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3 ANO LITERATURA E GRAMATICA

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1 
 
 
APOSTILA 2016 
 
 
 
 
LÍNGUA PORTUGUESA 
LITERATURA E GRAMÁTICA 
 
 
 
ELABORADA E DESENVOLVIDA PELA PROFESSORA AUREA MARIN 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
LITERATURA 
 
Pré-modernismo 3 
Modernismo 12 
 Modernismo brasileiro 13 
 Fases modernismo no Brasil 15 
Modernismo português 17 
Modernismo no Brasil 23 
Segunda fase 29 
Terceira fase 46 
Tendências contemporâneas em Portugal 55 
Pós modernismo 60 
Prosa brasileira após virada do século 62 
 
GRAMÁTICA 
 
Sintaxe 69 
Predicado 73 
Adjunto adnominal 79 
Adjunto adverbial 80 
Período composto 82 
Orações coordenadas 83 
Oração subordinadas 85 
Concordância nominal 92 
Concordância verbal 98 
 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
3 
PRÉ – MODERNISMO 
 
Contexto Histórico: 
 
 Nos primeiros anos da República, o Brasil foi governado por presidentes militares – era 
chamada República da espada (1889 a 1894). A ela seguiu-se um período caracterizado por 
presidentes ligados às oligarquias rurais (a chamada “nobreza fundiária”) constituídas por 
cafeicultores de São Paulo e pecuaristas de Minas Gerais – a República do café-com-leite. 
(1894 a 1930). 
 Os antigos escravos eram marginalizados e os imigrantes europeus que chegavam para 
trabalhar nas lavouras ou nas indústrias recém-criadas eram submetidos a condições de 
trabalho aviltantes. O Nordeste vivia a estagnação econômica e bandos de cangaceiros 
assaltavam propriedades. As secas levavam à morte milhares de sertanejos e outros tantos 
eram facilmente arregimentados na formação de seitas místicas, lideradas por beatos ou 
conselheiros, tornando-se fanáticos, pela desesperança e pela crença numa solução divina para 
males que, na verdade, tinham origem econômica. 
 Este período, compreendido entre 1900 e 1922 caracteriza-se pela convivência de várias 
correntes e estilos, com predominância ainda do Parnasianismo. 
 Ao lado do mundo “cor-de-rosa” das elites, estava a miséria do povo, e pouquíssimos 
foram os escritores que voltaram os olhos de modo crítico para a realidade brasileira. Os 
literatos “oficiais”, parnasianos, estavam, na verdade, preocupados com o prestígio social que a 
literatura lhes pudesse dar. Freqüentavam cafés, saraus, apreciavam palavras eruditas, os 
modismos europeus e o tom retórico, produzindo uma literatura que se convencionou chamar 
sorriso da sociedade. 
 O Pré-Modernismo, que não é propriamente uma escola literária, designa genericamente 
esse período, no qual poucos escritores procuraram interpretar a realidade brasileira, revelar 
suas tensões e os problemas sociopolíticos da época. 
 Algumas datas podem servir de balizamento para esse período: 
 1902 – publicação de Canaã, de Graça Aranha, e de Os sertões, de Euclides da Cunha; 
 1922 – realização da Semana de Arte Moderna, No Teatro Municipal de São Paulo, nos 
dias 13, 15 e 17 de fevereiro. 
 
 
Principais autores: 
 
 Lima Barreto – A característica mais marcante de sua literatura é a denúncia dos 
problemas sociais de sua época. Vítima de tantos preconceitos foi inevitável que traços 
biográficos do autor se incorporassem nas obras, especialmente em Recordações do escrivão 
Isaías Caminha, uma pesada caricatura em que o escritor esmiúça os bastidores da imprensa da 
época. 
 Em Triste fim de Policarpo Quaresma, inventa o patriota ingênuo que luta até o fim da 
vida para restabelecer as tradições brasileiras mais legítimas. A intenção de denunciar levou o 
escritor a empregar uma linguagem clara e simples, sem os adornos que eram moda na época. 
Dessa opção resultaram as pesadas críticas que recebeu: de ser desleixado, de não saber 
gramática. Via-se descuido e erro onde existia quase sempre o desprezo intencional pelos 
ornamentos, onde predominava o esforço de se fazer entender pelo homem comum, que ele 
incorporou como personagem. 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
4 
 Suas principais obras são: Recordações do escrivão Isaías Caminha, Triste Fim de 
Policarpo Quaresma, Numa e ninfa, Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá, Os bruzundangas, 
Clara dos Anjos. 
 
 Euclides da Cunha – Foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, incumbido de 
fazer a cobertura da Guerra de Canudos. Dessa cobertura jornalística resultou uma obra-prima: 
Os sertões, publicado em 1902, e marco inicial de nosso Pré-Modernismo. Contudo, o autor 
peca pelo estilo retórico-discursivo, muitas vezes barroco e pomposo, mas que de modo algum 
retira o alto nível e a importância da obra, no qual se percebe a formação positivista e a ótica 
determinista do escritor. 
 
 Monteiro Lobato – É o maior escritor da literatura infanto-juvenil brasileira. Com ele 
ocorre uma verdadeira revolução no gênero, até então marcada por textos de preocupações 
moralistas, patrióticas e ufanistas, que ao invés de divertirem as crianças, procuravam doutrina-
las. 
 Ao rejeitar os modelos tradicionais, levou as crianças a se divertirem com reflexão, 
modernidade e assimilação de valores universais. Sua produção infanto-juvenil constitui a parte 
mais importante de sua obra. 
 Embora Monteiro Lobato fosse um homem que acreditava no progresso, cometeu o 
equívoco momentâneo de criticar os modernistas de 22, que buscavam uma arte de reforma. 
 
 Augusto dos Anjos – Caracteriza-se pela crueza dos temas, que giram em torno da 
morte e da doença, focalizando hospitais, necrotérios, hospícios, cadáveres e micróbios, pelo 
exotismo de linguagem, carregada de vocábulos científicos, e por agudo pessimismo diante da 
vida. 
 À visão do mundo harmonioso das elites da época, da literatura “sorriso da sociedade”, 
Augusto dos Anjos contrapôs um outro, de decomposição, angústia e sofrimento, em que se 
percebe a inquietação filosófica do poeta sobre o enigma do Universo e da própria vida. 
 Suas obras foram póstumas: Poesia: Eu, Eu e outras poesias. 
 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
1) Que classes eram o sustentáculo do poder civil nas primeiras décadas da República? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
2) Qual era a situação da classe trabalhadora nas primeiras décadas da República? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
5 
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
3) O que se entende por Pré-Modernismo? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
4) O que se pode criticar em muitos escritores brasileiros do período compreendido entre o final 
do século XIX e as primeiras décadas do século XX? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
5) Que autores se destacam no Pré-Modernismo brasileiro? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________6) A que autor pré-modernista se refere cada um dos comentários a seguir? 
 
a) “Os dramas humildes, as tragédias da classe média encontraram nele um grande, fiel e 
enternecido intérprete. Mas soube retratar, com agudeza e sarcasmo, os meios políticos e as 
redações dos jornais, mostrando aspectos curiosos e dolorosos” (Fernando Góis); 
 
b) “Vislumbrando na matéria orgânica uma vocação fatal para o sofrimento, o poeta concebia o 
espetáculo da vida como um permanente encaminhar-se para a dissolução.” (José Paulo Paes); 
 
c) “Nesses capítulos informados pela mais exaustiva erudição científica (geológica, orográfica, 
climatológica, hidrográfica, botânica, zoológica, antropológica, etnográfica, folclórica, sociológica 
e, mesmo, psiquiátrica), tanta multiplicidade de fatos e de interpretações destina-se a iluminar, 
com a luz crua e violenta da evidência, o meio asperamente conflituoso em que sofre o jagunço 
nordestino.” (Alfredo Bosi); 
 
d) “A contradição moderno-antimodernista leva-o a uma crítica injusta e violenta à pintura de 
Anita Malfatti, fato cultural mais importante antes da Semana de Arte Moderna.” (PUC – SP); 
 
e) NDA. 
 
