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DESCRIÇÃO A utilização de métodos de avaliação da composição corporal na determinação da quantidade de gordura no ser humano. PROPÓSITO Conhecer as técnicas de avaliação da composição corporal é fundamental para o profissional de Educação Física, visto a importância desta para a saúde, qualidade de vida, desempenho físico e esportivo. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar as técnicas diretas e indiretas para a avaliação da composição corporal MÓDULO 2 Identificar as técnicas duplamente indiretas para a avaliação da composição corporal MÓDULO 3 Reconhecer o método de somatotipo na avaliação da composição corporal INTRODUÇÃO Existem muitos métodos para avaliar a composição corporal e cada um tem vantagens e limitações. Para compreender essa variedade, categorizamos os métodos com nível de precisão na estimativa da gordura corporal. A categoria de nível 1 engloba os métodos de referência, mais precisos. O segundo nível de métodos de composição corporal são os métodos de laboratório, que em muitos casos não são precisos o suficiente para serem classificados como métodos de referência, mas são úteis e frequentemente usados como métodos de critério para avaliar um novo método. O terceiro nível são os métodos de campo, os quais podemos dividi-los em duas partes: as dobras cutâneas, bioimpedância e circunferências e a outra formada pelos índexes. Assim, discutiremos o que é a composição corporal, de que maneira podemos quantificar as estruturas que fazem parte da massa corporal total, como funcionam os métodos e como os aplicamos na prática para avaliar a composição corporal dos alunos. AVISO: orientações sobre unidades de medida. javascript:void(0) ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. PADRÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DAS TÉCNICAS DE COMPOSIÇÃO CORPORAL A avaliação da composição corporal tem por objetivo quantificar os componentes estruturais do corpo, dividindo-os em: GORDURA MÚSCULOS OSSOS VÍSCERAS LÍQUIDOS CORPORAIS MÓDULO 1 Identificar as técnicas diretas e indiretas para a avaliação da composição corporal Quando relacionados ao desempenho ou à saúde, é fundamental estabelecer as relações da gordura corporal com as demais estruturas, pois o excesso de gordura implica maiores exigências físicas nos vários desportos. Muitas vezes, o excesso de gordura corporal não é refletido na massa corporal total, e provavelmente esse excedente é a causa da deficiência na realização de uma atividade física. A gordura corporal tende a aumentar com o envelhecimento, devido ao declínio do volume de atividade física, à diminuição do ritmo metabólico basal associado à manutenção ou ao aumento do aporte calórico, excedendo na maioria das vezes as necessidades calóricas diárias. O excesso de peso corporal, quando associado à manutenção da saúde, não pode ser visto como problema, mas, sim, a quantidade de gordura corporal associada a este, pois a quantidade de gordura corporal, independentemente do peso, contribui para o aparecimento de doenças crônico-degenerativas. Em países desenvolvidos e no Brasil, o maior percentual de mortalidade está diretamente ligado às doenças crônico-degenerativas relacionadas ao sistema cardiorrespiratório, deixando claro não ser esse fator de risco um mal restrito a países desenvolvidos, mas ao mundo. Mudanças nesse quadro exigem medidas que gerem modificações na composição corporal, levando a gordura corpórea a relações aceitáveis com a massa corporal total, prevenindo o desencadeamento de processos que causem danos à saúde. A massa celular do corpo é, por definição, o tecido metabolicamente ativo, envolvido no consumo de oxigênio, na transferência de energia e no trabalho químico. A gordura corporal tem uma função metabolizante ínfima, deixando claro que, além do efeito lesivo que o excesso de gordura causa à saúde, este, quando relacionado ao desempenho atlético, aumenta o desgaste energético, gerando stress de ordem física, reduzindo desempenho. Nesse sentido, observa-se uma diferença em termos conceituais entre o excesso de peso e a obesidade. OBESIDADE É definida como uma condição na qual apenas a quantidade de gordura ultrapassa os índices desejados. EXCESSO DE PESO Refere-se à condição em que o peso corporal como um todo excede determinados limites em função do sexo, da faixa etária e da estatura. A literatura não é unânime quanto aos cortes de determinação dos percentuais de gordura para considerar uma pessoa obesa. Normalmente, índices de gordura percentual aceitáveis para homens entre 17 e 50 anos se situam entre 12% e 15% do peso corporal. Valores acima de 20% são associados como o primeiro corte para classificar indivíduos obesos do sexo masculino, entretanto, Lohman (1992), apresenta padrões de gordura corporal de referência, nos quais qualifica como obesos acima dos 25%. Assim, acredita-se que a visualização do percentual de gordura em faixas possibilite classificar os indivíduos com relação à quantidade de gordura corporal. Para que inferências possam ser realizadas, diversos modelos teóricos são utilizados para a obtenção de medidas de referência com relação à composição corporal, buscando o desenvolvimento de técnicas capazes de predizer algumas estruturas. Desde as pesquisas realizadas por volta dos anos 1940, um esforço concentrado vem sendo realizado nessa área de pesquisa. Lohman e Milliken (2020) relatam que a grande variedade de métodos pode ser dividida em três níveis: Nível de validade Técnica NÍVEL I Direta Modelo Multicomponente Imagem por Ressonância Magnética Tomografia Computadorizada NÍVEL II Indireta, baseada em hipóteses quantitativas Pesagem Hidrostática Pletismografia por Deslocamento de Ar Absortometria de raios X de Dupla Energia Imagem por Ultrassom NÍVEL III Duplamente indireta calibrada em função dos métodos do nível II Antropometria Dobra Cutânea Impedância Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Níveis de validação de diferentes técnicas para estimativa do percentual de gordura. Adaptada de Lohman; Milliken, 2020. As técnicas do 1º nível são diretas, as de 2º nível são chamadas indiretas , pois estimam outros parâmetros que não a gordura, como a densidade corporal, para estimar a quantidade de gordura, e os métodos do 3º nível são considerados duplamente indiretos, pois são calibrados em função dos métodos de 2º nível. Para que esses métodos possam ser desenvolvidos, é necessário que o corpo seja subdividido em compartimentos. Podemos classificá- los como: modelo de dois componentes, modelo químico, modelo de fluidos corporais e modelo anatômico. Veja a seguir: Modelos de composição corporal. Esses modelos buscam analisar a composição corporal com o menor erro possível. Dentre os padrões observados acima, o modelo de dois componentes é a estrutura mais utilizada pela maioria das técnicas de avaliação da composição corporal, sendo considerado o modelo clássico, dividindo o corpo em: gordura corporal e massa livre de gordura (massa corporal magra). Aparentemente, massa livre de gordura e massa corporal magra parecem ter o mesmo significado, mas são diferentes: MASSA CORPORAL MAGRA Inclui em seu conteúdo os lipídios essenciais utilizados nas funções corporais. MASSA CORPORAL LIVRE DE GORDURA Não inclui os lipídios essenciais. Assim, ressalta-se que, apesar da sinonímia verificada entre os termos, essa utilização pode induzir a erros na quantificação da gordura corporal. COMENTÁRIO Apesar de ser mais utilizado, o modelo de dois componentes possui limitações que podem comprometer os resultados da avaliação da composição corporal, refletindo nasequações de predição. O critério utilizado na avaliação do modelo de dois componentes é a hidrodensitometria, a qual será abordada mais adiante. Estimar a composição corporal por meio desse método é assumir que a água corporal, o conteúdo mineral ósseo e as frações da massa corporal livre de gordura são constantes, dia após dia. Entretanto, existem controvérsias quanto à verdade dessas premissas. Com isso, ocorreu o desenvolvimento de modelos multicomponentes em que dois ou mais são determinados, o que teoricamente