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Imunologia dos transplantes Prof. Dr. Junior Gomes Introdução Imunologia de Transplantes: compatibilidade imunogenética entre doadores e receptores ao transplante de órgãos e tecidos Compreensão da cura de muitas doenças pela implantação de células,tecidos ou órgãos saudáveis de um indivíduo para outro. Histórico Itoua To e Pien Tsio (287 aC), transplantado a perna de um soldado negro que acabara de morrer em outro homem, um velho branco que havia perdido a perna naquele mesmo dia; O transplante de órgãos não vitais aumentou significativamente no século 20. Os enxertos de pele iniciaram no fim dos anos 20, como medida paliativa nos casos de queimaduras. Os primeiros transplantes de córnea começaram em 1905, e sua prática cotidiana só foi consolidada em 1944, quando o primeiro banco de olhos mundial foi inaugurado, o Hospital Manhattan de Olhos, Ouvidos e Garganta. Peter Medawar ganhador do prêmio Nobel (1960), em seu trabalho sobre a imunologia dos transplantes identificou a importância da imunidade celular no processo de rejeição dos enxertos, permitindo o desenvolvimento dos protocolos de imunossupressão; Nas décadas de 60 e 70 desenvolveram-‐se fármacos com uma melhor ação imunossupressora e expressivos efeitos colaterais; A década de 80 foi marcada pelo surgimento de vários eventos tais como novas drogas imunossupressoras, a ciclosporina e o tacrolimus, a padronização nas retiradas múltiplas dos órgãos dos doadores cadáveres e o desenvolvimento por Belzer e colaboradores, de uma nova solução de conservação dos órgãos. Histórico Transplante Conceito: é o processo de retirada de células, tecidos ou órgãos, chamado de enxertos, de um individuo e sua inserção em um individuo, geralmente, diferente. Doador: Individuo que forneceu o enxerto; Receptor: Quem recebe o enxerto – Transfusão: Transplante de células sanguíneas circulantes ou de plasma de um individuo para o outro. O complexo de histocompatibilidade (MHC) denominado no homem de Sistema HLA (Human Leukocyte Antigen) está envolvido nos mecanismos de reconhecimento celular, visando proteger o organismo de agressões externas e das regulação da resposta imunológica HUMAN LEUKOCYTE ANTIGEN A rejeição é o reflexo da resposta imunológica aumentada (inicialmente local) envolvendo, na maioria das vezes, os antigenos HLA do órgão transplantado HUMAN LEUKOCYTE ANTIGEN Região gênica hipervariada, localizada no braço direito cromossoma 6 humano Classes I, II e III Codifica glicoproteínas HLA que na maioria das vezes estão envolvidos na rejeição de transplantes HUMAN LEUKOCYTE ANTIGEN Glicoproteína de classe I Codificadas nos locus HLA A, B e C. Estruturas químicas semelhantes Diferem nas seqüências de aminoácidos da molécula, o que lhes confere especificidade Encontram-se em praticamente todas as superfícies celulares Reconhece antígenos protéicos externos, incluindo tecidos transplantados São reconhecidos por linfócitos T citotóxicos (CD8+) com especificidade antigênica. HUMAN LEUKOCYTE ANTIGEN Glicoproteína de classe II Codificadas nos locus HLA DR,DP,DQ. Diferem entre indivíduos e estão mais envolvidos na resposta imunológica. Apenas se encontram em células que apresentam antígenos como LB, macrófagos e células dendríticas. Papel predominante na resposta imunitária inicial a antigénios de tecidos transplantados Ao entrarem em contacto com um antígeno non- self, ativam linfócitos T helper (CD4+) que, por sua vez, sofrem expansão clonal através da produção de citocinas reguladoras HUMAN LEUKOCYTE ANTIGEN Tipagem HLA Antigenos HLA estão presentes nas membranas de todas as