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Prévia do material em texto

Língua Portuguesa - Ensino Médio
Veredas
da Palavra
Roberta Hernandes • Vima Lia Martin
3
Manual do 
Professor
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Língua Portuguesa - Ensino Médio
Veredas
da Palavra
Roberta Hernandes • Vima Lia Martin
1ª edição
São Paulo • 2016
Roberta Hernandes 
Licenciada, bacharela e mestra em Letras. Doutora em 
Letras (área de concentração em Literatura Brasileira) 
pela Universidade de São Paulo (USP). Há vinte anos é 
professora de Língua Portuguesa em escolas das redes 
pública e particular da cidade de São Paulo. Atualmente 
é professora de Literatura e coordenadora de Língua 
Portuguesa na rede particular de ensino.
Vima Lia Martin 
Licenciada, bacharela e mestra em Letras. Doutora em 
Letras (área de concentração em Estudos Comparados 
de Literaturas de Língua Portuguesa) pela Universidade 
de São Paulo (USP). Por dez anos, foi professora de 
Língua Portuguesa na Educação Básica. Atualmente é 
professora do curso de Letras da USP.
Manual do 
Professor
Veredas_Portugues_v3_PNLD18_001a002_INICIAIS.indd 1 5/30/16 1:23 PM
Diretoria editorial
Lidiane Vivaldini Olo
Gerência editorial
Luiz Tonolli
Editoria de Língua Portuguesa
Mirian Senra
Edição
Juliana Mendonça Biscardi e Vivian Marques Viccino
Gerência de produção editorial
Ricardo de Gan Braga
Arte
Andréa Dellamagna (coord. de criação), 
Erik TS (progr. visual de capa e miolo), 
Leandro Hiroshi Kanno (coord.), Tomiko Chiyo Suguita (edição), 
Lívia Vitta Ribeiro (assist.) e Estúdio Anexo (diagram.)
Revisão
Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), 
Rosângela Muricy (coord.), 
Célia da Silva Carvalho, Claudia Virgilio, 
Paula Teixeira de Jesus e Vanessa de Paula Santos; 
Brenda Morais e Gabriela Miragaia (estagiárias)
Iconografia
Sílvio Kligin (superv.), Denise Durand Kremer (coord.), 
Fernanda Regina Sales Gomes (pesquisa), Cesar Wolf e 
Fernanda Crevin (tratamento de imagem)
Ilustrações
Bianca Lucchesi, Bernardo França, 
Filipe Rocha e Nik Neves
Cartografia
Alexandre Bueno, Eric Fuzii, Márcio Souza
Foto da capa: Máscaras artesanais, suvenir local. 
Maputo, Moçambique. 
Danita Delimont/Getty Images
Protótipos
Magali Prado
Título original da obra: Língua Portuguesa 
© 2012 Editora Positivo Ltda.
Direitos desta edição cedidos à Editora Ática S.A.
Avenida das Nações Unidas, 7221, 3o andar, Setor A
Pinheiros – São Paulo – SP – CEP 05425-902
Tel.: 4003-3061
www.atica.com.br / editora@atica.com.br
2016
ISBN 978 85 08 18045 5 (AL) 
ISBN 978 85 08 18046 2 (PR)
Cód. da obra CL 713411
CAE 566 643 (AL) / 566 644 (PR)
1a edição
1a impressão
Impressão e acabamento
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
 (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 Alves, Roberta Hernandes
 Veredas da palavra / Roberta Hernandes Alves, 
 Vima Lia Martin. -- 1. ed. -- São Paulo : 
 Ática, 2016.
 Obra em 3 volumes do 1 a 3.
 1. Português (Ensino médio) I. Martin, Vima 
 Lia. II. Título.
 
16-02405 CDD-469.07
 Índices para catálogo sistemático:
 1. Português : Ensino médio 469.07
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APRESENTAÇÃO
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aro aluno,
Este livro vai acompanhá-lo em muitos momen-
tos. Por isso, ao escrevê-lo, buscamos usar uma 
linguagem acessível, escolher textos motivadores e de 
gêneros variados (por vezes apresentados em diálogo 
com obras de artes plásticas, fotografias) e propor 
atividades interessantes para que você possa refletir 
sobre o português – a língua que fala e com a qual es-
creve – e também sobre as literaturas que são escritas 
nessa língua.
Um dos principais objetivos desta coleção é fornecer 
subsídios para a melhor compreensão dos textos, es-
pecialmente os literários, pois acreditamos que a leitu-
ra da literatura é capaz de realizar mudanças notáveis, 
fazendo de nós sujeitos mais sensíveis, éticos e criativos. 
Assim, nossa proposta é que você conheça, de forma 
sistematizada, não apenas as literaturas brasileira e 
portuguesa, mas também as literaturas africanas de 
língua portuguesa, pois seu estudo favorece a apreen-
são da diversidade e a descoberta do outro como ele-
mentos fundantes de nossa própria identidade.
Esperamos que nosso trabalho possa de fato con-
tribuir para que você se torne um jovem cada vez mais 
consciente e livre, capaz de refletir sobre o mundo que 
o cerca e atuar positivamente em sua transformação.
Um grande abraço.
As autoras
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Conheça seu Livro
O livro é estruturado em cinco Unidades, sendo cada uma delas dividida em quatro capítulos.
Conheça a seguir as seções, os principais boxes e os ícones que compõem este volume.
Leitura
Apresenta textos de diversos 
gêneros pertinentes ao tema do 
capítulo, contribuindo para a 
construção do aprendizado. 
Para começar
Por meio da leitura de obras 
de arte, charges, poemas, etc. 
apresenta atividade(s) de 
sensibilização para os temas 
que serão tratados no capítulo.
Ampliação
Por meio da apresentação 
de diferentes informações 
complementares e pontos 
de vista sobre elas, a seção 
destina-se ao aprofundamento 
das discussões propostas em 
boa parte dos capítulos, 
favorecendo a reflexão sobre 
a atualidade.
Na segunda metade dos anos 1960, na ditadura militar, a MPB foi revitalizada pela projeção de dois com-
positores que logo foram considerados poetas: Chico Buarque e Caetano Veloso. Este último, com Gilberto Gil 
e Torquato Neto, criou o “movimento tropicalista”, cujo marco foi o III Festival da Música Popular Brasileira, 
promovido pela TV Record em 1967. Também chamado de Tropicália ou Tropicalismo, foi um movimento que 
teve sua origem ligada a grupos de vanguarda nacionais, como o Concretismo, e internacionais, como a Pop Art. 
A Tropicália realizou uma mistura de influências, como a antropofagia moder-
nista, a Bossa Nova, o Cinema Novo e o teatro revolucionário de José Celso Marti-
nez Corrêa. Criou uma estética própria, que questionava as estruturas da sociedade 
brasileira daquele momento, em que passava a vigorar a cultura de massa.
A intensa industrialização que ocorreu no Brasil, desde meados da década de 
1950, moldou uma sociedade propensa a consumir bens culturais que agradavam à maioria dos telespecta-
dores da recém-inaugurada televisão. Programas como Jovens tardes de domingo, que divulgava o rock ingê-
nuo e adocicado produzido pelos artistas da Jovem Guarda, e O fino da bossa, dedicado à Bossa Nova, conta-
vam com ampla audiência.
Nesse contexto, a Tropicália propôs algo novo: a aproximação entre as raízes da música brasileira, figu-
radas, por exemplo, no samba e no baião, e matrizes musicais internacionais, como o rock. Mediante o uso 
de sons de guitarra distorcidos, a incorporação de elementos culturais brasileiros e a enumeração de imagens 
por meio de recursos cinematográficos, o estilo tropicalista instaurou uma perspectiva social mais crítica, 
promovendo a renovação da música nacional.
O crítico musical Pedro Alexandre Sanches chama a atenção para a Tropicália em seu momento inicial:
Tropicalismo: a inovação da MPB
Em outubro de 1967, Caetano Veloso e Gilberto Gil 
apresentaram canções para concorrer no III Festival 
da Música Popular Brasileira, da TV Record, para onde 
convergiam as diversas tendências (velha canção, bos-
sa, jovem guarda) que se debatiam entre si em confli-
tos que viravam assunto nacional e aumentavam em 
muito a audiência da emissora. Caetano classificou 
Alegria, alegria, e Gil, Domingo no parque. Numa pri-
meira análise, o que as duas canções – hostilizadas 
por bossa-novistas e paladinos do protesto – trouxe-
ram ao cenário da MPB foi isto: a prática de assimilar 
formas de manifestação rejeitadas pelas elitesque 
consumiam música popular “de raiz”, integrando-as 
no aparato cultural brasileiro (e não só as mimetizan-
do, como fazia a jovem guarda).