aumenta a precisão da medida da composição corporal. Contudo, o modelo composto por vários componentes também possui algumas limitações, pois, embora o modelo de vários componentes possa minimizar o problema do modelo de dois componentes, o erro associado à medida de cada componente, quando combinado, poderia aumentar o erro na estimativa da composição corporal. Contudo, a tecnologia avançou e hoje contamos com vários equipamentos que podem ser utilizados na melhoria dos modelos para a avaliação da composição corporal. MÉTODOS DIRETOS Até pouco tempo, a única forma direta para a medida da composição corporal era realizada em cadáveres. Estudos clássicos realizados nas décadas de 1940, 1950 e 1960 dissecaram 9 cadáveres adultos para estudos de composição corporal. Mais recentemente, esse número foi alterado para 34 para uma nova referência na avaliação da composição corporal. Apesar das limitações que envolvem estudos cadavéricos, esse foi o ponto de partida para o desenvolvimento de várias equações e validação de métodos indiretos, tornando- se padrão-ouro na validação de novos métodos e equações. Com o avanço tecnológico, métodos de imagem como a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) são os métodos de referência de maior precisão para quantificar a composição corporal. Eles apresentam alto custo, mas são necessários para validação de outros métodos, assim como foram os estudos cadavéricos. A utilização da RM para estimar a composição corporal, divide o corpo em três partes: membros inferiores, abdome e membros superiores. O equipamento possui um grande ímã que interage com o corpo humano por meio de um campo magnético e pulsos de radiofrequência. Fatias transversais de imagens são adquiridas e quanto maior é esse número, maior é a precisão e a exatidão das imagens geradas. O tempo de exame depende do tipo de equipamento e do tempo de varredura. Quanto mais fatias transversais são adquiridas, maior é o tempo de teste, contudo, em média, o exame dura 30 minutos. Técnica para avaliação da composição corporal por RM e TC EQUIPAMENTO DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA E TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA RESSONÂNCIA TOMÓGRAFO A TC utiliza o mesmo princípio da RM. Um tubo de raios X e um receptor giram perpendicularmente ao redor do corpo. As regiões de interesse são selecionadas de maneira semelhante à RM. O tubo de raios X fornece radiação ionizante que é captada pelo receptor após passar pelo corpo e ser atenuada pelos diferentes tecidos pelos quais os raios X passaram. COMENTÁRIO Ambas as técnicas são adequadas para validar novos métodos de estimativa da composição corporal. Entretanto, a TC expõe os indivíduos a uma quantidade substancial de radiação, o que não acontece com a RM. Além disso, o custo operacional de ambas é muito alto, o que inviabiliza a utilização desses métodos de forma rotineira. Uma saída muito interessante é a utilização da absortometria radiológica de dupla energia – DEXA, para a validação de métodos já existentes e novas equações, já que a metodologia é válida em relação à RM e à TC, envolvendo uma dose mínima de radiação com custo menor. MÉTODOS INDIRETOS PESAGEM HIDROSTÁTICA A hidrodensitometria ou a pesagem hidrostática era considerada o padrão-ouro para a medida da composição corporal. É baseada no princípio de Arquimedes, no qual um corpo imerso em meio líquido sofre a ação de uma força de empuxo, a qual é expressa pela perda de peso igual ao deslocamento de fluido. Essa técnica divide o corpo em dois compartimentos, um de gordura e outro isento de gordura; e diz que a densidade desses dois compartimentos é conhecida e aditiva. Além disso, assume que as densidades e as quantidades relativas dos três principais componentes da massa isenta de gordura (água, proteína e sais minerais) são conhecidas e constantes dentro e entre os indivíduos (Quadro). Componente Densidade (g/cc) Proporção (%) Gordura 0,9007 15,3 Massa corporal magra 1,1000 84,7 Água 0,9937 73,8 Proteína 1,34 19,4 Mineral 3,038 6,8 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Densidade dos componentes de gordura e massa corporal magra. Elaborada por Sidney Cavalcante. Quando utilizamos a pesagem hidrostática, obtemos o volume corporal, variável fundamental para, em conjunto com o peso corporal, fornecer a densidade corporal. Contudo, só os valores de peso corporal fora d’água e dentro não são suficientes, já que o ar dos pulmões e os gases do aparelho gastrointestinal, no momento da pesagem, podem alterar o peso na água e a densidade final. O ar nos pulmões, resolvemos parcialmente ao solicitar ao avaliado que, ao submergir, solte o ar em uma expiração forçada máxima. O ar que permanece nos pulmões, volume residual, corrigimos por equação ou por meio de técnicas de diluição de oxigênio ou hélio em circuito fechado. Os gases presentes no aparelho gastrointestinal não podem ser medidos, no entanto, como se estima que esse valor seja menor que 100ml, ele é desconsiderado. A medida consiste em submergir em um tanque (1,5m x 1,5m x 2m), conforme a figura a seguir, até que se consigam medidas estáveis (diferença de 5g de uma para a outra) do peso dentro d’água. Essas medidas são somadas e o valor médio é utilizado. Medida da pesagem hidrostática com a medida de volume residual. A densidade corporal pode ser calculada pela fórmula abaixo: Preal: peso corporal determinado fora d’água em gramas. Págua: peso corporal completamente submerso na água em gramas. Dágua: densidade da água na temperatura no momento da avaliação. VR: volume residual determinado em ml. Apesar da pesagem hidrostática permitir um valor de densidade corporal preciso, alguns fatores podem limitar o uso dessa técnica, devido à difícil utilização no cotidiano, já que o tempo gasto na avaliação é grande. Ter uma boa adaptação ao meio líquido é importante, pois precisamos da colaboração do avaliado na realização da medida. Apesar de parte do volume pulmonar ser expelido na expiração forçada máxima, sem a utilização da medida direta do volume residual, esse sempre vai ser um fator de erro. Por fim, o alto custo para manter esse equipamento torna sua utilização complexa. PLETISMOGRAFIA POR DESLOCAMENTO DE AR (PDA) A pletismografia também mede a densidade corporal, porém a técnica utiliza o deslocamento de ar e se baseia na Lei de Boyle, em que, em um recipiente isotérmico fechado, volume e pressão variam em proporção inversa. Enquanto o volume aumenta, pressão diminui e vice-versa. O advento do BOD POD, desenvolvido pela Life Measurement Instruments, Inc, foi importante. O equipamento é formado por uma única estrutura contendo duas câmaras que são separadas por um assento de fibra de vidro moldado. O avaliado se senta na câmara de teste, entrando por uma porta que pode ser lacrada por uma série de eletroímãs. A câmara está acoplada a um computador que por meio de um software é capaz de determinar as variações nos volumes de ar e pressão no interior da cabine vazia e com o avaliado, além das variáveis pulmonares necessárias para a estimativa do volume corporal. Assim que a densidade corporal é determinada, pode ser convertida em gordura percentual por meio de equações específicas. Pletismografia por deslocamento de ar (BOD POD) Embora seja uma técnica de densidade corporal muito mais fácil de ser aplicada quando comparada à pesagem hidrostática, também é baseada em um modelo de dois componentesque se fundamenta no pressuposto de que a densidade da massa corporal magra é constante, assim, as estimativas de porcentagem de gordura corporal em humanos se mostraram menos precisas. Portanto, é importante que estudos utilizando modelos multicomponentes sejam realizados com o intuito de melhorar a técnica. Até lá, é importante interpretar cuidadosamente os resultados. ABSORTOMETRIA DE RAIOS X DE DUPLA ENERGIA (DEXA) A DEXA é capaz de estimar o conteúdo ósseo, a gordura, além da massa de tecido esquelético mole, sendo um método sensível para detectar pequenas mudanças na composição corporal ao longo do tempo, tanto em um grupo de indivíduos submetidos a um programa de treinamento quanto aqueles sedentários. No