 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
6 
TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA 
(fragmento) 
 
 Triste Fim de Policarpo Quaresma conta a história de um nacionalista ingênuo, Policarpo 
Quaresma, que acredita em um Brasil forte, rico e soberano, e quer salvá-lo dos políticos 
corruptos. Entretanto, esse exaltado patriotismo só provoca risos e acaba por custar-lhe o 
internato num hospício. Tendo apoiado o Marechal Floriano, volta-se contra o seu governo por 
considerá-lo incompetente e desumano. Ao presenciar a escolha de antiflorianistas para 
fuzilamento, escreve, indignado, uma carta ao presidente. No dia seguinte é preso e fuzilado. 
 Desde dezoito anos que tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar 
inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe 
contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que 
ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas coisas de tupi, do folklore, das suas 
tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma!Nenhuma! 
 O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a zombaria, o escárnio; e levou-o à loucura. 
Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram férteis ela não era fácil como diziam 
os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? 
Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? 
Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, 
uma série, melhor, um encadeamento de decepções. 
 A pátria que quisera ter era um mito, era um fantasma criado Poe ele no silêncio do seu 
gabinete. Nem a física, nem a moral, nem a intelectual, nem a política que julgava existir, havia. 
A que existia de fato, era a do Tenente Antonino, a do doutor Campos, a do homem do Itamarati. 
 E, bem pensando, mesmo na sua pureza, o que vinha a ser Pátria? Não teria levado toda 
a sua vida orientado por uma ilusão, por uma idéia a menos, sem base, sem apoio, por Deus ou 
uma Deusa cujo império se desaparecia. 
 
Vocabulário: 
Folclore – estudo e conhecimento das tradições de um povo, expressas nas suas lendas, 
crenças, canções e costumes. 
Mofa – zombaria. 
Feraz – fértil. 
Itamaraty – nome do palácio que, no Rio de Janeiro, serviu de sede do Ministério das Relações 
Exteriores. 
Nortear – orientar, guiar. 
Esvair – dissipar, desaparecer. 
 
 
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO 
 
1) Justifique com elementos do texto a afirmação de que o Major Quaresma tinha um forte 
sentimento nacionalista? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
7 
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
2) Segundo Pero Vaz de Caminha, “(A terra) em tal maneira é graciosa que, querendo-a 
aproveitar, dar-se-á nela tudo...”Que comentário faz Quaresma a esse respeito? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
3) É comum a crença de que o povo brasileiro possui um espírito pacífico, generoso e cordial. O 
que pensa Policarpo Quaresma a respeito disso? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
4) Que ilusão teria guiado Quaresma até o fim da sua vida? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
 
 
OS SERTÕES 
 
 Os sertões é um ensaio sociológico e histórico em torno da guerra de Canudos. Fatores 
geográficos, raciais e históricos determinam as ações dos jagunços rebeldes – A terra - , o autor 
analisa o condicionamento geográfico, com o clima exercendo um papel preponderante na 
formação do meio e do homem, produto desse meio. Na segunda parte – O homem -, temos a 
análise da miscigenação e seus efeitos. Na última parte – A luta - , a descrição do conflito 
resultante. 
Contudo, o autor peca pelo estilo retórico-discursivo, muitas vezes barroco e pomposo, 
mas que de modo algum retira o alto nível e a importância de Os sertões, no qual se percebe a 
formação positiva e a ótica determinista do escritor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
8 
 
 
O HOMEM 
 
 De repente, uma variante trágica. 
 Aproxima-se a seca. 
 O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular com que se desencadeia o 
flagelo. 
 Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo 
cadente que irradia do Ceará. 
 Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem, às 
calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mas pavor aos terremotos que o 
peruano; e no Peru as crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra. 
 Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à 
sua vida tormetosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estóico. Apesar das 
dolorosas tradições que conhece através de um sem número de terríveis episódios, alimenta a 
todo o transe esperanças de uma resistência impossível. 
 (Euclides da Cunha) 
 
 
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO 
 
1) Como Euclides da Cunha caracteriza o homem sertanejo? 
_____________________________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
2) Em que homem sertanejo difere do peruano? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
3) Por que Buckle caracteriza como uma “anomalia” o fato de o homem não se afeiçoar nunca 
às calamidades naturais que o rodeiam? 
__________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
9 
4) Destaque do texto uma passagem que demonstra ser o flagelo da seca algo repetitivo e 
bastante conhecido pelo sertanejo. 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
 
JECA TATU 
 
 Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade! 
 Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo... 
 Quando comparece às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele traz: sempre coisas que a 
natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher (...) Nada 
mais. 
 Seu grande cuidado é espremer todas as conseqüências da lei do menor esforço – e nisto vai 
longe. 
 Começa na morada. Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que moram em toca e 
gargalhar ao joão-de-barro. Pura biboca de bosquímano. Mobília, nenhuma. A cama é uma espipada 
esteira de peri posta sobre o chão batido. 
 Às vezes se dá ao luxo de um banquinho de três pernas – para os hóspedes. Três pernas 
permitem equilibrar; inútil, portanto, meter a quarta, o que ainda o obrigaria a nivelar o chão. Para 
que assentos, se a natureza os dotou de sólidos, rachados calcanhares sobre os quais se sentam? 
 Nenhum talher. Não é a munheca um talher completo – colher, garfo e faca a um tempo? 
 Seus remotos avós não gozaram maiores comodidades. Seus netos não meterão quarta perna 
ao banco. Para quê? Vive-se bem sem isso. 
 Se pelotas de barro caem, abrindo seteiras na parede, Jeca não se move a repô-las. Ficam 
pelo resto da vida os buracos abertos, a entremostrarem nesgas de céu. 
 Quando a palha do teto, apodrecida, greta em fendas por onde pinga a chuva, Jeca, em vez 
de remendar a tortura, limita-se, cada vez que chove, a aparar numa gamelinha a água gotejante... 
 Remendo... Para quê? se uma casa dura dez anos e faltam “apenas” nove para que ele 
abandone aquela? Esta filosofia economiza reparos. 
 (Monteiro Lobato – Urupês) 
Vocabulário: 
Biboca – casa humilde, com cobertura de palha. 
Bosquímano – indivíduo dos bosquímanos, povo sul-africano. 
Espipar – esticar, estender. 
Peri – espécie de junco do qual se fazem esteiras; piripiri. 
Munheca – mão. 
Remoto – antigo, distante. 
Seteira – fresta. 
Nesga – pequena espaço. 
Gretar – rasgar. 
Gamela – vasilha de madeira ou barro. 
 
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
10 
 
1) O que podemos concluir ao compararmos a personagem de Monteiro Lobato com o índio 
Peri, de José de Alencar, e os bravos e orgulhosos caboclos dos romances regionalistas do 
mesmo período? 
_____________________________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
2) Em Jeca Tatu, Monteiro Lobato investe contra a idealização do caboclo, apontando algumas 
das suas características negativas. Qual delas é a mais criticada no texto? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
3) “Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...” Este parágrafo refere-se ao Jeca de Monteiro 
Lobato ou aos caboclos dos romances românticos? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
4) Você crê que Monteiro Lobato queria chamar a atenção para uma realidade que deveria ser 
invertida ou pretendeu apenas ridicularizar o caboclo? Por quê? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
 
5) “Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!” 
 Em Urupês (1918), Monteiro Lobato cria a figura do Jeca Tatu, o caipira atrasado e 
indolente. Mais tarde, Lobato se conscientizaria de que o tipo era uma conseqüência de 
problemas socioeconômicos e da ausência de reformas que dessem ao homem do campo 
condições de desenvolvimento. 
 Segundo você, que reformas e ações governamentais podem contribuir para a melhoria 
das condições de vida do homem do campo? 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
11 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA DE UM VENCIDO 
 
Eu, filho do carbono e do amoníaco, 
Monstro de escuridão e rutilância, 
Sofro, desde a epigênese da infância, 
A influência má dos signos do zodíaco. 
 
Profundissimamente hipocondríaco, 
Este ambiente me causa repugnância... 
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia 
Que se escapa da boca de um cardíaco. 
 
