), que mantém todos os sistemas interligados trocando dados através de uma rede aplicada aos processos de manufatura. (SILVEIRA, 2021) O conceito da nova Revolução Industrial vai além, pois ela busca não somente aprimorar os processos produtivos, mas também fornecer soluções para problemas ambientais, melhorar a qualidade de trabalho e principalmente, reduzir o consumo de recursos. (PROCOBRE, 2019) Através da IoT com sensores instalados nas máquinas é possível, por exemplo, identificar desvios no consumo e, desse modo, evitar que haja desperdício de energia. Conforme o SENAI as fabrica inteligentes que se baseiam na indústria 4.0 terão condições de reduzir o consumo de energia em até 20%. (PROCOBRE, 2019) Isso demonstra um dos impactos positivos do conceito 4.0 como também ilustrado na figura 5 a seguir. 18 Figura 5: Impactos da Indústria 4.0 Fonte: www.manutenção.net Um dos grandes desafios da indústria brasileira e mundial é reduzir custos, por meio da otimização de processos, mantendo a qualidade e a capacidade produtiva. Porém, o Brasil possui um grande potencial para se tornar destaque nesta nova economia que envolve ganhos de eficiência, redução nos custos de manutenção de maquinário e consumo de energia. (ESCRICH, 2020) A Agência Brasileira de Desenvolvimento (ABDI) apontou uma estimativa através de um estudo de que a diminuição dos custos industriais brasileiro, através da mudança da indústria para o sistema 4.0, será de aproximadamente R$ 73 bilhões ao ano, e R$ 34 bilhões deste total estão ligados à redução de custos com manutenção de máquinas e R$ 7 bilhões em economia de energia elétrica. (ZAGONEL, c2019) A indústria 4.0 se preocupa com a eficiência energética e com a sustentabilidade, buscando aderir processos que conservem recursos naturais. Um exemplo é o emprego do cobre (Cu) que tem ótimas propriedades elétricas e térmicas, com baixo impacto ao meio ambiente, tornando-se ideal na produção de energia limpa. (DCML, 2020) Segundo PROCOBRE (2019), o cobre é o segundo metal com melhor condutibilidade elétrica e um dos únicos a ser 100% reciclável, ou seja, apresenta o maior custo-benefício. A indústria que se preocupa com a eficiência energética deve sempre estar atenta à forma de execução de seus processos e manutenção de equipamentos, investir na sua manutenção e através da tecnologia moderna buscar a adequação de sua estrutura para que seja possível garantir um menor desperdício de tempo, 19 consumo de energia reduzido e menor impacto ambiental possível. (BORTOLO, 2018) É evidente que a eficiência energética é de grande importância tanto do ponto de vista econômico quanto do social e ambiental. Economicamente falando, quanto maior o índice de eficiência energética menor será o gasto com energia e maiores serão as vantagens competitivas. (ASTEFANELLO, 2019). Indiretamente, outro benefício da eficiência energética é a geração de empregos. Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil tem entre 130 e 140 mil profissionais trabalhando com eficiência energética atualmente, e para que o país atinja a meta firmada no Acordo de Paris – de chegar a 10% de ganhos em eficiência energética – 450 mil profissionais terão que estar atuando na área até 2030. (ENGIE BRASIL, 2019). A redução da emissão de gases causadores do efeito estufa é extremamente essencial para a preservação do meio ambiente e para garantir condições ambientais adequadas à qualidade de vida das gerações futuras. (ENGIE BRASIL, 2019) 20 5. CONCLUSÃO O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou o entendimento do grande impacto das emissões de gases causadores do efeito estufa pelas atividades industriais. Além disso, permitiu a compreensão da quantidade de energia elétrica consumida por industrias para a execução dos processos produtivos que por sua vez geram desperdícios desta energia por conta da utilização de maquinários com tecnologias consideradas ultrapassadas que apresentam baixa eficiência e rendimento comparadas com tecnologias atuais. Dada a importância do tema, é notório que a eficiência energética aplicada aos processos industriais traz inúmeros benefícios tanto ao meio ambiente quanto à própria indústria. A partir do exposto ficou claro que ao aplicar-se os métodos de manufatura eficiente é possível a redução do consumo de energia elétrica mantendo a capacidade produtiva que por sua vez aumenta a competitividade, incentivando cada vez mais a adoção da sustentabilidade pelas indústrias. Nesse sentido, a Indústria 4.0 surgiu como a solução essencial para o caminho da eficiência energética, que por meio da IoT tornou-se possível o gerenciamento da energia que é consumida durante os processos fabris, prevendo possíveis problemas que afetaria negativamente sua eficiência e rendimento. Contudo, através do trabalho elaborado, podemos afirmar que alcançamos os objetivos que forma propostos para demonstrarmos as ações tomadas pelo setor de engenharia elétrica na redução da emissão de carbono. Isso nos guiou para obtermos importantes conhecimentos sobre a eficiência energética, que será de grande importância tanto em nosso futuro acadêmico para desenvolvimento de posteriores projetos no decorrer da graduação em engenharia elétrica, quanto em nosso futuro profissional tendo consciência do grande impacto positivo de soluções sustentáveis para processor industriais. 21 REFERÊNCIAS AGARELLI, Cesar. Motores elétricos e o consumo setorial de energia. Edição 112. Revista O Setor Elétrico, 2015. Disponível em: <https://www.osetoreletrico.com.br/motores-eletricos-e-o-consumo-setorial-de- energia/#:~:text=No%20setor%20industrial%2C%20com%20merecido,a%20energia %20produzida%20no%20pa%C3%ADs>. Acesso em: 03/04/2021. ALVES, S.S. Tipificação dos instrumentos de políticas de apoio à eficiência energética: a experiência mundial e o cenário nacional. 2007, 187 p. Dissertação (Mestrado) Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. ANASTACIO, Breno P; et al. Eficiência energética em motores elétricos de indução. Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, Minas Gerais, [s.d]. ASTEFANELLO, Lucas. O que é eficiência energética e seus benefícios. Beenergy, 2019. Disponível em: <https://beenergy.com.br/eficiencia-energetica- beneficios/#:~:text=O%20principal%20benef%C3%ADcios%20de%20se,energia%20 comprada%20ser%C3%A1%20mais%20eficiente>. Acesso em: 21/03/2021. BORTOLO, Luis Carlos De. A busca pela eficiência energética na indústria. 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