SANCHES, Pedro Alexandre. Tropicalismo: decadência bonita 
do samba. São Paulo: Boitempo, ú000. p. 47. 
Para compreender melhor as ideias do Tropicalismo, leia a letra da canção a seguir.
Tropicália
Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país...
Viva a bossa – sa – sa
Viva a palhoça – ça – ça – ça – ça 
O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente, feia e morta
Estende a mão
Viva a mata – ta – ta
Viva a mulata – ta – ta – ta – ta
No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam a tarde inteira
Entre os girassóis
Viva Maria – ia – ia
Viva a Bahia – ia – ia – ia – ia
No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco
sangue
Mas seu coração balança a um samba
de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores ele põe os olhos
grandes
Sobre mim
Viva Iracema – ma – ma
Viva Ipanema – ma – ma – ma – ma
Domingo é o fino da bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem
Viva a banda – da – da
Carmem Miranda – da – da – da – da
VELOSO, Caetano. Tropicália ú. In: Caetano Veloso. Rio de Janeiro: 
Polygram/Philips, 1990. 1 CD. Faixa 1.
Para relembrar a 
antropofagia 
modernista, consulte 
o Capítulo 6.
Amaralina: referência à praia de Amaralina, em 
Salvador (BA).
fino da bossa: referência a um programa de grande 
sucesso levado ao ar pela TV Record entre os anos de 
1965 e 1968. O programa era apresentado pela cantora 
Elis Regina (1945-1982).
“que tudo mais vá pro inferno”: verso que faz 
referência à canção “Quero que vá tudo pro inferno”, de 
Roberto Carlos.
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Filipe Rocha/Arquivo da editora
AMPLIAÇÃO Para refletir
Capítulo 17312 Caminhos da poesia contemporânea em língua portuguesa 313
Atividades
Apresenta atividades e 
questões criadas especialmente 
para este livro ou retiradas 
de vestibulares e do Enem, que 
possibilitam uma espécie de 
roteirização da leitura, 
auxiliando o desenvolvimento 
de capacidades leitoras.
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5 Literatura brasileira do in’cio do sŽculo XX
 Há de fato em nosso futurismo quebra de evolução brasileira. 
É que, coisa mil vezes dita, durante quasi século, com vários 
lustros de atraso, fomos uma sombra de França. Sombra doi-
rada. Sempre sombra. Nós, os modernistas, quebramos a na-
tural evolução. Saltamos os lustros de atraso. Apagamos a 
sombra. Mas somos hoje a voz brasileira do coro “1923”, em 
que entram todas as nações.
ANDRADE, Mário de. In: CAMPOS, Maria Inês Batista. A construção da identidade nacional nas crônicas da Revista do Brasil. 
São Paulo: Olho d’água/Fapesp, 2011. p. 211. (Crônica publicada por Mário de Andrade na Revista do Brasil, em 1á23).
NESTA UNIDADE, VOCÊ VAI ESTUDAR OS SEGUINTES CAPÍTULOS:
5. Literatura brasileira do início do século XX
6. A Semana de 22 e a primeira geração modernista
7. Concordância nominal e verbal
8. Produção de texto: conto
2UNIDA
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PARA COMEÇAR
8382
ATENÇÃO!
Não escreva 
no livro!
• Na pintura acima, Caipira picando fumo, o artista Almeida Júnior (1850-18áá) procurou elaborar uma representação 
realista do homem do campo. Faça a leitura da imagem e indique os elementos responsáveis por criar essa impres-
são de realismo.
Caipira picando fumo. 1893. 
José Ferraz de Almeida 
Júnior. Óleo sobre tela, 
70 cm 3 50 cm. Pinacoteca 
do Estado de São Paulo, 
São Paulo.
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1. As propostas poéticas do Modernismo brasileiro inspiraram fortemente a produção 
de autores africanos. Leia os textos reproduzidos a seguir para responder às questões 
apresentadas na sequência.
 Texto 1
Evocação do Recife
[...]
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
BANDEIRA, Manuel. 50 poemas escolhidos pelo autor. 
São Paulo: Cosac Naify, 2006. p. 2à. 
 Texto 2
Exortação
Ribeiro Couto e Manuel Bandeira,
Poetas do Brasil,
Do Brasil, nosso irmão,
Disseram:
“– É preciso criar a poesia brasileira,
de versos quentes, fortes, como o Brasil,
sem macaquear a literatura lusíada.”
Angola grita pela minha voz
Pedindo a seus filhos nova poesia!
[...]
GOMES, Maurício. Exortação. In: FERREIRA, Manuel (Org.). 
No reino de Caliban: antologia panorâmica da poesia africana 
de expressão portuguesa. Lisboa: Seara Nova, 1976. v. II. p. 85. 
a) Comente a oposição “língua errada do povo/Língua certa do povo”, presente no 
poema de Bandeira.
b) A quem se refere o pronome “nós”, presente no quinto verso do poema de 
Bandeira?
c) Qual seria a “lição” ensinada pelos poetas brasileiros ao poeta angolano?
d) Interprete o último verso do poema de Maurício Gomes, estabelecendo o que 
seria a “nova poesia” referida no texto.
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A literatura brasileira e a formação das literaturas africanas de língua portuguesa 243
 LEITURA
O conto é uma narrativa curta, concentrada, que normalmente focaliza um 
único conflito. No conto transcrito a seguir, escrito pela paulistana Lygia Fagun-
des Telles, vários elementos se articulam para criar um clima de mistério e pre-
parar um desfecho surpreendente para o leitor.
Venha ver o pôr do sol
Ela subiu sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam 
rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. 
No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas 
crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quie-
tude da tarde. Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num 
largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinha um jeito jovial 
de estudante.
– Minha querida Raquel.
Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos.
– Veja que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que 
ideia, Ricardo, que ideia! Tive que descer do táxi lá longe, jamais ele chegaria aqui 
em cima.
Ele sorriu entre malicioso e ingênuo.
– Jamais, não é? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece 
nessa elegância… Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete léguas, 
lembra?
– Foi para falar sobre isso que você me fez subir até aqui? – perguntou ela, 
guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro. – Hem?!
– Ah, Raquel… – e ele tomou-a pelo braço rindo.
– Você está uma coisa de linda. E fuma agora uns cigarrinhos 
pilantras, azul e dourado… Juro que eu tinha que ver uma vez 
toda essa beleza, sentir esse perfume. Então fiz mal?
– Podia ter escolhido um outro lugar, não? – Abranda-
ra a voz – E que é isso aí? Um cemitério?
Ele voltou-se para o velho muro arruinado. In-
dicou com o olhar o portão de ferro, carcomido 
pela ferrugem.
– Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e 
mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas 
sobraram, olha aí como as criancinhas brincam 
sem medo – acrescentou, lançando um olhar 
às crianças rodando na sua ciranda. Ela tragou 
lentamente. Soprou a fumaça na cara do com-
panheiro. Sorriu. – Ricardo e suas ideias. E 
agora? Qual é o programa?Brandamente ele a tomou pela cintura.
– Conheço bem tudo isso, minha gente 
está enterrada aí. Vamos entrar um instan-
te e te mostrarei o pôr do sol mais lindo do 
mundo.
Perplexa, ela encarou-o um instante. E 
vergou a cabeça para trás numa risada.
débil: pouco perceptível 
aos sentidos.
abrandara: suavizara, 
diminuíra de 
intensidade.
carcomido: gasto, 
estragado, deteriorado.
perplexa: espantada, 
admirada.
Bernardo França/
Arquivo da editora
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Destaca visualmente as produções de 
autoria africana ou afrodescendente 
em língua portuguesa que não estão 
organizadas em bloco, mas que 
dialogam com os temas, textos e 
autores ao longo de todo o volume.
Destaca as produções 
de autoria ou temática 
indígena ao longo do 
volume, dialogando 
com os demais textos 
apresentados.
Interdisciplinaridade
Enfatiza as relações entre as disciplinas, facilitando assim a 
compreensão da relação de temas e textos e oferecendo a 
possibilidade de diálogo entre os saberes de diversas áreas.
Roteiro de avaliação
Em todos os capítulos de Produção de texto são apresentadas 
orientações específicas para a produção e a socialização dos 
diversos textos orais e escritos propostos, além de um Roteiro de 
avaliação desses textos. Dessa forma, as produções escrita e oral 
não se limitam a uma execução simplificada e repetitiva.
do Haiti e profissionais qualificados, como engenheiros, professores, advogados, pedreiros, mestres de obras e 
carpinteiros. Porém, a maioria chega sem dinheiro.
