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NORMA CONSTITUCIONAL

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NORMA CONSTITUCIONAL: ESPÉCIES, EFICÁCIA, APLICABILIDADE E 
JURISPRUDÊNCIA DO STF 
 
Carla Gomes Toledo de Almeida 
 
1. TEORIA DA NORMA CONSTITUCIONAL: ESPÉCIES 
A presente teoria aborda uma explicação geral dos princípios e das regras referentes às 
disposições inseridas na Constituição Federal de 1988, a qual é compreendida como sendo um 
sistema jurídico com distintos níveis de densidade normativa. 
Em harmonia com o pensamento de Marcelo Novelino (2016, p. 117), isso se deve ao 
fato de que “um sistema constituído exclusivamente por regras exigiria disciplina legislativa 
exaustiva e completa, além de inviabilizar a realização dos sopesamentos necessários à 
resolução dos conflitos inerentes ao pluralismo”, conduzindo, assim, a um sistema desprovido 
de segurança jurídica. 
Luís Roberto Barroso (2010), ao identificar uma distinção qualitativa ou estrutural 
acerca de regras e princípios, esclarece o seguinte: 
[...] a Constituição passou a ser compreendida como um sistema aberto de 
princípios e regras, permeável a valores jurídicos suprapositivos, no qual as 
ideias de justiça e de realização dos direitos fundamentais desempenham um 
papel central (BARROSO, 2010, p. 359). 
 
A perspectiva de Ronald Dworkin, bem como a de Robert Alexy, as quais se 
vincularam à constatação de que Barroso distingue as regras dos princípios, abrangem 
conceitos de dominação da teoria jurídica: 
As regras jurídicas são aplicáveis por completo ou não são, de modo 
absoluto, aplicáveis. Trata-se de um tudo ou nada. Desde que os 
pressupostos de fato aos quais a regra se refira (...) se verifiquem, em uma 
situação concreta, e sendo ela válida, em qualquer caso há de ser aplicada 
(DWORKIN, 1999, p. 64). 
 
Partindo da premissa sobre a classificação dos princípios como comandos genéricos, 
segundo Alberto do Amaral Júnior, especialista em Direito Internacional, o conceituado autor 
Luiz Flávio Gomes (2005) aduz que: 
As regras disciplinam uma determinada situação; quando ocorre essa 
situação, a norma tem incidência; quando não ocorre, não tem incidência. 
Para as regras vale a lógica do tudo ou nada (Dworkin). Quando duas regras 
colidem, fala-se em “conflito”, ao caso concreto uma só será aplicável, pois 
uma afasta a aplicação da outra. O conflito entre regras deve ser resolvido 
pelos meios clássicos de interpretação: a lei especial derroga a lei geral, a lei 
posterior afasta a anterior etc.. Princípios são as diretrizes gerais de um 
ordenamento jurídico, ou de parte dele. Seu espectro de incidência é muito 
mais amplo que o das regras. Entre eles pode haver “colisão”, não conflito. 
Quando colidem, não se excluem. Como “mandados de otimização” que são 
(Alexy), sempre podem ter incidência em casos concretos, às vezes 
concomitantemente dois ou mais deles (GOMES, 2005, n.p). 
 
