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RESENHA CRÍTICA PENAL IV

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO
Resenha Crítica de Caso 
xx
201803xxxx
Direito Penal IV
 		 Prof. xx
xxx
2020
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL É UM JECRIM INCREMENTADO?
REFERÊNCIA: LEONARDO MAGALHÃES AVELAR E PEDRO HENRIQUE CARRETE SANCHEZ, 7 DE FEVEREIRO DE 2020. DISPONÍVEL EM: HTTPS://WWW.MIGALHAS.COM.BR/COLUNA/PERSPECTIVAS-DO-DIREITO-PENAL/320022/ACORDO-DE-NAO-PERSECUCAO-PENAL-E-UM-JECRIM-INCREMENTADO.
Muito se discute as diferenças e semelhanças de entendimentos com relação ao acordo de não persecução penal e ao JECRIM, onde o Juizado Especial Criminal (JECRIM) se trata de um órgão da estrutura do Poder Judiciário brasileiro destinado a promover a conciliação, o julgamento e a execução de qualquer infração de menor potencial ofensivo, e os crimes com pena privativa de liberdade cominada de até dois anos, cumulada ou não com multa. Criado com a lei 9.099/95. 
Atualmente, de acordo com o Art 2° da referida lei, os procedimentos nos Juizados Especiais devem ser orientados pelos princípios da oralidade, informalidade, simplicidade e celeridade, buscando sempre promover a composição civil, ou a transação penal, que é um acordo eventualmente realizado entre o Ministério Público e o autor do fato, expressão utilizada pela Lei nº 9.099/95, para designar a pessoa que se viu envolvida na prática de uma infração penal de menor potencial ofensivo, sendo certo que este tem a faculdade de não aceitá-lo e optar pelo prosseguimento do feito.
No JECRIM temos medidas despenalizadoras, composição cível, transação penal e suspensão condicional do processo, nos artigos 74, 76 e 89, da Lei nº 9.099/95 respectivamente, ingressaram na seara penal na perspectiva de não só agilizar a persecução criminal, bem como apresentar medidas mais eficazes de ressocialização quanto às infrações legalmente definidas como de menor potencial ofensivo. Paralelamente a isto, foi criado recentemente um novo dispositivo que consta no Art 28-A do CPP, lei conhecida como lei "anticrime" que prevê a possibilidade de transação penal, onde visa ampliar a aplicação de acordo com a não persecução penal.
Segundo o novo dispositivo, "não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a quatro anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal", Entendemos que por não se tratar de novidade em nosso ordenamento jurídico, com o mesmo pensamento despenalizador, a fim de evitar a judicialização do fato penal, temos o instituto processual da Transação Penal (art. 76 da lei 9.099/95).
Outro fator importante é sobre a questão de saber se o instituto do acordo de não persecução penal, com a previsão de que não gerará a reincidência, tem a força de retroagir para beneficiar o investigado em relação a fatos pretéritos aos quais coubesse o acordo, expurgando os efeitos da reincidência.
Neste ponto, é importante destacar que o art. 28-A, §12 do CPP, prevê que a celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constará a certidão de antecedentes criminais, logo não gerando reincidência, a Lei 13.964/19 no Art 3º na parte que incluiu o Art 28-A no Código de Processo Penal, deve retroagir para beneficiar o investigado, réu ou apenado e deve-se desconsiderar a reincidência gerada por fatos anteriores nos quais fossem, de acordo com a lei nova, cabível o acordo de não persecução penal, o qual não prevê a consequência da reincidência decorrente da sua concretização e cumprimento.
Dessa forma, entendemos que respeitando o ordenamento jurídico e o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, onde impõe-se o Direito Penal de um Estado Democrático de Direito, com a observância da Legalidade e demais Garantias Constitucionais do indivíduo, dentre elas, a Retroatividade da Lei Penal mais benéfica, para se concluir sobre a efetiva obrigatoriedade da retirada da nefasta reincidência nos casos em que o agente tenha sido condenado por fato anterior a que a nova lei possibilite o Acordo de Não Persecução Penal, com a análise concreto dos requisitos e da abrangência das consequências da retroação. Será que diante disso tudo realmente teremos penas mais brandas? Será que o MP sempre vai acolher a denúncia ou ficará inerte? Será que teremos agilidade e um certo desafogamento na máquina judiciária? Enfim, muitas questões ainda precisarão ser analisadas ao longo dos próximos anos, mas o acordo de não persecução penal, já é uma realidade que precisamos aprender a lidar.

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