Os brasileiros sempre criticaram a forma como os países europeus tratavam os imigrantes.
Agora, chegou a nossa vez – afirma Corinto.
Disponível em: <www.dpf.gov.br>. Acesso em: 19 jul. 2012 (adaptado).
TEXTO III 
Trilha da costura
Os imigrantes bolivianos, pelo último censo, são mais de 3 milhões, com população de aproximadamente 
9,119 milhões de pessoas. A Bolívia em termos de IDH ocupa a posição de 114º de acordo com os parâmetros 
estabelecidos pela ONU. O país está no centro da América do Sul e é o mais pobre, sendo 7é% da população 
considerada miserável. Os principais países para onde os bolivianos imigrantes dirigem-se são: Argentina, 
Brasil, Espanha e Estados Unidos.
Assim sendo, este é o quadro social em que se encontra a maioria da população da Bolívia, estes dados já 
demonstram que as motivações do fluxo de imigração não são políticas, mas econômicas. Como a maioria da 
população tem baixa qualificação, os trabalhos artesanais, culturais, de campo e de costura são os de mais 
fácil acesso.
OLIVEIRA, R. T. Disponível em: <www.ipea.gov.br>. Acesso em: 19 jul. 2012 (adaptado).
INSTRUÇÕES:
•  O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
•  O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
•   A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
•   A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
•   A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
•   A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de 
linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2012/ 
caderno_enem2012_dom_amarelo.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2016.
Produção da redação do Enem
Ao final do Ensino Médio, você provavelmente participará do Enem. Para se 
preparar, procure desenvolver algumas propostas apresentadas nas edições 
anteriores desse exame. A seguir, confira a proposta de 2012.
Antes de escrever seu texto, leia com atenção os textos motivadores, pro-
cure compreender bem o tema e considere atentamente as instruções constan-
tes na proposta. Embora o título não seja obrigatório, se ele for bom, torna-se 
um chamariz para a leitura do texto, ao qual agrega valor e sentido. Portanto, 
esforce-se para criar um título que valorize sua redação.
Se julgar necessário, antes de analisar a proposta que segue, releia os critérios 
de correção e as demais informações comentadas anteriormente sobre a redação 
no Enem, a fim de certificar-se de todos os detalhes que devem ser obrigatoria-
mente observados na realização dessa prova.
Roteiro de avaliação
Depois de escrito o texto, troque-o com um colega. A ideia é utilizar os 
critérios apresentados a seguir, baseados naqueles usados pelos corretores do 
Enem, e analisar o texto recebido, fazendo observações que possam orientar 
a reescrita.
1. No texto, a linguagem usada obedece à norma-padrão da língua portuguesa?
2. Houve adequação à proposta de redação e aplicação de conceitos das várias 
áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estrutu-
rais do texto dissertativo-argumentativo?
3. Informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista 
foram selecionados, relacionados, organizados e interpretados?
4. Foi usado o conhecimento dos mecanismos linguísticos para a construção da 
argumentação (paragrafação, uso de conectivos adequados, etc.)?
5. Foi elaborada uma proposta de intervenção social que demonstrasse respeito 
aos direitos humanos e à diversidade sociocultural?
Depois de avaliado, o texto deve ser reescrito, levando-se em consideração 
os apontamentos do colega que considerar adequados aos itens acima. 
PROPOSTA (Enem – 2012)
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo 
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma-padrão da língua portuguesa sobre o 
tema O movimento imigratório para o Brasil no século XXI, apresentando proposta de intervenção, que res-
peite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos 
para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I 
Ao desembarcar no Brasil, os imigrantes trouxeram muito mais do que o anseio de refazer suas vidas tra-
balhando nas lavouras de café e no início da indústria paulista. Nos séculos XIX e XX, os representantes de mais 
de 70 nacionalidades e etnias chegaram com o sonho de “fazer a América” e acabaram por contribuir expressi-
vamente para a história do país e para a cultura brasileira. Deles, o Brasil herdou sobrenomes, sotaques, comidas 
e vestimentas.
A história da migração humana não deve ser encarada como uma questão relacionada exclusivamente ao 
passado; há a necessidade de tratar sobre deslocamentos mais recentes.
Disponível em: <www.museudaimigracao.org.br>. Acesso em: 19 jul. 2012 (adaptado).
TEXTO II 
Acre sofre com invasão de imigrantes do Haiti
Nos últimos três dias de 2é11, uma leva de õéé haitianos entrou ile-
galmente no Brasil pelo Acre, elevando para 1 4éé a quantidade de imi-
grantes daquele país no município de Brasileia (AC). Segundo o secretário 
adjunto de Justiça e Direitos Humanos do Acre, José Henrique Corinto, os 
haitianos ocuparam a praça da cidade. A Defesa Civil do estado enviou 
galões de água potável e alimentos, mas ainda não providenciou abrigo.
A imigração ocorre porque o Haiti ainda não se recuperou dos estragos 
causados pelo terremoto de janeiro de 2é1é. O primeiro grande grupo de 
haitianos chegou a Brasileia no dia 14 de janeiro de 2é11. Desde então, a 
entrada ilegal continua, mas eles não são expulsos: obtêm visto humani-
tário e conseguem tirar carteira de trabalho e CPF para morar e trabalhar 
no Brasil.
Segundo Corinto, ao contrário do que se imagina, não são haitianos 
miseráveis que buscam o Brasil para viver, mas pessoas da classe média 
Disponível em: <www.mg1. com.br>. 
Acesso em: 19 jul. 2012.
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Capítulo 20358 Produção de texto: dissertação escolar 359
Luz, câmera, 
linguagem
Apresenta filmes, séries e 
minissériesque estabelecem 
relação com os textos apresentados 
ao longo do volume.
O olhar de Rachel de Queiroz sobre sua região é duplo: ao mesmo tempo que 
apresenta uma abordagem aparentemente mais objetiva dos temas ali presen-
tes, como a seca, seu regionalismo abrange também a investigação do feminino. 
Em seus romances, as metáforas da secura da terra e dos discursos se comple-
mentam e multiplicam. No jogo entre interioridade e exterioridade, sua prosa 
revela o corpo feminino tão desgastado e seco quanto a própria terra. No final 
de O Quinze, por exemplo, a protagonista Conceição reflete sobre a frustração 
da não maternidade:
E sentia no seu coração o vácuo da maternidade impreenchida... “Vae 
solis!” Bolas!
Seria sempre estéril, inútil, só... Seu coração não alimentaria outra vida, 
sua alma não se prolongaria noutra pequenina alma... Mulher sem filhos, 
elo partido na cadeia da imortalidade...
QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. Rio de Janeiro: José Olympio, 1á80. p. 111. 
Vae solis: expressão em 
latim que significa ‘vai 
só!’; ‘segue só’.
Realizada profissionalmente, Conceição é professora na cidade de Forta-
leza e, mesmo tendo adotado um dos filhos de Chico Bento, sente-se incom-
pleta. Assim como a terra nordestina que vive à espreita da próxima seca, o 
corpo dos personagens de Rachel sente-se potencialmente seco, à espera da 
próxima frustração.
Nos romances seguintes, especialmente a partir de As três Marias, Rachel de 
Queiroz adensa psicologicamente seu texto. Aspectos sociais e individuais pas-
saram a ser tramados de modo mais consistente e a questão do feminino se 
impôs definitivamente como tema de eleição da autora. A protagonista Maria 
Moura, de seu último romance, intitulado Memorial de Maria Moura, recupera 
e reinventa o mito da mulher guerreira, que defende suas terras usando da mes-
ma violência de que fora vítima e desafiando o lugar lateral destinado à mulher 
no patriarcalismo nordestino.
Em 1áá4, foi exibida na tevê a minis série Memo-
rial de Maria Moura, ba seada no livro homônimo de 
Rachel de Queiroz, sob a direção de Denise Saraceni. 
Na cena ao lado, veem-se os personagens Maria 
Moura, interpretada por Glória Pires, e Duarte, inter-
pretado por Chico Dias.
Em 200ú, o romance O 
Quinze foi adaptado para o 
cinema, sob a direção de 
Jurandir Oliveira. No elenco 
estão: Karina Barum, como 
Conceição; Juan Alba, como Vicente; Jurandir Oliveira, como Chico Bento; Soia 
Lira, como Cordulina; Maria Fernanda, como Maria Inácia; entre outros.
