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Genética Aplicada à Atividade Motora Profa. Dra.Telma Fátima da Cunha Moraes telma.moraes@docente.unip.br Padrões de Herança Genética Características § Acredita-se que cada ser humano carrega genes alterados, que não funcionam direito, mas como é necessário um par de genes para determinar uma característica, geralmente se tem um gene normal e um com defeito, determinando um fenótipo normal. § Existem padrões de Heranças Genética que determinam ou não a alteração de algum fenótipo. Padrões de Herança Genética Tipos de Heranca § Existem alguns tipos de herança genética: ü Herança Autossômica Recessiva; ü Herança Autossômica Dominante; ü Herança ligada ao X; ü Herança Mitocondrial. Padrões de Herança Genética Herança Autossômica Recessiva § São necessários dois genes com defeito, um do pai e um da mãe para que a pessoa tenha a doença; § A maioria das doenças metabólicas hereditárias é herdada desta forma, ou seja, é necessário que o pai e a mãe carreguem o mesmo gene com defeito, por esta razão os casamentos entre parentes têm uma maior chance de ter filhos ou filhas com doenças recessivas. § O risco de ter um outro filho ou filha com uma doença recessiva é de 25%, uma chance em quatro, à cada gestação desse casal. Padrões de Herança Genética Herança Autossômica Recessiva Padrões de Herança Genética Herança Autossômica Recessiva § Critérios da Herança Autossômica Recessiva ü O fenótipo é encontrado apenas nos irmãos do indivíduo afetado e o fenótipo (doença) salta gerações (não aparece em todas as gerações); ü O risco de recorrência para cada irmão do indivíduo afetado é de 1 em 4; ü Os pais do indivíduo afetado em alguns casos são consanguíneos; ü Ambos os sexos têm a mesma probabilidade de serem afetados. § Exemplos: anemia falciforme, albinismo e fibrose cística. Padrões de Herança Genética Herança Autossômica Dominante § Nessa condição, o fenótipo é expresso em homozigotos e heterozigotos; § Dessa forma, a presença de um gene do par alterado é suficiente para aparecer a doença; § É exemplo desse tipo de herança a hipercolesterolemia familiar, que é a doença metabólica hereditária mais frequente; § O risco de um filho ou filha ser afetado se um dos pais carregar um gene dominante é de 50% à cada gestação. Padrões de Herança Genética Herança Autossômica Dominante Padrões de Herança Genética Herança Autossômica Dominante § Nos casamentos que produzem filhos com uma doença autossômica dominante, um genitor (pai ou mãe) geralmente é heterozigoto para a mutação e o outro genitor, homozigoto para o alelo normal. Padrões de Herança Genética Herança Autossômica Dominante § Critérios da Herança Autossômica Dominante ü O fenótipo aparece em todas as gerações e toda pessoa afetada tem um genitor (pai ou mãe) afetado; ü Qualquer filho de genitor afetado tem um risco de 50% de herdar o fenótipo.; ü Familiares fenotipicamente normais não transmitem o fenótipo para seus filhos; ü Homens e mulheres têm a mesma probabilidade de transmitir o fenótipo aos filhos de ambos os sexos. Padrões de Herança Genética Herança Ligada ao X § É quando o gene alterado está no cromossomo X; § Este tipo de herança pode ser recessiva – quando as manifestações vão estar presentes apenas nos homens porque eles têm apenas um cromossomo X - não têm nenhum gene normal para aquela característica; § Nas mulheres quando existe alguma manifestação clínica em geral é mais leve; § É exemplo desse tipo de herança a distrofia de Duchenne. Padrões de Herança Genética Herança Ligada ao X Padrões de Herança Genética Herança Ligada ao X § A herança ligada ao X dominante – quando um gene alterado é suficiente para determinar a doença; § Em geral as mulheres são gravemente afetadas; § Para os homens a doença pode ser letal, pela ausência de um gene normal daquele par. Padrões de Herança Genética Herança Ligada ao X § O risco de um filho ser afetado quando sua mãe carrega um gene alterado em um de seus cromossomos X é de 50% e das filhas é também 50% de serem portadoras do gene com defeito e consequentemente passar a seus filhos e filhas. Padrões de Herança Genética Herança Mitocondrial § A mitocôndria é uma organela da célula que contém um filamento de DNA próprio, responsável pela formação de algumas de