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Transmissão de Energia Elétrica Linhas Aéreas RUBENS DARIO FUCHS 1 LTC I EFEI r 1 TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Linhas Aéreas Teoria das Linhas em Regime Permanente Volume 1 ENG. RUBENS DARIO FUCHS M. Se., L. D., Professor Titular da Escola Federal de Engenharia de ltajubá LIVROS TÉCNICOS E CIENTfFICOS EDITORA ESCOLA FEDERAL DE ENGENHARIA DE ITAJUBÁ Copyright @), 1977, Rubens Dario Fuchs Proibida a reprodução, mesmo parcial, e por qualquer processo, sem autorização expressa do autor e do editor. CAPA/ AG Comunicações visual ltda (Preparada pelo Centro de Catalogação-na-fonte do SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ) Fuchs, Rubens Dario. F966t Transmissão de energia elétrica: linhas aéreas; 77-0337 teoria das linhas em regime permanente. Rio de Ja- neiro, Livros Técnicos e Científicos; ltajubá, Escola Federal de Engenharia, 1977. p. ilust. Apêndice: Tabelas Bibliografia. 1. Distribuição de energia elétrica 2. Energia elé- trica 3. Linhas elétricas - Aéreas 1. Título 11. Título: Teoria das linhas em regime permanente CDD CDU Direitos reservados: 621.3192 621.315.1 LIVROS T~CNICOS E CIENT(FICOS EDITORAS.A. Avenida Venezuela, 163 - ZC-14 20.000 - Rio de Janeiro, RJ 1977 Impresso no Brasil À minha querida esposa e filhas Magda Ceci'lia Elizabeth Celina Dária Célia Inês Annelise Danielle / Prefácio Em 1968 foi publicada um coleção de Notas de Aula, preparadas do afogadilho, com o fim único de acompanhamento das preleções da disciplina Transmissão e Distribuição de Ener- gia Elétrica, que, nessa época, era introduzida no currículo de graduação do curso de Ençienheiros Eletricistas da Escola Federal de Engenharia de ltajubá. Sua repercussão foi imediata, exigindo sucessivas reimpressões, dada a inesperada procura não somente pelos alunos a quem se desti- navam, como também, e principalmente, por engenheiros militantes no ramo. Imperfeições e incorreções por certo as havia, e deviam ser sanadas. Originalidade, nenhuma, exceto, talvez, o idioma português. Durante o processo de revisão e complementação, a idéia de transformá-las em livro foi tomando corpo. O estímulo de colegas foi decisivo. A ambição também cresceu: não bastava um livro-texto para cursos normais de graduação em Engenharia Elétrica. Devia servir também aos cursos de pós-graduação e aos engenheiros no exercício da profissão. Uma edi.ção experi- mental, feita em 1973, em "multilith", também se esgotou rapidamente, comprovando o interesse pelo assunto. E, antes de tudo, uma compilação bibliográfica. Porém, em se considerando a escassez de material bibliográfico à disposição de estudantes e engenheiros em geral, terá, sem dúvida alguma, sua utilidade. 1 nformações baseadas na experiência profissional foram incluídas, onde cabível. A bibliografia de referência consultada está indicada no final de cada capítulo. E variada em suas origens, na presunção de que, estando o Brasil procurando sua própria tecnologia, deve- mos buscar a composição das boas práticas de qualquer origem, para atingir um ótimo nosso. E também bastante atualizada. O tratamento dado aos diversos tópicos é aquele que se poderia chamar de clássico, pro- curando-se, dentro do possível, a generalização dos processos de enfoque de problemas de mesma natureza. Processos gráficos de cálculo e análise das condições de operação das linhas foram empregados por sua natureza fotográfica. A análise qualitativa dos fenômenos merece especial destaque. X PREFÁCIO Se bem que seria desejável, não foi possível estabelecer linhas divisórias nítidas, visando a uma limitação na extensão com que os diversos tópicos deveriam ser tratados em cursos de graduação e quais as partes que deveriam ser conservadas nos cursos de pós-graduação como base de programa. Nestes, os conhecimentos na profundidade desejada raramente saem dos livros-texto, e sim de artigos e obras especializadas, de estudo e interpretação obrigatória. Aparentemente. espaço demais foi dedicado à análise da operação das linhas através da teoria das ondas, pois para a maioria dos problemas de ordem prática, a análise de seu compor- tamento pela teoria dos circuitos elétricos é suficiente e leva aos mesmos resultados numéricos. Mas, em geral, não os explica nem os justifica, o que é inadmissível em Engenharia. E problemas há em que somente um profundo conhecimento dessa teoria permite alcançar resultados satisfa- tórios. Este é, por exemplo, o caso do estudo das linhas extra longas que, possivelment.~. deverão ser implantadas para um melhor aproveitamento do potencial energético da bacia am\~.ica. O estudo das indutâncias e capacitâncias, através dos coeficientes de campo e de potencial, foi adotado por apresentarem maiores recursos e flexibilidade para um tratamento goneralizado, sendo o conceito das Distâncias Médias Geométricas introduzido no final, para permitir o uso das clássicas tabelas de reatâncias em cálculos práticos. No final do texto, em forma de apêndices, foram incluídas tabelas consideradas úteis, destacando·se as tabelas de características físicas, mecânicas e elétricas de condutores padroni- zados, todas convertidas ao sistema métrico. Incluíram-se também tabelas de reatâncias indutivas e capacitivas unitárias, elaboradas no Centro de Processamento de Dados da E FE 1, com auxílio do computador digital, para cabos múltiplos de 2, 3, 4 e 6 subcondutores e diversos espaçamen- tos padronizados. Como o estudante de hoje, desde o seu primeiro semestre nas Escolas de Engenharia, já é treinado para o uso dos computadores, tanto digitais como analógicos, como o era no uso da régua de cálculo, foi omitida a solução de problemas nesses tipos de máquinas ou a apresentação de programas, na suposição de que, quando esta matéria lhe for apresentada, já no final de seu curso, esteja em condições de escrever seus próprios programas. No tratamento matemático, cuidou-se da formulação que facilitasse o uso desses recursos de cálculo. Considerando que os resultados obtidos por processos de cálculo em computadores que hoje tendem a requintes de sofisticação são apenas tão possíveis· de confiança quanto os dados de entrada, observações nesse sentido são feitos onde se faz necessário. No final dos capítulos, em que se julgou conveniente, incluiu·se uma série de exercícios típicos resolvidos e outros por resolver, usando-se, freqüentemente, características aproximadas de linhas reais existentes no Brasil, a fim de familiarizar o estudante com as mesmas. Um trabalho como este não poderia ser completado sem a colaboração de muitos. Por certo pecaria por omissão numa tentativa de relacionar tantos que tornaram esta obra viável. Sou, pois, profundamente grato a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram com seu trabalho, críticas, sugestões e estímulo para. sua concretização. Escola Federal de Engenharia de ltajubá Julho de 1977 Rubens Dario Fuchs li IJ a ªii ªij [aJ [AJ A Á [ÁJ b bii bij 8 [BJ 8 rs1 c cio cii Ca,Cb,cc cs 1 ·c,, [_ Simbologia e Abreviações Sfmbolos Significado Operadorei120° == _ _J_+ 1· ../3 2 -c r · 2 oe rerentes de potencial (de M 1 ) • . . axwe 1 próprios Coefrcrentes de potencial (de M i· • . axwell mutuas Matriz de transformação das co M . mponentes simétricas atriz de coeficientes de potencial (de Maxwell) Amperes (abr.) · Constante generalizada dos quadripolos Matriz ~a c~nstante À de uma linha trifásica Susceptancra capac't" - · • . r rva, pressao barométrica Susceptancra capacitiva própria Susceptância capacitiva mútua Den~idade de campo magnético ou indução magnética Matriz das susceptâncias capacitivas Cons.tante generalizada dos quadripofos Matriz da constante B de uma linha trifásica Capacitância por unidade de com . (abr.) primento. Coulomb Capacitância parcial entre condutor e solo Capacitância parcial entrecondutores ~apacitâncias aparentes das fases a• b e e apacitância de serviço Capacitância de seqüência positiva Capacitância de seqüência negativa Capacitância de seqüência nula i 1 XII e, 2· c21 • c1 º' Co1 • C20• co2 [CJ [Ceql e rei d deq º1 ó [DJ e E EcRV f f;; f ij [F] F /J G~ [G] Gij G IGI ·11 h; hm SIMBOLOGIA E ABREVIAÇÕES Capacitância entre circuitos seqüenciais Matriz das capacitâncias Matriz das capacitâncias da linha trifásica, sem cabos pára-raios equivalente Constante generalizada dos quadripolos Matriz da constante C de uma linha trifásica Diâmetro dos condutores Diâmetro de um condutor cilíndrico equivalente a um condutor múltiplo de mesmo gradiente Distância entre condutores i ej Densidade de fluxo elétrico. Determinante de uma matriz Distância do condutor i e a imagem do condutor j Raio médio geométrico dos condutores múltiplos Distância média geométrica . Distância média geométrica entre fases de um mesmo circuito Distância média geométrica entre condutores e ima· gens dos condutores vizinhos Distância média geométrica entre condutores de cir- cuitos paralelos, de mesma fase Distância média geométrica entre condutores de cir- cuitos paralelos, de fases diferentes Constante generalizada dos quadripolos Matriz da constante D de uma linha trifásica Número-base dos logaritmos naturais = 2, 71828 ... Gradiente de potencial, intensidade de campo elétrico. Energia Gradiente crítico visual (de Peek) Freqüên.cia Coeficientes de campo magnético próprios Coeficientes de campo magnético mútuos Matriz das indutâncias de um sistema de condutores farad (abr.) Condutância por unidade de comprimento Condutância total de uma linha Matriz das condutâncias de n condutores Co-fator de uma matriz 109 (GIGA) ·''' Valor em "por unidade" de uma grandeza G Altitude, horas Altura média do condutor genérico i sobre o solo Altura média geométrica dos condutores sobre o solo SIMBOLOGIA E ABREVIAÇÕES H H; H Hz /~, Íb, íc, ... [Í] 'm {e} j K kA km kV kVA kVAr kW l L m m m M MVA MVAr MW n,N IÍI p p Pi pu q, Q Q r RMG Re {e} 1 ntensidade de campo magnético Altura de fixação de um condutor genérico Henry (abr.) Hertz (abr.) XIII Corrente elétrica - valor instantâneo, condutor genérico Corrente elétrica - módulo Fasores das correntes nas fases a, b, e, ... Vetor de correntes Parte imaginária de um conplexo é Condutor genérico, ou operador Joule (abr.) Constantes de proporcionalidade, quilo (abr.) 103 • A 103 • m 103 ·V 103 • VA 103 • VAr 103 • w Comprimento Indutância Coeficiente de superfície dos condutores Metro (abr.) Número de elementos Mega - 10 6 106 • VA 106 • VAr 106 • w Número de elementos, potência aparente Potência complexa Operador Potência ativa Circuito equivalente de linha Por unidade Carga elétrica Potência .reativa Raio de um condutor, resistência elétrica por unidade de comprimento de um condutor Raio de um condutor cil fndrico equivalenre a um con- Raio do círculo que passa pelo centro dos subcondu- tores em um .condutor múlt.iplo. Resistência elétrica total de um condutor. Raio Médio Geométrico Parte real de um complexo é XIV t T Tee u u {; U1:, [ÚJ V V w X x"c XL Xc XLoo xL,, XL22 y y z Cit SIMBOLOGIA IE ABREVIAÇÕES Tempo, temperatura em ºC Período, temperatura em ºK Circui:o equi;alente de li:hé!~ Valor instantaneo da tensao '·~, Tensão entre fase e neutro (mód~lo) Fasor de tensão Tensão entres fases (módulo) Vetor de tensões . Velocidade ou celeridade de propagação Volt (abr.) Watt (abr.) Deslocamento, distância genérica Reatância ·indutiva por unidade de comprimento Reatância capacitiva em uma unidade 8e comprimento Reatância indutiva em ohm/km para espaçamento de 1 m Reatância capacitiva em Mohm · km para espaçamento de 1 m Fator de espaçamento indutivo Fator de espaçamento capacitivo Fator indutivo de acoplamento mútuo entre dois circuitos Fator capacitivo de acoplamento mútuo entre dois circuitos Reatânciçi indutiva total Reatância capacitiva total Reatância indutiva de seqüência nula Reatância indutiva de seqüência positiva Reatância indutiva de seqüência negativa Admitância por unidade de comprimento Admitância total Impedância por unidade de comprimento 1 mpedância total 1 mpedância caracterfstica 1 mpedância natural ·ou impedância de surtos Impedância de seqüência nula 1 mpedância de seqüência positiva Impedância de seqüência negativa Função de atenuação, ângulo Coeficiente de aumento de resistência com a tempera- tura Função de fase Ângulos -.r.:. ·(! 1: I; li 1l1. \11\li ~, SIMBOLOGIA E ABREVIAÇÕES 1' 5 Í'; Eo Er e [i\] µ µo p I/; </> w ABNT AIEE EdeF EHV IEE IEEE CEMIG CESP CHESF FURNAS CPFL .xv Função de propagação Densidade relativa do ar, coeficiente de desuniformida- de Variação incremental Permissividade do meio Permissividade do vácuo = 8,859 · 10-' 2 [A·s/V·m] Permissividade relativa do meio Ângulo de potência da linha Vetor de transformação Constante de permeabilidade magnética Constante de permeabilidade do vácuo = 41T • 1o- 7 r~: ~1 Constante de permeabilidade relativa Pi = 3, 141 59 ... Resistividade elétrica Ângulo de fator de potência Fluxo magn·ético, ângulo do fator de potência Freqüênda angular Associação Brasileira de Normas Técnicas American lnstitute of E/ectrical Engineers E/etricité de France Equipe de projeto Extra High Voltage Research Program General E/ectric - Edison lnstitute The /nstitute of Electrical Engineers - Londres /nstitute of Electrical and Electronics Engineers Centrais Elétricas de Minas Gerais S. A. Centrais Elétricas de_,São Paulo S. A. -~- Cia. Hidroelétrica do Sâti":!;:rancisco S. A. Centrais Elétricas de Furnas S. A. Companhia Paulista de Força e Luz S. A. Sumário 1 - Transporte de Energia e Linhas de Transmissão, 1 . 1.1- 1.2- 1.3- Introdução, i'" Sistemas elétricos - Est1 .· ra básica, Evolução histórica e pi.1 ectivas futuras, 1.3.1 - Geral, 1.3.2 - No Brasil, 3 8 8 10 1. 4 - Tensões de transmissão - Padronização, 13 1.5- Bibliografia, 14 2 - Características Físicas das Linhas Aéreas de Transmissão, 15 2.1 - Introdução,. 15 2.2 - Cabos condutores, 1 5 2.2.1 - Conélutores padronizados, 17 2. 2.1.1 - Padronização brasileira, 18 2.3.,.. Isoladores e ferramentas, 24 2.3.1 - Tipos de isoladores, 26 2.3.2 - Características dos isoladores de suspensão, 31 2.3.2.1 - Distribuição de potenciais em isoladores e cadeias de isoladores, 32 2.3.3 - Ferragens e acessórios, 36 2.3.3.1 - Cadeias de suspensão, 37 2.4 - Estruturas das linhas de transmissão, 39 2.4.1 - Disposições dos condutores, 40 XVIII SUMÁRIO 2.4.2 - Dimensões das estruturas, 2.4.3 - Classificação das estruturas das linhas de transmissão, 2.4.3.1 - Funções das estruturas nas linhas, 2.4.3.2 - Forma de resistir das estruturas, 2.4.3.3 - Materiais para estruturas, 2.5 - Cabos pára-raios, 2.6 - Bibliografia, 3 - Teoria da Transmissão da Energia Elétrica, 3.1 - Introdução, 3.2 - Análise qualitativa, 3.2.1 - O fenômeno da energização da linha 3.2.2 - Relações de energia, 3.2.3 - Ondas viajantes, 3.3 - Análise matemática, 3.3.1 - Equações diferenciais das linhas de transmissão, 3.3.2 - Solução das equações diferenciais no domínio da freqüência: Linha da corrente alternada em regime permanente, 3.3.2.1 - Interpretação das equações das linhas, 3.3.2.2 - Linha em curto-circuito permanente, 3.3.2.3 - Operação das linhas sob-carga, 3.4 - Considerações gerais, 3.5 - Exercícios, 3.6 - Bibliografia, 42 43 43 44 47 50 51 53 53 54 54 59 64 69 69 72 74 86 88 96 96 113 "'\ .. 'l;;;--------------------------------------.· /:~ \ Cálculo Prático das Linhas de Transmissão, 115 4. 1 - Considerações gerais, 4.2 - Relações entre tensões e correntes, 4.2.1 - Linhas curtas, 4.2.2 - Linhas médias, 4.3 - Linhas de transmissão como quadripolos, 4.3.1 - 1 nterpretação do significado das constantes das linhas de transmissão, 4.3.2 - Medida direta das constantes das linhas de transmissão, 4.3.3 - Ouadripolos representativos de outros componentes dos sistemas de potência, 114 115 118 120 125 129 131 133 SUMÁRIO 4.3.4 - Constantes generalizadas de associações de quadripolos 4.3.5 - Linha artificial, 4.4 - Relações de potência nas linhas de transmissão, 4.4.1 - Relações de potências no receptor, 4.4.2 - Relações de potências no transmissor, 4.4.3 - Perdas de potência e rendimento, 4.4.4 - Emprego de grandezas relativas, 4.5 - Modelos matemáticos de /inhas trifásicas, 4_6 - Exercícios, 4.1 - Bibliografia, 5 - Processos Gráficos de Cálculo das Linhas de Transmissão, 5. 