Luz, câmera, linguagem
Rachel de Queiroz nasceu 
em Fortaleza, em 1á10. Foi 
professora, jornalista e, 
com apenas 20 anos, ini-
ciou-se na literatura com 
a publicação de O Quinze, 
romance que retrata a 
seca que assolou o Nor-
deste em 1á15. A autora 
escreveu romances, crô-
nicas e peças teatrais. Foi 
a primeira mulher a in-
gressar na Academia Bra-
sileira de Letras, em 1áúú. 
Faleceu em 2003, no Rio 
de Janeiro.
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Segunda geração modernista: o romance social de 1930 193
Boxe de conteúdo
Complementa e/ou amplia 
informações apresentadas ao 
longo do desenvolvimento de 
uma seção ou capítulo, de modo 
a favorecer a apropriação dos 
conteúdos.
A irreverente Pagu
A paulista Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, nasceu em 1910 e mor-
reu em 1962. Ativista política combativa, escreveu, em 1922, o roman-
ce Parque industrial, que provocou imensa polêmica por suas críticas 
à sociedade paulistana. Nesse romance, Pagu denunciou as condições 
socioeconômicas em que viviam os proletários e desmitificou a figu-
ra feminina para além do espaço doméstico.
Foi poetisa e jornalista. Colaborou na Revista de Antropofagia e 
foi companheira de Oswald de Andrade, com quem teve um filho, 
Rudá. Em 19ã1, filiada ao PCB, criou, junto com Oswald, o tabloide O 
homem do povo, pasquim político que circulou por apenas dois meses.
Durante toda a vida, Pagu não abandonou suas convicções po-
líticas, atuando nas áreas do jornalismo e da cultura.
CAMPOS, Augusto de. Patrícia Galvão – Pagu: vida e obra. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
Sua vida pessoal também foi marcada pela quebra de tabus que sua obra 
efetivou. Foi casado várias vezes – entre elas, destacam-se os relacionamentos 
com a pintora Tarsila do Amaral e com a artista e escritora Patrícia Galvão, a 
Pagu. Com esta última, ingressou no Partido Comunista e aproximou-se do 
movimento operário e das lutas trabalhistas.
O rei da vela: carnavalização teatral
A peça O rei da vela foi publicada em 1937, após a crise mundial de 1929, a Revolução de 1930 e a Revolu-
ção Constitucionalista de 1932. Considerado o primeiro texto modernista para teatro, gira em torno de 
Abelardo I, um industrial que fabrica velas e é também um agiota que empresta dinheiro a juros exorbitan-
tes. Arrivista, Abelardo I pretende casar-se com Heloísa de Lesbos, jovem proveniente de uma família fali-
da de aristocratas do café. No entanto, acaba vítima da própria ganância e é traído por Abelardo II, que 
compra as dívidas do antigo patrão e se torna seu sucessor.
Sob um viés satírico e uma crítica ácida, o texto 
apresenta a mentalidade atrasada da burguesia na-
cional. Também a tradição literária é ironizada na 
escolha do nome dos personagens, Abelardo e He-
loísa, protagonistas de uma trágica história de amor 
na Idade Média.
Considerada inovadora para a época, tanto pelo 
enredo quanto pela estética, a peça só foi montada 
trinta anos depois, em 1967, encenada pelo grupo do 
Teatro Oficina, sob a direção de José Celso Martinez 
Correa. A montagem constituiu-se de imediato num 
marco para a cultura brasileira e num dos desenca-
deadores do movimento tropicalista.
Entre as principais obras de Oswald de Andrade, encontram-se os volumes 
de poesia Pau Brasil (1925) e Poesias reunidas (1945), os romances Memórias sen-
timentais de João Miramar (1924) e Serafim Ponte Grande (1933) e as peças O 
homem e o cavalo (1934) e O rei da vela (1937).
Encenação da peça O rei da vela no Teatro Oficina, São Paulo, em 1967.
arrivista: aquele que 
procura galgar posições 
e obter dinheiro a 
qualquer preço.
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Capítulo 6116
Embora a divergência entre o uso e a prescrição normativa quanto à regên-
cia de alguns verbos seja bastante evidente, mesmo entre os falantes mais le-
trados, convém observar a regência verbal prescrita pela tradição gramatical em 
contextos mais formais de comunicação, sobretudo em textos escritos mais 
monitorados. Se você sentir a necessidade de verificar a regência tradicional de 
algum verbo, não deixe de consultar um manual de gramática ou um dicionário, 
fundamentais para o esclarecimento de dúvidas dessa natureza. Há ainda dicio-
nários específicos de regência verbal e nominal que apresentam as várias acep-
ções das palavras e sua respectiva regência. 
A regência dos verbos “esquecer” e “lembrar”
Os verbos “esquecer” e “lembrar” apresentam a mesma regência e podem ser usados de duas 
formas: pronominal e não pronominal.
Como pronominais, eles são transitivos indiretos e, segundo a gramática normativa, devem ser 
vinculados aos seus complementos por meio da preposição “de”.
OIVTI
Esqueci-me de você.
prep.
OIVTI
prep.
Ele se lembrou do ocorrido.
Não sendo pronominais, os dois verbos são transitivos diretos e, por isso, dispensam o uso da 
preposição.
ODVTD
Esqueci você.
ODVTD
Ele lembrou o ocorrido.
Entretanto, nas variedades urbanas de prestígio, constata-se a prevalência de construções que 
combinam as duas regências, como em “Esqueci de você” e “Lembrou do ocorrido”.
O que diz a norma-padrão
Regência nominal
Não apenas os verbos, mas também os nomes – substantivos, adjetivos e 
advérbios – podem exigir a presençade outros termos para completar seu 
sentido. Essa relação de dependência entre um nome e um complemento é 
denominada regência nominal. Os complementos exigidos por um nome são 
sempre introduzidos por preposição. Veja o exemplo na frase a seguir.
As crianças têm necessidade de carinho.
nome 
(substantivo)
complemento 
do nome
Para refletir sobre a regência nominal, leia a tira a seguir, que estabelece uma 
crítica aos serviços de atendimento ao consumidor, e depois responda às questões 
propostas.
Regência verbal, regência nominal e crase 217
Boxe biográfico
Apresenta autores e 
personalidades que têm papel 
relevante na abordagem do 
tema ou texto tratado.
O que diz a norma-padrão
Evidencia a prescrição gramatical normativa em relação 
a determinado tópico linguístico, estabelecendo, assim, 
reflexões sobre diferentes usos linguísticos e a norma-padrão.
 Cruz e Sousa
A obra de Cruz e Sousa, escritor afro-brasileiro, apresenta originalidade e um 
repertório amplo de recursos expressivos. O tom melancólico e crítico predomi-
na em sua poesia. Temas como morte, desejo de transcendência, mistério, con-
flito interior e escravidão unem-se a uma constante preocupação formal, con-
ferindo à sua poesia uma qualidade diferenciada.
Na obra de Cruz e Sousa, o ato de criar está ligado ao ato de transcender. 
A poesia dá formato aos desejos de negação da realidade e de busca por uma 
libertação que é também a luta por uma transformação social. Se, para um 
ex-escravizado, o ato de ler já podia ser visto como ousadia, o ato de escrever 
constituía-se quase em rebeldia. É preciso lembrar que, no contexto do século 
XIX, o escritor negro, que tinha como público o leitor branco de classe privile-
giada, enfrentava toda a sorte de obstáculos para se inserir socialmente como 
um cidadão da República. A constatação dessa injustiça e das dificuldades 
para superá-la gerou o dilema traduzido por Cruz e Sousa num poema em 
prosa cujo título significativo é Emparedado.
 [...] Não! Não! Não! Não transporás os pórticos milenários da vasta edi-
ficação do mundo, porque atrás de ti e adiante de ti não sei quantas gerações 
foram acumulando, pedra sobre pedra, pedra sobre pedra, que para aí estás 
agora o verdadeiro emparedado de uma raça.
Se caminhares para a direita baterás e esbarrarás, ansioso, aflito, numa 
parede horrendamente incomensurável de Egoísmos e Preconceitos! Se cami-
nhares para a esquerda, outra parede, de Ciências e Críticas, mais alta do que a 
primeira, te mergulhará profundamente no espanto! Se caminhares para a 
frente, ainda nova parede, feita de Despeitos e Impotências, tremenda, de gra-
nito, broncamente se elevará ao alto! Se caminhares, enfim, para trás, ah! ain-
da, uma derradeira parede, fechando tudo, fechando tudo – horrível! – parede 
de Imbecilidade e Ignorância, te deixará num frio espasmo de terror absoluto...
CRUZ E SOUSA, João da. Emparedado. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, é99í. p. 673. 
