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Saúde do trabalhador São exames que têm o propósito de identificar o perfil do trabalhador, adequando-o à função que pretende exercer, bem como detectar com maior precisão alguns agravos específicos à sua saúde, quando já exerce a função para a qual foi contratado. Esses resultados apoiarão os dados colhidos na ficha de saúde do trabalhador e são úteis para identificar agravos ocupacionais e a tomada de decisões antecipadas para minimizar seus efeitos e evitar que eles piorem. As provas funcionais Dinamometria Provas de função pulmonar Teste ergométrico Avaliação audiológica Teste de visão ocupacional Dinamometria é uma técnica realizada para mensurar a força muscular e a distribuição de pressões. Essa técnica utiliza o dinamômetro como o instrumento de medição. Dinamometria Dinamômetros de preensão manual e de tração lombar são utilizados para medir força de grupos musculares específicos e funcionam por meio de dispositivos que agem por compressão. Quando se comprime a mola do dinamômetro, movimenta-se o ponteiro, de modo que será determinada com exatidão quanta força externa estática ou isométrica foi aplicada ao dinamômetro. Os testes de dinamometria visam à prevenção das lesões ocasionadas por esforços repetitivos e posturas inadequadas. Assim, cada ambiente de trabalho deverá estabelecer os critérios de força destinados às funções específicas executadas pelos trabalhadores, principalmente quando se trata de trabalho físico com movimentos repetitivos. A dinamometria manual mede a força de preensão das mãos, e o valor de referência varia de 15 a 60 kgf (quilograma-força) para os homens e de 8 a 12kgf para as mulheres. A dinamometria escapular mede a força de preensão dos braços. O valor de referência é de 5 a 90 kgf para os homens e de 3 a 38 kgf para as mulheres. A dinamometria lombar mede a força de tração vertical ou força lombar. O valor de referência é de 40 a 180 kgf para os homens e de 25 a 125 kgf para as mulheres. Provas de função pulmonar São exames que avaliam as capacidades e volumes pulmonares, bem como o fluxo aéreo pelas vias respiratórias. Espirometria A espirometria é basicamente um exame de capacidade de sopro, em que o principal objetivo é identificar a quantidade de ar que um indivíduo consegue inalar e com qual velocidade. Em seguida, analisa-se a capacidade para exalar esse ar e sua velocidade. É capaz de medir a força dos músculos respiratórios e a resistência da caixa torácica, bem como a contração e a expansão dos pulmões durante esse fluxo de ar forçado que é solicitado durante o exame. O espirômetro é o aparelho utilizado para a realização da espirometria, método indolor e não invasivo, por isso não oferece riscos ao paciente. As principais razões para a realização da espirometria são: 1. Diagnóstico de doenças respiratórias (congênitas ou adquiridas); 2. Avaliação do efeito de substâncias químicas nas vias respiratórias. 3. Avaliação de risco em procedimentos cirúrgicos de grande porte ou suspeita de insuficiência pulmonar que possa colocar em risco a cirurgia. 4. Alterações pulmonares devido a alergias medicamentosas. 5. Avaliação da gravidade de doenças identificadas e que produzem riscos para as funções pulmonares, como as doenças cardíacas, neuromusculares ou asma, por exemplo. 6. Avaliação de invalidez e deficiência pulmonar como o enfisema. Na espirometria, mede-se a capacidade vital do indivíduo (CV), ou seja, é a capacidade máxima de expiração após uma inspiração máxima. A CV é a soma do volume corrente (VC), do volume de ar de reserva inspiratória (VRI) e do volume de ar de reserva expiratória (VRE): CV = VC + VRI = VRE Importante O exame é realizado após um breve repouso de 5 minutos; Inspirar profundamente pelo nariz e depois expirar pela boca de maneira que o ar expelido passe pelo bocal do aparelho; Os resultados levam em consideração a altura, a idade, o sexo, a superfície corporal, além de