1 - Introdução, 5.2 - Diagrama D'Escanglon das correntes e tensões, 5.3 - Diagramas circulares, 5.3.1 - Diagramas circulares das potências, 5.3.1.1 - Diagrama do transmissor, 5.3.1.2 - Diagrama do receptor, 5.3.1.3 - Diagrama completo, 5.3.2 - Diagrama universal das potências [9, 1 O] 5.3.3 - Diagramas circulares das perdas, 5.3.4 - Outros processos gráficos, 5.4 - Exercícios, 5.5 - Bibliografia, 6 - Operação das Linhas ou Regime Permanente, 6.1 - Introdução, 6.2 - Modo de operação das linhas de transmissão, 6.2.1 - Linha entre central geradora e carga passiva, 6.2.1.1 - Operação com tensão constante no transmissor, 6.2.2 - Linha de transmissão ligando uma central geradora e um grande sistema, 6.2.3 - Linha de interligação de sistemas, 6.2.4 - Linha de interligação entre dois pontos de um mesmo sistema, ' XIX 137 141 142 143 146 147 149 151 153 177 179 179 180 185 185 186 187 188 194 200 207 207 220 221 221 221 222 226 228 232 232 XX SUMÁRIO 6.3 - Meios de controlar tensões e ângulos de uma linha. Compensação das linhas, 233 6.3.1 - Regulação do fator de potência, 233 6.4 - Compensação das linhas de transmissão, 6.4.1 - Compensação em derivação, 6.4.2 - Compensação-Série, 6. 5 - Variação artificia/ do comprimento das linhas, 6.5.1 - Linha com compensação tqtal, 6.5.2 - Compensa9ão para transmissão em meia onda, 6.6 - Limites térmicos de capacidade de transporte, 6.6.1 ---'Equilíbrio térmico de um condutor, 6.7 - Exercícios, 237 238 241 246 247 248 252 253 255 • ! Transporte de Energia Elétrica e Linhas de Transmissão 1.1 - INTRODUÇÃO Economistas modernos, ao analisarem o grau d e desenvolvimento de .um país, baseiam-se freqüentemente no consumo per capita de energia elétrica e· no índice de crescimento desse consumo, dacja a sua ligação direta com a produção industrial e o poder ::t.qúisitivo da populaçào, que cresce com o mesmo. Aumentar constantemente as potências dispo- níveis nos sistemas elétricos tornou-se, pois, uma necessidade. Um re- gime de deficit energético representa poderoso freio a esse de.senvolvi- mento. · As características peculiares de produção e distribuição de energia elétrica, cujo fornecimento é consirlerado um serviço público e, portanto, sujeito ao regime de concess2o por parte dos poderes públicos, pressu- põem regimes de exdusividade em cada região- estando, na maioria dos países, sob severa fiscalização, quando não parcial ou inteiramente nas mãos dos próprios poderes públicos. O consumo da energia elétrica está diretamente relacionado com o seu preço de venda; é, pois, de toda con- veniência mantê-lo ao menor nível possível, mesmo com sacrifício da reu- t2,bilidade dos investimentos que, se feitos em outras atividades, trariam maiores lucros. A menor rent2,bilidade, no entanfo, é normg}mente com- pensada pelo risco quase inexistente. Tarifas realistas asseguram co ber- tura ao custo de produção, retorno e remuneração razoável ao investi- mento realizado. Esses fatores fizeram com que a indústria da energia elétrica, nos ps.íses mais desenvolvidos, se tornasse uma d"as mais efici- entes no tocante aos custos de produção e despesas com transportes e dis- tribuição. ' As fontes convencionais de energia primária. para a produção de ener- gia elétrica em sistemas comerciais são, atualmente: 2 TRANSPORTE DE ENERGIA ELÉTRICA CAP. 1· A - energia hidráulica: a - rios; b - mares; B - energia térmica convencional: a- combustíveis sólidos; hulha; antracita; - turfa; b combustíveis liquid~s e derivados do petróleo; gás natural; e - energia termonuclear; D - energia oeotérmica. gasosos; Qualquer que seja: a forma da energia primaria, o custo de produção da energia elétrica diminui consideravelmente com o aumento da potência das centrais de geração, principalmente no caso das usinas térmicas, con- vencionais ou nucleares. · Parà a realize,ção de um aproveitamento hidroelétrico de forma eco- nômica, condições locais especiais devem existir. Essas condições ocor- rem aleatoriamente na ne.tureza, em geral longe dos gnmdes centros de 1 consumo. Surge, pois, a necessidade do transporte da energia elétrica, '- através de distâncias nem sempre pequenas. Observa-se inclusive que à medida que os locais aproveitáveis vão sendo desenvolvidos, novos locais aproveitáveis vão se tornando cada vez mais remotos, implicando maiores problemas com o transporte da energia. De um modo geral, o custo do transporte aumenta com a distância a ser vencida e diminui com a quantidade de energia a ser transportada. '°' Qualquer estudo de viabilide,de econômica de um aproveitamento hi- droelétrico. deverá equacionar custo de produção e custo de transporte da energia produzida. O mesmo acontece com refação à energia geotérmica, cuja trans- formação só é realizável nos locais em que há condições favoráveis à sua captação, e estes se restringem a algumas áreas de alguns países. O problema da localização das centrais térmicas convencionais se apresenta de uma forma bem mais complexa, pois existe a opção entre o transporte da energia primária e o transporte da energia elétrica. Sua instalação é menos dependente de condições naturais, e locais adequados podem, de um modo geral, ser encontrados nas proximidades de centros 1 1\ 1.2- SISTEMAS ELÉTRICOS- ESTRUTURA BÁSICA ·3 de consumo, mesmo com limitações de ordem de conservação do meio ambiental. Combustíveis líquidos e gasosos podem ser tnmsportados com relativa facilidade por oleodutos e gasodutos e o custo do trnnsporte dessa forma de energia é competitivo com o custo do transporte da energia elétrica. No caso dos combustíveis sólidos, um equacionamento econô- mico pode aconselhar a instalação das centrnis junto às jazidas desses combustíveis - centrais d e boca de mina - tra.nsporta.ndo-se a energia elétrica aí produzida. É o ce.so das centrais termoelétricas de Figueirã, Capivari e Candiota, no Sul do Brasil. As centrais termonucleares não apresentam maiores problemas de transporte de energia primária, porém considerações de segurança e, prin- cipalmente, de ordem psicológica, têm aconselhado sua localização em pontos mais distantes de zonas densamente povoadas, portanto, dos cen- tros de maior consumo. Os modernos sistemas de energia elétrica dependem, pois, grande- mente das facilidades para o transporte a granel dessa energia, que é feito através das línhas de transmissão, ou eletrodutos. · 1.2 - SISTEMAS ELÉTRICOS - ESTRUTURA BÁSICA Os modernos sistemas d e energia elétrica possuem uma estrutura baseada em organização vertical e numa organização horizontal, como mostra o diagrama de blocos da Fig. 1.1. Na organização vertical de um sistema elétrico distinguimos geral..: mente cinco níveis: a - rede de distribuição; b ~ rede de subtransmissão; e - rede de transmissão; d - linhas de interligação, que conectam um número de sistemas em um pool; e - geraçãoou produção. Horizontalmente, cada camada ou nível se divide em um número d e subsistemas que, a princípio, são isolados eletricamente (em geral, também geograficamente) dos subsistemas vizinhos de mesmo nível, sendo ligados entre si apenas atnwés dos sistema.s de nível mais elevado. Em estágios mais avançados dos sistemr,s, a fim de aumentar a flexibilidade de operação em condições de emergência, poderão ser usadas interligações horizontais. Essr.s divisões principais s§,o gernlmente identificáveis, se bem que, em alguns ca..sos, as linhas divisória~: não resultam muito claras .. por pecu- liaridades locais dos sistemas individuais. · 4 TRANSPORTES DE ENERGIA ELÉTRICA CAP. 1 ......... .... o "Z ~ "' "' 1 1 ·-·--·-f-·-- ·-·-----------·- 1 1 1 1 1 L 1 1 ! 1 ! ··L --! 1 r--- -t 1 w.~ - 1 o o (f) •<! (f) f---1 1 1 (.)- <( :'.) :!E :!E - 1 o (f) o w z 1---i 1 o:: 1- <! o... Cf) o:: - Cf) 1- 1---i 1 . 1 1 f--- -t 1 ·-----e- - ---!--·----·--· _____ I < J: z ::; ------ o •<! (.)- :'.) - o o o:: o... ----- o '"" <> < ~ ..J a: "' .... z - ---- --------------, L--J 1 r--- -t 1 - w .