João da Cruz e Sousa, 
filho de escravos alfor-
riados, nasceu na antiga 
cidade do Desterro – 
atual Florianópolis – em 
é86é. Apadrinhado pela 
família do marechal Gui-
lherme Xavier de Sousa, 
de quem levava o sobre-
nome, o jovem Cruz e 
Sousa demonstrou, des-
de cedo, talento para a 
poesia e para os estu-
dos. No entanto, esbar-
rou inúmeras vezes nos 
preconceitos que cerca-
vam uma sociedade es-
cravocrata: em é884, por 
exemplo, foi impedido 
de assumir o cargo de 
promotor de Laguna. 
Mas, em é894, assumiu 
o cargo de arquivista da 
Central do Brasil, empre-
go modesto para o ta-
lento do autor. Faleceu 
em é898, vitimado pela 
tuberculose.
Vista do Desterro. c. 1861. 
Victor Meirelles. Óleo sobre tela, 
78,2 cm 3 120 cm. Acervo do 
Museu Victor Meirelles, 
Florianópolis, SC.
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Capítulo 236
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Sumário
Capítulo 1: Parnasianismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
O Parnasianismo na História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Aspectos da poesia parnasiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Poesia parnasiana brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Alberto de Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Raimundo Correia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Olavo Bilac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Crítica aos parnasianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Lima Barreto: a crítica irônica à língua das elites . . . . . . . . . 19
Revista Klaxon: o ataque dos modernistas . . . . . . . . . . . . . . 20
Mário de Andrade: a defesa 
do português brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Ampliação: A arte de Chiquinha gonzaga . . . . . . . . . . . . . . . 25
Capítulo 2: Simbolismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
O Simbolismo na História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Aspectos do Simbolismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Simbolismo em Portugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Simbolismo no brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Cruz e Sousa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Alphonsus de guimaraens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Ampliação: Diálogos entre arte e psicanálise . . . . . . . . . . 42
Unidade 1
Capítulo 3: Vanguardas europeias e 
Modernismo português . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
As vanguardas europeias na História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
O século XX e os limites do progresso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Correntes de vanguarda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Futurismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Cubismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Expressionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Dadaísmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Surrealismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
O Modernismo português na História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
As muitas vozes de Fernando Pessoa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Alberto Caeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Álvaro de Campos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Ricardo Reis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Fernando Pessoa ortônimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Ampliação: Poesia vanguardista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Proposta 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Proposta 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Capítulo 4: Produção de texto: 
seminário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
SObReO gêneRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
PRODuçãO DO gêneRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Proposta: seminário sobre o tema 
“vanguardas europeias” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Roteiro de avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
A dimensão da oralidade no seminário . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
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Capítulo 5: Literatura brasileira 
do início do século XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
A literatura brasileira do início 
do século XX na História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Aspectos da literatura brasileira 
do início do século XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
A poesia produzida no início do século XX . . . . . . . . . . . . . . 85
Augusto dos Anjos: um poeta original . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
A prosa produzida no início do século XX . . . . . . . . . . . . . . . 86
Euclides da Cunha e o relato de um massacre . . . . . . . . . . . 86
Lima Barreto: uma voz à margem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Monteiro Lobato: o Brasil passado a limpo . . . . . . . . . . . . . . 96
Ampliação: A questão da terra 
nos textos literários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Capítulo 6: A Semana de 22 
e a primeira geração modernista . . . . . . . . . 104
A Semana de 22 na História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Eventos anteriores à Semana de 22 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
A Semana – ruína da tradição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Arte moderna e manifestos brasileiros . . . . . . . . . . . . . . . 110
Aspectos da primeira geração modernista . . . . . . . . . . . 114
Oswald de Andrade: ironia e subversão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Mário de Andrade: um olhar múltiplo sobre o Brasil . . . . 119
Manuel Bandeira: poesia e cotidiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Alcântara Machado: uma voz crítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Ampliação: A viagem dos modernistas 
e a redescoberta de Minas gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
Proposta de pesquisa – O patrimônio cultural 
de minha região . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Capítulo 7: Concordância 
nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Conceito de concordância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Concordância nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
Concordância verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
O caso do verbo “ter” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
O caso da silepse ou 
concordância ideológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
Capítulo 8: Produção de 
texto: conto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
O ponto de vista e a construção 
de sentidos no conto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
SObRe O gêneRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
Estrutura do conto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
PRODuçãO DO gêneRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Proposta 1 – Continuidade de narrativa . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Proposta 2 – Desenvolvimento de sinopse . . . . . . . . . . . . . 162
Roteiro de avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
A dimensão da oralidade no conto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
Unidade 2
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A Semana – ruína da tradiçãoA Semana – ruína da tradição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107107
Arte moderna e manifestos brasileirosArte moderna e manifestos brasileiros . . . . . . . . . . . . . . . 110110
Aspectos da primeira geração modernistaAspectos da primeira geração modernista . . . . . . . . . . . 114114
Oswald de Andrade: ironia e subversão Oswald de Andrade: ironia e subversão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115115
Mário de Andrade: um olhar múltiplo sobre o BrasilMário de Andrade: um olhar múltiplo sobre o Brasil . . . . . . . . 119
Manuel Bandeira: poesia e cotidiano Manuel Bandeira: poesia e cotidiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126126
Alcântara Machado: uma voz crítica Alcântara Machado: uma voz crítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130130
Ampliação: A viagem dos modernistas Ampliação: A viagem dos modernistas 
e a redescoberta de Minas geraise a redescoberta de Minas gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133133
Proposta de pesquisa – O patrimônio cultural Proposta de pesquisa – O patrimônio cultural 
de minha regiãode minha região . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
A dimensão da oralidade no contoA dimensão da oralidade no conto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Capítulo 9: Segunda geração 
modernista: a poesia de 1930 . . . . . . . . . . . . . . . . 167
A poesia de 1930 na História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
Carlos Drummond de Andrade: 
o lirismo na apreensão da realidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
A poesia engajada de Jorge de Lima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175
As várias faces de Murilo Mendes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
A sensibilidade poética de Cecília Meireles . . . . . . . . . . . . . . 179
Vinicius de Moraes: o poeta apaixonado . . . . . . . . . . . . . . . . 180
Mario Quintana: lirismo e simplicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
Ampliação: Diálogos com Drummond . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
Capítulo 10: Segunda geração 
modernista: o romance 
social de 1930 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
O romance social da década 
de 1930 na História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
Aspectos do romance social da década de 1930 . . . . . . . 189
Rachel de Queiroz: as metáforas do seco . . . . . . . . . . . . . . . . 192
José Lins do Rego: lirismo e memória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196
Jorge Amado e a sedução da escrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
Graciliano Ramos: contenção e denúncia . . . . . . . . . . . . . . . 202
Erico Verissimo: o épico e o 
prosaico no sul do país . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206
Ampliação: O regionalismo brasileiro 
e a literatura cabo-verdiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210
Capítulo 11: Regência verbal, 
regência nominal e crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
Regência verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . 214
Regência nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223
Emprego da crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
Capítulo 12: Produção de texto: 
currículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
SObRe O gêneRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
PRODuçãO DO gêneRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
Roteiro de avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
Capítulo 13: A literatura brasileira 
e a formação das literaturas 
africanas de língua portuguesa . . . . . . . . . . 235
A importância do brasil e da cultura brasileira nos 
países africanos colonizados por Portugal . . . . . . . . . . . . 236
Repercussão das propostas poéticas 
do Modernismo brasileiro em Angola, 
Cabo Verde e Moçambique . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 238
O diálogo cultural entre brasileiros 
e africanos nas páginas da revista 
catarinense Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241
Ampliação: Representações do negro 
na poesia e na canção brasileiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
Capítulo 14: Prosa e poesia 
do pós-guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
A literatura do pós-guerra na História. . . . . . . . . . . . . . . . . . 254
Os “anos dourados” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254
A prosa no pós-guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255
Que mistérios tem Clarice? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .256
Guimarães Rosa e a reinvenção da linguagem . . . . . . . . . . 261
Múltiplos caminhos da poesia: 
a “geração de 45” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267
João Cabral de Melo Neto: o poema como construção . . 267
Ferreira Gullar: poesia e engajamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271
Manoel de Barros: artesão das palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . 272
Ampliação: guimarães Rosa, Luandino Vieira e 
Mia Couto: criadores de linguagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276
Luandino Vieira e a ficcionalização da cidade 
de Luanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276
Mia Couto: o mundo reconstruído na linguagem . . . . . . . 278
Capítulo 15: Período composto 
por coordenação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 280
A coordenação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 282
Uso expressivo das orações coordenadas. . . . . . . . . . . . . . . . . 284
Capítulo 16: Produção de texto: 
ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291
SObRe O gêneRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294
PRODuçãO DO gêneRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295
Proposta: ensaio sobre o tema 
“a violência e os jovens” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295
Coletânea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296
Roteiro de avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301
A dimensão da oralidade no ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301
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Capítulo 17: Caminhos da 
poesia contemporânea em 
língua portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303
A literatura na contemporaneidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304
Tendências contemporâneas 
da poesia brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304
Tendências contemporâneas 
da poesia portuguesa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 306
Tendências contemporâneas 
da poesia africana de língua portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . 307
Angola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 307
Moçambique . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 308
Cabo Verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 309
Ampliação: Tropicalismo: a inovação da MPb . . . . . . . . 312
Capítulo 18: Caminhos 
da ficção contemporânea 
em língua portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315
Tendências da ficção brasileira contemporânea . . . . . 317
Paulo Lins: Cidade de Deus e a 
transformação da favela carioca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 318
Tendências da ficção portuguesa 
contemporânea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 318
Valter Hugo Mãe e os desafios 
da condição humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 319
Tendências contemporâneas da ficção 
nos países africanos de língua portuguesa. . . . . . . . . . . . 319
Angola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320
Pepetela e a guerra em Mayombe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320
Moçambique . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321
Paulina Chiziane: o romance de autoria feminina . . . . . . 322
Cabo Verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 322
A crítica bem-humorada de 
Germano Almeida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323
Ampliação: A literatura brasileira 
no cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 327
Capítulo 19: Período composto 
por subordinação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 331
A subordinação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332
Orações subordinadas substantivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332
Orações subordinadas adjetivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 334
Orações subordinadas adverbiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337
O uso expressivo das orações subordinadas . . . . . . . . . . . 339
Capítulo 20: Produção de 
texto: dissertação escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 346
SObRe O gêneRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349
PRODuçãO DO gêneRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 352
Proposta 1: produção de dissertação 
com base em dois textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 352
Proposta 2: produção de dissertação 
pela seleção de um tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353
Roteiro de avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355
A dimensão da oralidade 
nas dissertações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355
Sobre a proposta de redação do enem . . . . . . . . . . . . . . . . . 356
Produção da redaçãodo Enem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 358
Roteiro de avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360
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 Alcançadas as metas políticas da Abolição e do novo regime, 
a maioria dos intelectuais [brasileiros] cedo perdeu a garra 
crítica de um passado recente e imergiu na água morna de 
um estilo ornamental, arremedo da belle époque europeia e 
claro signo de uma decadência que se ignora.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1989. p. 219.