outros dados. Teste ergométrico É um teste de esforço com uso de esteira ou bicicleta para avaliar as capacidades cardiorrespiratórias de trabalhadores que já são portadores de pneumopatias ocupacionais. Além de alterações cardíacas, é capaz de avaliar as condições funcionais e aeróbicas do indivíduo submetido ao esforço. Avaliar os indivíduos que já apresentam sintomas de alguma doença ocupacional. Avaliar as disfunções e incapacidades respiratórias já instaladas. Seguimento longitudinal de grupos de indivíduos expostos a fatores de risco ocupacional, seja nos programas de prevenção ou nas investigações de diagnósticos. Avaliar os efeitos da exposição dos riscos ocupacionais de natureza respiratória a que os trabalhadores estejam expostos. Avaliar a melhoria da saúde quando o indivíduo foi afastado das funções que lhe causavam risco. Avaliar os casos suspeitos de incapacidade pulmonar independente dos fatores causadores. As principais indicações para a realização de provas de funções pulmonares em saúde do trabalhador são: Doenças mais comumente encontradas 1. Rinites, sinusites, traqueítes: causadas por substâncias que promovem a irritação da mucosa respiratória por ações químicas ou físicas: poeiras, fumos, soluções ácidas e básicas, gases irritantes, etc. 2. Asma ocupacional: pode ser causada por produtos diversos, sendo os mais comuns o tolueno diisocianato (comum na produção de espumas de poliuretano, tintas, adesivos), agrotóxicos organofosforados (fabricação de inseticidas e pesticidas) e poeiras de algodão (comum na indústria têxtil) 3. Bissinose: doença causada pela inalação da poeira de algodão, linho, cânhamo e sisal. 4. Bronquites crônicas: causadas pelo uso do cigarro de forma crônica e que também atingem os trabalhadores expostos a poeira de carvão e algodão. 5. Enfisema pulmonar: está relacionado aos indivíduos expostos a poeira de carvão, fumo e consequentemente, da silicose. 6. Silicose: doença relacionada à exposição à sílica livre (quartzo), principalmente na mineração do ouro, fundições, cerâmicas. Principal pneumoconiose do Brasil. 7. Asbestose: que está relacionada à aspiração da poeira de asbesto (amianto). O amianto é uma fibra mineral, e o Brasil é um dos produtores mundiais dessa fibra. Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) Avaliação e monitoramento da exposição. Medidas de controle ambiental. Avaliação e monitoramento audiológico. Uso de protetores auriculares. Aspectos educativos. Avaliação de eficácia. Perda auditiva e zumbido; Dores de cabeça; alterações da frequência cardíaca e na pressão sanguínea; alterações do sono; transtornos digestivos; alteração de equilíbrio; distúrbios neurológicos; comportamentais diversos, como irritação, cansaço, diminuição na produtividade, intolerância a ruídos, angústia, ansiedade, depressão, estresse, entre outros. O tipo de poluição ambiental que está sendo mais difundido atualmente no mundo é a poluição sonora. O ruído é o principal agente físico presente em diferentes categorias profissionais. O ruído, isoladamente, apresenta perigo à saúde quando o nível sonoro é superior a 85 dB (decibéis), dependendo da duração e da exposição sistemática a ele. Por isso, a partir dessa intensidade sonora, que deve ser aferida nos ambientes de trabalho, deve ser feita audiometria periodicamente, principalmente nas indústrias. A prevenção da PAIR se dá com a adoção de intervenções com o objetivo de eliminar e/ou controlar o ruído, baseada nos aspectos do Programa de Conservação Auditiva (PCA). São eles: Sintomas da PAIR A PAIR caracteriza-se pela lesão coclear irreversível em configuração de entalhe acústico nas frequências altas. Apresenta-se como um dos problemas mais graves e prevalentes para a saúde do trabalhador. Estudos revelam que ainda não houve redução do risco da surdez de origem ocupacional. A avaliação do trabalhador exposto a ruído deve conter avaliação clínica e ocupacional, e deve ser observado o grau de