Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 OMF 2 | Fisiologia | Lucas Silva Pâncreas Endócrino e Regulação da Glicemia ▪ O pâncreas é um órgão retroperitoneal, extremamente irrigado e que faz ligação com diversos órgãos ▪ Pancreatite: Dor em barra, devido a localização do pâncreas na cavidade abdominal. ▪ Histofisiologia: O pâncreas é formado por dois tipos de tecidos: ácinos (exócrino) e ilhotas de Langherans (endócrino) – Órgão com função exócrina e endócrina. o Célula alfa: Produção de glucagon o Célula beta: Produção de insulina o Célula delta: Produção de somatostatina – Nome genérico de um hormônio inibitório para a produção dos hormônios pancreáticos. o Células F/PP: Produção do polipeptídio pancreático ▪ Hormônio: Substância produzida por uma célula endócrina (glândula endócrina) que é liberada na superfície externa da célula e é levado pela corrente sanguínea para atuar em seus tecidos-alvos. o Os hormônios só agem naqueles tecidos que apresentam receptores específicos na membrana plasmática para essa molécula hormonal, através do mecanismo de sinalização celular. ▪ Papel importante no armazenamento de energia → Excesso de carboidrato é armazenado sob forma de glicogênio no fígado e músculos. ▪ O excesso de carboidrato que não pode ser armazenado sob glicogênio é convertido, por estimulo da insulina, em gordura → Tecido adiposo. ▪ A insulina promove a captação de aminoácidos e conversão em proteínas e inibe o catabolismo das proteínas. Química e síntese da insulina: ▪ Hormônio proteico (peptídico) sintetizado pelas células beta do pâncreas → Pré-pró- insulina (inativo). ▪ A pré-pró-insulina é clivada no reticulo endoplasmático para formas a pró-insulina. ▪ A maior parte da pró-insulina é novamente clivada no complexo de golgi formando a insulina e o peptídeo C → Ativação. ▪ A insulina tem meia-vida de 6 minutos na corrente sanguínea e o excedente é degradado pelas enzimas insulinase → fígado, rins e músculos. Obs.: Pacientes com diabetes tipo I possuem níveis baixos de peptídeo C → Usado para medir a quantidade de insulina natural produzida. Secreção de insulina no pâncreas ▪ A hiperglicemia provoca hiperinsulinemia: A glicose entra na célula beta pancreática através da GLUT2 (não depende de insulina). ▪ A glicose dentro da célula sofre fosforilação (respiração aeróbica) com produção de ATP. ▪ O ATP produzido provoca o fechamento dos canais de K+ na membrana da célula e o aumento de potássio intracelular ocasiona aumento da carga elétrica no meio intracelular provocando a despolarização da célula. ▪ Essa despolarização celular provoca a abertura dos canais de cálcio dependentes de voltagem e com isso, o Ca2+ (segundo mensageiro) entra no meio intracelular e desencadeia a fusão e exocitose das vesículas contendo insulina na membrana plasmática, além de ativar os genes produtores de insulina. 2 OMF 2 | Fisiologia | Lucas Silva Ativação dos receptores e seus efeitos ▪ A insulina se liga aos receptores plasmáticos ativando os substratos dos receptores de insulina (IRS). ▪ O receptor de insulina apresenta duas subunidades alfa extracelular e duas subunidades beta transmembrana. ▪ A insulina se acopla nas subunidades alfa e provoca a autofosforilação das subunidades beta → Receptor ligado à enzima. ▪ Essa autofosforilação desencadeia a ativação das tirocinases → Iniciar a autofosforilação de diversas enzimas intracelulares → Incluindo os substratos dos receptores de insulina. ▪ Essa cascata enzimática inicia os efeitos da estimulação da insulina nas células. ▪ Ativação dos receptores GLUT4 – Transportadores de glicose dependentes de insulina. ▪ Membrana celular mais permeável a aminoácidos, potássio e fosfato ▪ Alteração no estado de fosforilação das enzimas intracelular Efeitos da insulina sobre os carboidratos ▪ A membrana muscular em repouso não é muito permeável à glicose, exceto pela estimulação de insulina. ▪ A secreção de insulina no jejum é insuficiente para promover entrada significativa de glicose nos músculos. ▪ No exercício os músculos não necessitam de insulina para captação de glicose pois o próprio processo de contração torna as fibras musculares mais permeáveis à glicose. 