$i 1 o (f) <' . --! 1 (f) ;i; Ili::;: <I: - ::> (/) ~ :!E .____ ... (/) z (f) ....... < 1 1 w ~o l!I: z L--J '<fw'§H\g 1- <! 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Nesse caso, o excesso de energia, disponível em um dos sistema,s em certas époc2,s do rrno é 2.bsorviclo pelo outro que se encontra tnmsitoriamente com esca,ssez, que a devolverá em seguida, quando se inverter a situação de disponibilidade hídrica; b - a possibilidade de se construírem centrais maiores e mais efi- cientes que seria economicamente viável em cada ::sistema, isoladamente; e - aumento da -c2,pacidade de reserva globaJ das instaJações de ge- ração para casos de acidentes em alguma central dos sistemas compo- nentes; d - aumento da confiabilidade de abaStecimento em situações anor- mais ou cl"e emergência; e - possibilidade de um despacho de carga único e mais eficiente, com alto grau de automatização e otimização; f - possibilidade de manutenção de um órgão de planejamento. de alta categoria, em conjunto com rateio de despesas e, conseqüentemente, menor incidência sobre os custos de cada sistema. O transporte da energia é realizado em todos os níveis, diferenciando-se pelas tensões e quantidades de energia que cada um de seus :elementos. . básicos transporta. Os elementos-bgse, responsáveis pelo transporte que poderiam, genericamente, ser chamados eletrodutos, são representados por linhas aéreas ou cabos, subterrâneos ou submarinos. Suas designações particulares distinguem o nível a que pertencem. A - Linhas de transmissão - São linhas que operam com as tensões mais elevadas do sistema,, tendo como função principal o trans- porte da energia entre centros de produção e centros de consumo, como também a interliga,ção de centros de produção e mesmo sistemas indepen- dentes. Em geral, são determinadas em subestações aba,ixadoras regio- nais, onde a tensão é reduzide. de nível para o início da distribuição a granel pelas linhas de subtransmissão. Em um. mesmo sistema pode haver, e em geral há, linhas de transmissão em dois. ou mais níveis de tensão. B - Linhas ele subtransmissão - Kormalmente operam em tensões inferiores àquelas dos sistemas de transmissão, não sendo, no entanto, incomum operarem com uma tensão também existente nestes. Sua função é de distribuição a, granel da energia transportada pelas linhas de transmissão. Nascem nos barramentos das subestações re- gionais e terminam em subestações abaixadoras locais. Das subesta- ções regionais, em geral, saem diversas linhas d e subtransmissão tornando rumos diversos. Em um sistema é possível haver também dois ou mais 6 TRANSPORTES DE ENERGIA ELÉTRICA CAP. ·1 nfveis de tensões de subtra:nsmissão, como ainda um subnfvel de subtrans- missão, como mostra a Fig. 1.2. DISTRIBUIÇÃO PRIMARIA [---~ 138 KV J t-@'""' ~I 230 KV ~ 40 MV 200 MV - - -Ili> ___ ... i ----69 KV-10 MW TRANSMISSÃO . SUB-TRANSMISSÃO -·----69 KV-10 MW SUB-TRANSMISSÃO Fig. 1.2 - ~istema de energia elét·lica com dois níveis de subtransmissao. C - Linhas de distribuição primdrias - São linha.s de tensões su- ficientemente baixas para ocuparem vias públicas e suficientemente ele- vadas. para assegurarem boa regulação, mesmo para potências razoáveis. Às vezes desempenham o papel de· linhas de subtransmissão em pontes d e sistemas. D - Linhas de distribuição secundárias - Opera,m com 2,s tensões mais brdxas do sistema e em geral seu comprimento não excede 200 a 300 m. Sua tensão é apropriada para uso direto em máquinas, aparelhos e lâm- padas. No Brasil estãp em uso os sistemas 220/127 V (entre fases e entre fases e neutro) e o sistema 380/220 V, deriváveis de sistemas trifásicos com neutro, e o sistema 220/110 V, derivável de sistemas monofásicos. Para regiões em que a energia elétrica está sendo introduzida, recomenda-se a tensão 380/220 V. Sob o ponto de vista ffsico e elétrico, as linhas de tra,nsmissão e de subtransmissão se confundem, e os métodos de qálculo são os mesmos. No sistema de Sã.o Paulo Light S.A., 8.S linhas de 88 kV da Usina Hi:. droelétrica de Itupararanga ou da primeira_ etapa da Usina de Cubatão são linhas tfpicas de transmissão) o que não• impede que a mesma em- presa tenha desenvolvido seu sistema de subtransmissão nessa mesma tensão, empregando, inclusive, estruturas de mesmo tipo daquele usado rias primeiras. Em algumas empresas, as linhas de subtra.nsmissão ficam sujeitas aos seus departamentos de distribuição, que as planejam, projetam, cons- troem e opera.m. Em outras empresas elas estã;_o a cargo dos departa- mentos encarregados das linhas e subestações. E um problema de orga- nização administrativa. No presente trabalho ni'i.o faremos distinções, empregando o termo linhas de transmissão de maneira genérica, independentemente de sua função no sistema. ·1 1.2 - SISTEMAS ELÉTRICOS- ESTRUTURA BÁSICA ·7 Sej2. no caso do transporte da energLa d2.s centra.is aos centros de con- sumo, seja no caso de transporte entre sistemBs, as insta.lações necessárias para fanto assumem importânci:a fundgmenta.l dentro dos sistenias elé- tricos, também em termos econômicos, o que pode ser avr.liado pela par- celr, considerável (êle 25 a 30%) dos investimentos da indústria da energia elétrica. A Fig. 1.3 mostra D, distribuiçê,o relativa dos investimentos programados no setor de energia elétrica no Brasil durante o quadriênio 1970/1973 (1)*. 100°/o DISTRIBUIÇÃO DOS INVESTIMENTOS --------------------! EN ENERGIA ELETRICA A- TOTAL B- GERAÇÃO C- TRANSMISSÃO D- DISTRIBUIÇÃO A B C D Fig. 1.3 - Distribuií;ao relativa de investimentos para energia elétrica no Brasil - 1970/1973(1). É evidente que investimentos desse vulto exigem um phmejamento pormenorizado e cuidadoso em seus dois aspectos principais: A - económico - a fim de gar::mtir que o dinheiro inYestido real- mente comprou o mE>,is conveniente, 8,ssegura,ndo ao investidor a neces-sária rentabilidade e, ao consumidor, tarifa,s baixas; B - técnico - um sistema de energia elétrica moderno deve ofe- recer aos consumidores de energia a, segurança de um fornecimento de alfa, qualid.ade, exigindo-se em geral: a - serviço contínuo, com um mínimo de interrupções, programadas ou não; b - fornecimento de energia em freqüência e tensões uniformes e constantes, isentas de flutur,ções; e - atendimento de quaisquer demande,s instantâneas exigidas pelas instalàções cadastradas dos consumidores; *Os números que aparecem entre parêntesis referem-se à bibliografia menciona- da no final de cada capítulo. 8 TRANSPORTES DE ENERGIA ELÉTRICA CAP. 1 d - capacidade de, a qualquer momento, &.tender ao aumento àe demc.ndas dos atuais consumidores e de novos pedidor:; d0 ligação. Esses dois aspectos se inter-relacionam intimamente e nãa devem ser divorciE.dos no estudo d e qualquer instalação nova ou ampliação ou re- formulaçi'i.o das existentes. O.s sistemas de transmissão, apesar de ab8Drverem pa.rcelas tão pon- deráveis do investimento tofa.l, são também, pele, sua própria natureza, as partes dos sister:Ms mais vulneráveis. Verificou-se que cerca de 803 das interrupções e,cidentais no fornecimento da energia são originados naE linhas de transmissão, ou provocados por ele.s. :No entanto, o emprego das soluções me.is cgras nem sempre garante o melhor desempenho: urna linha em estruturas de madein'. bem projetadas tem condições de desem- penhr,r melhor do que uma linha com estruturas de v.ço face às descargas atmosférices, se ::i,mbr.s usarem o mesmo número de isoladores e o mesmo grau de cobertura pelos cabos pára-raios. E seu custo é consideravel- mente menor. 