Já o verme – este operário das ruínas 
Que o sangue podre das carnificinas 
Come e à vida em geral declara guerra, 
 
Anda a espreitar meus olhos para roê-los, 
E há de deixar-me apenas os cabelos, 
Na frialdade inorgânica da terra! 
 (Augusto dos Anjos) 
Vocabulário: 
Rutilância – brilho 
Epigênese – teoria da formação dos seres por gerações graduais. 
Hipocondríaco – que tem mania de doença; triste, melancólico. 
 
 
 
 
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO 
 
1) Um dos elementos da renovação poética de Augusto dos Anjos é a desvinculação da palavra 
do seu compromisso com o belo, dessacralizando-a e incluindo vocábulos até então apoéticos. 
Que exemplos podemos retirar do texto para exemplificar essa afirmação? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
12 
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
2) A incorporação de termos científicos na poesia de Augusto dos Anjos revela que tipo de 
influência? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
3) Por influência simbolista – sobretudo de Baudelaire e sua poesia da decomposição -, a 
imagem da decadência é comum na poesia de augusto dos Anjos. No poema, essa imagem se 
realiza no plano físico ou espiritual? Qual o seu agente? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
4) A angústia diante da vida, a imagem da decomposição da carne e a linguagem exótica – 
alguns dos elementos caracterizadores da poesia de Augusto dos Anjos – estão presentes 
nesse poema. Exemplifique cada um deles com elementos do poema. 
____________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
MODERNISMO 
 
Contexto histórico: 
 
 O início do século XX foi marcado por um extraordinário desenvolvimento científico e 
tecnológico, dos quais são exemplos o telégrafo, a eletricidade, o telefone, o cinema, o 
automóvel e o avião; a teoria da relatividade, de Einstein, e a teoria psicanalítica, de Freud. 
Vivia-se a euforia da chamada belle époque, com a valorização do conforto e do “bem viver”. 
 Entretanto, desde o final do século XIX, os países europeus passam por constantes 
sobressaltos, resultantes da instabilidade e competições políticas, o que acelerava a corrida 
armamentista. 
 Em 1914, começa a Primeira Guerra Mundial, de proporções até então desconhecidas 
pela humanidade, que passa a descrer nos sistemas políticos, sociais e filosóficos e questionar 
os valores de seu tempo. 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
13 
 Dessa descrença e desses questionamentos surgem vários movimentos de vanguarda na 
Europa que se caracteriza principalmente pela proposta de ruptura radical com o passado e pelo 
intuito de chocar a opinião pública. Esses movimentos influenciaram o Modernismo brasileiro, 
entre eles: 
 
 Futurismo – Propunha a destruição do passado, a exaltação da vida moderna, o culto da 
máquina e da velocidade, pregando uma arte voltada para o futuro, agressiva, e violenta, 
enaltecendo a guerra, o militarismo e o patriotismo. Preconizava também a destruição da 
sintaxe, com os substantivos dispostos ao acaso, a eliminação da pontuação e a abolição do 
adjetivo, do advérbio e das conjunções. Foi lançado pelo poeta italiano Marinetti. 
 
 Cubismo - Na pintura decompunha os objetos da realidade cotidiana em diferentes planos 
geométricos para sugerir a sua estrutura global, como se fossem vistos de diferentes ângulos. 
Na poesia, valorizava o subjetivismo, a ilogicidade, a frase nominal, o tempo presente e o humor. 
Na pintura um dos exemplos é Picasso. 
 
 Dadaísmo – Reflete a atmosfera pessimista da Primeira Guerra Mundial. Pregava a 
destruição de todos os valores culturais da sociedade que fazia a guerra, instalando o absurdo, o 
ilógico e o incoerente. Buscava-se assim uma antiarte, irracional e anárquica. Daí o automatismo 
psíquico, as livres associações, a invenção de palavras, a exaltação da total liberdade de 
criação, o sarcasmo, a irreverência e a aproximação com o mundo dos loucos e das crianças. 
 
 
 Surrealismo – Lançado na França, valorizava o passado, buscava a emancipação total 
do homem fora da lógica, da razão, da família, da pátria, da moral e da religião. Influenciados 
pela teoria psicanalítica de Freud, os surrealistas conferiam importância ao sonho e à exploração 
do inconsciente, praticando o automatismo psíquico e a expressão libertada da censura e sem o 
controle da razão. 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
1) O que refletiam os movimentos da vanguarda européia? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
2) Identifique o movimento de vanguarda a que se refere cada um dos fragmentos de manifesto: 
 
a) O princípio: “ama teu próximo” é uma hipocrisia. “Conhece-te” é uma utopia, porém mais 
aceitável porque contém a maldade. Nada de piedade. Após a carnificina, resta-nos a esperança 
de uma humanidade purificada; 
 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
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b) Os poetas e os artistas determinam e concertam a imagem de sua época e docilmente o 
futuro se amolda ao seu gosto; 
 
c) (Os loucos)... são pessoas de uma honestidade escrupulosa e cuja inocência só é comparável 
à minha (...) os processos lógicos, de nossos dias, só se aplicam à resolução de problemas de 
interesse secundário; 
 
d) Escrevo depressa, sem um assunto preconcebido, suficientemente depressa para não parar e 
não ter a tentação de reler. A primeira frase virá sozinha, tanto é verdade que a cada segundo 
existe uma frase estranha ao nosso pensamento consciente que só deseja exteriorzar-se; 
 
e) NDA. 
 
 
 
MODERNISMO BRASILEIRO 
 
 No Brasil, os governos das oligarquias iam se sucedendo, Minas e São Paulo repartiam o 
poder, desfavorecendo as camadas empobrecidas da população, os operários e os 
trabalhadores rurais. 
 À época da Semana de Arte Moderna, o quadro brasileiro era de crises sucessivas, que 
acabam por gerar a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas assume o poder. 
 Nascido sob as influências das vanguardas européias, o Modernismo brasileiro, em suma 
primeira fase (1922 – 1930), começou pelo combate às características estéticas tradicionais e 
conservadoras (Parnasianismo), ansioso pela liberdade de linguagem e afirmação dos novos 
valores estéticos que pretendia. 
Semana de Arte Moderna: 
 
 O modernismo brasileiro não começou em 1922. Desde 1912, com o retorno de Oswald 
de Andrade da Europa, onde teve contato com as vanguardas, vários acontecimentos 
delinearam as mudanças que estavam surgindo nas artes brasileiras. Porém o mês de fevereiro 
de 1922 foi o marco histórico do Modernismo brasileiro. 
 Nos dias 13, 15 e 17, o Teatro Municipal de São Paulo, torna-se centro de uma verdadeira 
“amostra” das ideias modernistas. São lidos manifestos e poemas; expõem-se quadros e 
esculturas; músicas são executadas. Tudo diante de um público que reagiu com vaias e apupos. 
Estava “oficialmente” inaugurado o período de combate dos primeiros modernistas, que 
investiam, sobretudo, contra os sólidos valores parnasianos. 
 
 
 
As correntes modernistas: 
 
 Depois da união inicial em torno da Semana, os modernistas, dividiram-se em grupos e 
movimentos que refletiam orientações estéticas e ideológicas diversas: 
 
Movimento Pau-Brasil – Tinha como objetivo a revalorização dos elementos primitivos da 
nossa cultura, através da crítica ao falso nacionalismo e da valorização de obras que 
 
 
 
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redescobrissem o Brasil, seus costumes, sua cultura, seus habitantes e suas paisagens. Dele 
participaram, principalmente: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Raul Bopp, Alcântara 
Machado e Tarsila do Amaral (pintora). 
 
Movimento Verde- Amarelo – Liderado por Plínio Salgado, Cassiano Ricardo e Menotti del 
Picchia, e tendo uma postura nacionalista, repudiava tudo o que fosse cultura importada e 
tentava mostrar um Brasil grandioso. Entretanto, acabou por revelar uma visão reacionária, 
sobretudo através de Plínio Salgado, que viria a ser o principal líder do Integralismo, movimento 
político brasileiro de extrema direita baseado nos moldes fascistas. 
 
Movimento antropofágico – Radicalização do Movimento Pau-Brasil, foi lançado em 1928, e 
opunha-se ao conservadorismo do movimento Verde-Amarelo. Seus participantes eram os 
mesmos do Movimento Pau-Brasil. 
 