geral, a DEXA apresenta bons resultados quando utilizada para avaliar a composição corporal à frente de métodos tradicionais. Com o indivíduo deitado, em decúbito dorsal, sobre a mesa do instrumento com as palmas da mão para baixo e as pernas afastadas, um feixe de raios X de dupla energia percorre o corpo por inteiro. As sondas responsáveis pela emissão dos feixes de raios X se encontram abaixo da mesa sobre a qual o paciente está deitado e as sondas detectoras no braço acima do paciente que se movem em conjunto com a fonte emissora de raios X, por cerca de 12 minutos, conforme a figura a seguir. Avaliação da composição corporal por DEXA Em função da densidade da estrutura, o sinal apresentará maior ou menor dificuldade em sua propagação diferenciando tecidos ósseos de tecidos magros e gordurosos. Um software reconstrói os feixes de raios X produzindo uma imagem, assim, é possível quantificar o conteúdo mineral ósseo, a massa corporal livre de gordura e a massa total de gordura. Além disso, permite que a análise da composição corporal seja segmentada, dividida em membros superiores, inferiores e tronco. É importante que alguns cuidados sejam tomados para que os erros sejam minimizados. Veja a seguir. RECOMENDAÇÕES PARA ESTIMATIVAS DE COMPOSIÇÃO CORPORAL POR DEXA O avaliado deve estar com a menor quantidade de roupa possível. Em jejum de 12 horas e com a bexiga vazia. Não realizar atividades físicas intensas no mínimo 12 horas antes do exame. O avaliado deve estar na posição supina, com as palmas das mãos para baixo e sem tocar o tronco, braços e pernas estendidos, pés em posição neutra e rosto para cima com queixo neutro. O avaliado não deve ser medido em estado de desidratação. A soma do tecido magro, de gordura e mineral ósseo deve ser comparada com a massa corporal total por escala. O equipamento deve estar calibrado. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Atualmente, a DEXA, por ser um método mais prático e apresentar boa acurácia na estimativa da gordura corporal (2% a 3%), tem se apresentado como padrão-ouro para validação de equações utilizando dobras cutâneas e bioimpedância. IMAGEM POR ULTRASSOM A utilização do ultrassom como técnica de medida da composição corporal é relativamente nova. É comum vermos sua utilização em avaliações pré-natal e outras aplicações, mas, como um instrumento capaz de avaliar a gordura corporal, tem aproximadamente 50 anos. Vários estudos demonstram que a técnica é capaz de medir com exatidão o tecido gorduroso quando comparado a métodos de referência. O ultrassom utiliza uma técnica de eco por pulso, em que um transdutor ou a cabeça de varredura, compreendendo cristais piezoelétricos capazes de produzir ondas sonoras de alta frequência (2,5MHz), transmite um feixe de ultrassom através da pele. Quando esse feixe entra em contato com diferentes tecidos, é parcialmente refletido como um eco que a cabeça de varredura é capaz de detectar. Como cada tipo de tecido tem densidade diferente e impedância acústica única, ele reflete o feixe em intensidades de eco variáveis, e o detector pode converter esses sinais em imagens, fornecendo informações de profundidade e tipo de tecido. As interfaces dos tecidos moles refletem apenas uma pequena parte do som, porque os tecidos moles biológicos diferem pouco na resistência à propagação do som, nos permitindo identificar a espessura da gordura corporal subcutânea e a massa muscular no ponto que está sendo avaliado. Equipamento de ultrassom para medida de gordura corporal A técnica de imagem por ultrassom tem se mostrado muito promissora, devido às inovações nas capturas de imagens utilizadas para a análise da composição corporal. No entanto, o método ainda carece de validação em relação a um modelo de quatro componentes. Se os resultados forem positivos, o ultrassom pode ser um método de laboratório e um método de campo para a avaliação da composição corporal, uma vez que promete ser altamente preciso, portátil e de baixo custo, ao contrário de todos os outros métodos de laboratório. TÉCNICAS DIRETAS E INDIRETAS PARA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Assista ao vídeo que explica sobre as técncicas diretas e indiretas para avaliação da composição coroporal. VEM QUE EU TE EXPLICO! Padrões para o desenvolvimento das técnicas de composição corporal Métodos Diretos Métodos Indiretos VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Identificar as técnicas duplamente indiretas para a avaliação da composição corporal DOBRAS CUTÂNEAS A medida de dobras cutâneas é uma das abordagens mais amplamente utilizadas para estimar a gordura corporal. Baseia-se na suposição de que: A dobra cutânea é representativa da gordura subcutânea. A razão entre a distribuição de gordura subcutânea e a gordura interna é similar nos indivíduos. Existe uma relação entre a gordura subcutânea e a gordura corporal total. Essas hipóteses são válidas quando combinam medidas de dobras cutâneas. Várias dobras cutâneas podem ser usadas para estimar a porcentagem total de gordura corporal com um erro padrão de estimativa (EPE) na faixa de 3% a 4%. O método permite caracterizar a distribuição da gordura e possui boa correlação com a obesidade e o risco de doenças crônicas. A medida de dobras cutâneas é um dos métodos mais utilizados na clínica, seja de forma isolada ou nas fórmulas de densidade, para posteriormente calcular a porcentagem de gordura. A razão é que os compassos de dobras cutâneas são simples, portáteis e relativamente baratos. Consequentemente, profissionais de saúde podem usá-los para ajudar no monitoramento do estado de saúde de indivíduos; treinadores esportivos podem acompanhar a composição corporal dos atletas; e pesquisadores podem utilizá-los nos estudos da composição corporal em ensaios clínicos de grande escala e investigações epidemiológicas. Apesar de o método ser amplamente empregado, alguns cuidados devem ser tomados. Por ser um método que depende da habilidade do avaliador para gerar dados que serão utilizados em equações, erros associados a esses fatores podem comprometer a medida. FONTES DE ERROS ASSOCIADOS ÀS MEDIDAS DE DOBRAS CUTÂNEAS HABILIDADE DO AVALIADOR 3% a 9% da variabilidade nas medidas podem ser atribuídas a erro interavaliador. TIPOS DE ADIPÔMETRO Dependendo do tipo de adipômetro, podemos ter menor precisão. A tensão constante que é uma característica dos equipamentos, pode se apresentar inconstante em outros equipamentos. Podemos encontrar diferenças nas escalas de medidas e uma menor consistência em avaliadores inexperientes. FATORES INDIVIDUAIS A variabilidade nas medidas entre os indivíduos pode ser atribuída não só à diferença na quantidade de gordura, mas também a diferentes espessuras da pele, compressibilidade do tecido adiposo e nível de hidratação. SELEÇÃO DA EQUAÇÃO DE PREDIÇÃO A escolha da equação para determinar a densidade corporal, para cálculo do percentual de gordura é um importante fator de erro. Assim, é importante verificar qual é o EPE associado à equação escolhida, para que ela esteja dentro dos 3% a 4%. FONTES DE ERROS OBSERVADOS NA REALIZAÇÃO DAS MEDIDAS DE DOBRAS CUTÂNEAS Como a medida de dobra cutânea é avaliador dependente, quanto mais treinado, menor é a probabilidadede erros. Veja os principais erros observados na realização das medidas de dobra cutânea: Destacar a dobra em ponto anatômico e eixo corporal inadequado. Entrar com as extremidades do compasso muito próximas ou demasiadamente distantes dos dedos que a estão pinçando. Não entrar com o compasso perpendicularmente à dobra. Entrar com o compasso muito profundo ou superficialmente em relação à dobra. Pinçar estrutura extra à dobra cutânea. Esperar mais de 2 segundos, após o pinçamento da dobra, para realizar a leitura. Soltar a dobra, ainda com o compasso no local do pinçamento, para realizar a leitura. Realizar a medida logo após a prática de atividades físicas. Em uma reavaliação, não utilizar o mesmo equipamento utilizado na anterior. Utilizar equipamentos descalibrados. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tendo a teoria da técnica para marcação dos pontos anatômicos, os locais exatos onde elas serão medidas, o domínio da técnica para medida de cada dobra cutânea e observando com atenção os erros acima colocados, com certeza sua medida de dobra cutânea a cada avaliação ganhará precisão e você mais confiança em sua realização. EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO PARA DOBRAS CUTÂNEAS Existem várias abordagens no desenvolvimento de equações de dobras cutâneas. Podemos dividí-las em equações específicas e generalizadas. As específicas são desenvolvidas para uma determinada população e possuem características peculiares; se esse tipo de equação é utilizado em uma população diferente, podemos ter erros na determinação do percentual de gordura pela falta de especificidade. EXEMPLO Utilizar uma equação para determinação da gordura corporal em indivíduos sedentários, que tenha sido desenvolvida para atletas, não é a melhor opção, já que podemos ter erros. As equações generalizadas podem atender a uma ampla população já que em seu desenvolvimento utiliza-se uma ampla faixa etária e indivíduos com características diversas. A seguir, selecionamos algumas equações que podem ser utilizadas para a determinação da densidade corporal. Variável Equação de regressão r Ʃ 7 Dc Dc = 1,0970-0,00046971(X1) + 0,00000056(X1)2 - 0,00012828 (I) 0,85 Ʃ 3 Dc Dc = 1,0994921-0,0009929(X2) + 0,0000023(X2)2 - 0,00011392 (I) 0,84 Ʃ 3 Dc Dc = 1,089733-0,20009245(X3) + 0,0000025(X3)2 - 0,0000979 (I) 0,84 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Equações de regressão generalizadas para a predição da densidade corporal em mulheres adultas – 18 a 55 anos. Adaptada de: Jackson; Pollock; Ward, 1980, p. 175-181. ƩDc= somatório das dobras cutâneas (mm). r= correlação entre o somatório de dobras cutâneas e os valores de densidade corporal. X1= ƩDc tricipital, suprailíaca, coxa, peitoral, abdome, axilar média e subescapular. X2= ƩDc tricipital, suprailíaca e coxa. X3= ƩDc tricipital, suprailíaca e abdome; I= idade em anos. Variável Equação de regressão r Ʃ 7 Dc Dc = 1,11200000 - 0,00043499(X1) + 0,00000055(X4)2 - 0,00028826 (I) 0,90 Ʃ 3 Dc Dc = 1,1093800-0,0008267(X4) + 0,0000016(X5)2 - 0,0002574 (I) 0,91 Ʃ 3 Dc Dc = 1,1125025 - 0,0013125(X5) + 0,0000055(X6)2 - 0,0002440 (I) 0,89 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Equações de regressão generalizadas para a predição da densidade corporal em homens adultos – 18 a 61 anos. Adaptada de: Jackson; Pollock, 1978, p. 497-504. ƩDc= somatório das dobras cutâneas (mm). r= correlação entre o ƩDc e os valores de densidade corporal. X4= ƩDc tricipital, suprailíaca, coxa, peitoral, abdome, axilar média e subescapular. X5= ƩDc peitoral, abdome e coxa. X6= ƩDc peitoral, tricipital e subescapular; I= idade expressa em anos. Sexo Variáveis Equação de regressão r EPM (DC) M Ʃ 4 Dc Dc = 1,03465850-0,00063129(Y1) + 0,00000187(Y1)2 - 0,00031165 (ID) - 0,00048890(MC) + 0,00051345(ES) 0,90 0,0064 F Ʃ 2 Dc Dc = 1,10098229 - 0,00145899(X1) + 0,00000701(X1)2 - 0,00032770 (ID) 0,91 0,0072 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Equações generalizadas para a predição de densidade corporal em homens e mulheres – 18 a 66 anos. Adaptada de: Petroski, 1995, p. 89-91. Ʃ DC= somatório das dobras cutâneas (mm). r= correlação entre o somatório de dobras cutâneas e os valores de densidade corporal. Y1= Ʃ DC axilar média, suprailíaca, coxa e panturrilha. X1= Ʃ DC tríceps e axilar média. MC= massa corporal (kg). ES= estatura (cm). ID= idade em anos. Faixa etária homens: 18 – 66 Faixa etária mulheres: 18 – 51 Equações generalizadas para a predição do percentual de gordura para jovens entre 8 e 18 anos Sexo Variáveis Equação de regressão R2 EPE M Ʃ 2 DC %G = 0,735 (tríceps + panturrilha) + 1,0 78 3,8 F Ʃ 2 DC %G = 0,610 (tríceps + panturrilha) + 5,1 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal M= masculino; F= feminino; Ʃ DC= somatório de 2 dobras cutâneas; %G = percentual de gordura. Equações generalizadas para a predição do percentual de gordura para jovens entre 8 e 18 anos com Ʃ DC (TRIC + SUB) < 35,0mm Sexo Variáveis Equação de regressão R2 EPE M Ʃ 2 DC %G = 1,21 (TRIC + SUB) - 0,008 (TRIC + SUB)2 + I 78 3,7 F Ʃ 2 DC %G = 1,33 (TRIC + SUB) - 0,013 (TRIC + SUB)2 - 2,5 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal M= masculino; F= feminino; Ʃ DC= somatório de 2 dobras cutâneas; %G = percentual de gordura; TRIC= tríceps; SUB= subescapular; I= intercepto Equações generalizadas para a predição do percentual de gordura para jovens entre 8 e 18 anos com Ʃ DC (TRIC + SUB) > 35,0mm Sexo Variáveis Equação de regressão R2 EPE M Ʃ 2 DC %G = 0,783 (TRIC+SUB) + 1,6 78 3,7 F Ʃ 2 DC %G = 0,546 (TRIC+SUB) + 9,7 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal M = masculino; F = feminino; Ʃ DC = somatório de 2 dobras cutâneas; %G = percentual de gordura; TRIC = tríceps; SUB = subescapular. Idade Brancos Pretos Pré-púbere -1,7 -3,5 Pubescente -3,4 -5,2 Pós-pubescente -5,5 -6,8 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Intercepto para as equações de predição para jovens entre 8 e 18 anos do sexo masculino. Adaptada de: Slaughter et al., 1988, p. 709-723. COMENTÁRIO O intercepto são valores utilizados em função de uma classificação arbitrária de cor da pele para determinar indivíduos de pele clara e indivíduos de pele escura, já que a equação de Slaughter et al. (1988) foi desenvolvida no Estados Unidos e a amostra era composta por indivíduos de ambas as cores de pele. De acordo com o IBGE, negros no Brasil correspondem ao somatório de pretos e pardos. Assim, achamos mais adequado utilizar a nomenclatura preto, que identifica em nosso país a amostra utilizada pelos autores. EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO DO PERCENTUAL DE GORDURA PARA OBESOS O método de dobras cutâneas não deve ser utilizado na estimativa da composição corporal de indivíduos extremamente obesos, pois, com o aumento dos níveis de adiposidade, a proporção entre o tecido adiposo subcutâneo e o total se modifica, afetando a relação entre o somatório de dobras cutâneas e a densidade corporal. Além disso, a aplicabilidade do método é limitada porque: A identificação do sítio de medida e a palpação dos acidentes ósseos são mais difíceis. A espessura da dobra pode ser maior do que a abertura máxima dos compassos e pode não ser possível destacar a dobra cutânea dos tecidos abaixo dela. Há uma maior variação na profundidade em que as pontas do compasso devem ser colocados na dobra. A variabilidade na composição do tecido adiposo pode afetar a compressibilidade da dobra cutânea. Há um aumento do erro interavaliador. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Assim, medidas circunferenciais associadas à medida da massa corporal podem ser úteis na avaliação de indivíduos com obesidade. Uma equação foi apresentadapor Weltman et al. (1987) para predizer a massa livre de gordura em homens com idades entre 24 e 68 anos, utilizando circunferências abdominais e a massa corporal. Posteriormente, Weltman et al. (1988) desenvolveram uma equação para predição da gordura percentual em mulheres obesas de 20 a 60 anos. Em geral, em indivíduos obesos, a massa corporal é suficiente para o acompanhamento do emagrecimento. MÉTODOS ANTROPOMÉTRICOS As medidas antropométricas, como massa corporal, estatura, diâmetros ósseos, circunferências e dobras cutâneas, além de avaliar o corpo humano por meio da forma, proporção e distribuição, permite avaliar a composição corporal por meio de índices antropométricos. Apesar de esses índices não discriminarem as estruturas como a gordura corporal, eles são utilizados para identificar indivíduos em risco de doenças. É sabido que o excesso de gordura corporal, principalmente na região central, está associado a várias doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, dislipidemia etc. Índices antropométricos são baratos e podem auxiliar no mapeamento do risco de desenvolvimento dessas doenças. ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC) Durante muitos anos, a relação peso/estatura foi utilizada com o propósito de estabelecer uma associação desta e a obesidade. Contudo, apesar de utilizado em estudos epidemiológicos, o conceito de peso relativo apresentava alguns aspectos negativos. As diferentes constituições físicas e a grande variabilidade de sua composição dificultavam a utilização de padrões populacionais que pudessem ser utilizados em larga escala. Na busca por indicadores antropométricos para expressar a influência do comportamento do peso e da estatura na relação com a obesidade, identificou-se que o peso de adultos normais era proporcional à altura ao quadrado: Assim, nasce o Índice de Quételet ou, como mais comumente é chamado, Índice de Massa Corpórea (IMC). A ideia era criar um índice que pudesse avaliar o estado nutricional, com baixo custo e pudesse ser aplicado em grandes populações. Esse índice tem sido utilizado com fins clínicos e epidemiológicos como um indicador de obesidade em adultos, crianças e idosos. Quando o IMC se encontra acima de 20kg/m2 há uma elevação no risco de morbidade por diabetes tipo 2, hipertensão, doença cardíaca coronariana, acidente vascular cerebral, apneia de sono; em alguns tipos de câncer, como próstata, cólon, endométrio e mama, o risco aumenta quando o IMC se apresenta acima de 25kg/m2. ATENÇÃO É importante ressaltar que o IMC apresenta limitações que devem ser consideradas, como a inabilidade em medir a distribuição da gordura ou distinguir entre compartimentos corporais a massa magra e a gordura. Isso explica o fato de verificar altos valores de IMC em indivíduos que apresentam reduzido percentual de gordura e elevados valores de massa magra, fato que impede a sua aplicação em pessoas com grande quantidade de massa muscular. Vamos agora conhecer as vantagens e desvantagens da utilização do Índice de Massa Corpórea: VANTAGENS DESVANTAGENS VANTAGENS Baixo custo. Rapidez e facilidade para realização. Aplicabilidade em grandes massas populacionais. Associação com a gordura corpórea em pessoas com elevada quantidade de tecido adiposo. Existência de um grande banco de dados a partir dos quais os resultados populacionais podem ser comparados. A altura expressa em metros minimiza os erros de medida, colocando-os na segunda casa decimal. DESVANTAGENS Divergência na determinação dos limites de corte. Baixa associação com os valores de gordura corporal em indivíduos não obesos. Precário para utilização em populações atléticas. Indicador que apresenta dificuldade para acompanhar as modificações que ocorrem nas estruturas isoladas da composição corporal. INTERPRETAÇÃO DOS VALORES DE IMC A Organização Mundial da Saúde sugere o limite de 25kg/m2 como valor máximo para normalidade e acima de 30kg/m2 para obesidade. Classificação de adultos pelo Índice de Massa Corpórea (IMC) Classificação IMC (kg/m2) Risco associado à saúde Abaixo do peso < 18,5 Baixo (risco aumentado para outros problemas clínicos) Faixa de normalidade 18,5 – 24,9 Médio Sobrepeso 25,0 – 29,9 Aumentado Obesidade grau I 30,0 – 34,9 Moderadamente aumentado Obesidade grau II 35,0 – 39,9 Severamente aumentado Obesidade grau III > 40,0 Extremamente aumentado Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Classificação de adultos pelo Índice de Massa Corpórea (IMC). Adaptada de: WHO, 2020. Apesar da manutenção do ponto de corte, é possível observarmos outras classificações, como a sugerida pelo painel de especialistas na identificação, avaliação e tratamento de sobrepeso e obesidade em adultos (1998), fornecendo uma classificação de risco de doenças como diabetes melito tipo 2, hipertensão e doença cardiovascular com base no IMC e na circunferência da cintura. Risco de doenças relacionado ao peso corporal e circunferência de cintura Classificação IMC kg/m2 Homem < 102,0 cm Homem > 102,0 cm Mulher < 88,0 cm Mulher > 88,0 cm Abaixo do peso < 18,0 ---- ---- Peso normal 18,5 – 24,9 ---- ---- Acima do peso 25,0 – 29,9 Aumentado Alto risco Obesidade Grau I 30,0 – 34,9 Alto risco Altíssimo risco Grau II 35,0 – 39,9 Altíssimo risco Altíssimo risco Grau III > 40,0 Risco extremo Risco extremo Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Risco de doenças em função do IMC e circunferência da cintura. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Guidelines for exercise testing and prescription. 10. ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 2017. Apesar de não permitir inferências sobre a magnitude do risco, serve como um orientador, que pode auxiliar na condução da melhor estratégia para lidar com os alunos, seja na prescrição de um programa de atividades físicas seja na busca por outros profissionais que possam estar de uma forma multidisciplinar contribuindo para melhor qualidade de vida. Em relação a crianças e adolescentes, apesar de verificarmos a utilização do IMC nessas populações, é importante entendermos que analisar esse parâmetro isoladamente é inadequado para o acompanhamento do excesso de peso e da obesidade. Assim, outras formas de avaliação se fazem necessárias, envolvendo as relações entre peso, estatura e suas concordâncias com a idade, analisadas por meio de curvas populacionais. As tabelas abaixo são utilizadas pelo Ministério da Saúde no Brasil e são baseadas na classificação do estado nutricional de acordo com a OMS. Os pontos destacados nas tabelas salientam pontos de cortes para o IMC que merecem atenção, não só para o estado de excesso de peso, mas também para a desnutrição. Classificação do estado nutricional de 0 a 10 anos de acordo com a OMS Valores críticos Índices antropométricos Crianças de 0 a 5 anos incompletos Crianças de 5 a 1 anos incompletos Peso para Idade Peso para estatura IMC para idade Estatura para idade Peso para idade IMC para idade Estatura para idade < Percentil 0,1 < Escore Z -3 Muito baixo para a idade Magreza acentuada Magreza acentuada Muito baixa estatura para idade Muito baixo peso para idade Magreza acentuada Muito baixa estatura para idade ≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3 ≥ Escore Z -3 e < Escore Z -2 Baixo peso para idade Magreza Magreza Baixa estatura para idade Baixo peso para idade Magreza Baixa estatura para idade ≥ Percentil 3 e <Percentil 15 ≥ Escore Z -2 e < Escore Z -1 Peso adequado para idade Eutrofia Eutrofia Estatura adequada para idade Peso adequado para idade Eutrofia Estatura adequada para idade ≥ Percentil 15 e ≤ Percentil 85 ≥ Escore Z -1 e ≤ Escore Z +1 > Percentil 85 e ≤ Percentil 97 > Escore Z +1 e ≤ Escore Z +2 Risco de sobrepeso Risco de sobrepeso Sobrepeso > > Peso Sobrepeso Sobrepeso Peso Obesidade Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9Escore Z +2 e ≤ Escore Z +3 Elevado para idade adequado para idade > Percentil 99,9 > Escore Z +3 Obesidade Obesidade Obesidade Grave Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Extraído de Brasil, 2011. Valores críticos Índices antropométricos para adolescentes IMC para idade Estatura para idade < Percentil 0,1 < Escore Z -3 Magreza acentuada Muito baixa estatura para idade ≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3 ≥ Escore Z -3 e < Escore Z -2 Magreza Baixa estatura para idade ≥ Percentil 3 e <Percentil 15 ≥ Escore Z -2 e < Escore Z -1 Eutrofia Estatura adequada para idade ≥ Percentil 15 e ≤ Percentil 85 ≥ Escore Z -1 e ≤ Escore Z +1 > Percentil 85 e ≤ Percentil 97 > Escore Z +1 e ≤ Escore Z +2 Sobrepeso > Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9 > Escore Z +2 e ≤ Escore Z +3 Obesidade > Percentil 99,9 > Escore Z +3 Obesidade grave Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal *Adolescentes (≥ 10 anos e < 20 anos de idade) Adaptada de: Brasil, 2011. Os pontos de cortes destacados nas tabelas, combinados com a análise das curvas de IMC (abaixo), podem ser utilizados para classificar crianças e adolescentes e melhor direcionar as ações em um programa de atividades físicas. Valores de IMC de 0 a 5 anos para meninos de acordo com a OMS. Valores de IMC de 0 a 5 anos para meninas de acordo com a OMS. Valores de IMC de 5 a 19 anos para meninos de acordo com a OMS. Imagem: WHO Growth reference data for 5 – 19 years, 2007. Valores de IMC de 5 a 19 anos para meninas de acordo com a OMS Imagem: WHO Growth reference data for 5 – 19 years, 2007. Em uma outra proposta, Cole et al. (2000) utilizaram 6 grandes estudos de crescimento transversal desenvolvidos no