1.3 _:_ EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PERSPECTIVAS FUTURAS l.3.1 - Geral Somente no terceiro quartil do século passado é que foi possível, graç.2.s aos trabalhos de cientiste,s como Siemens, Gramme e Pacinotti, a produção de energia elétrica em .quantidades razoáveis a partir da energia mecânica, pois deve-se aos mesmos o desenvolvimento da máquina dina- moelétrica. Somente em 1879-1880, porém, com a invenção da lâmpa- da incandescente por Thomas A. Edison, é que a energiB elétrica teve seu grande impulso. A partir de 1882, qmrndo foi inaugurada a, central elétri- ca. de Pearl, pelo mesmo Edison, fornecendo iluminação pública e energia para motores em parte da cidade de Nova Iorque, começaram a surgir os primeiros sistema.s comerciais de eletricidade, em diversos países do mun- do. Com eles também tivem.m início problemp,s com o tmnsporte e a distribuição da energia elétric2,, então gerada e consumida em corrente contínua. A expansão dos sistemas incipientes e o uso da energia hi- dráulica eram tolhidos pelos fenômenos da queda de tensão e das per- d2,s por efeito Joule. Condutores de secções maiores eram exigidos a ponto de se tornar desinteressante qualquer nova extensão, sendo neces- .sário construir novas centrais, relativamente próximas uma.s das outras O grande potencia.!· hidroelétrico ficava fora de alca,nce, pois a energia era consumida na tensã.o em que ern produzida, nã.o havendo solução ime- diata à vista para os sistemas de correntes contínuas. Por volta de 1884/1885 foi inventado o transformador, que permitia elevar e abaixar a tensão, com grande rendimento, desde que a. energia fosse em corrente alternada. Nessas condições, o problema de trans- m1ssao em tensões mais elevadas, portanto com menos perda de energia, -estava resolvido. Para fins de iluminação não havia. maiores inconve- '\ 1.3 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PERSP!=CTIVAS FUTURAS. 9 nientes e se re::i.lizr,r:a.m a.lgumas insfalações; mesmo porque também os geradores se tornavam m2,is simples. Datam desse período duas rea- lizações notáveis para a época: 1886 - linha monofásica com 29,5 km na Itália, conduzindo 2 700 HP para Roma; 1888 - linha de 11000 V, trifásica, com um comprimento de 180 km, na Alemanha. . A invenção, entre ~885 e 1888, dos motores a indução, devida, a Fer- rans e Tesla, deu novo impulso Bos sistema.s de correntes. alterne.da em de- trimento do~ sistemas de corrente. c?n~ínue., . que foram, pouco a pouco, sendo substituídos, apesar de este ultimo sistema ter continuado a ter ferrenhos defensores: havim. 2.plica,ções nas quai•s a corrente contínua não. podia ser substituída pela corrente alternadp,, como no caso de processos eletrolíticos, 2.plic2,ções de motores que exigem velocidade ve,riável, como na tração. elétrica, lamine.ções siderúrgicas etc. As vante,gens da corrente alternada., seja na, geração. e no transporte, seje., principalmente na dis- tribuição e utilizBção, foram preponderantes e os sistemas cresce~am con- tinu2.mente, lVJ:ais e mais energiB elétrifü!· pa.ssou a. ser utilizad2, crescendo con- tinuamente as .potências das centrais elétricas; os novos '1oc2.is que favo- reciam aproveitamento hidroelétricos tornavam~se cada vez mais remotos exigindo tensões sempre me.is elevada.s e linhas mais longs,s avolumando~ se os problemas. Assim é que, por volts, de 1903, a ten~ão de 60 kV era atingidB; em 1910, llO kV e, em 1913, 150 kV. Por volta de 1922 entrou em operação a primeira linha de 230 kV; em 1936, uma linha de 287 kV .. EstB somente foi suplantada em 1950, com a entrada em serviço de uma hnha de cerca de 1000 km de comprimento e tensão de 400 kV na Suécia. Por volta de 1955 se construíam as primeiras linhas em 345 kV ?ºS Estados Unid.os, onde se iniciaram estudos e experiências, vise,ndo à 1mplantBção de lmlrn.s de 500 k V. A primeira linha nessa tensão foi construida em 1962. Entre 1964 e 1967, no Cana.dá, fornm projete.das e construídas. as primeiras linhas de 735 kV, mais recentemente fambém nos Estados Unidos, surgiram a.quelas que, no momento, são' as de tensão mais ele- vada em corrente alternada existentes no mundo. Essa evolução, evidentemente, é uma conseqüência do crescimento da dema.nda de energia elétrica e da extensã.o dos sistemP.s. O aumento crescente do número de centrnis. e linhas em um mesmo sistema de cor- ren~e alternada co~e~ou, d·esde c~do, a trazer: problellli',S com a sua ope- raçao, e logo se verificou que muitos desses problemas poderiam ser evi- tados pela transmissão em corrente contínua, hoje viável nas tensões ne- cessárias. No momento, tanto nos Estados Unidos como na Europa e Japão, ao lado dos tr2,balhos para a melhoria e desenvolvimento dos sisteme.s ·de corrente continu2,, está-se procurando resolver os problema.s relaci- onados com a fabricação de equipamento e a operação de sistema. de 10 TRANSPORTES DE ENERGIA ELÉTRICA CA P. 1 1000/1100 kV vislumbrando-se hoje a possibilidade de sistemas em 150 0 kV de corrente alternada. Os problemas relacionados com linhas a,érea s de transmissão nessas classes de tensão são, hoje, considerados resolvidos (7). 1.3.2 - No Brasil No Brasil, onde a evolução das tensões de transmissã,o foi relativa- mente mais lenta até o fim da primeira metade do século XX, procu ra-se hoje acompanhar pari· passu a evolução nos pa,íses nrnis desenv?lv idos. É uma conseqüência do aumento explosivo da demanda, de energia. e do tipo de energia primária dispo~í'.'el. O p~rque energético hidráulic ~ ~o Brasil com sua enorme potencialidade, estimada em 75 GW de poten cia média 1 contínua, dos quais cerca d e 40 GW na região Centro-Sul, para o seu a.proveitamento assim o exige. A Fig. 1.4 mostra a evolução (1 ) e a previsão de aumento da potência instalada no Bra.sil, entre 1955 e 2000. GW 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 9 B 7 6 5 / - V '/ \/ 1955 60 I / I I I J / / V / 65 70 ----~·--- I / / --- --r-r--- I I / / I / ~T -- I I l / / I I I I / I 75 80 85 90 2000 Fig'. 1.4 - Evolução da potência instalada .e previsão de instalação entre 1955 e 2000 (1). 1.3 - EVOLUÇÃO HISTÔRICA E PERSPECTIVAS FUTURAS. 11 A primeira linha de transm4ssão de que se tem registro no Brasil foi construídapor volta de 1883, na cidade de Dia,mantina; Minas Ge mis. Tinha por fim transportar a energia produzida em uma usina hidroelé trica, constituída por duas rodas d'água e dois dínamos Gramme, a uma dis- tância de 2 km, aproximadamente. A energia transporfada acio nava bombas hidráulicas em uma mina de diamantes. Consta que era a linha mais longa do mundo, na época (2). Uma rápida, pesquisa na bibliografia disponível mostrou ser difÍcil ' um leva,ntamento geral das linhas construídas no Brasil, suas datas e cara-· cterísticas, e, no relato que se segue, haverá, por certo, omissões. I<'ig. 1.5 - Linha 230 k V São Paulo- Rio. Em 1901, com a entrada em serviço da Central Hidroelétrica de San - tana do Parnaíba, a ~i;i.tjio The San Paulo Tramway Liç1ht anel Poicer Co. Ltd. construiu as primejta,s linhas de seus sistemas de 40 kV. Em 1 914, com a entrada em serviço !(la Usina Hidroelétrica de Itupáraranga, a m esmR. empresa introduziu o padrão 88 kV, que até hoje mantém e que ad otou também para subtransmissfo. Esse padrão de tensão foi, em seg uida, adotado pela Compa,nhl.a Paulista de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro 12 TRANSPORTES DE ENER.GiA EL~TRICA CAP. 1 Sorocsbana e, atr:wés desta, pela USELPA, hoje integrando o sistema CESP. Entre 1945 e 1947 foi construída a primeira linha de 230 kV no Brasil, com um comprimento aproximado de 330 km, de~ti.n~da a inter- ligar os sistemas Rio light e São Paulo light, operando m1cialmente em 170 kV, pa,ssando, em 1950, a operar com 230 kV (Fig .. 1.5). Foi ta~bém a primeira jnterligaçil.o de d ois sistemas importantes realizada no Brasil (6). Fig. 1.6 ~ Linha 500 k V do Sistema de Furnas. Seguiram-se, a ps,rtir daí, em rápida sucessão, as linhs,s de 230 kV do sistema da Cia. Hidroelétrica de S. Francisco, 161 e 345 kV da CE:.\íIG e FURNAS, 460 kV da CESP, as linhas de 500 kV do sistema de FURNAS e 800 kV do sistema de Itaipu, hoje em fase de projeto. 