Movimento espiritualista – Procurou conciliar o passado com o futuro e manteve-se preso às 
influências simbolistas. A universalidade dos temas, o mistério, as questões existenciais e o 
espiritualismo caracterizam, de maneira geral, a produção poética desta corrente que assimilou 
as renovações da linguagem modernista. Tasso da Silveira, Augusto Frederico Schimidt, Murilo 
Araújo, Adelino Magalhães, Murilo Mendes e Cecília Meireles são os principais poetas que se 
aglutinaram em torno dessas ideias. 
 
 
Fases do modernismo brasileiro: 
 
 Costuma-se dividir o Modernismo brasileiro em três fases: Entretanto, este é um recurso 
apenas didático. Poetas de uma determinada fase continuaram produzindo, alguns passando 
por tendências diferentes, mudando e aprimorando sua linguageme temas. 
 
Primeira fase (1922 – 1930) ou fase heróica: de combate e destruição, quando ocorre a 
libertação e renovação da linguagem e são afirmados os valores estéticos do movimento. 
 
Segunda fase (1930 – 1945) ou fase construtiva: de estabilização das conquistas, de 
preocupação social e de tendência introspectiva. 
 
Terceira fase (1945 em diante) ou fase de reflexão: de ponderação sobre a linguagem 
(metalinguagem), com o retorno a alguns modelos estilísticos tradicionais, ao que se soma uma 
temática universalista. 
 A partir de 1950, surgem novas tendências em poesia, como o Concretismo, O 
Neoconcretismo, a Poesia-práxis e o Poema-processo. 
 
Os Sapos 
 
Enfunando os papos, 
Saem da penumbra, 
Aos pulos, os sapos. 
 A luz os deslumbra. 
 
 
 
 
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Em ronco que aterra, 
Berra o sapo-boi: 
-"Meu pai foi à guerra!" — "Não foi!" — "Foi!" — "Não foi!". 
O sapo-tanoeiro, 
Parnasiano aguado, 
Diz: — "Meu cancioneiro 
 É bem martelado. 
 
Vede como primo 
Em comer os hiatos! 
Que arte! E nunca rimo 
Os termos cognatos. 
O meu verso é bom 
Frumento sem joio. 
Faço rimas com 
Consoantes de apoio. 
 
Vai por cinquenta anos 
Que lhes dei a norma: 
Reduzi sem danos 
A formas
1
 a forma. 
 
Clame a saparia 
Em críticas céticas: 
 Não há mais poesia, 
Mas há artes poéticas..." 
 
Urra o sapo-boi: 
— "Meu pai foi rei" — "Foi!" 
— "Não foi"—"Foi!"—"Não foi!" 
 
Brada em um assomo 
 O sapo-tanoeiro: 
— "A grande arte é como 
Lavor de joalheiro 
 
Ou bem de estatuário. 
Tudo quanto é belo, 
Tudo quanto é vário, 
Canta no martelo." 
 
Outros, sapos-pipas 
(Um mal em si cabe), 
Falam pelas tripas: 
- "Sei!" — "Não sabe!" — "Sabe!". 
 
Longe dessa grita, 
Lá onde mais densa 
A noite infinita 
VOCABULÁRIO 
enfunar: Inchar; envaidecer. 
trigo;joio = Erva daninha. O 
sentido, no poema, é de 
retoricamente perfeito" 
aguado: Desagradável, 
monótono. 
cético: Que duvida de tudo; 
descrente. assomo: Irritação, 
enfurecimento. 
martelado: Trabalhado; 
ritmado. 
lavor: Trabalho. 
primar: Ser primoroso, 
hábil. 
estatuário: Escultor. 
cognato: Vocábulo que tem 
raiz comum com outro(s). 
perau: Declive, barranco. 
frumento sem joio: frumento 
= O melhor 
transido: Esmorecido, 
abatido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Verte a sombra imensa; 
 
Lá, fugido ao mundo, 
Sem glória, sem fé, 
 No perau profundo 
 E solitário, é 
 
Que soluças tu, 
Transido de frio, 
Sapo-cururu 
Da beira do rio... 
BANDEIRA, Manuel."Os sapos" In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro, 
Nova Aguilar, 1983. p. 158. 
 
 
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO 
 
1) Que recurso sonoro o poeta utiliza na primeira estrofe para imitar a marcha saltitante dos 
sapos? 
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2) Em meio à algazarra dos medíocres, quem simboliza a solidão do artista superior? 
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3) Em que versos o poeta resume a sua denúncia do equívoco parnasiano de que a boa métrica 
e a rima constituiriam a excelência da forma e da poesia? 
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4) Qual dos sapos caracteriza a vaidade excessiva de alguns parnasianos? 
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5) Sabendo-se que os três primeiros sapos simbolizam os poetas parnasianos, quem estaria 
sendo simbolizado pelo sapo-cururu? 
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MODERNISMO PORTUGUÊS 
 
Contexto histórico: 
 
 Com a queda da monarquia em 1910, Portugal viveu um breve período democrático até 
1926, quando o país passou a ser governado por uma Junta Militar. Neste cenário, surgiu 
Antônio de Oliveira Salazar, que, inicialmente ministro das Finanças, é nomeado primeiro-
ministro em 1932, dando início a um novo período ditatorial desumano e cruel, durante o qual a 
sua temida PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado, uma espécie de Gestapo nazista 
em Portugal) perseguiu e assassinou milhares de opositores ao regime. 
 Na década de 1960, Portugal organizou campanhas militares para enfrentar rebeliões em 
Angola, na Guiné e em Moçambique, fatos que marcaram profundamente a sociedade 
portuguesa e influenciaram a poesia do período. 
 Em 1968, em virtude de um derrame cerebral, Salazar foi substituído por Marcelo 
Caetano, que governou até ser deposto, em 1974, por um movimento militar que passou à 
história com o nome de Movimento de 25 de abril (ou Revolução dos Cravos). 
 Com o fim das guerras coloniais e com a independência da Guiné-Bissau, Moçambique, 
Cabo Verde, Angola e são Tomé e Príncipe, entre 1974 e 1975, o regresso de tropas e colonos 
agravou os problemas de desemprego e crescimento urbano. Os anos que se seguiram foram 
de instabilidade, quadro que começou a mudar em 1976, quando os socialistas conseguiram a 
maioria dos votos e Mário Soares foi indicado primeiro-ministro. 
 Em 1986, Portugal entrou para a Comunidade Econômica Européia, o que contribuiu para 
a melhoria da sua economia, chegando ao final do século XX com altos índices de crescimento 
econômico e uma expressiva melhoria nas condições de vida de seu povo. 
 
 
Correntes do Modernismo português da primeira metade do século XX: 
 
 O Modernismo português teve várias correntes e grupos, os quais se situam, 
didaticamente, entre 1915 e 1950. 
 
Orfismo - 1915 : A publicação da revista Orfeu, em 1915, que reunia um grupo de escritores e 
artistas plásticos, é o marco inicial do modernismo em Portugal. Em seus dois únicos números 
estavam as figuras mais representativas do Modernismo português: Fernando Pessoa, Mário de 
Sá-Carneiro e Almada Negreiros. 
 
 
 
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 Esses escritores repudiavam o idealismo romântico da burguesia, a qual pretendiam 
escandalizar, e procuravam imprimir ao ambiente literário português o tom europeu, com a 
proposta de romper com o passado e de exprimir na arte o dinamismo da vida moderna, 
assimilando as propostas vanguardistas do início do século, entre elas o Futurismo. 
 No mesmo momento, destacam-se Aquilino Ribeiro e Florbela Espanca, embora não 
tenham ligações com os poetas de Orfeu. 
 