3 OMF 2 | Fisiologia | Lucas Silva ▪ Após as refeições a secreção adicional de insulina provoca transporte rápido da glicose para as fibras musculares → Polimerização de glicogênio. Obs.: Alimentos integrais são degradados aos poucos e liberam glicose para o organismo de forma mais lenta. O consumo de alimentos “normais” é digerido mais rapidamente e provocam um pico de glicose repentinamente, esse aumento de glicose provoca liberação de insulina que vai armazenar essa glicose no fígado, nos músculos e o excedente é transformado em triglicerídeos (gordura). ▪ A insulina causa inativação da fosforilase hepática → responsável pela quebra do glicogênio hepático em glicose. ▪ A insulina causa aumento da captação de glicose do sangue para as células hepáticas → Aumento da atividade da glicocinase → Faz a fosforilação da glicose (impede de sair) ▪ A insulina aumenta a atividade das enzimas envolvidas na via glicogênica → Glicogênio sintase. ▪ Inativa a gliconeogênese. ▪ A quantidade máxima de glicogênio produzida no fígado é em torno de 100g, após esse limite a glicose excedente é convertida em gordura. Obs.: A ausência de insulina reverte todos os efeitos relacionados anteriormente. o Ativa a fosforilase (glicogênio → glicose- P) o Ativa a glicose fosfatase ▪ A insulina apresenta pouco efeito sobre a captação e utilização da glicose nas células neurais. ▪ A maioria das células neurais é permeável à glicose. ▪ Os neurônios utilizam apenas glicose como fonte de energia → outras fontes são utilizadas com dificuldade. ▪ Choque hipoglicêmico → 20 a 50mg/100mL provoca irritabilidade nervosa progressiva. o Perda da consciência, convulsões e coma. Efeitos da insulina sobre as gorduras: ▪ Níveis baixos de insulina, a longo prazo, podem desencadear aterosclerose extrema. ▪ A insulina funciona como um poupador de gorduras (acelera o uso de glicose) e promove a síntese de ácidos graxos. ▪ A síntese de ácidos graxos ocorre nos hepatócitos e são transportadas por lipoproteínas para o tecido adiposo. 1. A insulina aumenta o transporte de glicose para o fígado e o excedente (que não vira glicogênio) fica disponível como gordura. 2. A insulina ativa a lipoproteína lipase nos capilares do tecido adiposo para poder quebrar e absorver os ácidos graxos que são novamente convertidos à triglicerídeos depois de entrarem nos adipócitos. 3. A insulina inibe a ação da lipase hormônio-sensível (nos adipócitos) impedindo a hidrólise de triglicerídeos. ▪ A deficiência de insulina provoca lipólise e liberação imediata de ácidos graxos livres. ▪ Na ausência de insulina a enzima lipase hormônio-sensível das células adiposas ficam intensamente ativadas → hidrolise dos triglicerídeos armazenados e liberação de grandes quantidades de ácidos graxos no sangue. ▪ Esse ácido graxo torna-se o principal substrato de energia para o organismo (exceto no cérebro). Excesso de ácido graxo no plasma e ausência de insulina → Conversão hepática de ácidos graxos em fosfolipídios e colesterol. Esse colesterol produzido é jogado na corrente sanguínea, junto com elevadas concentrações de lipoproteínas transportadoras → Aumenta drasticamente a concentração de lipídios no sangue → Aterosclerose. (diabetes grave) 4 OMF 2 | Fisiologia | Lucas Silva Efeitos da insulina sobre as proteínas: ▪ A insulina estimula o transporte de aminoácidos para as células → Junto com o hormônio GH ▪ A insulina aumenta a tradução de RNAm → é capaz de acionar os ribossomos (na ausência de insulina os ribossomos “param”). ▪ A insulina