1.4 - TENSÕES DE TRANSMISSÃO-PADRONIZAÇÃO 13 1.4 - TENSÕES DE TRANSMISSÃO - PADRONIZAÇÃO l'vfesmo tendo sido reconhecida muito cedo a convemencia, da padro- nização das tensões nas redes de distribuiç2o, o mesmo não aconteceu com as tensões de transmissão, cujs, escolha, se base:wa, normalmente, em cri- tério estabelecido pela lei de Kelvin, que, a partir de critérios econômicos, fixava parn cada. caso específico qua,l a, tensão economice.mente mais con- veniente. Os fabricantes de equips.mentos elétricos, tmbalhando de for- ma artesarni.1, est:wam em condições de atender aos pedidos de seus cli- entes, quaisquer que fossem as tensões, abaixo dos limites máximos da época. O crescimento dos sistemas e o problema do equipamento de reserva levaram s. umr, padroniza,ção individual; o a.perfeiços.mento das técnicas d e fobricaç.ão e o reconhecimento, pelos fabricantes, da conveniência da seriação levaram a padronização regioneJ, nacional e -mesmo multina.cio- nal. Esta última tornou-se incipiente e, partir do fim dr. Primeira Guerra }\fundial, qus,ndo diversos países da Europa e da América do Norte a.do- taram a tensão de 220/230 kV como pv.drão. Interesses ns,cionais e, principalmente, dos grr.ndes fabricantes de equipamentos ainda nil.o per- mitire,m uma padronização efetiva e internacional. Em alguns países ·da. Europr., di.::.rnnte a reconstruç::í.o r,pós Segunda Guerra, foram introdu- zidos novos ps.drões, originariamente norte-americanos, enquanto se man- tiveram seus padrões originais nas tensões menores de 230 kV. A IEC - I nterndtional Electrolecnical Comission - vem desen- Yolvendo um esforço no sentido da' pa.dronizaç'ão ds.s tensões na:s linhas de clr.sse extra-elevadas, recomendando: 330 a.té 345/362 kV: 380 até 400/420 kV; 500/525 kV; 700 até 750/765 (800) kV (tensão nominal/tensão máxima permissível eni regime d e opem.ção permanente). Para tensões inferio- res, essa. normalizaç2o terá que continuar de forma regional ou nacional. O Brasil que desde o início da indústria nã,o desenvolveu sua. própria tecnologi::i., é talvez um dos pe.íses mlil.is tumultuados no que diz respeito às tensões de transmissão, principalmente ne, faixa até 100 kV. As empresas elétrics,s ao Brr.sil, especialmente das cv,pitais, ou eram de origem européia ou norte-america.na trazendo n2o só know-how como, principB..lmente, equipamento de seus países de origem, com os respectivos pa,drões. Por outro lado, no interior do país surgiam empresas locais, fund:;i,das e dirigidas por comerciantes ou fazendeiros, ficando a parte téc- nica a cargo de entend1'.dos1 dependendo gmndemente dos representantes estrangeiros das grandes fábricas de material elétrico para assessoramento técnico. Estes, evidentemente, vendiam o que lhes fosse mais conveni- ente. Era o preço que o pioneirismo devia pagar. A unificação de em- presas locais em regionaiE? em muito pouca coisa modificou o quadro até o advento das grandes empresas, p::i,rticulares ou estafais, que as absor- vessem. A colche, 'de retalhos, no entanto, permaneceu até muito recen- temente, quanclo se empreendeu um esforço sério de pa,dronização. N es- 14 TRANSPORTES DE ENERGIA ELÉTRICA CAP. 1 sai;: condições, no Brasil, as tensões pe.dronizs,das prefereneiais para ten-sões médias e elevadas são: 33/34,5 [kV]; 66/69 [kV]; 132/138 [kV]; 220/230 [kV]. Há ainda uma extensa rede de linhas em 88 [kV] pertencente ao sis-tema de São Paulo Light e à CESP (região do Paranapa,nema), que dada sua importância, continua sendo expandida. Estudos recentes realizados, principalmente na Europa (4), mostraram que a introdução de novos padrões de tensã.o no campo ds,s tensões extra--elevadas só se justifica quando a demanda de energia é ta.l que justifique a sua duplicação. Assim é ·que sistemas com linhas de 220/230 [kV] deveriam passar imediatamente a 380/420 [kV] e mesmo a 500 [kV], enquanto q,ue sistemas com linhas em 330/345 [kV] deveriam passar para 735/765 [kV]. A sobreposição de um sisteme, .de 500 [kV] ao de 330/345 [kV] existente; de acordo com esses mesmos. estudos, não é aconselhável ou, pelo menos, discutível. Ncs Estados Unidos, onde grande número de empresas opera sistemas de 500/525 [kV] e algumas opemm linhas em 735/765 [k V], há indicações pam a adoção do nível de 1 000/1 100 [k V] em subreposição ao sistema de 500/525 [kV]. 1.5 - BIBLIOGRAFIA 1 - ENG.º CARVALHO, Aw1sro - Síntese das Atividades do Ministério das Minas e Enei·gia. 1.° Ciclo de Estudos da ADESG em Itajubá, 1970. Editado pela Coordenação do Ciclo. 2 - ENG.º SAVELLI, M.tRIO '""-'.Do Óleo de Peixe à Lâmpada Incandescente. Diário de Sã? Paulo, 23/8/1960. S - Usina Henry Borden - Quai·entà Anos a Serviço do Bmsil. Conferência pro-nunciada em São Paulo em 17/12/1966. 4 - RAHNT, RunoLF - Technische und Wfrtschaftliche Gesichtspunlcte für die Ener-gicüberli'agung mit Hochstspannungen. Revista Siemens, Berlim, set. 1966. N. 0 9. Pág. 651. 6 - BrERMANs, J . .....:. Energiüeberti•agung auj grasse Enjletemungen. G. Braun, Kar-ls1;uhe, 1949. 6 - SÃO PAULO LrGHT S.A. - DEPARTAMENTOS TÉCNICOS -A Interligação São Paulo - Rio. Revi~ta do Clube de Engenharia. Rio de Janeiro, Jan. 1960. N. 0 281. Págs. 1-7. 7 - BALDERSTON JR., G. et al. - UHV, AC. ·Transmission Line Design Based on Project UHV Test Results. Cigré, Paris, 1972. Vol. 2, N. 0 31, 24.ª Sessão. Características Físicas das Linhas Aéreas de Transmissão 2.1 - INTRODUÇÃO ,. .. -Ge-FtfCTITil:,,......,.,.""'"'ffi--s·-- '"""'d· .. · l· · t d · CT / ~ -- .., v "'"' o nv esen-vo· v1men 0- 0--presente--curso·· o desem-1 penho elétrico de uma linha aérea de transmissão depende quas~ exclusiva-,: rr;en~e de sua geometria, ou seja, de suas características físicas. Estas· não ,'!) \ so ditam o ~eu compor!ai;riento em regime normal de operação, definÍndo '.:/ )os s~us parametros eletr1cos, como também quando submetidas a sobre-i Gens_o~s. de qualquer natur.eza; _Daí a conveniência de p.roceder, antes ~e. m1ciarmos o seu estudo eletnco, a um exame de suas características is1cas e dos elementosque a compõem. · r ( 2.2 - CABOS CONDUTORES ', i e . \ o_ns~1tuem os elementos ativos proprismente ditos das linhas de [ 'I) transm1ssao, devendo, portanto, possuir camcterísticas especiais. Sua ,·;iescol~a a~equada represe~fa um i;>roblema de fundamental importância 1 no dimens1~namento das lmhas, pois não só depende dela o bom desem-1 pe.nho da lmha, como tem importantes implicações de natureza econô-1,nuca. Condutores ideais pgra linhas aéreas de transmissão seriam aqueles que pudessem apresentar as, seguintes características: A - alta condutibilidade elétrica - para que e,s perdas por efeito Jo1;1e _(I2R) possa~ ser mantidas, economicamente dentro de limites to-leraveis, oneram diretamente o custo do. transporte da energia; B ;-- baixo. custo. - o custo dos cabos condutores absorve par.cela ·ponderavel ~º. mvestimento total de uma linhs., influindo, portanto, de maneira dec1s1va no custo do transporte da energia; i i, 16 CARACTERÍSTICAS FISIC.'>.S DAS LINHAS CAP. 2 e - boa resistência mecânica - a fim de assegur:ar integrida.de mecânica à linha,, garantindo continuida.de de serviço e segurança às pro- priedades e às vidas em suas imediações; D - bai:xo peso especffico - as estruturas de suporte são dimen- sione.das para absorver os esforços mecânicos transmitidos pelos con- dutores, um dos quais é o seu próprio peso. Portanto, quanto maior for este, mais robustas e caras serão as estruturas; E - alta resistência à oxidação e à corrosão por agentes químicos po- luentes - a fim de que não venham sofrer redução em sua secçil.o com o decorrer do tempo, provocando redução na sua resistência mecânica e eventual ruptura. As condições mencionadas, um tanto conflitantes, não são atendidas simultanea.mente por nenhum me,terie,l em puticular e, dentre os metais que o maior número dessas propriedades possuem, estão o cobre e o a- lumínio, bem como suas ligas, que hoje são empregados universalmente. Por muito tempo, a partir das primeiras linhe,s de trnnsmiss2,o, o cobre dominou o mercado, apesar d e, já em 189.5, terem sido construídas as pri- meiras linhas em cabo de alumínio (Califórnia e Fra.nça.), seguidas de outras em 1898, 1899, 1902 etc. O principal motivo da limitação era o preço ainda muito elevado do alumínio comparado ao do cobre, e também sua menor resistência mecânica. Este último inconveniente foi sa.tisfatoria- mente resolvido em 1908, com a invenção dos cabos de alumínio com alma de aço, CCA (Alvminum Ccnduclor Steel Reinforced - ACSR), que foram usados com sucesso em 1913 na linha Big Creek, na Ce,lifórnia. Foi a primeira linha no nível de 150 kV e que, conforme consta., ainda hoje se encontra em operação, depois de ter sido reisolada, no início da década de 1920, para 230 kV (7). Problemas de custo de produção do alumínio, aliados a um certo gr:;i.u de conservadorismo, mantiveram acirre.da concorrência entre os dois ma.