Presencismo – 1927 : Em 1927, surge a revista Presença, que teve 54 números até 1947. 
Coincidindo com o início do fim da democracia em Portugal, os presencistas aspiravam a uma 
literatura desvinculada de qualquer posição de caráter político e religioso. 
 Embora marcados por um conservadorismo político-ideológico, os presencistas 
combatiam o academicismo e difundiam a estética modernista, esforçando-se para tornar 
conhecida a obra de Fernando Pessoa. Desse grupo saíram algumas tentativas de renovação 
do romance português, como, por exemplo, Jogoda cabra-cega, de José Régio. Destacaram-se 
na poesia, na prosa e na crítica literária: Adolfo Casais Monteiro, Alberto Serpa, Antônio Boto, 
Carlos Queirós, João Gaspar Simões, Miguel Torga, Vitorino Nesmésio e outros. 
 
 
Neo-Realismo – 1930: 
 
 Ao longo da década de 30 processou-se a revalorização do realismo, encontrando em 
Ferreira de castro um precursor do qual seria chamado de Neo-Realismo, com o romance A 
selva (1930). Em 1939, Alves Redol publicou Gaibéus, marco definitivo dessa tendência e que 
teve larga aceitação. 
 Fruto da insatisfação com a ditadura salazarista, os neo-realistas voltavam-se para as 
questões sociais do país, objetivando conscientizar os leitores e denunciar a corrosão da 
estrutura política, econômica e social de Portugal. 
 Entre 1941 e 1944, os poetas neo-realistas publicaram 10 volumes do Novo Cancioneiro, 
coletânea onde se encontram os poetas mais representativos do período: Carlos de Oliveira, 
José Gomes Ferreira, Mário Dionísio, e outros. 
 Na prosa, além dos precursores, conquistaram notoriedade: Augusto Abelaira, Carlos de 
Oliveira, Fernando Namora, José Cardoso Pires, José Gomes Ferreira, Manuel da Fonseca, 
Urbano Tavares Rodrigues, Vergílio Ferreira (no começo de sua carreira), entre outros. 
 
 
O Surrealismo tardio: a geração de 50: 
 
 O Surrealismo chega tardiamente em Portugal, por volta de 1947, agrupando alguns 
poetas liderados por Mário Cesariny. 
 Numa oposição clara ao facismo salazarista, esses poetas utilizavam o humor, a 
exploração de imagens do inconsciente e automatismo psíquico. Entre eles, destacaram-se: 
Antônio Maria Lisboa e Alexandre O’Neill. 
 
 
Principais autores: 
 
 
 
 
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Fernando Pessoa ,o criador de poetas ,o multiplicador de eus- Usava vários heterônimos, 
assinando as suas obras de acordo com a personalidade de cada um deles. O poeta insistia no 
fato de que não se tratava de pseudônimos, já que eram individualidades distintas do autor. Sua 
capacidade de deixar-se possuir por outros seres,que como ele são poetas ,e de assim criar os 
outros eus, os heterônimos,tem sido tema de inumeráveis estudos,debates e controvérsias. 
 Álvaro de Campos, um dos heterônimos do poeta,afirma que ‘`fingir`` é conhecer-
se”enquanto Pessoa,num de seus poemas mais conhecidos,diz que:”O poeta é um fingidor-
Finge tão completamente\Que chega a fingir que é dor.A dor que deveras sente’. 
 Esse paradoxos apontam para a modernidade do poeta,em seu reconhecimento da perda 
da identidade do ser humano,da fragmentação do eu,cindindo num mundo que destruiu as 
certezas inquestionáveis e quebrou o mito da personalidade como algo inteiro,igual a si mesmo. 
 Nesse sentido,o ‘fingimento’ pessoano,isto é,o processo de despersonalização que faz o 
poeta’inventar-se’através de outras criaturas- as quais,no entanto dentro de si-pode ser 
entendido como busca de recriação poética de uma unidade perdida,de algo que seja 
absoluto,que transcenda todas as verdades parciais ,relativas,fragmentadas. 
 Assumindo a sua diversidade,a sua pluralidade,a sua multiplicidade de elementos,quase 
sempre conflitantes.Pessoa procura a unidade,a integridade da pessoa humana 
 Os heterônimos,portanto,não são máscaras literárias ,não se confundem com 
pseudônimos.Pessoa não inventou personagens-poetas,mas criou obras de poetas, e,em função 
delas,as biografias de Álvaro de Campos,Ricardo Reis e Alberto Caeiro, seus principais 
heterônimos. 
 Fernando Pessoa ortônimo:o poeta-filósofo,que conjuga lucidez e vivência: 
Nasceu em 1888,em Lisboa,vindo a falecer na mesma cidade,em 1935,com apenas 47 
anos;órfão de pai ainda criança passou a infância e a adolescência em Durban,na África do 
Sul,onde obteve educação inglesa,tornando-se um poeta bilíngue, 
 Em 1905,prestes a ingressar na Universidade do Cabo,precisou voltar para Lisboa.Lá 
chegou a iniciar o curso de Letras,abandonando-o para instalar uma tipografia.que 
fracassou.Trabalhou obscuramente como correspondente estrangeiro-redator de cartas 
comerciais em inglês e francês –atividade modesta,que acabou por sustentá-lo a maior parte da 
vida. 
 Embora tenha participado das publicações do Modernismo português,seu único livro 
publicado em vida foi:’Mensagem”,obra com a qual participou de um concurso de poesia do 
Secretariado da Propaganda Nacional,em Lisboa,em 1934,pouco antes de morrer. 
, O prêmio de segunda categoria que lhe deram,nessa última experiência literária,mostra o 
quanto não foi reconhecido em vida,embora tenha dedicado toda ela à arte e a poesia.É 
considerado um dos maiores poetas europeus. 
 Além de Mensagem,escreveu Poemas completos de Alberto Caeiro,Odes de Ricardo 
Reis,Poesias de Álvaro de Campos,Poemas dramáticos,Poesias coligidas ,Quadras ao gosto 
popular,Novas poesias inéditas.Em prosa suas obras são:Páginas de Doutrina Estética,A nova 
poesia portuguesa,Análise da vida mental portuguesa,Apologia do paganismo e Páginas íntimas 
e autointerpretação. 
 Poeta filosófico,sutil e complexo,Fernando Pessoa escreve em redondilhas 
rimadas,fundamentalmente procurando reunir o”sentir’ e o ‘pensar’(‘O que em mim sente está 
pensando’). 
 A inquietação,a necessidade de compreender todas as coisas,a busca constante de 
consciência,que inclui saber ser ela uma impossibilidade,constituem alguma das características 
fundamentais de sua vida. 
 
 
 
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 Fernando Pessoa é o poeta que conjuga lucidez e vidência,que se coloca entre o pendor 
para a paixão,o sonho,a entrega mágico-poeta aos mistérios e a postura de constante indagação 
crítica. 
 Assim,fragmentou-se,multiplicou-se,reinventou-se,convivendo em profundidade com 
todas as grandes contradições do nosso tempo e recriando-as poeticamente,numa das 
monumentais obras-primas do século XX. 
 
 Mar portuguez 
 
Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portygal! 
Por te cruzarmos,quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão resaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso,ó mar! 
 
 Fernando Pessoa.Op.cit.pág.82. 
 
 
Alberto Caeiro,o poeta-pastor – É o poeta ingênuo. Criado no campo, apega-se à simplicidade 
natural da vida, à franqueza e à alegria. Procura ver as coisas como elas são, sem subjetivismo 
e metafísica. O mundo é para ele o que aí está, não havendo nada a desvendar, já que não 
existiria nenhum outro sentido oculto por trás das aparências. 
 
Álvaro de Campos ,o poeta das sensações do homem moderno– É o poeta moderno. Tem a 
visão do homem urbano, agressivo e agitado, que exalta o progresso, mas carrega também a 
angústia da sua época. Na linha do Futurismo, celebra a máquina, a velocidade e a 
simultaneidade das sensações. È o mais emotivo de todos. Questiona as ilusões e fantasias 
humanas. 
 
Ricardo Reis,o poeta neoclássico – É o poeta neoclássico. Seu estilo é trabalhado, cuidadoso 
no vocabulário e na sintaxe de influência latina. Assim como os clássicos, é pagão e, como 
Caeiro, prega o amor à natureza e à vida rústica. Sofre por se saber efêmero, mortal. 
 