suas enzimas, e independente do DNA presente em cada célula de um ser vivo; § As doenças mitocondriais podem ocorrer por herança autossômica recessiva ou por herança mitocondrial; Padrões de Herança Genética Herança Mitocondrial § Imediatamente após a fecundação do gameta feminino pelo gameta masculino, a membrana das mitocôndrias contidas no gameta masculino perdem sua integridade e libera enzimas, que passam para a matriz mitocondrial e desencadeiam diversos processos que resultam na degradação (destruição) do material genético de toda a organela; § Curiosamente, esta enzima liberada pela mitocôndria paterna age em conjunto com enzimas maternas – como enzimas degradadoras de proteínas. Padrões de Herança Genética Herança Mitocondrial § Se existe um gene deficiente no DNA mitocondrial a mãe terá o risco de praticamente 100% a cada gestação de ter um filho ou filha com a doença. Inativação do Cromossomo X Mulheres : XX Homens: XY Hipótese de Lyon (1960): COMPENSAÇÃO DA DOSE. ü Inativação do X ocorre muito cedo no desenvolvimento embrionário da fêmea, sendo o cromossomo X cedido pelo pai inativado em algumas células e, em outras o X cedido pela mãe. ü Essa regulação ocorre ao acaso e as células germinativas apresentam os dois cromossomos X ativados. Inativação do Cromossomo X Mulheres : XX Homens: XY § A inativação de um cromossomo X da mulher seria uma forma de igualar a quantidade de genes nos dois gêneros; § Esse mecanismo é chamado de compensação de dose; § Como a inativação do X ocorre de forma aleatória, ou seja, pode ser inativado o X vindo do pai ou da mãe, os cromossomos das mulheres são chamadas de mosaicos, pois apresentam partes ativadas e partes inativadas nos cromossomos X. Inativação do Cromossomo X Inativação do Cromossomo X Corpúsculo de Barr § Cromossomos X inativos, vistos em células com dois ou mais cromossomos X. Inativação do Cromossomo X Porque a inativação do X é incompleta? § Algumas regiões do cromossomo X permanecem ativas como, por exemplo, pontas dos braços curtos e longos; § Cerca de 15% dos genes do cromossomo X podem escapar à inativação; § Alguns desses genes têm homologia no cromossomo Y mantendo a dose entre homens e mulheres. Distrofia Muscular de Duchene “Eu pensei que a humanidade já estava infringida de males suficientes...e não parabenizo o senhor pelo novo presente que a humanidade ganhou.” Distrofia Muscular de Duchene Características § Doença genética recessiva ligada ao cromossomo X, degenerativa e incapacitante. § Acomete quase que exclusivamente meninos. § Mutação na proteína distrofina, causando degeneração do sarcolema. § As mutações referem-se a deleções e duplicações de um ou mais exons (65%), ou mutações de ponto. Distrofia Muscular de Duchene Sintomas § Fraqueza muscular. § Quedas frequentes. § Andar cambaleante; § Dificuldade de aprendizagem. Distrofia Muscular de Duchene Sintomas § Sinal de Gowers – utilização de 4 apoios. Distrofia Muscular de Duchene Referências Bibliográficas 1. Lodish et al., Biologia Celular e Molecular, 2002. 2. Nussbaum, McInnes, Willard. Genética Médica. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevir, 2008. 3. Strachan, T.; Read, A. Genética Molecular Humana. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. Epigenética Epigenética O que é? • Modificações do material genético (cromatina ou acesso à cromatina) que são estáveis ao longo de diversas divisões celulares, mas que não envolvem mudanças na sequência de DNA do organismo; § Modificações que não obrigatoriamente passam de uma geração para outra. Bird, A. Nature, 2007. Epigenética O que é? § A epigenética é definida como o estudo dasmudanças da expressão e função gênicas causadas por outros mecanismos que não sejam as mutações nas sequências de bases do DNA. § Essas alterações resultam em mudança fenotípica sem alteração da sequência de bases do DNA . Epigenética Características § Durante toda a vida do indivíduo, essas modificações químicas no DNA são constantemente feitas e desfeitas. § Elas ocorrem por diversos fatores, como do impacto do meio ambiente e o estilo de vida das pessoas. § Mesmo em genes com sequências totalmente iguais (gêmeos univitelino), o ambiente e o estilo de vida influenciam na expressão dos genes e modificam o funcionamento do