NeStA uNiDADe, VOCÊ VAi eStuDAr OS SeGuiNteS CAPÍtuLOS:
1. Parnasianismo
2. Simbolismo
3. Vanguardas europeias e Modernismo português
4. Produção de texto: seminário
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1 Parnasianismo
PArA COMeÇAr
ATENÇÃO!
Não escreva 
no livro!
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• Observe as imagens acima, que reproduzem pôsteres elaborados por artistas europeus no final do século XIX, e 
responda: o que predomina nelas – a simplicidade ou o rebuscamento? Justifique sua resposta.
Ver Manual – Item 1.
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O Parnasianismo na História
Na Europa, o Positivismo, apoiado na ciência e na técnica, marcou a atmos-
fera ideológica da segunda metade do século XIX e influenciou a produção lite-
rária realista e naturalista. Ao lado do Realismo e do Naturalismo, um outro 
movimento literário – o Parnasianismo – também foi marcado pela objetividade 
e pelo rigor característicos do pensamento positivista.
O Parnasianismo, movimento literário de caráter exclusivamente poético, de-
senvolveu-se nas últimas décadas do século XIX como uma crítica aos modelos 
poéticos e temas românticos. Os poetas parnasianos, que defendiam novos rumos 
para a poesia, propagavam a ideia de que os poemas deveriam modernizar-se, 
baseando-se no rigor experimental: o poema como 
um “mundo de experiências fechado em si mesmo”.
Na perspectiva dos poetas parnasianos, a subje-
tividade dos românticos havia gerado poemas ex-
cessivamente emocionais e era preciso, então, ela-
borar uma poesia nova, que corrigisse esses exageros. 
Com essa missão, os escritores se apoiaram nos mo-
delos clássicos e criaram o princípio da arte pela ar-
te, que pregava a busca da perfeição formal, como 
veremos mais adiante.
O Parnasianismo teve origem na França. Em Por-
tugal, não houve autores muito representativos des-
se movimento. Já no Brasil, os poetas parnasianos 
tiveram grande expressão, uma vez que a sua poesia 
foi capaz de traduzir a mentalidade e os anseios de 
nossas elites nas últimas décadas do século XIX e no 
início do século XX.
Nos primeiros tempos de nossa vida republicana, 
os mais ricos não mediram esforços para parecer 
modernos e tentar se enquadrar nos padrões euro-
peus. Como consequência, por aqui se disseminou, 
nessa época, a Belle Époque (expressão francesa que 
significa “época bela”), uma onda de luxo e ostenta-
ção baseada na cópia dos valores e do modo de vida 
das elites europeias.
Em especial no Rio de Janeiro, a então capital do 
país, diversas mudanças ocorreram para criar um no-
vo cenário urbano, espécie de cartão-postal da Repú-
blica. Com a marginalização de um grande contingen-
te de pessoas pobres (que foram empurradas para os 
morros e para as margens da cidade), forjou-se uma 
cidade pretensamente erudita e sofisticada, que ten-
tava exibir um Brasil branco e europeizado.
Foi nesse contexto, no qual as nossas elites vi-
viam numa atmosfera cultural um tanto artificial, 
que, a partir da década de 1880, ganhou fôlego a 
poesia parnasiana, que fez bastante sucesso nos sa-
lões brasileiros. 
Arte e literatura. 1867. William-Adolphe Bouguereau. Óleo sobre tela, 
108 cm 3 200 cm. Museu de Arte Arnot, Nova York, EUA. 
As figuras humanas personificam ideias abstratas: a mulher sentada 
representa a Literatura e a em pé, a Arte. Notam-se, ainda, 
elementos que remetem à arte clássica greco-romana, como a 
construção arquitetônica ao fundo, o ramo de flores na cabeça, a 
perfeição anatômica e a expressão de austeridade.
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Capítulo 112
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A Belle Époque tropical
Em um livro intitulado Belle Époque tropical, o historiador estadunidense 
Jeffrey D. Needell analisa o processo de “colonização cultural” da elite carioca 
durante a Belle Époque, do final do século XIX às primeiras décadas do século 
XX, mostrando como a classe dominante urbana brasileira reproduzia de 
maneira acrítica ideais e valores ingleses e principalmente franceses. Afirma 
o pesquisador:
As elites de São Paulo e do Rio de Janeiro queriam reproduzir o modo de vida europeu, bastante marcado no vestuário da época e 
nos costumes praticados. Na foto, mulheres no cais Pharoux. Rio de Janeiro, c. 1900.
O que com frequência fora, na Europa, parte de 
uma tentativa de conquistar ou manter posições de 
classe superiores, por meio da identificação com 
tradições aristocráticas passadas, tornou-se, no Rio, 
parte de uma tentativa bem-sucedida de se fazer a 
mesma coisa por meio da identificação com um po-
deroso conjunto de símbolos, instituições e usos 
metropolitanos. E tudo isso em meio à evolução de 
uma sociedade familiar, tradicional, dominada por 
fazendeiros, para uma sociedade urbana e estranha-
mente complexa que mudava com rapidez.
[...] em 1900, um membro da elite carioca era 
parte de uma cultura profundamente europeia, 
que influenciava, da forma mais natural e hege-
mônica, todas as facetas de sua vida enquanto 
membro do estrato dominante. A maneira como 
eram socializados, como se relacionavam com 
seus dependentes ou com seus pares tradicionais, 
como se vestiam, se comportavam, pensavam, co-
miam, faziam amor e tratavam do casamento, dos 
negócios e da política, as escolas que frequenta-
vam, os clubes de que eram sócios, o entreteni-
mento que desfrutavam ou buscavam, as casas e 
edifícios em que viviam e trabalhavam, os círculos 
sociais que cultivavam (e o modo como o faziam), 
e a literatura que liam – todos esses aspectos de-
licados e cruciais da cultura e sociedade [...] [esta-
vam] cada vez mais determinados pelos paradig-
mas franco-ingleses aristocráticos aceitos por esta 
elite tropical como a Civilização.
NEEDELL, Jeffrey D. Belle Époque tropical. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1993. p. 272. 