Fernando Pessoa “ele mesmo” – É o poeta múltiplo. Sua poesia ora é mística, ora é 
nacionalista, ora é de uma profunda reflexão psicológica e metafísica, como o poema 
“autopsicografia”. Avesso ao sentimentalismo, expressa suas emoções equilibradas pela 
inteligência e pelo intelecto. Parte de sua poesia mantém laços com o Simbolismo. Místico e 
esotérico, revela paixão pelo mistério. O apego à solidão, o tédio, a saudade e o questionamento 
do eu são outras características de Fernando Pessoa “ele mesmo”. 
 
 
 
AUTOPSICOGRAFIA 
 
O poeta é um fingidor. 
Finge tão completamente 
 
 
 
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Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente. 
 
E os que leem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles têm. 
 
E assim nas calhas de roda 
Gira, aentreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama o coração. 
 (Fernando Pessoa) 
 
 
 
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO 
 
1) Dê o significado dos radicais que entram na composição do título do poema. O que ele nos 
sugere, relacionado que está ao caráter metalinguístico do texto? 
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2) Literatura é ficção, palavra originária do latim fictione que significa simulação, fantasia. O texto 
literário cria uma nova realidade, baseada não só no mundo real, mas também na imaginação e 
criação do artista. Em que verso o eu-lírico retoma esse conceito? 
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3) Identifique no poema os versos que fazem referência à dor verdadeira, à dor escrita e à dor 
lida. 
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4) A partir da sua imaginação, o poeta constrói um texto que acaba por preencher os momentos 
de lazer dos leitores. Retire da última estrofe os substantivos que correspondem a esta ideia. 
 
 
 
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EXERCÍCIOS 
 
1) Que revista inaugura didaticamente o Modernismo português? 
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2) Identifique nos textos seguintes os principais heterônimos de Fernando Pessoa: 
 
a) Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera 
 Amo-vos carnivorosamente, 
 Pervertidamente e enroscando a minha vista 
 Em vós, ò coisas grandes, banais, úteis, inúteis, 
 Ò coisas todas modernas, 
 Ò minhas contemporâneas, forma atual e próxima 
 Do sistema do Universo! 
 Nova Revelação metálica e dinâmica de Deus! 
 
b) O meu olhar azul como o céu 
 É calmo como a água ao sol. 
 É assim, azul e calmo, 
 Porque não interroga nem se espanta... 
 
c) Vem sentar-se comigo, Lídia, à beira do rio. 
 Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos 
 Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. 
 (Enlacemos as mãos) 
 
3) Que autor é considerado o precursor do Neo-Realismo português? Com que obra? 
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4) Que autor e que obra marcam definitivamente o início do Neo-Realismo português? 
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MODERNISMO NO BRASIL 
 
 
PRIMEIRA FASE (1922 – 1930): 
 
 A primeira fase do Modernismo, marcada pelo signo da transformação, ficou conhecida 
como a fase “heróica” ou de destruição, pela postura de rompimento com o passado, vista por 
muitos como anárquica e destruidora. Dentre as principais características literárias observadas 
nos textos dessa geração, destacam-se: 
 
 Negação do passado, caráter destrutivo; 
 Eleição do moderno como um valor em si mesmo; 
 Valorização do cotidiano; 
 Nacionalismo; 
 Redescoberta da realidade brasileira; 
 Desejo de liberdade no uso das estruturas da língua; 
 Predominância da poesia sobre a prosa. 
 
 
Principais autores: 
 
 Mário de Andrade – Estreou com um livro de influências parnasianas e simbolistas. Mas 
Paulicéia desvairada(1922) seria o primeiro livro do Modernismo Brasileiro. 
 As obras ficcionistas desse autor podem ser divididas em duas vertentes: a primeira trata 
do universo familiar da burguesia paulistana e da gente do povo – Amar, verbo intransitivo e a 
série de contos que publicou. A segunda origina-se do aproveitamento de lendas indígenas, 
mitos, anedotas populares e elementos do folclore nacional, com os quais compôs sua obra 
prima, Macunaíma. 
 O herói apresenta traços bem definidos, como a preguiça, o deboche, a irreverência, a 
malandragem, a sensualidade, o individualismo e o sentimentalismo. Entretanto, o caráter do 
herói muda de um episódio para outro, o que justifica qualifica-lo de “herói sem nenhum caráter”. 
 
Obras: 
 
 
 
 
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 Poesia – Há uma gota de sangue em cada poema, Paulicéia desvairada, Losango 
cáqui, Clã do jabuti, Remate de males, Lira paulistana; 
 
 Ficção – Amar, verbo intransitivo, Macunaíma, Os contos de Belazarte, Contos 
novos; 
 
 Ensaio – A escrava que não é Isaura, Aspectos da literatura brasileira, O 
empalhador de passarinhos. 
 
 
 
 
 
 
MACUNAÍMA 
(fragmento) 
 
 Macunaíma parte do interior da selva amazônica rumo a são Paulo para reaver o amuleto 
que ganhara de sua mulher, que subira aos céus desgostosa com a morte do filho. Macunaíma, 
junto com seus irmãos Jiguê e Maanape, participa de várias façanhas até recuperar o amuleto 
que estava em poder de Venceslau Pietro Pietra (o gigante Piaimã). Contudo, perde-o 
novamente, enganado pela Uiara (divindade dos rios e dos lagos). Desiludido e sozinho depois 
da morte dos irmãos, resolve subir aos céus e deixar-se transformar na constelação de Ursa 
Maior. 
 O trecho seguinte narra as transformações de Macunaíma e seus irmãos, ao se banharem 
nas águas de uma cova avistada na rocha, quando seguiam para São Paulo pelo rio Araguaia. 
 
 Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia d’água. 
 E a cova era que-nem a marca dum pé-gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos 
por causa do frio da água entrou na cova e se lavou inteirnho. Mas a água era encantada porque 
aquele buraco na lapa era a marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava pregando o 
evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava branco louro e 
de olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não seria capaz mais de indicar 
nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas. 
 Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém a água 
já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse feito maluco atirando 
água para todos os lados só conseguiu ficar com a cor do bronze novo. (...) 
 - Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume foi-se e antes fanhoso que 
sem nariz. 
 Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifara toda a água encantada pra fora 
da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e 
das mãos. Por isso ficou negro bem o filho da tribo dos Tapanhumas. Só que as palmas das 
mãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na água santa. 
(Mário de Andrade) 
 
Vocabulário: 
Lapa – grande pedra ou laje que forma um abrigo. 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO– ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
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Abicar – encalhar propositamente com a proa. 
Sumé – São Tomé. Segundo a lenda, há no Brasil várias marcas dos pés de São Tomé em sua 
peregrinação apostólica, antes do descobrimento. 
 
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO 
 
1) Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada. O texto lido é uma 
representação alegórica de quê? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
2) Que reação de Macunaíma não condiz com o que se espera de um herói, prenunciando o 
anti-heroi? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
3) Os modernistas da 1ª fase procuravam romper com a linguagem formal e incorporar a fala 
coloquial (uso do vocabulário e sintaxe bem próximos da linguagem cotidiana). Muitas vezes 
utilizavam registros populares da língua ou não utilizavam pontuação, contrariando a gramática 
normativa. 
Indique no texto passagens que exemplificam essa afirmação. 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
5) Mário de Andrade valoriza a lógica e a razão nesse texto? Por quê? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
 Oswald de Andrade – Buscou uma poesia que expressasse o genuinamento brasileiro e 
percorresse, desde os tempos coloniais, a vida rural e urbana do país, que procurou ver com 
olhar ingênuo da criança e o da pureza primitiva do índio. Reaproveitando textos dos primeiros 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
27 
viajantes (sobretudo de Caminha), escreveu poemas breves, em versos livres e brancos, com 
linguagem coloquial, humor e paródia, recusando a estrutura discursiva do verso tradicional. 
 