células do organismo e como antigenos solúveis nos líquidos do corpo. São mais bem expressos nos linfócitos Tifipicações HLA – Biologia Molecular (DNA genômico-‐PCR) Conceitos Enxerto Autólogo: Transplante de um individuo para si mesmo; Enxerto Singênico: Transplante de dois indivíduos geneticamente idênticos; Enxerto Alogênico: Transplante entre indivíduos da mesma espécie, mas geneticamente diferentes; Enxerto Xenogênico: Transplante entre indivíduos de espécies diferentes Tipos de Transplante Tipos de Transplante Tipos de Transplante Tipos de Transplante Seleção de doadores Avaliação clínica do doador Ausência de doenças crônicas Tipagem ABO Tipagem HLA Cross-‐match (“prova cruzada”) Cross-‐match Rejeição Reação inflamatória desencadeada pela resposta imune do receptor ao órgão ou tecido doado. RESPOSTA IMUNE AO TRANSPLANTE ALOGÊNICO Reação Leucocitária Mista com a participação de Linfócitos B e T, células NK, fagócitos mononucleares e células dendríticas. Os mecanismos efetores envolvidos são: Citólise mediada por linfócitos T citotóxicos Reação de hipersensibilidade retardada Lesão vascular por anticorpos. FORMAS CLÍNICAS DE REJEIÇÃO DE ENXERTOS E BASE IMUNOLÓGICA DAS REJEIÇÕES Rejeição aguda Ocorre de 5 dias a alguns meses (6 meses) após o transplante Caracteriza-‐se pelo intenso infiltrado mononuclear Principal forma de rejeição dos transplantes clínicos Controlada por agentes imunossupressores Rejeição aguda Reconhecimento dos antigenos Reconhecimento dos antigenos Reconhecimento dos antigenos Rejeição hiperaguda Ocorre em minutos a poucas horas após a realização do transplante; Mecanismo: anticorpos pré-‐existentes que lesam o endotélio vascular; ABO = IgM HLA = IgG Xenoanticorpos = IgM Complemento PMN Plaquetas (coagulação) Forma de rejeição dos transplantes xenogênicos; Rejeição hiperaguda Rejeição crônica Rejeição lenta e progressiva; Ocorre vários anos após a realização do enxerto; Função lentamente perdida; Fibrose/Hipertrofia; Participação de Ac ou linfócitosT contraAg menores; Agressão discreta e progressiva dos vasos seguida de reparo; Espessamento da parede interna dos vasos; Oclusão da luz vascular. Rejeição crônica TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA CONCEITO Transplante de células pluripotentes selecionadas. Transplante de medula óssea Células hematopoiéticas indiferenciadas pluripotenciais Aplicação: Defeitos adquiridos em células sanguíneas ou células do sistema imune Correção de enzimas/proteínas defeituosas (Hb) Leucemias Transplante de medula óssea Para que as células do transplante ocupem nichos na medula do receptor é necessário um pré-tratamento (Radiação/ Quimioterapia) As células indiferenciadas são rejeitadas por um mecanismos pouco conhecido Há a necessidade de uma imunodepressão quase completa do receptor Complicações do Transplante de Medula Òssea Doença Enxerto X Hospedeiro Causada pela reação de células maduras transplantada contra antígenos do hospedeiro. Pode ocorrer também em transplante de intestino e pulmão (ricos em células T). Doença Enxerto X Hospedeiro Tipos: Aguda: erupções cutâneas, icterícia e diarréia (necrose de células epiteliais da pele, fígado e TGI) Crônica: Tardia. Leva a fibrose e atrofia do fígado, TGI, pulmões e pele. Imunossupressão utilizada nos transplantes clínicos Azatioprina (análogo de purina) No corpo é convertido em 6-‐mercaptopurina e depois em 6-‐mercaptopurina ribosídeo, que bloqueia a síntese de ac nucléico, por agir como análogo de ácido inosínico Aplicação intravenosa no dia do transplante Manutenção por via oral Clinicamente utilizada em combinação com outras drogas; Corticosteróides