- teria.is, e somente com a evolução d8. tecnologia do alumínio, por volta de 1938-1945, que reduziu o seu custo enormemente, é que o cobre foi definitivamente afastado do ca.mpo das linhas de transmissão. Uma vantagem, desde cedo verific&.da em favor dos cabos de alumínio, é seu melhor desempenho em face do efeito Corona em virtude de seus diâ- metros maiores; os fabricantes de cabos d e cobre responderam pronta- mente, lançando no mercado os cabos ocos, com diâmetros elevados. A tabela na pág. 17 nos fornece elementos comparativos das caracte- rísticas elétricas e mecânicas de alumínio e do cobre. As vantagens do alumínio sobre o cobre, como condutor para li- nhas de transmissão, podem ser verificad::i,s de maneira bastante simples. Admitamos que desejemos conduzir uma corrente I [A] a uma determi- n.9.da distância,. Para mesmas condições de perdas por efeito Joule, a secção do condutor de alumínio deverá ser 1,6 vezes mnior do que aquela do condutor de cobre equivalente. Seu diâmetro será 1,261 vezes maior, cnqua.nto que o seu peso unitário será aproximr> .. damente igual à metade do peso condutor d e cobre equivalente. Considerando-se que há uma 2.2 - CABOS CONDUTORES 17 relação aproximada de preço entre cobre e alumínio da ordem ·de 2, o in- vestimento com condutores de alumínio será a,ptoximadamente igual a 253 do investimento necessário com condutores de cobre equivalentes. A sua resistência mecânica, cerca de 253 inferior à do cobre, é ampla- mente compensada com o eventuv,l uso dos cabos de alumínio-aço, sem ·que esse quadro econômico seja substancialmente alterado em virtude do menor custo do aço. Essa verificação poderá ser efetuada facilmente, pelo próprio leitor, através das características mecânicas dos condutores indicadas nas tabelas do Ap. II. Ca'l'acterísticas Alumínio Cobre T. Dura. T. Dura 1. Condutividade a 20°C 61% IACS 97% IACS 2. Resistividade em microhm/cm a 20°C 2,828 1,7774 3. Coeficiente térmico ·de resistividade, em mi- crohm/cm por °C 0,0115 0,00681 4. Coeficiente térmico de expansão linear por °C 0,000023 0,000017 5. Densidade a 20°C em gr/cm3 2,703 8,89 6. Carga de ruptura em kg/mm2 16-21 35-47 7. Módulo de elasticidade, final kg/mm2 7 000 12 000 IACS - International A.nnealed Copper Standard - 100% ciorrespondem·•à candtltividade - padrão inter-nacional, medida a 20°C, em cobre quimicamente puro. Como ligas de cobre, eram muito empregados o Bronze I e o Bronze_ II, com 15 e 303 de zinco, respectivamente, dando maior resistência mecânica ao cobre. Em região de atmosfera poluída e à beira-mar, pode ser desa- conselhável o emprego de cabos de alumínio, sujeitos à corrosão. Nesse caso é recomendável o emprego de uma das ligas ALDREY (AL, Mg, Si e Fe), o que aumenta as resistência,s química e mecân~ca, em detri- mento da resistência elétrica, cujo valor aumenta cons1de.ravelínente. 2.2.l ~ Condutores Padronizados Nas linhas de transmissã0, o uso de fios ~-oi virtualmente abandonado em favor dos cabos, obtidos por encordoa,mento de fios elementares. Sendo inúmerns as composições possíveis para a obtenção de uma mes- ma secção útil de condutores, os fabricantes d estes padronizaram sua fa- bricação, ni'í,o só quanto ao número de filamentos como também quanto às suas secções, surgindo diversas tabelas de padronização, nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, a padronização das secções ~dotadas. pela ABNT - EB- 293 para cabos de alumínio e alumínio-aço e EB-12 para cabos nus de 18 CARACTERISTICAS FISICAS DAS LINHAS CAP. 2 cobre - baseia-se na padronização norte-americana A WG (Americam Wife Ga.uge). Esta se assenta numa unidade de área denominada cir- cular 1!7-P: que corresponde à área de um círculo cujo diâmetro é igual a um m1les1mo de polegadas, ou 0,00064516 mm2• De acordo com esse sis- tema, os condutores são numerados em ordem de secção decrescente de n. ºO a n. º 36 e em secção crescente 00, 000 e 0000, mantendo-se relações cons- tantes entre diâmetros e entre secções. ü1,bos de secções maiores do que 0000 (211 690 CM) são especificados em CM ou MCM (mil CM). Em transmissão e em distribuiçik>, a prática recomendou e o uso es- tabeleceu, bito.las mínimas de condutores; para. o cobre, c;rrespo.nde a de n.º 6, possumdo uma secção de 26 250 CM e, paw, os fios de cabos de alumínio, ou cabos de alumínio com aJma de aço, a bitola n.º 4, à qual cor- responde uma secção de 41 740 CM . . º encordoament?A normal dos cabos condutores, quando compostos de f10s de mesmos d1ametros, obedece à seguinte lei de formação: na qual valem: N. = 3x 2 + 3x + 1, N - número total de fios componentes; x - número de camadas, ou coroas. Teremos assim: - para 1 camada, 7 fios; - para 2 camadas, 19 fios; - para 3 camadas, 37 fios; - para 4 camadas, 61 fios etc. 2.2.1.1 - Padronização Brasileira (2.1) As normas brasileiras elaboradas pela ABNT especificam as càra- cterística,s exigíveis na fabricação e para o recebimento dos condutores d estinàdos a fins elétricos. . A' - Condutores de cobre - Aplica-se s, EB-12- cabos nus de cobre.D~ acordo com essa norma, os cabos deverão ser especificados através da indicação de: - secção em milímetros quadrados; - composição, ou número de filamentos; - classe de encordoamento. . Para fins comerciais, conservP,-se a designação convencional e con- sagrada pelo uso, da própria escala A W G. 2.2 - CABOS CONDUTORES 19 A EB-12 é complementada pela EB-11- fios nus de cobre para fins elétricos. No Brasil fabricam-se cabos de cobre nas bitolas que vão desde 13,3 mm2 (referência comercial n.º 6) até 645,2 mm 2 (referência, comercial 1 000 MCM), nas têmperas dúra e semidura. O encordoamento é feito d.e acordo com as classes A e AA, definidos por norma. Os encordoamentos classe AA são normalmente empregados em condutores para linhas aéreas. Os condutores classe A em linhas aéreas são usados quando munidos d e capa protetora ou quando se deseja maior fle·xibilidade. As normas EB-11 e EB-12 regulam as características que os fios e cabos nus de cobre devem possuir. Assim: são a - qualidade do material, suas características elétricas e físicas; b - acabamento; e - encordoamento; passo do encordoaIÍl.ento; d - emendas; e - variação do peso e da resistência elétrica; J - dimensões,· construção e formação; g - tolerâncias no comprimento dos cabos; h - embalagem e marcação desta; i - proprieclad·es mecânicas e elétricas; j - ensaios de aceitação; k - responsabilidades .dos fabricantes. B - Condutores de alumínio e alumínio-aço - Suas características especificadas no Brasil pela ABNT através das normas: - EB-219 - fios de alumínio para fins elétricos; - EB-292 - fios de aço zincado para alma do cabo de alumínio; - EB-193 - cabos de alumínio· (CA) e cabos de alumínio com alma de aço (CAA) para fins elétricos. Sua designação deV'e ser feita pela área, nominal da secção de alumínio, expressa em milímetros quadrados, pela formação, pelo tipo (CA ou CAA), pela classe de encordoamento correspondente e, eventualmente, pela re- ferência comercial. Está enraizade,, na, indústria d2, energia elétrica, no Brasil, a design1?,ção dos cgbos de e.lumínio (CA) e alumínio com almB de aço (CAA) através do código canadense de referências comerciais. De acordo com esse có- digo, há, para cad8 tipo de c2,bo, uma família, de nomes através dos quais ca,da bitola fica completamente definida.. Assim, p::ua os cabos CA, as p1?Javras-código s1i,o nomes de flores, e, para os cabos CAA, aves, em ambos os casos na língua inglesa : 20 CARACTERfSTICAS F(SICAS DAS LINHAS CAP. 2 Código: TULIP - cabo CA de alumínio, composto de 19 filamentos, com área