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INTERDISCIPLINARIDADE 
com História (Reformas urbanas 
no Rio de Janeiro).
Parnasianismo 13
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 LeiturA
Leia a seguir os versos de Arnaldo Colombo, publicados pela primeira vez no 
Diário do Rio de Janeiro, em 1878, e responda às questões que se seguem.
A poesia de ontem de Abreus e de Varelas,
Coberta com o véu do triste idealismo,
Só fazem-nos do amor as mórbidas querelas
Sem olhar que a nação caminha pr’um abismo.
[...]
O moderno ideal por sol tem as ciências
Que as sendas lh’iluminam;
O velho só tem flor, extratos e essências,
Passarinhos que trinam...
COLOMBO, Arnaldo. In: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 
São Paulo: Cultrix, 1989. p. 244.
1. Na perspectiva do eu lírico, com que seria “coberta” a “poesia de ontem”, ou seja, a 
poesia romântica?
2. Qual seria o “sol” (o guia) do “moderno ideal”?
3.Releia os dois últimos versos: quais seriam os temas da poesia velha (romântica)?
Aspectos da poesia parnasiana
Os versos lidos na seção anterior estabelecem uma crítica aos modelos poé-
ticos românticos, abrindo caminho para uma nova concepção de poesia, que 
buscava ser mais contemporânea à sua época e afinada com o pensamento 
positivista. A poesia parnasiana é pautada pela exatidão formal e pela clareza 
de seus temas, ainda que com um rebuscamento de formas e técnicas. Essas 
características levariam, segundo os defensores dos poemas paranasianos, a 
uma suposta apreensão objetiva do mundo. 
O Parnasianismo desenvolveu-se primeiramente na França, onde foi publi-
cada, em 1866, uma antologia de poemas intitulada Le parnasse contemporain, 
que reuniu 37 escritores franceses. O próprio título dessa coletânea, que remete 
a “Parnaso” – nome dado a uma lendária montanha da Grécia antiga dedicada 
às musas que inspiravam a arte –, ajuda a compreender o seu viés clássico, pau-
tado pelo exercício da razão, pelo equilíbrio e pela perfeição formal.
Avessos ao que entendiam ser “arroubos românticos”, os poetas parnasianos 
franceses, entre eles Théophile Gautier (1811-1872), dedicaram-se a escrever poe- 
mas, especialmente sonetos, preocupados com o rigor da forma, ou seja, com o 
planejamento rígido das estrofes, da métrica e das rimas. Nesse sentido, o tema 
dos poemas e também a reflexão que eles poderiam suscitar passaram a não 
ter grande importância. É esse o ideal da arte pela arte: uma arte voltada para 
si mesma, para a sua própria elaboração formal, sem vinculação direta com a 
sociedade ou com a moral.
São traços presentes na poesia parnasiana: a postura objetiva do eu lírico, a 
linguagem descritiva, a inversão sintática, a erudição vocabular – que traduz a 
escolha da palavra “exata” para compor os versos – e o resgate de temas da 
Antiguidade clássica, com referências a figuras mitológicas e históricas.
Abreus/Varelas: 
referência aos poetas 
românticos Casimiro de 
Abreu (1839-1860) e 
Fagundes Varela 
(1841-1875).
mórbidas: doentes.
querelas: lamentações, 
queixas.
sendas: caminhos 
estreitos, veredas.
Página da terceira edição de Le 
parnasse contemporain, 1876.
Retrato do francês Théophile 
Gautier, poeta parnasiano de 
destaque.
1. A poesia romântica seria 
“coberta com o véu do triste 
idealismo”.
2. Seriam “as ciências”, capazes 
de iluminar os caminhos 
(sendas) da nova poesia.
3. De maneira irônica, o 
poema afirma que a poesia 
romântica está baseada na 
idealização da natureza, pois 
“[...] só tem flor, extratos e 
essências,/Passarinhos que 
trinam”.
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Capítulo 114
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Poesia parnasiana brasileira
O marco inicial do Parnasianismo no Brasil foi a publicação do livro Fanfarras 
(1882), do poeta Teófilo Dias, obra em que já é possível observar a incorporação 
dos princípios estéticos parnasianos. Antes disso, em 1878, o jornal Diário do Rio 
de Janeiro foi palco de uma polêmica literária, que ficou conhecida como “A 
batalha do Parnaso”, na qual alguns poetas adeptos da Ideia Nova, que corres-
ponderia ao realismo literário, opuseram-se aos modelos literários românticos, 
entendidos como ultrapassados. Essa polêmica, ainda que não tenha divulgado 
os princípios parnasianos, teve o mérito de agitar o meio cultural e indicar a 
necessidade de renovação do fazer poético.
Além de Teófilo Dias, alguns dos poetas brasileiros que mais se destacaram 
no cenário parnasiano foram Vicente de Carvalho, Augusto de Lima, Luís Delfino, 
Francisca Júlia da Silva e, especialmente, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia 
e Olavo Bilac, considerados os mais importantes escritores do movimento. Os 
poemas parnasianos circularam entre as camadas leitoras e foram vivamente 
apreciados por quase quatro décadas – até os anos de 1920, quando as ideias 
modernistas ganharam espaço no panorama cultural brasileiro.
Embora os poetas parnasianos brasileiros fossem adeptos do descritivismo 
e do princípio de lapidação formal dos poemas, frequentemente abriram espaço 
para a expressão mais subjetiva dos sentimentos – o que os aproximou, em 
muitos casos, dos poetas românticos – e para o sensorialismo, que veio a se 
desdobrar no movimento simbolista, examinado no próximo capítulo.
Batalhas de flores: uma festa das elites no rio de Janeiro
No Rio de Janeiro do início do século XX, 
eram comuns festividades ligadas ao início 
da primavera. Um de seus pontos altos 
eram as “Batalhas de flores”, concursos 
organizados pela prefeitura em que as 
elites desfilavam com roupas e carros 
ornamentados.
Leia um comentário sobre o evento pu-
blicado em uma revista da época:
Sugerimos que os sonetos de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac sejam lidos em voz alta para e pelos alunos. As inversões sintáticas 
presentes nos versos podem ser analisadas e revertidas em ordem direta para facilitar a compreensão dos sonetos.
Sabem todos que essas batalhas de flores, tão animadas, elegantes e alegres quando feitas em Nice, em 
Viena e em Paris, são um divertimento de ricos com o qual tem o povo a ganhar: o gosto visual do luxo em 
exibição e a emoção artística nos aspectos ornamentais das carruagens. É, portanto, um meio de educar 
esteticamente os rudes e os pobres (Revista O comentário, setembro de 1903).
SEVCENKO, Nicolau. A revolta da vacina. São Paulo: 
Scipione, 1993. p. 66. (História em Aberto).
Rio de Janeiro, 1907.
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Alberto de Oliveira
Alberto de Oliveira (1859-1937) foi um poeta parnasiano típico, um artesão 
literário que se especializou em compor quadros, cenas e retratos, quase sempre 
estáticos. Sua concepção mimética da realidade o levou a escrever sonetos cujos 
temas eram objetos artísticos, num movimento que pode ser entendido, segun-
do o crítico Alfredo Bosi, como “arte sobre a arte”. É o que pode ser observado, 
por exemplo, em poemas como “Vaso grego” ou “Vaso chinês”, que descrevem 
objetos decorativos.
Leia, a seguir, um soneto que, com grande apuro formal, descreve a aparên-
cia e a finalidade de um muro. Na última estrofe, atente para a personificação 
do muro e para a apreensão emotiva da lua.
O muro
É um velho paredão, todo gretado, 
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
Deixou num cacto em flor ensanguentado
E num pouco de musgo em cada fenda.
Serve há muito de encerro a uma vivenda;
Protegê-la e guardá-la é seu cuidado;
Talvez consigo esta missão compreenda,
Sempre em seu posto, firme e alevantado.
Horas mortas, a lua o véu desata,
E em cheio brilha; a solidão se estrela
Toda de um vago cintilar de prata;
E o velho muro, alta a parede nua,
Olha em redor, espreita a sombra, e vela,
Entre os beijos e lágrimas da lua.
OLIVEIRA, Alberto de. O muro. In: Parnasianismo. 
Seleção e prefácio de Sânzio de Azevedo. 
São Paulo: Global, 2006. p. 22. 
(Roteiro da Poesia Brasileira).
Raimundo Correia
Raimundo Correia (1859-1911) foi um sonetista meticuloso, capaz de ex-
plorar com talento as potencialidades sonoras da língua. Em alguns de seus 
poemas, é possível observar uma percepção negativa do mundo, expressa 
em tom melancólico.