Logo, por mais que princípio seja diferente de regra, ambos estão alicerçados ao 
ordenamento jurídico, uma vez que um não pode estar sem o outro. 
2. EFICÁCIA 
De acordo com o postulado de José Afonso da Silva, as normas constitucionais podem 
ser classificadas em eficácia plena, contida e limitada. 
2.1. Normas constitucionais de eficácia plena 
Dizem respeito às normas as quais estão aptas a produzir quaisquer efeitos 
plenamente, não necessitando de atos normativos da legislação infraconstitucional que as 
complemente. Em outras palavras, necessitam somente da publicação para garantirem 
vigência e eficácia. Como exemplo, pode-se citar os artigos 18 e 25, da Constituição Federal 
de 1988: 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do 
Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, 
todos autônomos, nos termos desta Constituição. 
[...] 
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que 
adotarem, observados os princípios desta Constituição. 
2.2. Normas constitucionais de eficácia contida 
Também conhecidas como eficácia restringível, caracterizam-se pela necessidade de 
regulamentação por norma infraconstitucional subsequente, com o objetivo de manter sua 
eficácia. Em decorrência disso, mesmo tendo efeitos instantâneos, podem vir a sofrer 
restrições. Um exemplo compreensível deste tipo de norma pode ser dado sob a análise do 
artigo 5º, inciso XIII, da Carta Magna de 1988: “é livre o exercício de qualquer trabalho, 
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. 
A posição adotada pelo constituinte, no dispositivo citado, deu-se de forma 
contraditória à eficácia da norma elencada anteriormente, uma vez que o direito tratado nele 
só poderá ser exercido imediatamente se não sobrevier determinada lei para o caso, podendo, 
assim, ser restringido por outra norma. 
2.3. Normas constitucionais de eficácia limitada 
Esta, por fim, diferencia-se das demais pelo fato de que a mera publicação da norma é 
incapaz de realizar a função eficacial, havendo necessidade de atuação do legislador para 
estabelecer normas que intervenham de forma positiva na complementação do texto 
normativo expresso primeiramente. Na Constituição Federal, há também este tipo de norma 
em vários dispositivos. Um deles é o artigo 37, inciso VII, o qual dispõe: “o direito de greve 
será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”. 
3. APLICABILIDADE 
As condições de aplicabilidade da norma constitucional existem para que o conteúdo 
normativo seja vigente e eficaz. Contudo, em alguns casos, faz-se imprescindível uma 
complementação no regramento jurídico, a fim de que a concretude venha a ser mais objetiva 
possível. 
Nas normas constitucionais de eficácia plena, a aplicabilidade se dá de forma direta, 
imediata e integral, não dependendo de atos normativos de legislação infraconstitucional; as 
de eficácia contida, apesar de também possuírem aplicabilidade com a publicação da norma 
(direta e imediatamente), não se configuram de forma integral pelo fato de necessitarem de 
uma regulamentação por norma constitucional posterior, ou seja, restrições podem vir a ser 
estabelecidas; as de eficácia limitada, por fim, possuem aplicabilidade indireta, mediata e 
reduzida, em que o legislador constituinte não considera suficiente a normatividade. 
4. EFICÁCIA E APLICABILIDADE NA JURISPRUDÊNCIA DO STF 
No que diz respeito à eficácia limitada, nos termos do artigo 5º, inciso LI, da Lei 
Maior, o Supremo Tribunal Federal proferiu a decisão que segue posteriormente. 
PRECEDENTE MATÉRIA EFICÁCIA E APLICABILIDADE (STF) 
 Ext. 541 – Rel. p/ 
o ac. Min. 
Sepúlveda 
Pertence, j. 
07.11.1991, 
Plenário, DJ de 
18.12.1992 
 Ext. 934-QO, Rel. 
Min. Eros Grau, j. 
09.09.2004, 
Plenário, DJ de 
12.11.2004 
 Art. 5º, LI 
(parte final) – 
extradição do 
brasileiro 
naturalizado no 
caso de 
comprovado 
envolvimento 
em tráfico 
ilícito de 
entorpecentes e 
drogas afins, na 
forma da lei 
 Eficácia limitada e aplicabilidade mediata e reduzida 
 “Ao princípio geral de inextraditabilidade do brasileiro, 
incluído o naturalizado, a Constituição admitiu, no art. 
5.º, LI, duas exceções: a primeira, de eficácia plena e 
aplicabilidade imediata, se a naturalização é posterior ao 
crime comum pelo qual procurado; a segunda, no caso 
de naturalização anterior ao fato, se se cuida de tráfico 
de entorpecentes: aí, porém, admitida, não como a de 
qualquer estrangeiro, mas, sim, „na forma da lei‟, e por 
„comprovado envolvimento‟ no crime: a essas 
exigências de caráter excepcional não basta a 
concorrência dos requisitos formais de toda extradição, 
quais sejam, a dúplice incriminação do fato imputado e 
o juízo estrangeiro sobre a seriedade da suspeita. (...); 
para a extradição do brasileiro naturalizado antes do 
fato, porém, que só a autoriza no caso de seu 
„comprovado envolvimento‟ no tráfico de drogas, a 
Constituição impõe à lei ordinária a criação de um 
procedimento específico, que comporte a cognição mais 
ampla daacusação na medida necessária à aferição da 
concorrência do pressuposto de mérito, a que 
excepcionalmente subordinou a procedência do pedido 
extraditório: por isso, a norma final do art. 5.º, LI, CF, 
não é regra de eficácia plena, nem de aplicabilidade 
imediata” 
Diante desse julgado, vê-se que a norma não possui aplicabilidade imediata, sendo 
passível de edição para estabelecer juízo de constatação do envolvimento de brasileiro 
naturalizado no crime em discussão. Isto posto, ficou determinado que o reclamado juízo 
compete exclusivamente à justiça brasileira, e não à solicitação da extradição pelo Estado. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional contemporâneo: os conceitos 
fundamentais e a construção do novo modelo. 2ª edição. Saraiva, 2010. 
BYRON, Paulo. Aplicabilidade e eficácia das normas constitucionais. Disponível em: 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/aplicabilidade-e-eficacia-das-
normas-constitucionais/. Acesso em 17 de outubro de 2020. 
DUARTE, Felipe Barbosa. Teoria da norma constitucional: princípios e regras. 
Disponível em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/46158/teoria-da-norma-
constitucional-principios-e-regras. Acesso em 17 de outubro de 2020. 
ÉRCIMO, Carlos. A aplicabilidade das normas constitucionais. Disponível em: 
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8331/A-aplicabilidade-das-normas-
constitucionais. Acesso em 17 de outubro de 2020. 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 21ª edição. Saraiva Jur, 2017. 
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11ª edição. Juspodivm, 2016. 
SILVA, Walber Carlos. Normas, princípios e regras no ordenamento jurídico brasileiro. 
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/64137/normas-principios-e-regras-no-ordenamento-
juridico-brasileiro. Acesso em 17 de outubro de 2020.

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