Brasil, Grã- Bretanha, Hong Kong, Holanda, Cingapura e Estados Unidos, com o objetivo de criar pontos de cortes internacionalmente aceitos para definir excesso de peso e obesidade específica para sexo e idade em uma população de 2 a 18 anos, baseados nesses seis estudos. Tal proposta facilita a observação dos seus dados com outros bancos de dados, possibilitando comparar crianças e adolescentes no mundo todo. Assim, indivíduos a partir dos 18 anos teriam os pontos de cortes utilizados por adultos de 25kg/m2 e 30kg/m2 para identificação do excesso de peso e obesidade, respectivamente. Abaixo, segue a tabela adaptada, onde podemos observar os valores de corte com o padrão e os respectivos valores em função do sexo e da idade para o excesso de peso e a obesidade. Índice de Massa Corpórea Índice de Massa Corpórea 25kg/m2 30kg/m2 Idade Menino Menina Menino Menina 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 17,55 17,92 18,44 19,10 19,84 20,55 21,22 21,91 22,62 23,29 23,90 24,46 17,34 17,75 18,35 19,07 19,86 20,74 21,68 22,58 23,34 23,94 24,37 24,70 19,78 20,63 21,60 22,77 24,00 25,10 26,02 26,84 27,63 28,30 28,88 29,41 19,65 20,51 21,57 22,81 24,11 25,42 26,67 27,76 28,57 29,11 29,43 29,69 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Padrão internacional para sobrepeso e obesidade para crianças e adolescentes definido por meio do Índice de Massa Corpórea. Adaptada de Cole et al., 2000, p. 1-6. É possível agora ver a importância do IMC para o acompanhamento do excesso de peso e da obesidade. Contudo, devemos estar atentos às limitações que o envolvem, para que o seu uso tenha efetividade quando utilizado. RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL (RCQ) Em geral, homens tendem a acumular mais gordura na região abdominal, conferindo-lhes o padrão androide de distribuição de gordura. As mulheres geralmente acumulam maiores quantidades de gordura na região glútea, traduzindo o padrão ginecoide. A preponderância de um padrão em relação ao outro pode ser expressa pela RCQ. A RCQ pode ser obtida pela divisão da circunferência da cintura pela circunferência do quadril, ou por meio de um nomograma, conforme a figura a seguir. Ambos os sexos demonstram maiores riscos à saúde, na presença de uma maior quantidade de gordura abdominal, embora o padrão androide seja mais comum no sexo masculino. Apesar de esse índice apresentar grande aplicabilidade e baixo custo, ele exibe limitações quanto à sua utilização em indivíduos pré-púberes, bem como para a predição acurada de mudanças na gordura visceral. Nomograma para a relação entre a circunferência da cintura e do quadril. A relação cintura/quadril se associa ao padrão androide de distribuição de gordura, estando relacionada a um maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas. De modo oposto, indivíduos com obesidade nas porções inferiores podem até ter padrões de gordura tão altos quanto os do tipo androide, mas com menor risco. Na literatura epidemiológica, a RCQ tem sido o índice mais utilizado para quantificar a gordura centralizada. Apesar de a literatura nos mostrar que a medida da cintura tem maior correlação com doenças crônico-degenerativas, a utilização da RCQ tem se mostrado importante no acompanhamento da distribuição da gordura corporal, justificando a preferência pela utilização desse índice em estudos epidemiológicos e em programas de emagrecimento em indivíduos obesos. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA MEDIDA DE RCQ LOCALIZAÇÃO DAS MEDIDAS Circunferência de cintura A OMS (1988), preconiza que ela seja realizada no ponto médio entre o bordo inferior da última costela e o ilíaco. Circunferência do quadril Nessa medida, não existe um consenso. A Organização Mundial da Saúde (1988) preconiza que ela seja realizada na área acima do trocânter do fêmur. Já Callaway et al. (1988) e Bray (1989) recomendam que seja realizada na área de maior circunferência da região glútea. Em alguns casos, esses pontos podem coincidir. Contudo, opostamente ao verificado na circunferência de cintura, a escolha do ponto de medida pode exercer importantes influências nos resultados obtidos (principalmente em mulheres). Além disso, ao avaliar indivíduos obesos, pode ser difícil identificar o trocânter do fêmur. Dessa forma, preconizamos a utilização da área de maior circunferência da região glútea para efetuar essa medida. INTERPRETAÇÃO DOS VALORES DE RCQ Estudos sobre os limites de RCQ, associados ao desenvolvimento de doenças, colocam que a maior incidência dos problemas de saúde está associada aos valores de RCQ acima de 0,94 para homens e 0,82 para mulheres. Valores semelhantes são apontados pelo American College of Sports Medicine (2018), em que as relações acima de 0,95 para homens e 0,86 para mulheres estariam associados javascript:void(0) javascript:void(0) a maiores riscos à saúde. Para indivíduos entre 60 e 69 anos, os valores iriam para 1,03 e 0,90 para homens e mulheres, respectivamente. Os limites de corte citados foram estabelecidos considerando várias idades. Entretanto, uma interpretação mais acurada pode ser realizada utilizando-se diferentes intervalos etários. Veja a seguir. Risco Idade Baixo Moderado Alto Muito Alto Homens 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 < 0,83 < 0,84 < 0,88 < 0,90 < 0,91 0,83 - 0,88 0,84 - 0,91 0,88 - 0,95 0,90 - 0,96 0,91 - 0,98 0,89 – 0,94 0,92 – 0,96 0,96 – 1,00 0,97 – 1,02 0,99 – 1,03 > 0,94 > 0,96 > 1,00 > 1,02 > 1,03 Mulheres 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 < 0,71 < 0,72 < 0,73 < 0,74 < 0,76 0,71 - 0,77 0,72 - 0,78 0,73 - 0,79 0,74 - 0,81 0,76 - 0,83 0,78 – 0,82 0,79 – 0,84 0,80 – 0,87 0,82 – 0,88 0,84 – 0,90 > 0,82 > 0,84 > 0,87 > 0,88 > 0,90 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Normas para a classificação da relação cintura/quadril. Adaptada de: Heyward; Stolarczyk, 2000, pag. 91. MÉTODO DE IMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA A análise por Impedância Bioelétrica (BIA) é um procedimento que permite avaliar a composição corporal, estimando a gordura corporal, a massa corporal magra e a água corporal total (ACT), tendo como baseas propriedades elétricas dos tecidos. Os princípios gerais partem de uma relação inversa entre a impedância (resistência a passagem de corrente elétrica) corporal total e a ACT. A BIA é uma técnica promissora para determinar a quantidade de ACT. Sabendo que 73,2% da água corporal se encontra na massa livre de gordura e que esta é melhor condutora da corrente elétrica do que a gordura, é possível determinar a massa livre de gordura e o percentual de gordura. MODELO TEÓRICO PARA MEDIDA DE IMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA (BIA) BIA é um método que consiste na passagem de uma corrente elétrica de baixa amplitude e baixas e altas frequências, aplicada por meio de cabos conectados a eletrodos, que são colocados em contato com a pele, permitindo a medida de resistência (R) e reatância (Xc). Os valores R e Xc são usados para calcular a impedância (Z), o ângulo de fase (φ), a ACT, água extracelular (AEC) e intracelular (AIC). A massa livre de gordura (MLG) é calculada, assumindo que ACT é uma parte constante de MLG. Assim, outros compartimentos corporais, como massa gorda (MG) e massa celular corporal (MCC) também são medidas. A teoria é que o volume de um condutor está relacionado ao seu comprimento e à sua impedância. Para o corpo, o condutor da corrente elétrica é a MLG, mais especificamente, a ACT. Como estamos falando de tecidos biológicos, não podemos esquecer que eles se comportam diferentemente de materiais sem vida; entretanto, tecidos biológicos agem como condutores e isolantes em função de suas características. Assim, a MLG, em função de conter grandes quantidades de água (~73%) e eletrólitos, é um bom condutor elétrico, já a gordura é considerada um mau condutor. O método parte do pressuposto de que o corpo é um cilindro perfeito com comprimento e área de secção transversal uniformes. Assim, quando analisamos o corpo humano por meio de uma BIA, é como se tivéssemos cinco cilindros conectados. Modelo Teórico de Bioimpedância para o corpo humano. EQUIPAMENTOS PARA BIA Um aparelho