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Semiologia Como fazer a anamnese perfeita (parte 1) Juliana Simão O que é anamnese? Em termos simples, pode-se pensar que “fazer anamnese” é simplesmente “conversar com o paciente”; contudo, entre uma coisa e outra há uma distância enorme, basicamente porque o diálogo entre o médico e o paciente tem objetivo e finalidade preestabelecidos, ou seja, a reconstituição dos fatos e dos acontecimentos direta ou indiretamente relacionados com a situação anormal da vida do paciente. A anamnese é um instrumento para triagem de sintomas anormais, problemas de saúde e preocupações, e registra as maneiras como a pessoa responde a essas situações, abrindo espaço para a promoção da saúde. Quanto tempo leva para se fazer uma boa anamnese? Para que se faça uma entrevista de boa qualidade, antes de tudo o médico deve estar interessado no que o paciente tem a dizer. Ao mesmo tempo, é necessário demonstrar compreensão e desejo de ser útil àquela pessoa, com a qual assume um compromisso. Não se pode, é óbvio estabelecer limites rígidos. Nas doenças agudas ou de início recente, em geral apresentando poucos sintomas, é perfeitamente possível conseguir uma história clínica de boa qualidade em 10 minutos, ao passo que nas doenças de longa duração, com sintomatologia variada, não se gastarão menos do que 30 a 60 minutos na anamnese. Além disso, a falta de conhecimento sobre os sintomas da doença limita a possibilidade de se obter uma investigação anamnésica completa, pois quando não se conhece um fenômeno, não se sabe que meios e modos serão mais úteis para que seja detectado e entendido, e é por isso que se deve ter conhecimento adequado para que se saiba o que e como perguntar algo. Técnicas de anamnese Conduzir uma anamnese não é uma tarefa fácil, pois não basta pedir ao paciente que relate sua história e anotá- la, já que muitos pacientes têm dificuldade para falar e precisam de incentivos, e outros têm mais interesse em narrar as circunstâncias e os acontecimentos paralelos e relatar seus padecimentos. Aliás o paciente não é obrigado a saber como deve relatar suas queixas, o profissional é que precisa saber como obtê-las. Para conseguir a anamnese perfeita, são sugeridas algumas técnicas que o examinador pode utilizar. São elas: apoio, facilitação, reflexão, esclarecimento, confrontação, interpretação, respostas empáticas e silêncio. ✓ Apoio: Afirmações de apoio despertam segurança do paciente. Dizer, por exemplo, “eu compreendo” em momento de dúvida pode encorajá-lo a prosseguir no relato de alguma situação difícil. Semiologia Como fazer a anamnese perfeita (parte 1) Juliana Simão ✓ Facilitação: O profissional consegue facilitar o relato do paciente por meio de sua postura, de ações ou palavras que o encorajem, mesmo sem especificar o tópico ou o problema que o incomoda. O gesto de balançar a cabeça levemente, por exemplo, pode significar para o paciente que ele está sendo compreendido. ✓ Reflexão: A reflexão é muito semelhante à facilitação e consiste basicamente na repetição das palavras que o profissional considerar as mais significativas durante o relato do paciente. ✓ Esclarecimento: O esclarecimento é diferente da reflexão porque, nesse caso, o profissional procura definir de maneira mais clara o que o paciente está relatando. Por exemplo, se o paciente se refere à tontura, o profissional, por saber que esse termo tem vários significados, procura esclarecer qual deles o paciente se refere (vertigens? Sensação desagradável na cabeça?). ✓ Confrontação: A confrontação consiste em mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou comportamento. Por exemplo, o paciente mostra-se tenso, ansioso e com medo, mas diz ao profissional que “está tudo bem”. Aí o profissional pode confrontá-lo da seguinte maneira: “você disse que está tudo bem, mas por que está com lágrimas nos olhos?” Essa afirmativa pode modificar inteiramente o relato do paciente. ✓ Interpretação: Na interpretação, o profissional faz uma observação a partir do que vai notando no relato ou no comportamento do paciente. Por exemplo: “você parece preocupado com laudos das radiografias que me trouxe.” ✓ Resposta empática: A resposta empática é a intervenção do profissional mostrando “empatia”, ou seja, compreensão e aceitação sobre algo relatado pelo paciente. A resposta empática pode ser por palavras, gestos ou atitudes, como colocar a mão sobre o braço do paciente, oferecer um lenço se ele estiver chorando ou apenas dizer a ele que compreende seu sofrimento. No entanto, é necessário cuidado com esse tipo de procedimento, pois a palavra ou gesto do médico pode desencadear uma reação inesperada ou até contrária por parte do paciente. ✓ Silêncio: Há momentos na entrevista em que o examinador deve permanecer calado, mesmo correndo o risco de parecer que perdeu o controle da conversa. O silêncio pode ser o mais adequado quando o paciente se emociona ou chora. Saber o tempo de duração do silêncio faz parte da técnica e da arte de entrevistar.
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