exposição ao risco (anterior e atual), bem como os sintomas característicos. É importante que a exposição seja detalhada, para buscar relaçõesentre a exposição e os sinais e os sintomas identificados. A anamnese ocupacional é o instrumento mais adequado para identificar o risco, bem como para conhecer o ambiente de trabalho. Identificar o risco Essa é a função do enfermeiro que atua em saúde ocupacional. Ele deve conhecer bem o local para identificar os riscos, avaliar os laudos técnicos da própria empresa e as informações sobre fiscalizações, além de relacionar esses dados ao relato do paciente. Avaliação audiológica Exames para avaliação auditiva • Audiometria tonal por via aérea. • Audiometria tonal por via óssea. • Logoaudiometria. • Imitanciometria. Avaliação deve ser feita sob determinadas condições, estabelecidas pela Portaria n.º 19, da Norma Regulamentadora 7 (NR 7): utilização de cabine acústica própria e utilização de equipamento calibrado, repouso acústico de 14 horas e realização por profissional qualificado (médico ou fonoaudiólogo). Ao identificar um caso de PAIR, é feita a notificação que dará início ao processo de vigilância em saúde, bem como o acompanhamento da progressão da perda auditiva por meio de avaliações audiológicas periódicas. A reabilitação pode ser feita por meio de ações terapêuticas individuais e em grupo, a partir da análise cuidadosa da avaliação audiológica do trabalhador. Esse serviço poderá ser realizado na atenção secundária ou terciária, desde que exista o profissional capacitado: um fonoaudiólogo. Teste de visão ocupacional Avaliar a capacidade para tarefas laborais. Detectar problemas que desaconselhem as atividades laborais, levando ao risco o próprio trabalhador ou outros funcionários, até mesmo o ambiente da empresa. Encaminhamento para tratamento ou correção com oftalmologista. Avaliar os resultados de tratamento ou de uso das lentes corretivas. Na avaliação de visão ocupacional, são feitos testes e provas como: Foria lateral e vertical: avaliam o paralelismo ou desvios no eixo visual. Na foria lateral, avalia-se a possibilidade de os olhos se deslocarem para fora, e na foria vertical, avalia-se a postura dos olhos no plano vertical. É o teste que mede a capacidade funcional dos olhos, com objetivo de: 1. 2. 3. 4. Percepção de profundidade: é a capacidade de julgar a distância de objetos em seu campo visual, dizendo qual das imagens observada está em relevo. Distinção de cores: a identificação das cores se dá a partir de três cores básicas, o vermelho, o verde e o azul, a partir delas, obtêm-se as matizes. Utilizando-se as pranchas de Ishihara, com números desenhados que se distinguem pelas cores. Quando houver problemas na identificação das cores, os indivíduos não conseguirão enxergar os números corretamente e aqueles que tiverem baixa visão ou retinopatias não poderão enxergar as cores. Acuidade visual: capacidade de distinguir objetos e suas formas. Existem vários métodos para essa finalidade: as escalas optométricas com as letras em tamanhos diferentes ou cartazes de Snellen com figuras para serem identificadas. Há escalas para indivíduos não alfabetizados, que devem apontar a direção das figuras. Os cartazes de Jaeger mostram sentenças impressas para acuidade visual próxima. Tanometria É a medida de tensão ocular por meio do tanômetro, aparelho utilizado para verificar o nível de normalidade e graus de hipertensão ocular e diagnosticar precocemente o glaucoma, doença altamente causadora de cegueira progressiva, que pode ser de origem genética, diabetes, miopatia grave, além da idade e etnia, que também são fatores a serem observados, especialmente negros acima de 40 anos e brancos acima de 65 anos. Casos de pressão maior que 30 mmHg devem ser encaminhados ao oftalmologista. Referência: MARTINS, Renata Augusto. Saúde do trabalhador. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.
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