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Avaliação do Estado Nutricional Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Vanessa Fracaro Menck Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Antropometria • Fundamentos da Avaliação da Composição Corporal; • Métodos de Avaliação da Composição Corporal; • Calibração e Manutenção dos Equipamentos; • Estudos Populacionais. • Compreender os fundamentos, as aplicações e os protocolos para avaliação antropométri- ca na prática clínica. OBJETIVO DE APRENDIZADO Antropometria Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Antropometria Fundamentos da Avaliação da Composição Corporal A avaliação da composição corporal é um aspecto importante para determinar como estão as condições de saúde dos nossos pacientes. Existe uma relação direta entre a composição corporal de um indivíduo e a sua saúde e nós podemos utilizá-la em todas as áreas da Nutrição e em todas as faixas etárias. A composição corporal avalia a relação entre gordura corporal visceral, massa muscular, massa óssea e hidratação. Quando maior a porcentagem de massa de gordura, maior a possibilidade de desenvolvimento e agravamento das doenças crônicas não transmissíveis, como cardiopatias, nefropatias, neuropatias e outras doenças de base inflamatória, como obesidade e diabetes. Com os resultados da análise, podemos avaliar e comparar indivíduos com o mesmo peso e estatura e estabelecer prognósticos diferentes para ambos. A porcentagem de gordura corporal é que vai ajudar a determinar quais as suas características de saúde. Importante! A composição corporal tem como objetivo identificar ações profiláticas e de tratamento em indivíduos com componentes da composição anormal e em perfil de risco. Importante! A partir dos resultados da composição corporal, realizamos o planejamento die- tético e a distribuição e recomendação de macro e micronutrientes, além das orien- tações gerais para a patologia ou objetivos do paciente. Com a análise da composição corporal, podemos avaliar os resultados de: • Um programa de emagrecimento; • Adequação do crescimento em crianças e adolescentes; • Perdas e ganho de peso e massa muscular no pós-cirúrgico; • Avaliação de um processo em atletas e praticantes de atividade física; • Perda e ganho de massa muscular em idosos. Existem diferentes métodos e equipamentos para a avaliação da composição corporal. Alguns deles são mais comuns em laboratórios e centros de pesquisa devido ao custo elevado. Existem métodos simples e acessíveis para ter nos consultórios de nutrição. Logo adiante, veremos todos eles. 8 9 Por exemplo: • Maria A., atleta, tem 70Kg e 1,60m de altura, com 16% de gordura corporal; • Ana R. sedentária, tem 70Kg e 1,60m de altura, com 30% de gordura corporal. Os exemplos acima servem apenas para mostrar que o peso isolado não é um indicativo de estado nutricional. Nós já vimos como aferir peso, estatura e IMC. Neste módulo, veremos como diferenciar a massa em porcentagem de gordura corporal, massa óssea, gordura visceral e hidratação. Para realizar um acompanhamento preciso de um indivíduo, é necessário comparar o mesmo método, o mesmo avaliador (no caso do uso das dobras cutâneas), com as mesmas condições do indivíduo. Métodos de Avaliação da Composição Corporal Vejamos, então, quais os métodos disponíveis e como eles funcionam. Métodos Científicos, Laboratoriais e Exames de Imagem Pesagem Hidrostática Considerada padrão ouro para determinação de gordura corporal. O equipamento mede a diferença entre a densidade da gordura corporal e da massa muscular . A equação utilizada considera o peso submerso. Figura 1 – Pesagem hidrostática Fonte: Getty Images 9 UNIDADE Antropometria Quanto menor a densidade, menor a proporção de gordura corporal. O músculo possui menor densidade do que a massa gordurosa. Padrão Ouro É o método com melhor grau de precisão para a avaliação. No caso da avaliação da composição corporal são considerados padrão ouro a pesagem hidrostática, a Ressonância Nuclear Magnética e o DEXA. A pesagem hidrostática é mais utilizada em estudos científicos devido à estrutura necessária para realizar o exame, por estar presente em poucos lugares e devido ao alto custo. Densidade do músculo e da gordura corporal Na imagem a seguir, temos a diferença de densidade do músculo e da gordura. O tecido muscular ocupa menos espaço, apesar de possuir o mesmo peso. O músculo possui alta ativi- dade metabólica, concentração de mitocôndrias e elevado gasto de energia e nutrientes. Pleitismografia de Descolamento de Ar (PDA) Estima a porcentagem de gordura corporal a partir da densidade corporal atra- vés de um dispositivo chamado POD-POD. Ele traz bons resultados para indivíduos pediátricos e obesos. Um dos seus bene- fícios é que ele não depende da água corporal do indivíduo, ou seja, os resultados não sofrem influência da hidratação e edemas para análise da composição corporal. Figura 2 – Equipamento que é utilizado para a PDA Fonte: Divulgação 10 11 Absorciometria de