Obras: 
 
 Poesia – Pau-brasil, Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade; 
 
 Romance – Trilogia do exílio: I Os condenados, II A estrela do absinto, III A escada 
vermelha, Memórias sentimentais de João Miramar, Serafim Ponte Grande, Marco 
zero I: A revolução melancólica, Marco zero II: Chão; 
 
 Teatro – O homem e o cavalo, O rei da vela, A morta, O rei Floquinhos (infantil) 
 
 
 
 
 
 
 MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE JOÃO MIRAMAR 
(fragmento) 
 
 É considerada a primeira grande realização da prosa modernista. Rompendo com 
esquemas tradicionais da narrativa, a obra é construída a partir de fragmentos justapostos, de 
blocos que rompem com a seqüência discursiva e de capítulos relâmpagos, assemelhando-se à 
justaposição cinematográficas, o que impossibilita uma leitura linear da história e deixa a cargo 
do leitor a recomposição da narrativa. A paródia, a técnica cubista (aproximação de elementos 
distanciados, como a pintura de um olho sobre a perna, por exemplo), a frase sincopada, as 
elipses que devem ser preenchidas pelo leitor, a linguagem infantil e poética, e outras inovações 
fazem das Memórias uma obra revolucionária para sua época. O recurso metonímico, dentro da 
técnica cubista, é levado ao extremo, como nesta passagem em que empresta a uma porta as 
mangas de camisa e as barbas de quem foi abri-la: 
 Um cão ladrou à porta barbuda em mangas de camisa e uma lanterna bicor mostrou os 
iluminados na entrada da parede. 
 
 
3. Gare do infinito 
 Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem e o carro ficava esperando 
no jardim. 
 Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos mudamos para a sala do quintal 
onde tinha uma figueira na janela. 
 No desabar do jantar noturno a voz toda preta de mamãe ia me buscar para a reza do 
Anjo que carregou meu pai. 
 
8. Fraque do ateu 
 Saí de D. Matilde porque marmanjo não podia continuar na classe com meninas. 
 Matricularam-se na escola-modelo das tiras de quadros nas paredes alvas escadarias em 
um cheiro de limpeza. 
 
 
 
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 Professora magrinha e recreio alegre começou a aula da tarde um bigode de arame 
espetado no grande professor Seu Carvalho. 
 No silêncio tique-taque da sala de jantar informei mamãe que não havia Deus porque 
Deus era a natureza. 
 
 Nunca mais vi o Seu Carvalho que foi para o Inferno. 
 
 (Oswald de Andrade) 
 
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO 
 
1) Que fases da vida de João Miramar estão representadas nos capítulos transcritos? 
_____________________________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
2) Que parágrafo do capítulo 3 melhor caracteriza a linguagem infantil? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
3) Destaque do capítulo 3 a metonímia que registra a força do luto materno na memória do 
narrador. 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
4) Por que Seu Carvalho perdeu o emprego de professor? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
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 Manuel Bandeira – Não participou diretamente da Semana de 22, mas seu poema “Os 
sapos” lida por Ronald de Carvalho, provocou reações radicais na segunda noite do 
acontecimento. Mário de Andrade chamava-o de “O São João Batista do Modernismo”. 
 O caráter geral de sua poesia é marcado ainda pelo tom confidencial, pelo desejo 
insatisfeito, pela amargura e por referências autobiográficas relacionadas com a sua doença (a 
tuberculose), com os lugares onde morou (sobretudo o bairro da Lapa, no Rio de Janeiro) e com 
a família. Ainda que se note em várias passagens da sua obra a herança do Romantismo, 
Bandeira soube evitar o sentimentalismo piegas, edificando uma obra depurada e de grande 
valor estético. 
 
Obras: 
 
 Poesia – A cinza das horas, Carnaval, Ritmo dissoluto, Libertinagem, Estrela da 
manhã, Lira dos cinquent’anos, Belo, belo, Estrela da vida inteira; 
 
 Prosa – Crônicas da província do Brasil, Guia de Ouro Preto, Itinerário de 
Pasárgada, Andorinha, andorinha. 
 
 
 
 
 
 
 Alcântara Machado – Importante contista da primeira fase do Modernismo, retratou a 
vida e as gentes de São Paulo, com predileção pelo imigrante italiano. Nos bairros populares, 
suas personagens vivem as cenas do cotidiano: a partida de futebol, as brigas de rua, as festas, 
etc. Diminuindo a distância entre a língua falada e a escrita, incorporou a linguagem popular, os 
italianismos e uma sintaxe simples, o que resultou numa prosa leve e num estilo moderno.Obras: 
 
 Contos e novelas – Pathé-Baby; Brás, Bexiga e Barra Funda; Laranja da China; Mana 
Maria; Novelas paulistanas. 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
1) O que pretendia a 1ª fase do Modernismo? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
2) Qual autor da 1ª fase que escrevia sobre a cidade de São Paulo? 
 
 
 
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30 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
3) Qual autor da 1ª fase em que suas obras são marcadas pela amargura e autobiografia? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
4) A figura do imigrante italiano e do homem do povo e a incorporação da linguagem popular 
encontram-se nos livros de que autor paulistano? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
SEGUNDA FASE (1930 – 1945) 
 
Contexto histórico: 
 
 Em 1930, têm início os quinze anos da ditadura de Getúlio Vargas. 
 Com o objetivo de obter apoio junto às massas, Getúlio toma uma série de medidas: o país é 
dotado de uma legislação trabalhista e previdenciária, decreta-se o salário mínimo e adotam-se 
providências para a criação de um partido trabalhista. Em 1945, é decretada a anistia para os presos 
políticos e são convocadas eleições para dezembro. Porém, as suspeitas de um novo golpe 
getulista, naquele ano, provocam o descontentamento dos militares, que, num movimento liderado 
pelo general Góis Monteiro, depõe o ditador. 
 
A literatura da 2ª fase: 
 
POESIA: 
 
 A geração de 30, despreocupada com as questões imediatas de 22 (o nacionalismo, o folclore, 
a destruição dos esquemas do passado, etc), voltava-se para as questões universais do homem e 
para os problemas da sociedade capitalista. É o que se dá, por exemplo, na poesia de Carlos 
Drummond de Andrade, Murilo Mendes e Jorge de Lima. Em Vinícius de Moraes e Cecília Meireles, 
a temática universalizante também estará presente, embora suplantada por uma poesia personalista. 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016 
31 
Por outro lado, alguns dos mais importantes poetas de 30, entre eles Murilo Mendes, Jorge de Lima 
e Cecília Meireles, icorporarariam a religiosidade e o misticismo em seus poemas. 
 Finalmente é preciso observar que a geração de 30 não processou uma mudança repentina e 
tampouco limita-se àquele período. Os poetas de 22, agora mais amadurecidos, continuariam em 
plena atividade, paralelamente aos de 30, e alguns destes também continuariam produzindo e se 
renovando até o final do século XX. 
 
 
Principais autores: 
 
 Carlos Drummond de Andrade – Seu nome está associado ao que se fez de melhor na 
poesia brasileira até hoje. Pela grandiosidade e pela qualidade, sua obra não permite qualquer tipo 
de esquematização. Por isso, segue abaixo alguns aspectos da poesia de Drummond: 
 
a) O cotidiano – De acontecimentos banais, corriqueiros, gestos ou paisagens simples, o eu-lírico 
extrai poesia. 
b) O aspecto gauche – a palavra gauche, de origem francesa, corresponde a “esquerdo” em nosso 
idioma. Em sentido figurado, o termo pode significar “acanhado”, “inepto”. Qualifica o ser às avessas, 
o “torto”, aquele que está à margem da realidade circundante e que com ela não consegue se 
comunicar. É assim que o poeta se vê: como gauche. 
c) A preocupação social e política – Muitos poemas denunciam a opressão que marcou o período 
da Segunda Grande Guerra e a ascensão do nazi-fascismo. 
d) Reminiscências – O passado ressurge muitas vezes na poesia de Drummond e sempre como 
antítese para a realidade presente. A terra natal – Itabira – transforma-se então no símbolo da 
atmosfera cultural e afetiva vivida pelo poeta. Nos primeiros livros, a ironia predominava na 
observação desse passado; mais tarde, o que vale são as impressões gravadas na memória. Na 
reinterpretação desse passado, o tom predominante é de afeto, não mais de ironia. 
 
e) O amor – Nos primeiros livros, o tema merece tratamento irônico. Mais tarde, o poeta procura 
captar a essência desse sentimento e só encontra como Camões e outros – as contradições, que se 
revelam no antagonismo entre o definitivo e o passageiro, o prazer e a dor. 
 
f) Metalinguagem: a poesia torna-se assunto do poema – A reflexão sobre o ato de escrever faz 
parte das preocupações do poeta e ajuda o leitor a entender seu conceito de poesia. 
 