organismo. Epigenética Características § Alterações do ambiente como sedentarismo e hábitos alimentares, influenciam as mudanças epigenéticas. § As mudanças epigenéticas são reversíveis; § Assim, alterações epigenéticas podem ser desencadeadas no genoma de um indivíduo em qualquer momento de sua vida, e podem levar ou não ao desenvolvimento de uma adaptação ou de uma doença, por exemplo. Compactação DNA DNA das células eucarióticas: empacotado em nucleossomos. Compactação DNA Controle da Expressão Gênica Metilação § Mecanismo epigenético que facilita mudanças na estrutura da cromatina, bloqueando a transcrição de genes específicos ao torna- los inacessíveis para a transcrição celular. § Importante regulador da expressão gênica ü Mecanismo repressor da transcrição; ü Atua no desenvolvimento embrionário; ü Importante mecanismo epigenético. Controle da Expressão Gênica Metilação § Ligações covalentes de grupos Metil (CH3) na posição 5’da citosina; § Enzima DNA metiltransferase. Controle da Expressão Gênica Metilação § Como se a citosina se transformasse “timina”. C CH3 Referências Bibliográficas 1. McGee SL, Hargreaves M. Epigenetics and Exercise. Trends Endocrinol Metab. 30(9):636-645, 2019. 2. Soci UPR, Melo SFS, Gomes JLP, Silveira AC, Nóbrega C, de Oliveira EM. Exercise Training and Epigenetic Regulation: Multilevel Modification and Regulation of Gene Expression. Adv Exp Med Biol. 1000:281-322, 2017. 3. Neves VJ, Fernandes T, Roque FR, Soci UP, Melo SF, de Oliveira EM. Exercise training in hypertension: Role of microRNAs. World J Cardiol. 26;6(8):713-27, 2014. 4. Khan Academiy. Rgulação Gênica. Herança Genética e Obesidade Características § A obesidade é definida como uma doença multicausal associada aos efeitos do acúmulo excessivo de gordura corporal; § É um fator de risco para dislipidemias, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Herança Genética e Obesidade Características Herança Genética e Obesidade Características § A herança genética parece responder por 24 a 40% da variância no IMC por determinar diferenças em fatores como taxa de metabolismo basal, resposta à superalimentação e outros; § Influência da Epigenética: § Acredita-se que as mudanças de comportamento alimentar e os hábitos de vida sedentários atuem sobre genes que predispõem os indivíduos à obesidade. Herança Genética e Obesidade Leptina § Do grego leptos, ou magro, é uma proteína composta por 167 aminoácidos. § É produzida principalmente no tecido adiposo. § Atua no controle da ingestão alimentar, aumentando a saciedade e estimulando os neurônios do hipotálamo no sistema nervoso central; Herança Genética e Obesidade Leptina § A ação da leptina no sistema nervoso central (hipotálamo) promove a redução da ingestão alimentar e o aumento do gasto energético, § Regula a função neuroendócrina e o metabolismo da glicose e de gorduras; § Ela é sintetizada também na glândula mamária, músculo esquelético, epitélio gástrico e trofoblasto placentário. Herança Genética e Obesidade Leptina Herança Genética e Obesidade Leptina § O gene ob, codifica a proteína leptina, e o defeito nesse gene parece ser a causa da obesidade em camundongos ob/ob, que engordam de forma descontrolada; § A leptina aumenta a saciedade; § Isso acontece através da inibição da formação de neuropeptídios relacionados ao apetite, como o neuropeptídio Y; Herança Genética e Obesidade Leptina § Mesmo assim, os indivíduos obesos apresentam níveis aumentados de leptina (cerca de 5 vezes mais que os indivíduos magros); § O que indica que a ação da leptina pode estar diminuída no obeso, podendo indicar resistência à ação da leptina, semelhante ao que acontece com os indivíduos diabéticos em relação à insulina no diabetes. Herança Genética e Diabetes Leptina § Os indivíduos obesos apresentam níveis aumentados de leptina (cerca de 5 vezes mais que os indivíduos magros); § O que indica que a ação da leptina pode estar diminuída no obeso, podendo indicar resistência à ação da leptina, semelhante ao que acontece com os indivíduos diabéticos em relação à insulina no diabetes. Herança Genética e Diabetes Características § Diabetes mellitus é um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum a hiperglicemia, resultante de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas; Tipos