aumenta a transcriçãode genes selecionados → Genes de enzimas envolvidas no armazenamento de carboidratos, gorduras e proteínas. ▪ A insulina inibe o catabolismo das proteínas ▪ A insulina diminui a atividade gliconeogênica no fígado → A formação de glicose ocorre principalmente com uso de aminoácidos plasmáticos e essa diminuição conserva aminoácidos nas reservas de proteínas. ▪ A deficiência de insulina causa depleção de proteínas e aumento dos aminoácidos plasmáticos. o Todos efeitos citados anteriormente ocorrem de forma inversa. o O catabolismo das proteínas no diabetes mellitus causa fraqueza extrema e alteração nas funções de diversos órgãos. Nível glicêmico ▪ Glicemia normal: 70-99mg/dl ▪ Hipoglicemia: Baixa concentração de glicose no sangue. ▪ Hiperglicemia: Excesso de glicose no sangue. Obs.: A glicose em excesso é tóxica para os vasos sanguíneos e causa lesões → Flebite. ▪ Hormônio secretado pelas células alfa das ilhotas pancreáticas em situações de hipoglicemia. ▪ Apresenta efeitos opostos ao da insulina → Aumenta a concentração de glicose no sangue → Hormônio hiperglicemiante. Efeitos do glucagon na glicose ▪ O glucagon provoca a glicogenólise do fígado e aumenta a concentração de glicose no sangue. ▪ Glucagon inicia uma cascata enzimática nas membranas dos hepatócitos que provoca a formação de AMPc (segundo mensageiro) que continua a ativar diversas enzimas até a ativação da enzima responsável por degradas o glicogênio em glicose-1-fosfato, que é desfosforilado e liberado na corrente sanguínea. ▪ O glucagon também aumenta a gliconeogênese após o consumo de todo o glicogênio hepático e causa hiperglicemia continuada. o Aumenta a captação de aminoácido pelo fígado e a conversão desses em glicose. ▪ O glucagon ativa a lipase das células adiposas, aumentando a disponibilidade de ácidos graxos para uso como fonte de energia e inibe o armazenamento de triglicerídeos no fígado. 5 OMF 2 | Fisiologia | Lucas Silva Regulação da secreção de glucagon ▪ A concentração de glicose sanguínea é o fator mais importante e potente que controla a secreção de glucagon no pâncreas. ▪ Concentrações elevadas de aminoácidos também estimula a secreção de glucagon → promove conversão dos aa em glicose. ▪ Exercícios exaustivos também eleva as concentrações de glucagon no sangue → Ter glicose sempre à disposição do organismo. Diabete tipo 1: Insulinodependente ▪ Não há produção de insulina ou a produção é insuficiente. ▪ Depende de doses diárias de insulina exógena. Diabete tipo 2: Não insulinodependente ▪ Produz insulina normalmente ▪ Não apresenta receptores de insulina nas células Obs.: Para diferenciar o diabetes tipo 1 e 2 é preciso medir a concentração de insulina sanguínea no indivíduo. No tipo 2 a concentração de insulina aumenta com o aumento da glicemia. Sinais e sintomas do diabete Hiperglicemia: Concentração aumentada de glicose no sangue. Poliúria: Volume urinário aumentado → Efeito osmótico da glicose que atrai a água. Polidpsia: Cede excessiva devido a extrema desidratação causada pela diabetes. Polifagia: Aumento da sensação de fome. A células do hipotálamo são capazes de verificar as baixas concentrações de glicose intracelular nos tecidos do corpo e isso ativa o centro da fome presente no hipotálamo. O hipotálamo ainda é capaz de identificar qual macronutriente está faltando nas células teciduais e por isso indivíduos diabéticos possuem muita vontade de comer doce. Complicações da diabetes ▪ Microvasculares: o Retinopatia: Lesões no globo ocular o Nefroesclerose: Estreitamento e desaparecimento de vasos renais o Neuropatia: Perda da sensibilidade das extremidades do corpo o Úlceras: Falta de vascularização adequada, dificulta a cicatrização. o Infecções: ▪ Macrovasculares: o AVE: Pode ser isquêmico (principal) ou hemorrágico. o Infarto: o Gangrenas: morte tecidual
Compartilhar