Obras: 
 Poesia - Algumas poesias; Brejo das almas; Sentimento do mundo; Poesias; A rosa do povo; 
A vida passada a limpo; Menino antigo; Discurso de primavera e algumas sombras; Corpo; O 
amor natural, entre outros; 
 
 Prosa – Confissões de Minas; Contos de aprendiz; Passeio na ilha, Fala, amendoeira; Boca 
de luar; entre outros. 
 
 
 
 
 
 
POEMA DE SETE FACES 
 
Quando nasci, um anjo torto 
desses que vivem na sombra 
disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida. 
 
As casas espiam os homens 
que correm atrás das mulheres. 
A tarde talvez fosse azul, 
não houvesse tantos desejos. 
 
 
 
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INTERPRETAÇÃO DO TEXTO 
 
1) Que relação se pode estabelecer entre o título do poema e o número de estrofes? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
2) Que elemento comum identifica o poeta e o anjo? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
Vocabulário 
guache: fr. [gôshi] Deslocado, desajustado, à esquerda dos 
acontecimentos. 
 
 
 
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__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
3) Há uma aparente desconexão entre as várias estrofes, como se o poeta registrasse flashes 
da realidade. Identifique cada uma das estrofes, a partir da idéia básica de cada uma delas, que 
assinalamos a seguir: 
a) flash do adulto sério, reservado – ___________________________ 
 
b) nascimento do poeta – ___________________________ 
 
c) percepção de um mundo inquieto, que poderia ser mais belo – 
________________________________ 
 
d) desajustamento entre a realidade interior e a exterior, aliado à percepção da sexualidade - 
_________________________________________ 
 
4) Em que verso o poeta utiliza uma passagem bíblica? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
5) Em que estrofe o poeta descobre-se impotente diante do mundo? Transcreva o verso que 
evidencia essa sensação. 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 Murilo Mendes – Faz parte de um grupo de intelectuais que, na década de 30, encontraram no 
cristianismo a respostapara a crise política e ideológica que o mundo atravessava. Embora seja 
um escritor pouco lido ainda hoje, a obra de Murilo Mendes apresenta uma superior qualidade 
literária. A seguir, apontam-se alguns aspectos de sua poesia: 
a) Humor e ironia como instrumento crítico – Esse é o tom dos poemas que herdam algumas 
características da primeira fae do Modernismo. 
b) O cristianismo – Nesse cristianismo ressaltam dois aspectos: 
1- a ênfase sobre a finitude do homem; 
 2 – o heroísmo de Cristo, considerado mais como homem que como Deus. 
 
Obras: 
 Poesia – Poemas; História do Brasil; Tempo e eternidade; A poesia em pânico; O 
visionário; As metamorfoses; Mundi enigma, entre outros; 
 
 
 
LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2014 
 
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 Prosa – O discípulo de Emaús; A idade do serrote; Trasistor; antologia. 
 
 
 Jorge de Lima – Como Murilo Mendes, faz parte do grupo de intelectuais que 
encontraram no cristianismo a resposta para a crise política e ideológica que o mundo 
atravessava. 
 A temática de suas principais obras poéticas pode ser assim resumida: 
a) XIV alexandrinos apresentam versos ainda ligados ao Parnasianismo; 
b) Novos poemas têm o negro e o folclore como assuntos principais; 
c) Tempo e eternidade, obra em que contribuiu com 45 poemas, aponta na religião a solução 
para a realidade injusta, conturbada e excessivamente materialista; 
d) Invenção de Orfeu é um longo poema que procura interpretar simbolicamente a ligação entre 
o homem e o universo; 
 
 Vinícius de Moraes – Em primeiro momento, sua obra pode ser dividida em duas fases: 
místico-religiosa e encontro com o mundo material e cotidiano. 
 O poeta expressa, com intensa angústia, a constante oposição entre a matéria e espírito, 
do qual resulta a sensação do pecado. A existência terrena configura-se para ele como o caos, 
o abismo. 
 Poeta lírico por excelência, em sua segunda fase, alia temas modernos à mais apurada 
forma clássica de composição, o soneto, deixando-nos algumas obras-primas. 
 
Obras: 
 Poesia – O caminho para a distância; Forma e exegese; Ariana, a mulher; Novos 
poemas; Cinco elegias; Poemas, sonetos e baladas; Pátria minha; Livro de sonetos; 
Novos poemas II; 
 
 Crônica – Para viver um grande amor; Para uma menina com uma flor; 
 
 Teatro – Orfeu da Conceição, em versos; Procura-se uma rosa; Cordélia e o peregrino, 
em versos. 
 
 
 Cecília Meireles – São duas as características de suas obras: a musicalidade e a 
preocupação com a fugacidade do tempo e a precariedade das coisas e dos seres. 
 Da consciência dessa fragilidade de tudo, decorre o tom melancólico de muitos de seus 
poemas. Não se filiou radicalmente a nenhuma das tendências modernistas. Sua poesia lírica 
enraíza na tradição luso-brasileira. 
 Em boa parte de sua obra a realidade exterior transportada para o poema reduz-se quase 
exclusivamente a elementos móveis, etéreos, instáveis, efêmeros. Esses elementos são 
metáforas para a falta de duração de tudo 
 Um dos pontos altos de sua obra poética é o Romanceiro da Inconfidência, que lhe 
custou pesquisas históricas e no qual, empregando o melhor de sua técnica, revela o seu amor à 
pátria e sua admiração pelos mártires da Inconfidência Mineira. 
 
 
 
 
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Obras: 
 Poesia – Espectros; Nunca mais... e Poema dos poemas; Baladas para El rei; Viagem; 
Vaga música; Mar absoluto; Retrato natural; romance de Santa Cecília, entre outros. 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
1) Como é caracterizado a 2ª fase do Modernismo? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
2) Os poetas da geração de 30 estavam preocupados com o quê? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
3) Quais são os poetas que em seus poemas incorporaram a religiosidade? 
_____________________________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
4) Quais as principais características da poesia de Carlos Drummond de Andrade? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
5) Qual dos poetas da 2ª escrevia através de sonetos? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
 
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SONETO DO MAIOR AMOR 
 
Maior amor nem mais estranho existe 
Que o meu, que não sossega a coisa amada 
E quando a sente alegre, fica triste 
E se vê descontente, dá risada. 
 
E que só fica em paz se lhe resiste 
O amado coração, e que se agrada 
Mais da eterna aventura em que persiste 
Que de uma vida mal-aventurada 
 
Louco amor meu, que quando toca, fere 
E quando fere vibra, mas prefere 
Ferir a fenecer – e vive a esmo 
 
Fiel à sua lei de cada instante 
Desassombrado, doido, delirante 
Numa paixão de tudo e de si mesmo. 
 
 (Vinícius de Morais) 
 
Vocabulário: 
Mal-aventurado – infeliz, desventurado; 
Fenecer – acabar, morrer; 
A esmo – ao acaso, sem rumo; 
Desassombrado – corajoso; exposto; franco. 
 
 
 
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO 
 
1) O que o eu-lírico leva em consideração para definir o seu amor como um amor “estranho”? 
Exemplifique. 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
 
 
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37 
2) Que estrofe contém a idéia de que a graça do amor é a conquista e de que é melhor arriscar-
se no amor do que levar uma vida sem graça? Justifique destacando es expressões que opõem 
uma possibilidade a outra. 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
3) O poema lírico deve ser rico em musicalidade. Que recurso sonoro se destaca na 3ª estrofe 
deste soneto? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
4) Identifique o verso em que o eu-lírico declara amar, além da pessoa amada, o próprio 
sentimento de amar. 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
 
PROSA: 
 
 Nos anos 30, a ficção dá novo salto qualitativo com o aparecimento de escritores de 
grande importância, que se distribuem basicamente em três vertentes: 
 
a) prosa regionalista – As raízes do regionalismo já se encontravam no século anterior, com O

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