de Diabetes § DM tipo 1 (DM1); § DM tipo 2 (DM2); § DM gestacional; § Outros tipos específicos de DM. Herança Genética e Diabetes Diabetes Tipo 1 § Os indivíduos têm destruição das células beta do pâncreas que levam a uma deficiência de insulina: 1A e 1B; § Subtipo 1A, resulta da destruição autoimune de células beta pancreáticas com consequente deficiência de insulina, estima-se que seja encontrado de 5 a 10% dos casos de DM; § O desenvolvimento desse tipo de diabetes envolve fatores genéticos e ambientais; Herança Genética e Diabetes Diabetes Tipo 1 § É, na maioria dos casos, uma condição poligênica, sendo que os principais genes envolvidos estão no sistema do antígeno leucocitário humano (sistema de defesa); § Esses genes podem promover o desenvolvimento da doença ou proteger o organismo contra ela; § Fatores ambientais: algumas infecções virais, fatores nutricionais, deficiência de vitamina D e outros; § A taxa de destruição das células beta é variável e, em geral, mais rápida entre as crianças. Herança Genética e Diabetes Diabetes Tipo 1 § No Diabetes tipo IB ou idiopático, não se sabe exatamente a causa para seu desenvolvimento; § Os indivíduos com esse tipo de diabetes podem desenvolver cetoacidose e apresentar graus variáveis de deficiência de insulina; § Cetoacidose é um estado de acidose metabólica causada por altas concentrações de cetoácidos, um produto do metabolismo de lipídeos. Herança Genética e Diabetes Diabetes Tipo 2 § 90 a 95% dos casos de diabetes; § Se caracteriza por defeitos na ação e secreção da insulina; § A resistência à insulina e o defeito na função das células beta estão presentes já na fase inicial da doença; § É causada por uma interação de fatores genéticos e ambientais. § Fatores ambientais: sedentarismo, obesidade, dietas ricas em gorduras e envelhecimento; § Esses fatores interagem com alguns genes que podem ser responsáveis por uma maior susceptibilidade para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. Herança Genética e Diabetes Diabetes § O polimorfismo de deleção da ECA causa elevação da pressão arterial quando comparado ao polimorfismo de inserção; § A bradicinina é uma proteína influenciada pela ECA; § Ela está relacionada ao controle da pressão arterial por estimular a vasodilatação e, do diabetes por diminuir a resistência à insulina; § No diabetes há menor biodisponibilidade da bradicinina, piorando a resistência à insulina. Herança Genética e Diabetes Diabetes § Diabéticos tipo 2 apresentam 1,77 vezes mais o polimorfismo de deleção nos dois alelos – homozigotos DD – quando comparados a pessoas saudáveis (48% em diabéticos e 27% em não diabéticos); § 52% desses diabéticos podem ser homozigotos para inserção (II) ou heterozigotos (ID); § O controle do DM2 pode ser feito por meio da associação de uma dieta alimentar adequada de baixo índice glicêmico, prática de exercício físico e uso de medicamentos hipoglicemiantes.Doenças Cardiovasculares Fatores de risco Doenças Cardiovasculares Influencia do gene da ECA § O polimorfismo de deleção do gene da ECA está associado ao desenvolvimento da hipertrofia cardíaca e hipertensão; § Como o sistema renina angiotensina é considerado um importante regulador do crescimento miocárdico, indivíduos com mais altas concentrações de ECA podem apresentar maiores respostas de hipertrofia no músculo cardíaco, favorecendo o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Capacidades Motoras Hipertrofia Muscular e Epigenética § Uma única sessão de exercício físico é capaz de ativar a expressão de diversos grupos de genes; § A ativação desses genes parece ser diferente quando comparamos o treinamento de força e o treinamento aeróbio; § No treinamento de força, a hipertrofia do músculo esquelético depende da ativação de células satélites; § No treinamento aeróbio há ativação de genes localizados nos núcleos e nas mitocôndrias para permitir a biogênese mitocondrial. Referências Bibliográficas 1. Lodish et al., Biologia Celular e Molecular, 2002. 2. Nussbaum, McInnes, Willard. Genética Médica. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevir, 2008. 3. Strachan, T.; Read, A. Genética Molecular Humana. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
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