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Apresentação Estagio Categorial

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Aluno: Catieli Mattes Lira
professor: Maria da graça Pieve
Pensamento Categorial
Acorre de 9 a 11 anos.
Segundo Wallon a criança desenvolve sua capacidade de memória a temos um período onde a exaltação da inteligência sobre as emoções, devolve sua capacidade de memoria e atenção voluntária e seletiva nesse estagio as crianças começam abstrair conceitos concretos e começam o processo de categorização mental onde a criança tem um salto em seu desenvolvimento. 
É neste estágio que se formam as categorias mentais: conceitos abstratos que abarcam vários conceitos concretos sem se prender a nenhum deles. Nesta fase, por exemplo, uma criança que antes associasse o conceito de "triângulo" a triângulos equiláteros (porque este tenha sido apresentado como um exemplo de triângulo) adquirirá a habilidade de compreender que mesmo "formatos" diferentes—triângulos isósceles e escalenos—também são abarcados pelo conceito de "triângulo".
No estágio categorial, o poder de abstração da mente da criança é consideravelmente amplificado. Provavelmente por isto mesmo, é nesse estágio que o raciocínio simbólico se consolida como ferramenta cognitiva..
É no estágio categorial que se intensifica a realização das diferenciações necessárias à redução do sincretismo do pensamento. No estágio personalista, a realização de diferenciações no plano da pessoa leva à redução do sincretismo na personalidade. Nesse sentido, possibilita ao estágio categorial a redução do sincretismo do pensamento, a qual corresponde, em última instância, à diferenciação eu-outro no plano do conhecimento.
 Ao longo deste estágio consolida-se a função categorial. Trata-se da capacidade de formar categorias, ou seja, de organizar o real em séries, classes, apoiadas sobre um fundo simbólico estável. É uma função de diferenciação que favorece a objetivação do real. "Objetivar o real é pensá-lo em potencial ou sob forma categorial, isto é, em sua eventual diversidade, o que tem o duplo efeito de tornar possíveis o controle das coisas e o ajustamento gradativo do pensamento à realidade destas" 21 A formação de categorias supõe a separação entre qualidade e coisa. No sincretismo, verifica-se uma aderência entre essas duas noções; a qualidade é percebida como atributo exclusivo da coisa à qual se liga.
 Vejamos esse fenômeno numa conversa entre crianças de 3 anos de idade, numa classe de pré-escola. O assunto da conversa é a família, mais especificamente a mãe de cada um. Tão logo Júlio escuta Adriano dizer o nome de sua mãe, interrompe-o e, indignado, contesta: "É a minha mãe que é Eliana". Júlio não admitiu a hipótese de haver outra mãe com o mesmo nome da sua, pois percebia o nome Eliana como atributo exclusivo de sua própria mãe: objeto e qualidade tratados como uma coisa só.
 Para a formação de categorias gerais abstratas, é preciso que os atributos e as circunstâncias sejam percebidos como independentes dos objetos, podendo ser recombinado a outros objetos. Realizando a separação entre qualidade e coisa, função categorial permite a análise e a síntese, a generalização, a comparação. Em consequência da distinção entre sujeito e objeto pensado e entre qualidade e coisa, a função categorial permite a diferenciação dos objetos entre si e das tarefas essenciais do conhecimento.
 O advento orgânico que marca o início do estágio categorial é o amadurecimento dos centros de inibição e discriminação. São essas as funções nervosas que estão por trás da consolidação das disciplinas mentais, capacidade da qual depende o controle voluntário dos movimentos. Além de relacionados à redução da instabilidade e perseverarão no plano motor, as funções de discriminação e inibição desempenham importante papel na redução do sincretismo.
 Afinal, enquanto forem frágeis essas funções, é difícil para a atividade mental inibir temas revestidos de forte carga afetiva em favor de temas propostos do exterior, ou discriminar temas "parasitas" que se inserem indevidamente no fluxo mental (devido a fatores como analogias fonéticas ou assonâncias) e inibi-los em favor dos temas que norteavam anteriormente o discurso.
 Em virtude da insuficiência da capacidade discriminadora, os objetos do pensamento, precariamente delimitados, contaminam-se uns aos outros, acarretando confusões de significado ou desvio de assunto. Além de suas condições orgânicas, este processo de discriminação dos conteúdos mentais e inibição dos temas inoportunos depende estreitamente de fatores de origem social, como a linguagem e o conhecimento.
 Os instrumentos simbólicos - palavras, imagens, ou outros signos - funcionam como referências fixas que permitem distinguir a fração oportuna dos excitantes dispersivos que vêm do ambiente, confrontar às impressões presentes objetos ausentes, possibilitando que o pensamento se proteja de contaminações e desvios. Ao interagir com o conhecimento formal, o pensamento se apropria das diferenciações já feitas pela cultura, as quais contribuem para a realização das diferenciações que devem ser realizadas pelo próprio indivíduo.
A redução do sincretismo e a consolidação da função categorial são processos em estreita dependência do meio cultural. Superar obstáculos que dificultam a compreensão objetiva da realidade não é tarefa exclusiva ao pensamento infantil. É uma tarefa constante do próprio pensamento científico, desde a origem e até hoje às voltas com a superação de contradições que obscurecem a compreensão da realidade. Nesse plano da razão histórica, vê-se que as categorias de pensamento vigentes são periodicamente submetidas a reformulações, sendo o progresso intelectual resultado de conflitos e não de pacífica acumulação. 
No plano individual, o conflito também aparece como combustível para o progresso do pensamento. Conflito entre as aptidões intelectuais da criança e as tarefas que o meio lhe impõe, entre os seus recursos e a estrutura das coisas. Se, por um lado, o sincretismo constitui-se num obstáculo para o conhecimento objetivo do real, por outro, há terrenos da atividade humana em que ele é, ao contrário, um recurso muito fecundo. É o caso da criação artística, processo que tem semelhanças com o funcionamento do pensamento sincrético (livre associação, analogias, predominância dos aspectos sensório-motores e afetivos sobre a conotação objetiva das palavras).
 Para o desenvolvimento do indivíduo nesse território, ao invés de ser reduzido, o sincretismo deve ser resgatado. Mesmo no pensamento racional, ou no conhecimento científico é possível assinalar aspectos positivos ao sincretismo: ao misturar e confundir ideias, possibilita o surgimento de relações inéditas. Necessário ao ato criador, o sincretismo é essencial à invenção verdadeiramente nova.
Recomendo vídeo;
https://youtu.be/C9Bm05Rm75I
Referência
PEREIRA, M. Izabel Galvão. O espaço do movimento: investigação no cotidiano
de uma pré-escola à luz da teoria de Henri Wallon. São Paulo, tese (mestrado)
Faculdade de Educação - USP.

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