de BIA pode ser considerado de frequência única (50kHz) ou multifrequência, de 1 a 1000kHz. Aparelhos de frequência única medem parcialmente a água intracelular, o que se torna um fator limitante para a obtenção da ACT. Aparelhos multifrequência apresentam maior precisão na estimativa da água extracelular e intracelular com maior precisão na estimativa da ACT. A BIA se divide em regional, total e segmentar. Na regional, temos a corrente elétrica atravessando a parte superior ou inferior do corpo. Na avaliação total, a corrente atravessa todo o corpo. A avaliação segmentada assume que o indivíduo apresenta variações na sua composição corporal em diferentes partes do corpo, determinando a composição corporal dos membros superiores, inferiores e do tronco; sendo o seu valor final o reflexo de suas partes. Modelos de BIA regional e total A utilização dos modelos regionais, que podemos chamar de mão-mão e pé-pé, é muito simples de ser aplicada. Como é possível verificar na figura abaixo, no modelo mão-mão, o indivíduo se mantém em pé, com o peso corporal dividido em ambos os membros e os braços estendidos com as mãos apoiadas de cada lado da BIA, ficando imóvel até que o resultado seja gerado. Já no modelo pé-pé, o indivíduo se coloca de pé em uma balança, ficando imóvel até a geração do resultado. Utilização dos modelos regionais. Esses modelos apresentam menor precisão quando comparados ao modelo total e segmentar. MODELO SEGMENTAR Quanto ao modelo segmentar, veja uma sequência de procedimentos que devem ser observados para sua aplicação: A medida deve ser realizada do lado direito do corpo, estando o indivíduo em decúbito dorsal. O local da avaliação deve manter uma temperatura controlada (~22ºC). A superfície na qual o avaliado estará deitado não deve ser condutora. Uma limpeza da pele onde os eletrodos serão colocados deve ser realizada visando evitar interferências no sinal. Os eletrodos sensores devem ser colocados na superfície dorsal das articulações do punho e tornozelo, como pode ser verificado na figura. Os eletrodos-fontes devem ser colocados no terço distal da mão e do pé, garantindo uma distância para os eletrodos sensores de aproximadamente 5cm. Braços e pernas do avaliado devem estar a aproximadamente 45 graus um do outro, não havendo contato dos braços com as coxas e com o tronco. Prestar atenção na conexão dos cabos, sendo os cabos vermelhos ligados às articulações de punho e tornozelo e os cabos pretos à mão e ao pé. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Aplicação do BIA modelo segmentar ou tetrapolar. Em outros equipamentos, a medida é rápida e fácil de ser aplicada, não exigindo do avaliador nenhuma habilidade técnica que comprometa o resultado em função da experiência. Entretanto, existem diretrizes gerais para que você tenha o melhor resultado de bioimpedância, independentemente do equipamento que esteja utilizando. Abaixo, algumas recomendações que precisam ser adotadas antes da realização da medida de BIA: Não ingerir alimentos sólidos e/ou líquidos pelo menos 4 horas antes do iníco do teste. Não realizar exercícos físicos pelo menos 12 horas antes do teste. Não consumir bebida alcoólica pelo menos 48 horas antes do teste. Não deve ser utilizado medicamento diurético pelo menos 7 dias antes do teste. Além do modelo de 4 eletrodos, temos o modelo que utiliza 8 eletrodos e realiza a avaliação em função dos membros. Por trabalhar de forma segmentada, consegue obter medidas de resistência e reatância para todos os segmentos e fazer uso de equações de regressão para determinar a resistência do tronco. O modelo que pode ser visto na figura ao lado permite avaliar indivíduos de até 300kg em 20 segundos e tem sido utilizado em âmbito clínico. Por se tratar de equipamento muito caro, é menos utilizado. Equipamento com 8 eletrodos. TÉCNICAS DUPLAMENTE INDIRETAS PARA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Assista ao vídeo que aborda os principais tópicos relacionados ao módulo. VEM QUE EU TE EXPLICO! Dobras cutâneas Índice de Massa Corpórea (IMC) Relação Cintura/Quadril (RCQ) VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Reconhecer o método de somatotipo na avaliação da composição corporal SOMATOTIPO O somatotipo utiliza três cifras que expressam gordura, músculo e linearidade, dando origem aos termos endomorfia, mesomorfia e ectomorfia. As escolas que se destacaram foram a Escola Francesa, Escola Italiana, Escola Alemã, Escola Inglesa. Veja cada um dos componentes: ENDOMORFIA Primeiro componente - é caracterizada pela redondeza e maciez do corpo, associado a maior quantidade de gordura corporal. MESOMORFIA Segundo componente – é caracterizada por um corpo com musculatura forte, rígido e proeminente. Uma característica predominante desse tipo é a espessura do antebraço, punho, mão e dedos. O tórax é grande e há uma cintura relativamente delgada. ECTOMORFIA Terceiro componente – inclui como características predominantes linearidade, fragilidade e delicadeza do corpo. SOMATOTIPO ANTROPOMÉTRICO DE HEATH-CARTER Atualmente, utiliza-se o modelo antropométrico de somatotipo proposto por Heath-Carter (1967). As principais vantagens do método antropométrico são: o cálculo do somatotipo por meio de um método objetivo; a possibilidade de aplicação em situações de campo; o avaliado não tem que se despir completamente para realizar as medidas; as medidas podem ser utilizadas em outras técnicas de avaliação; as medidas fornecem dados precisos sobre as mudanças nos componentes do somatotipo. Na visão de Heath-Carter, a natureza do somatotipo é fenotípica, suscetível a mudanças que acontecem em função do crescimento, envelhecimento, exercício e da nutrição. Assim, o somatotipo antropométrico de Heath-Carter traduz a constituição morfológica de um indivíduo que é expressa em uma sequência de três numerais separados por hífenes. Cada um dos numerais representa um dos componentes da estrutura físicade uma maneira unificada. A Endomorfia é o primeiro componente do somatotipo e refere-se à gordura corporal armazenada. A Mesomorfia é o segundo componente do somatotipo e refere-se ao desenvolvimento muscular e esquelético em função da estatura. O terceiro componente é a Ectomorfia e refere-se à linearidade corporal relativa. A combinação dos aspectos traduzida nos três numerais é a força do conceito de somatotipo e apresenta o tipo físico e a aparência atual. Além disso, o somatotipo pode ser utilizado para descrever e comparar atletas e caracterizar as mudanças físicas ocorridas com o processo de crescimento, envelhecimento e treinamento. Permite comparar a forma relativa de homens e mulheres, além de servir como ferramenta no estudo da imagem corporal. CALCULANDO O SOMATOTIPO ANTROPOMÉTRICO DE HEATH- CARTER Para a determinação do somatotipo, são necessárias dez medidas, realizadas do lado direito do corpo. Para o cálculo da endomorfia, são utilizadas as medidas de dobras cutâneas de tríceps, subescapular e supraespinhal, associadas à medida da estatura. A mesomorfia é obtida a partir das medidas de diâmetro biepicondiliano do úmero, diâmetro bicondiliano do fêmur, estatura e perímetros corrigidos de braço e perna. A ectomorfia é obtida por meio das medidas do peso corporal e estatura. Existem três maneiras de calcular o somatotipo antropométrico. A primeira é utilizando o formulário de classificação de somatotipo destacado na figura a seguir. A segunda é utilizando as equações formuladas para a obtenção de cada componente. A terceira é a utilização dessas equações programadas em uma planilha. Formulário de classificação do somatotipo. CALCULANDO O SOMATOTIPO ANTROPOMÉTRICO DE HEATH– CARTER UTILIZANDO SUAS EQUAÇÕES Podemos realizar o cálculo dos componentes do somatotipo por meio de suas equações, destinadas a cada componente. Essas equações só fazem sentido se automatizadas por meio do uso de software de planilha. Assim, seguem, abaixo, as equações para o cálculo de cada um dos componentes. Endomorfia = - 0,7182 + 0,1451 × ∑SF - 0,00068 × ∑SF2 + 0,0000014 × ∑SF3 Legenda: ∑SF = (soma das dobras cutâneas de tríceps, subescapular e supraespinhal) multiplicado por (170,18/estatura em cm). Mesomorfia =0,858 × D1 + 0,601 × D2 + 0,188 × C1 + 0,161 × C2 - "estatura" × 0,131 + 4,5 Legenda: D1 = diâmetro do úmero; D2 = diâmetro do fêmur; C1 = Circunferência corrigida do braço; C2 = Circunferência corrigida da panturrilha. Ectomorfia Para a ectomorfia, temos três equações diferentes que se alternam em função da razão estatura/massa (REM). REM = E ⁄ (∛M) Se REM é maior ou igual a 40,75, então Ectomorfia = 0,732 × REM - 28,58 Se REM é menor do que 40,75 ou maior do que 38,25, então Ectomorfia = 0,463 × REM - 17,63 Se REM é igual ou menor do que 38,25, então Ectomorfia = 0,1 CLASSIFICAÇÃO DOS COMPONENTES DO SOMATOTIPO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Agora, você já sabe calcular o somatotipo e sabe que ele é representado por três numerais separados por hífen que vão designar a endomorfia, a mesomorfia e a ectomorfia. No entanto, será que os resultados que você encontrou para cada componente fazem sentido? São resultados lógicos? Por exemplo: a medida de diâmetro do úmero não pode ser maior que a medida de diâmetro do fêmur. Você corrigiu a circunferência de bíceps pela dobra cutânea de tríceps? Esses são detalhes que podem influenciar no resultado do seu somatotipo, então, esteja atento. Alguns somatotipos são impossíveis de existir, como, por exemplo, 2-2-2 ou 7-8-7. Isso porque, normalmente, somatotipos altos em endomorfia e/ou mesomorfia não podem ser altos em ectomorfia. Depois de calculado o somatotipo, é importante verificar se os valores encontrados estão coerentes com os dados utilizados. O valor de endomorfia está coerente com os valores de dobras cutâneas utilizados? Um alto valor de endomorfia requer que os valores de dobras cutâneas se apresentem altos, do contrário você pode estar com algum erro no cálculo. Assim, é importante que, após obter o valor de somatotipo, você confira se estão coerentes com os dados coletados e, caso necessário, refaça as medidas. Estando nossos dados corretos e de posse do somatotipo, qual a representatividade dos valores atribuídos a cada componente? O valor 4 para a endomorfia é bom? Um valor 6 para mesomorfia está alto? Por que ter noção da magnitude desses valores é importante? EXEMPLO Você pode estar acompanhando um aluno com objetivos de diminuir o percentual de gordura e aumentar a massa muscular. Apesar de o somatotipo não possibilitar uma visão clara quanto à magnitude desses componentes, pode ser utilizado em conjunto com a avaliação da composição corporal. Assim, saber a representatividade dos valores de cada componente pode ser útil quando aliado aos dados da composição corporal. No caso de um atleta, pode ser que o percentual de gordura esteja satisfatório, mas, mesmo assim, se queira promover alteração nesse valor. Conhecendo as características da modalidade e avaliando a composição corporal, em função das fases de treinamento, é possível realizar alguma modificação em sua composição corporal. A tabela a seguir mostra a representatividade, por faixa, atribuída aos valores de cada componente do somatotipo. Classificação Valores 1 – 2,5 3 – 5 5,5 – 7 ≥7,5 Baixa █ Moderada █ Alta █ Muito alta █ Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Classificação dos valores para os componentes do somatotipo. Adaptada de Norton; Olds, 2005, p. 152. Além de classificar os valores do somatotipo, é possível categorizarmos os indivíduos em função do seu valor de somatotipo em 13 categorias baseadas nas áreas da somatocarta. Categoria Descrição Central Nenhum componente difere dos outros dois em mais de uma unidade e consiste em classificações de 2, 3 ou 4. Ectomórfico endomorfo A endomorfia é dominante e a ectomorfia é maior do que a mesomorfia. Endomorfo equilibrado A endomorfia é dominante e a mesomorfia e a ectomorfia são iguais*. Mesomórfico A endomorfia é dominante, e a mesomorfia é maior do que a ectomorfia. endomorfo Mesomorfo- endomorfo A endomorfia e a mesomorfia são iguais* e a ectomorfia é menor. Endomórfico mesomorfo A mesomorfia é dominante, e a endomorfia é maior do que a ectomorfia. Mesomorfo equilibrado A mesomorfia é dominante e a ectomorfia e a endomorfia são iguais*. Ectomórfico mesomorfo A mesomorfia é dominante, e a ectomorfia é maior do que a endomorfia. Mesomorfo-ectomorfo A mesomorfia e a ectomorfia são iguais* e a endomorfia é menor. Mesomórfico ectomorfo A ectomorfia é dominante, e a mesomorfia é maior do que a endomorfia. Ectomorfo equilibrado A ectomorfia é dominante; a endomorfia e a mesomorfia são iguais* e menores. Endomórfico ectomorfo A ectomorfia é dominante, e a endomorfia é maior do que a mesomorfia. Endomorfo-ectomorfo A endomorfia e a ectomorfia são iguais* e a mesomorfia é menor. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Categorias do somatotipo baseadas nas áreas da somatocarta. Adaptada de Norton; Olds, 2005 p. 171. *Não diferem em mais de meia unidade. Categorias do somatotipo baseado na somatocarta. Apesar de todas as categorias disponíveis para classificar o somatotipo, ele também pode ser grupado em quatro grandes categorias, conforme descrito na tabela. Categoria Descrição Central Nenhum componente difere dos outros em mais de uma unidade (0,5). Endomorfo A endomorfia é dominante, a mesomorfia e a ectomorfia são menores em mais de meia unidade (0,5). Mesomorfia A mesomorfia é dominante, a endomorfia e a ectomorfia são menores em mais de meia unidade (0,5). Ectomorfia A ectomorfia é dominante, e a mesomorfia é maior do que a endomorfia. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Quatro grandes categorias para classificar o somatotipo. Adaptadode Norton; Olds, 2005, p. 169. O SOMATOTIPO DE HEATH-CARTER Assista ao vídeo que explica os tópicos relacionados ao módulo. VEM QUE EU TE EXPLICO! Somatotipo Antropométrico de Heath – Carter Calculando o Somatotipo Antropométrico de Heath Carter – utilizando suas equações Classificação dos Componentes do Somatotipo e Análise dos Resultados VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A avaliação da composição corporal nos permite entender a influência que as várias estruturas têm na massa corporal total e a proporção que cada uma delas ocupa. Por meio da utilização de métodos validados, é possível quantificar essas estruturas e destacar o que é gordura corporal. Em função do nível de precisão da técnica, é possível fracionar a estrutura de forma bem discriminada, diferenciando órgãos, músculos, estrutura óssea e gordura. Apesar de os métodos acessíveis não permitirem fracionamentos complexos, eles possibilitam reconhecer a massa corporal magra e a gordura corporal. Tal informação permite verificar o estado de saúde dos beneficiários e as condições em que eles iniciarão um programa de exercícios, possibilitando ao profissional ser o mais específico possível na estruturação do programa, contribuindo para a retenção do aluno e o alcance dos objetivos. PODCAST Agora, ouça ao podcast que fala da avaliação da composição corporal. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. ACSM. Guidelines for exercise testing and prescription. 10. ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. BRAY, G. A. Classificação e avaliação das obesidades. In: Bray, G. A. (Red.) Clínicas Médicas da América do Norte – Obesidade: conceitos básicos e aplicações clínicas. v. 1, p. 189-216, 1989. CALLAWAY, C. W. Circumferences. Anthropometric standardization reference manual, 1988. COLE, T. J. et al. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. Bmj, v. 320, n. 7244, p. 1240, 2000. HEYWARD, V. H.; STOLARCZYK, L. M. Avaliação da composição corporal. São Paulo: Manole, 1996. JACKSON, A. S.; POLLOCK, M. L.; WARD, A. N. N. Generalized equations for predicting body density of women. Medicine and science in sports and exercise, v. 12, n. 3, p. 175-181, 1980. JACKSON, A. S.; POLLOCK, M. L. Generalized equations for predicting body density of men. British journal of nutrition, v. 40, n. 3, p. 497-504, 1978. LOHMAN, T. G. Advances in body composition assessment. Champaign, IL: Human Kinetics, 1992. LOHMAN, T. G.; MILLIKEN, L. A. ACSM’s body composition assessment. Champaign, IL: Human Kinetics, 2020. MARTIN, A. 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