Prednisona, metilprednisona, dexametasona Inibe a migração dos linfócitos para o espaço extravascular (inibição de prostaglandina e inflamação) Reduz a proliferação de linfócitos Redução do tamanho do tecido linfóide Afeta mais os linfócito T do que linfócitos B Inibe a ativação de macrófagos e a liberação de IL-‐1 Efeitos colaterais dos corticosteróides Insônia e mudança de humor Aumento de apetite e ganho de peso Suscetibilidade a infecções Retenção de flúidos (retenção de Na e depleção de K) Hipertensão Hiperglicemia Ciclosporina-‐ A Polipeptideo cíclico isolado de fungo Inibe a proliferação de T, por inibir a síntese de IL-‐2, após ligação com cyclofilina (proteína ligadora de Cy-‐A) Administração oral – absorção variável Oxidação no fígado e excreção renal Toxicidade renal – necrose tubular devido a vasoconstrição Hepatotoxicidade -‐ 25% dos casos Tacrolimus (FK-‐506 ou fujimicina) produzida por Streptomyces tsukubaensis Antibiótico não-‐peptidico com estrutura diferente da Cy-‐A Bloqueio da secreção de IL-‐2 por ligação a proteina diferente da Cy-‐A TACROLIMUS(FK-‐506) CICLOSPORINA Anticorpos imunossupressores Globulina anti-‐linfocitária (ALG-‐Coelhos) Inibição de linfócitos T através de lise celular Monoclonais anti-‐CD3 (OKT3-‐camundongos) Previne ativação e proliferação de T Febre, rigor, dor torácica, dispnéia, hipotensão, náusea, vômito, diarréia Anticorpos humanizados (anti-‐CD25 e anti-‐CD-‐52) bloqueio de IL-‐2 (CD-‐25) ou eliminação de células imunocompetentes (CD-‐52) Imunotoxinas (antibody-‐toxin conjugates) anti-‐CD3 + toxina diftérica (experimental) Efeitos colaterais da imunossupressão Aumento na incidência de infecções por microrganismos oportunistas (CMV, EBV, Pneumocystis, fungos) Aumento na incidência de alguns tipos de câncer, particularmente linfomas e sarcoma de Kaposi. Imunologia da Reprodução Feto é um aloenxerto potencial Antigamente: POTENCIAL AMEAÇA Imunologia da Reprodução Lewis Thomas(1913-1993) Rejeição do feto tinha relação com o início do parto Imunologia da Gravidez A gravidez pode ser considerada como o exemplo de um transplante semi- alogênico, já que mãe e feto diferem em 50% dos seus antigenos de histocompatibilidade (HLA) Tolerância Materno-Fetal Chave : interação materno-fetal Imunologia da Gravidez Placenta – um órgão imune É um órgão único de vida curta Produz proteínas e hormônios esteróides que vão regular toda a atividade fisiológica da gravidez É um complexo tecido imunológico. Imunologia da Reprodução Como o feto evita a rejeição já que existem comprovadamente anticorpos contra MHC paterno assim como linfócitos citotóxicos ? Sensibilização prévia não afeta a gestação Células do trofoblasto são imunoprotegidas Imunologia da Gravidez Trofoblasto- expressão dos Ag de membrana 1- Expressão de Ag MHC e Ag HLA-G Clássicas classe I e II HLA-G só detectado no trofoblasto “invasor” 2- Expressão de proteinas reguladoras do Complemento MCP ( membrane cofactor protein) DAF ( decay accelarating factor) Ausência de MHC I e II Expressão de HLA-‐G Proteínas de controle Complemento TGF e IL10 Presença de FasL Imunologia da Reprodução Imunologia da Gravidez Leucócitos: Macrófagos Constituem a população mais abundante e podem ser identificados pelo CD14 e CD68. Podem também contribuir para a tolerância materno-fetal- produção de imunossupressores ( PGE) Presença de enzimas lisossomicas 2. Linfócitos T – São cada vez mais abundantes a medida que a gravidez avança 3. NK – As células mais abundantes no primeiro trimestre da gravidez- granulócitos do endométrio Gravidez Antigenos
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