Raio X e de Dupla Energia (DEXA) A absorciometria de energia dupla de raios X (DEXA) avalia a densidade óssea, mas também tem boa acurácia para avaliar a porcentagem de gordura corporal. O equipamento faz análise por meio de Raio X liberados em um tubo. O equipamento emite níveis baixos de radiação e é possível ser encontrado em hospitais e clínicas de diagnóstico. O exame tem a duração de alguns minutos e é necessário que o paciente não se mova ao longo da execução. Crianças e idosos podem ter mais dificuldade de rea- lizá-lo. Hidratação e densidade óssea alterada podem alterar o resultado do exame. Tomografia Computadorizada Realiza a avaliação de forma segmentar e é considerada um padrão-ouro para avaliação de quantidade de gordura abdominal. É realizada em Laboratórios de Diagnóstico e pode ser utilizada para acompanhamento clínico. A variação de resultado entre um aparelho e outro é pequena e não fornece problemas se houver mudança de Laboratórios. Fornece imagens transversais e informações a respeito da quantidade de tecido adiposo total, visceral, subcutâneo e índice de musculatura esquelética. Para análise dos resultados,é necessário software específico para a avaliação de composição corporal, possui alto custo e expõe o paciente à radiação. Não deve ser indicado para gestantes. Figura 3 Fonte: Getty Images Ressonância Nuclear Magnética É um ótimo método de imagem para diferenciar massa magra e massa gordurosa. É considerada padrão-ouro para correlação entre massa visceral e subcutânea. Avalia a adiposidade em órgãos de alta taxa metabólica, como fígado, coração e rins. 11 UNIDADE Antropometria Não possui interferência de hidratação, além de não ser invasivo e não expor o paciente à radiação. Possui alto custo, é uma tecnologia altamente especializada e pouco disponível. Pregas Cutâneas São simples, convenientes, baratas (precisam apenas de uma fita métrica, balança, do avaliador e de um adipômetro (plicômetro) para serem aplicadas. Possuem exce- lente acurácia no resultado e ótima correlação com o DEXA (ANDREOLI, 2016). As medidas obtidas padronizadas são incluídas em uma fórmula validada, que oferece em seu resultado o percentual de gordura corporal e de massa magra. Existem algumas fórmulas disponíveis validadas com diferentes populações. Ao utilizar essa ferramenta, são necessários alguns cuidados: • Resultado depende muito da experiência do avaliador; • Resultados variam de avaliador para avaliador; • Sofre interferência de adipômetro clínico para científico; • Perde acurácia em muito magros e obesos; • Erro aceitável de até 3,5%; • Calibração dos equipamentos; • Não avalia tecido adiposo visceral; • Não deve ser utilizada em pacientes com queimaduras ou edemas graves. Pacientes com edema, obesos e com queimaduras podem ser avaliados de forma subjetiva global, avaliando seu risco de desnutrição a partir da ingestão energética, perda de peso e risco de desnutrição. No caso de idosos, quando não é possível aferir o peso e/ou estatura, são reali- zadas as seguintes medidas: circunferência do braço, altura do joelho, circunferên- cia da panturrilha (CHUMLEA, 1998). Ao realizar a avaliação, os resultados são oferecidos aos pacientes em um laudo feito pelo próprio profissional ou no programa utilizado para realizar a digitação dos dados. Com os seguintes dados: • Peso e estatura; • Gordura corporal (em quilos); • Massa muscular (peso corporal – Gordura Absoluta); 12 13 • Gordura corporal relativa (= (peso corporal x %G) / 100); • Peso corporal Ideal: » Homens: peso corporal ideal = massa magra/0,85; » Mulheres: peso corporal ideal = massa magra/0,75; • Peso corporal em excesso: = peso corporal real – peso corporal ideal. Bioimpedância A bioimpedância é uma ferramenta de análise da composição corporal que con- sidera a diferença entre a condutividade elétrica entre os tecidos corporais. Através de uma carga elétrica imperceptível gerada pelo equipamento e a velocidade que a carga passa através da massa muscular, óssea, visceral e gordurosa, é possível diferenciar a proporção de cada uma delas no corpo (MAHAN, 2010). O tecido muscular possui uma condutividade maior, devido a maior taxa meta- bólica e presença de eletrólitos em relação à massa gordurosa. A bioimpedância é uma ferramenta que apresenta bons resultados, é prática e rápida de ser realizada. Em relação às dobras cutâneas e ao IMC, é considerada um bom método. O método preciso para a avaliação com a bioimpedância requer a colocação de eletrodos nas mãos, punho, pé e tornozelo direitos, em pontos específicos. Existem alguns equipamentos que tem essa acurácia precisa e científica. Porém, possuem um custo mais elevado. Não é recomendado para gestantes e lactantes. Orientações para o exame: • Paciente deve estar bem hidratado; • Não deve ter se exercitado nas 4 a 6 horas que precedem a avaliação; • Não deve ter consumido álcool, cafeína os diuréticos nas 24 horas anteriores; • Deve ser realizado sempre no mesmo período do ciclo menstrual; • Desidratação, febre e retenção hídrica alteram os resultados do exame. Bioimpedância na Prática Clínica A bioimpedância tem cada vez mais sido utilizada para a avaliação de composi- ção corporal na prática clínica. O que é importante notar é que existem diferentes tipos de equipamentos e isso impacta diretamente os resultados. Muitas pessoas preferem a bioimpedância por não ser um método prático e não invasivo. Equipamentos que utilizam apenas membros superiores ou inferiores geram re- sultados pouco precisos, por não avaliar todos os segmentos do corpo. 