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Descobre-se o sujeito a partir da desinência do verbo (tu entregaste… nós compramos ...). Fique atento! Nesse caso, o sujeito é marcado por uma palavra de natureza morfológica substantiva (uma vez que os pronomes retos têm a função de substituir o substantivo). Sujeito Indeterminado Observam-se alguns casos em que o sujeito será indeterminado: A. Verbo na terceira pessoa do plural sem referência anterior. Naquela noite, causaram um grande acidente. O verbo “causar” é transitivo direto, ou seja, precisa de complemento: quem causa, causa algo. 1. Naquela noite: SP – dá ideia de tempo ao verbo “causar” (quando causaram o acidente); 2. um grande acidente: (det. + adjetivo + substantivo) SN - complementa o verbo “causar” (quem causa, causa algo...o quê? Um grande acidente). Observa-se que o verbo está conjugado na terceira pessoa do plural (eles) e não há referência anterior, nesse caso, não é possível dizer quem causou o acidente, por isso o sujeito é indeterminado. B. Verbo intransitivo + pronome “se”. O verbo intransitivo é aquele que possui carga semântica total, ou seja, não precisa de complemento obrigatório. Dorme-se cedo no interior. VI 1. cedo: S Adv.; 2. no interior: SP. Nota-se que o verbo “dormir” não exige complemento (é um verbo intransitivo - VI). Assim, quando acompanhado do pronome “se”, representará um caso de indeterminação do sujeito. C. Verbo transitivo indireto + pronome “se”. O verbo transitivo indireto é aquele que exige complemento, o qual é antecedido por uma preposição. Precisa-se de funcionários novos. VTI 1. de funcionários novos: SP. É possível observar que o verbo “precisar” exige complemento (quem precisa, precisa de algo) e esse complemento é antecedido pela preposição “de”. Em vista disso, é um verbo transitivo indireto, o qual, quando seguido do pronome “se”, representará um caso de indeterminação do sujeito. D. Verbo de ligação + pronome “se”. O verbo de ligação (VL) é aquele que, esvaziado de sentido, tem a função de conector. Era-se feliz antigamente. VL 1. feliz: S. Adj.; 2. antigamente: S. Adv. No enunciado, tem-se o verbo “ser” no passado, um verbo de ligação (VL). Não há um SN o qual apresente o referente de “feliz”, ou seja, não se consegue determinar quem era feliz antigamente. Como o VL é seguido do pronome “se”, representará um caso de indeterminação do sujeito. Importante: Nos casos de sujeito indeterminado em que se tem o verbo seguido do pronome “se”, não é possível saber quem é o sujeito, portanto, o verbo fica na terceira pessoa do singular (não vai para o plural). Necessita-se de um bom médico. Necessita-se de bons médicos. Fique atento: Nem sempre o pronome “se” representará índice de indeterminação do sujeito. Observa- se o exemplo abaixo. Vende-se roupa usada. VTD + pronome “se” 1. roupa usada: SN (substantivo roupa + adjetivo usada). Nota-se que se trata de um verbo transitivo direto (VTD), ou seja, um verbo que precisa de complemento e esse complemento não é antecedido por preposição: quem vende, vende algo. Assim, quando houver um VTD seguido de pronome “se”, não se trata de caso de sujeito indeterminado, ao contrário, o enunciado terá sujeito e ele será um SN. No exemplo, o sujeito é o SN “roupa usada”. Aqui, tem-se um caso de sujeito passivo: o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo. Há dois modos de se construir um enunciado na voz passiva: I – Voz passiva sintética: VTD + pronome “se”: Vende-se roupa usada. VTD + se II – Voz passiva analítica: com locução verbal: Roupa usada é vendida. Loc. verbal Nos dois casos, o sujeito é o SN “roupa usada”. Cumpre lembrar que o verbo concorda com o sujeito, portanto, se o sujeito estiver no plural, o verbo deve flexionar também. Roupas usadas são vendidas. Vendem-se roupas usadas. Oração sem sujeito Há alguns casos na Língua Portuguesa, em que a posição de sujeito no padrão SVC não será preenchida. Seguem alguns exemplos. A – Verbos que representam fenômenos naturais. Choveu muito na noite passada. VI 1. muito: S. Adv. (advérbio que dá ideia de intensidade, quantidade, ao verbo “chover”); 2. na noite passada: SP (inicia por preposição e dá circunstância de tempo ao verbo “chover”). B – Verbo “fazer” no sentido de tempo. Ele foi embora faz quinze anos. Oração 1: Ele foi embora; Oração 2: faz quinze anos (dá circunstância de tempo à oração 1: indica quando ele foi embora). C – Verbo “haver” com sentido de “existir”. Havia muitas pessoas na sala. VTD (= existir). 1. muitas pessoas: SN – complementa o verbo “haver” (havia o quê? Muitas pessoas); 2. na sala: SP – dá ideia de lugar ao verbo “haver” (onde havia? Na sala). Importante: Nos exemplos de oração sem sujeito analisados acima, o verbo fica sempre no singular, ou seja, na terceira pessoa do singular. Haviam muitas pessoas na sala. Havia muitas pessoas na sala. Houveram muitas manifestações. Houve muitas manifestações. Haverão aulas remotas. Haverá aulas remotas. Ele foi embora fazem quinze anos. Ele foi embora faz quinze anos. Todavia, há casos de oração sem sujeito em que o verbo flexiona para o plural. É o caso do verbo “ser”, por exemplo. Segundo Cegalla (2002, p. 428)1, “na indicação das horas, datas e distâncias, o verbo ser é impessoal (não tem sujeito) e concordará com a expressão designativa de hora, data ou distância”. É uma hora. São três horas. Quando o verbo “ser” for impessoal, é possível deixá-lo no singular, “concordando com a ideia implícita de dia” (CEGALLA, 2002, p. 428). Hoje é vinte de outubro. Fique atento: Verbo “haver” ≠ “existir” É importante esclarecer que o verbo “haver”, quando tiver o sentido de “existir”, é impessoal, ou seja, não tem sujeito. Contudo, o verbo “existir” tem sujeito. Observe a diferença: Havia muitas pessoas na sala. VTD (= existir) – Oração Sem Sujeito 1. muitas pessoas: SN – complementa o verbo “haver” (havia o quê? Muitas pessoas); 2. na sala: SP – dá ideia de lugar ao verbo “haver” (onde havia? Na sala). Existiam muitas pessoas na sala. 1 CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 45. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2002. Autor desconhecido 26/10/2020 16:35 O verbo “passar de” (na indicação das horas) também é impessoal, portanto não pluraliza (CEGALLA, 2002). Já passa das oito horas. VI (verbo intransitivo) Sujeito Simples: “muitas pessoas” 1. muitas pessoas: SN (pronome + substantivo) – indica quem “existe”: muitas pessoas). Nota-se que se trata do sujeito da oração, pois o verbo concorda com este SN (Muitas pessoas existiam na sala). 2. na sala: SP – dá ideia de lugar ao verbo “existir” (onde havia? Na sala).
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