No soneto a seguir, marcado por uma intensa atmosfera de sensualidade, o 
eu lírico aproxima os planos divino e carnal ao descrever o sonho que teria tido 
com a mulher amada.
gretado: rachado.
encerro: prote•‹o.
O típico parnasiano Alberto 
de Oliveira.
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Filipe Rocha/Arquivo da editora
Capítulo 116
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Olavo Bilac
O mais consagrado poeta do Parnasianismo,conhecido como “Príncipe dos 
Poetas”, Olavo Bilac (1865-1918) foi também o mais nacionalista e ideologicamen-
te conservador. Espécie de poeta oficial da República, escreveu a letra do Hino à 
Bandeira e poemas infantis de cunho moralizante, demonstrando ser um ufa-
nista ferrenhamente apegado às tradições.
Sua poesia, bastante retórica, focaliza temas tão diversos como a beleza 
feminina e os fatos históricos e, de modo geral, agradava bastante ao público. O 
poema “Profissão de fé”, um dos mais conhecidos, é uma declaração dos princí-
pios parnasianos, em que o poeta é comparado ao ourives, já que trabalharia 
minuciosamente as palavras – assim como o joalheiro trabalha o ouro e as pedras 
preciosas – para elaborar sua criação.
O soneto transcrito a seguir é um dos 35 poemas que compõem a série Via 
Láctea. Bastante lírico, ele encena um diálogo e acaba por fazer a defesa do 
sentimento amoroso. Note-se o efeito de sentido obtido ao fim do poema, com 
o uso intencional da “chave de ouro”, verso final que conclui de maneira eloquen-
te as ideias desenvolvidas ao longo texto.
Via Láctea (XIII)
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso”! E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto, 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
BILAC, Olavo. Via Láctea. In: Parnasianismo. Seleção e prefácio de Sânzio de Azevedo. 
São Paulo: Global, 2006. p. 54. (Roteiro da Poesia Brasileira).
senso: juízo, bom senso, 
tino.
pálio: manto, capa.
Beijos do cŽu
Sonhei-te assim, é minha amante, um dia;
– Vi-te no céu; e, enamoradamente,
De beijos, a falange resplendente
Dos serafins, teu corpo inteiro ungia... 
Santos e anjos beijavam-te... Eu bem via! 
Beijavam todos o teu lábio ardente; 
E, beijando-te, o próprio Onipotente, 
O próprio Deus nos braços te cingia!
Nisto, o ciúme – fera que eu não domo –
Despertou-me do sonho, repentino...
Vi-te a dormir tão plácida a meu lado...
E beijei-te também, beijei-te... e, ai! Como
Achei doce o teu lábio purpurino, 
Tantas vezes assim no céu beijado!
CORREIA, Raimundo. Beijos do céu. In: Parnasianismo. 
Seleção e prefácio de Sânzio de Azevedo. São Paulo: Global, 2006. p. 38. (Roteiro da Poesia Brasileira).
O poeta Olavo Bilac.
falange: multidão, 
legião.
ungia: untava com óleo 
ou substâncias 
aromáticas.
cingia: unia, envolvia.
plácida: tranquila, 
sossegada, serena.
purpurino: de cor 
púrpura (vermelho- 
-escura), purpúreo.
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 LeiturA
O soneto a seguir, intitulado “O pior dos males”, foi escrito por Alberto de 
Oliveira com base em um mito grego. Segundo a mitologia clássica, Pandora, 
mulher de beleza e esplendor inigualáveis, recebeu de presente uma caixa que 
continha todos os males e calamidades que assolam a humanidade. Curiosa, 
ergueu a tampa da caixa e, então, todos os horrores se espalharam pelo mundo. 
Ela conseguiu reter somente a esperança, único bem presente na caixa, capaz 
de fortalecer e consolar os homens diante dos infortúnios. Considerando essa 
narrativa, leia o poema e, em seguida, responda às questões propostas.
O pior dos males
Baixando à Terra, o cofre em que guardados
Vinham os Males, indiscreta abria
Pandora. E eis deles desencadeados
À luz, o negro bando aparecia.
O Ódio, a Inveja, a Vingança, a Hipocrisia,
Todos os Vícios, todos os Pecados
Dali voaram. E desde aquele dia
Os homens se fizeram desgraçados.
Mas a Esperança, do maldito cofre
Deixara-se ficar presa no fundo,
Que é última a ficar na angústia humana...
Por que não voou também? Para quem sofre
Ela é o pior dos males que há no mundo,
Pois dentre os males é o que mais engana.
OLIVEIRA, Alberto de. O pior dos males. In: Parnasianismo. Seleção e 
prefácio de Sânzio de Azevedo. São Paulo: Global, 2006. p. 23. (Roteiro da Poesia Brasileira).
Olavo Bilac, o jornalista
Embora a crítica tradicional tenha destacado basicamente a produção poética de Olavo Bilac, outra fa-
ceta do escritor merece relevo: a de jornalista. Cronista sagaz, Bilac escreveu mais de 1 500 crônicas entre os 
anos de 1883 e 1908 em diversos jornais, principalmente do Rio de Janeiro e de São Paulo, como a Gazeta de 
Notícias, o Correio Paulistano e o Estado de S. Paulo.
O pesquisador Antonio Dimas, responsável pelo resgate das crônicas do escritor, aponta que a cidade do 
Rio de Janeiro, imersa nas contradições políticas da virada do século XIX, é o grande personagem de seus 
textos jornalísticos, os quais, afastando-se dos textos poéticos, eventualmente apresentam uma percepção 
mais crítica da realidade.
Leia o fragmento de uma crônica publicada no jornal Gazeta de Notícias, em 23 de junho de 1901.
Quem escreve estas linhas tem ultimamente, no cumprimento de um dever profissional, percorrido o 
mais pobre, o mais triste, o mais sujo dos bairros do Rio de Janeiro, – a zona que abrange a Saúde, a Gamboa, 
a Praia Formosa, entre a orla do mar e os morros da Conceição, do Pinto, da Providência. Nessa região cheia 
de trapiches, de estaleiros, de depósitos de madeira e carvão, de estalagens e de tavernas suspeitas, formiga 
uma população macilenta e triste.
DIMAS, Antonio. Bilac, o jornalista: ensaios. São Paulo: Imprensa Oficial do 
Estado de São Paulo/Edusp; Campinas: Ed. da Unicamp, 2006. p. 119. 
Capítulo 118
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1. É possível afirmar que o soneto apresenta grande rigor formal? Justifique sua 
resposta.
2. Explique o uso de letras maiúsculas para grafar alguns dos substantivos comuns 
presentes no soneto.
3. Segundo o poema, qual seria “o pior dos males”? Essa perspectiva expressa pelo 
poema parnasiano converge com a expressa pelo mito grego?
Cr’tica aos parnasianos
A linguagem erudita e rebuscada presente na poesia parnasiana brasileira, 
bem como o próprio projeto literário do Parnasianismo, que preconizava a arte 
pela arte, foram alvos de críticas – muitas vezes irônicas – por parte de vários 
escritores brasileiros. Essas críticas foram lançadas especialmente por aqueles 
que, nos primeiros anos do século XX, empenharam-se em delinear uma identi-
dade própria para a nossa literatura, com a criação de uma linguagem literária 
“brasileira” livre das amarras da norma portuguesa e capaz de representar a 
dicção popular.
A seguir, você conhecerá algumas críticas – todas elas bem-humoradas – 
formuladas por nossos escritores contra a estética parnasiana.
Lima Barreto: a crítica irônica à língua das elites
O escritor carioca Lima Barreto (1881-1922), identificado com o período lite-
rário pré-modernista, foi um opositor ferrenho das fórmulas linguísticas rebus-
cadas e preciosistas impostas pelos entusiastas da Belle Époque. De fato, o escri-
tor tinha a consciência de que esse refinamento excessivo no uso da língua 
estava ligado a um modelo linguístico elitista, usado por pessoas que dispunham 
de maior prestígio econômico e social. Por isso, em várias de suas obras, denun-
ciou a artificialidade da linguagem literária, afirmando que ela era opressora e 
não representava o Brasil e o povo brasileiro.
Em seu primeiro romance, Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909), por 
exemplo, Lima Barreto tece uma severa crítica à imprensa carioca, que, em sua 
perspectiva, seria povoada por pessoas frívolas e interesseiras. Na narrativa, cria 
o personagem Lobo, jornalista defensor de uma língua “pura”, espécie de enti-
dade divina que deveria ser cultuada.
Leia, no fragmento transcrito a seguir, um diálogo estabelecido

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