13 UNIDADE Antropometria Figura 4 – Bioimpedância tetrapolar de uso clínico Fonte: Getty Images Figura 5 Fonte: Getty Images 14 15 Figura 6 Fonte: Getty Images Figura 7 – Bioimpedância de uso científi co com a utilização de eletrodos Fonte: Getty Images A bioimpedância tetrapolar segmentada é a mais precisa, pois pega todos os quadrantes do corpo nos pontos anatômicos, partindo dos corretos. Ultrassonografia Quantifica a espessura da gordura corporal e da massa magra em diferentes quadrantes do corpo. É um método rápido e não invasivo, capaz de trazer diferentes medidas. Possui custo médio na prática clínica. Avalia a distribuição de gordura corporal e correla- ciona a gordura abdominal, visceral, hepática e intramuscular. 15 UNIDADE Antropometria É necessário experiência e capacidade de interpretação do avaliador. Figura 8 Fonte: Getty Images Calibração e Manutenção dos Equipamentos Equipamentos como a balança e o adipômetro devem ser calibrados a cada 6 meses ou de acordo com a orientação do fabricante do seu equipamento. A necessidade de calibração pode ser antes dos seis meses, de acordo com o número de utilizações. Qual O Melhor Equipamento? Depende! Qual o objetivo da sua avaliação? É necessário avaliar a qual equipamento você tem acesso, o custo e qual o ob- jetivo da avaliação. Mesmo com os equipamentos mais simples, é possível realizar o acompanhamento de pacientes e acompanhar a sua evolução. Nesses casos, o avaliador bem treinado e seguir os protocolos é muito importante. Estudos Populacionais É importante prestar atenção se existem critérios diferentes para escolher quais parâmetros utilizar para cada caso. Existem algumas diferenças para indivíduos e coletividades. No caso de estudos populacionais, tendemos a utilizar ferramentas mais baratas, acessíveis e que de- mandam menos tempo de aplicação para tornar os estudos viáveis. 16 17 Pesquisas como o caso da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que é realizada pelo IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde, com objetivo de produzir da- dos sobre o padrão nutricional e estilo de vida da população brasileira, utiliza peso, altura, aferição da pressão e IMC para trazer as características. A utilização de outros equipamentos inviabilizaria a pesquisa devido ao custo e ao treinamento dos avaliadores. 17 UNIDADE Antropometria Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Avaliação antropométrica em idosos: estimativas de peso e altura e concordância entre classificações de IMC SOUZA, R. et al. Avaliação antropométrica em idosos: estimativas de peso e altura e concordância entre classificações de IMC. Rev. Bras. Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, n. 16, n. 1, p. 81-90, 2013. http://bit.ly/2SAmQzE Circunferência da cintura como indicador de gordura corporal e alterações metabólicas em adolescentes: comparação entre quatro referências PEREIRA, P. et al. Circunferência da cintura como indicador de gordura corporal e alterações metabólicas em adolescentes: comparação entre quatro referências. Rev. Assoc. Med. Bras. São Paulo, v. 56, n. 6, 2010. http://bit.ly/2UHXvqb Características antropométricas de nipo-brasileiros TANIGUCH, C. et al. Características antropométricas de nipo-brasileiros. Rev. bras. epidemiol. São Paulo, v. 7, n. 4, dez. 2004. http://bit.ly/3bsCmGl Influência do excesso de peso corporal e da adiposidade central na glicemia e no perfil lipídico de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 CAROLINA,A. et al. Influência do excesso de peso corporal e da adiposidade central na glicemia e no perfil lipídico de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 51, n. 9, 2007. http://bit.ly/39rMyNv 18 19 Referências ANDREOLI, A. Body composition in clinical practice. European Journal of radiology. Netherlands, v. 85, p. 1467-1468, 2016. CARTER, J. E. L. Heath BH. Somatotyping – Development and applications. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. CHUMLEA, W. C. et al. Prediction of body weight for nanombulatory eladely from anthropometry. J. Am.Diet. Assoc. Chicago, v. 88, n. 5, p. 564-568, 1988. MAHAN, L. K. Krause, Alimentos, nutrição e dietoterapia. 12.ed. São Paulo: Roca, 2010. SILVEIRA, A. et al. Guia Prático de Avaliação Física. São Paulo: Phorte, 2008. WHO – World Healthy Organization. Physical Staus: The Use and Interpretation of Antropometry. Who Technical Report Series 854. Geneva: 1995. 19
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