total de 336 400 CM; - diâ.metro dos filamentos: 3 381 mm; diâmetro do cv,bo (nominal): 16,92 mm; - peso do cabo (nominal): 467,3 kg/km; ca,rga de ruptura: 2 995 kg; resistência elétrica: em CC a 20°C: 0,168 ohm/km. Código: PENGUIN - cabo CAA, compos1çao 1 fio de aço e 6 de alumí- nio com uma secção de 125,1 mm 2; - bitola A WG nP 0000; diâmetro do fio de aço: 4,77 mm; diâmetro do fio de alumínio: 4,77 mm; diâmetro do cabo (nominal): 14,31 mm; peso do ca,bo (nominal): 432,5 kg/km; ca,rga d e ruptura: 3 820 kg; resistência elétrica: em CC a 20°C: 0,26719 ohm/km. C - Condutores em ligas de alumínio - O alumínio, em liga metálica com outros materi:ds, aumenta consideravelmente sua resistência me- cânica, se bem que às expensas d e sua resistência elétrica. Esse,s ligas podem também aumentar consideravelmente sua resistência à oxidação e corrosão em regiões de atmosfera poluída ou à beira~ma,r. Essas lig2s tomam nomes comerciais diversos, de acordo com suas composições. Na Europa o ALDREY é muito usado•. Dos Estados Uni- dos e Ca,na,dá nos vêm dois tipos de condutores em ligas de alumínio: tipos AAC (all aluminvm alloy cable), que são cabos homogêneos compostos de fios iguais em ligas d e alumínio, de diversas composições, e os tipos ACAR (aluminvm conductor aluminum alloy reinforced), que são cabos de cons- trução idêntica à dos cabos CAA, exceto p_ela :dma, que nesse caso será composta de fios de liga de alumínio, ao invés de aço. Esses condutores são fabricados no Brasil. D - Condutores copperweld e alvmoweld - Seus filamentos são obtidos pela extrusão de uma capa de ~obre ou de alumínio sobre um fio de aço de alta resistência. Seu emprego em linhas de tnrnsmissão como cabos condutores é limiü\do a situações especiais em que são necessárias pequenas secções de material, condutor aliadas a elevadas resistências me- cânicas. Têm no enfonto, largo emprego como cabos pára-rnios e em linhas de telecomunicações e mesmo como condutor neutro em sistemas de distribuição, urbanos e rurais. No Brasil são fabricados sob encomenda . a partir de buras-fio importadas. 2.2 - CABOS CONDUTORES 6 AL/ 1 Aço 6 AL.17 Aco 26 AL/7 Aço 30 AL/7 Aço 54 AL/7Aço 30 AL./ 19 Aço 6 AL./ 1 Aço ALPAC 3 AL/4 AÇO 54 ALI 19 Aço 26 AL/19 Aço 21 AL /37 Aço 42 AL/19 Aço 34 AL/19 Aço 21 7 ALI 1 Aço 8 AL/I Aço 4 AL /3 Aço 12 AL /7 Aço 8 AL/7 Aço 42 AL/7 Aço 115 AL/19 Aço 18ALI19 Aço Fig. 2.1- Encordoamentos dos cabos de alumínio com alma de <iço (CAA) (Alumínio do Brasil S.A.). 22 CARACTERISTICAS FISICAS DAS LINHAS CAP. 2 E - Condutores tubulares e expandidos - ·A fim de reduzir os gra-dientes de potencial nas superfícies dos condutores e com isso aumentar o valor da tensão crític2, de Corona dos cabos, introduziram-se diversos tipos de condutores designados como expancliclos, empregando materiais diversos. A Fig. 2.2 mostra um ca.bo CAA expandido e alguns exemplos de condutores de cobre ou bronze tubulares. O condutor CAA expandido tem um diâmetro externo cerca de 153 maior do que um condutor CAA de mesmas características elétricas. o) b) Fig. 2.2 - Condutores expandidos: a, b, e c - condutores ocos; d - condutores CAA expandidos. F - Condutores múltiplos - O advento, cm 1950, das primeiras linha.s em tensões extrn-elev2,das, na Suécia (380 [kV]) e, em rápid2, se-=tüência; em outros países (8), tornou premente o emprego d e meios capa-~es de reduzir os gradientes de potencial nas superfícies dos condutores. )s condutores múltiplos ou enfeix?..dos, propostos já em 1909 por Thomas ·9,10), vieram de encontro a essa necessids,de. Seu emprego vinh2, sendo $tudado desde o advento das linhas em 230 [k V], no início da década 1 ~' 1 :, 2.2 - CABOS CONDUTORES 23 de 1920-1930, tendo sido sempre preteridos em favor dos condutores tu-. bulares expandidos. Suas re2.is vantagens e possibilidades foram evi-denciados por estudos rea.lizados na Alemanha, entre 1933 e 1944, para linhas projetadas em 380 (kV], e as conclusões desses estudos foram di-vulgadas em 1945, nos Estados Unidos, pela Bonneville Power Adminis-tration. O Projeto TIDD 500 [kVJ (12) investigou igU:;,lmente suas pos-sibilidades. Na Europa sua aceitação foi mais imediata do que na Amé!. . rica. (8), o que é evidenciado pelo fato de que as primeiras linhas de 345 [kV], que entraram em serviço em 1956, foram construídas com conduto-res simples. O desenvolvimento das nov2,s técnicas de construção, a me-lheria das ferragens e .a confiança adquirida ·na operação das primeiras linhas fizeram com que o seu uso se generalizasse: 1 ! . is ! t ____ j_.=;k_ --, • 1 i ! i 1 / 1 i t 1 -~-- s 1 1 1 ~ ------!-. _t29,/. 1 -~ 89, . : .,...;ar °i"' ., 1 . _s_j _, ___ ! 1 1 Fig. 2.3 - Configurações de condutores múltiplos atualmente em uso. I:Ioje, de um modo geral, todas as linhas em tensões acima de 300 [kVJ são construídas com condutores múltiplos, havendo mesmo um número .razoável de linhas em· 138 [kV] e 220 [kV] que emprege,m condutores geminados. (No Brasil: linhB em 138 [kV] d&, U. H. de Itutinga à su-bestação de I,2,vras e a linha em 230 [kV] da U. H. de Jurumirim à su-bestação de Cabreúva., São P::rnlo). O húmero de subcondutores por condutor múltiplo, os diâmetros dos subcondutores e o espaçamento entre os mesmos têm sido objeto de cui-dadosas investigações em todos os centros de pesquis2,,uma vez que esses parâmetros têm relação direta com e,· intensidade dos fenômenos provo-cados pelo efeito Corona. Um número mais. elevado d e subcondutores por feixe tende a desempenha.r melhor do que uin número menor de subcon-dutores, para uma mesma capacid&,de térmica de transporte; não obstan-te, há um acréscimo no custo do equipamento e nas d.espesas de instalação, o que favorece um número menor de subcondutores. O espaçamento entre suh~l)ndutores, também um fator importante no desempenho das s 24 CARACTERÍSTICAS FISICAS DAS LINHAS CAP. 2 linhas, é igmdmente condicionado por limitações de m.tureza econômica. Para linhas nas cfasses de.s tensões extra-elevadas, hoje o problema pode ser considerado inteiramente solucionado, seja quanto ao número de subcon- dutores por feixe, seja qur.nto go espaçamento entre os mesmos. Nota-se certa divergência entre a prática européia e 2, norte-americana nesse as- pecto. Enqu2,nto que os primeiros favorecem, para uma mesma classe de tensfo, um número maior de subcondutores por fo,se, com esp2,çamen- tos menores, os demais preferem um menor número de subcondutores e mpjor espaçamento, conforme se verifica na literatura (8). Para as linhas em tensões extra-elevadas, o número máximo de con- dutores é de quatro por feixe p2.rn linh2,s na classe de 380/420 [kV) em dian- te, M Europa, e 500/525 [kV] em diante nos Estados Unidos (preferen- cialmente para 700/765 [k V]). O espaçB.mento preferencial nB, Europa é de 400 [mm], enquanto que n2, América do Norte é de 458 [mm] (1~ polegadas). A relação espaçamento/diâmetro dos subcondutores, consi- derada importante para o desempenho das linha,s, varia grandemente, desde 13, nas linh:;i,s de 735 [kV] canadenses, a mais de 30 em linhas ame- ricanas de 345 [kVJ. Para e,s linhas em tensões ultra-elev:;i,d2,s, que serão normaliz2,das entre 1 000 e 2 000 [k VJ, ao que tudo indica, nos níveis de 1 050 [k VJ e 1 300 [kV], inicialmente (12), desde já consideradas viáveis, seja do ponto de vista técnico, seja econômico, o problema da escolha do número de subcon- dutores e seu espe,çamento é ainda mais crítico. Arranjos de 6 a 10 subcon- dutores (12, 13) por feixe estão sendo considerados. Foi inclusive aven- tada, a hipótese do emprego de subcondutores divididos, isto é, consti- tuídos de feixes de condutores menores (14). Esta última hipótese, como também a do uso de ordens mais elevadas de número de subcondutores (acima de 10), esbarra em dificuldades de ordem prática para sua exe- cução, o que faz com que, pelo menos no momento, não mais venha me- recendo maior atenção. 2.3 - ISOLADORES E FERRAGENS Os çabos são suportados pelas estruturas através dos isoladores, que, como seu próprio nome indicg, os mantêm isol2,dos eletricamente das mesmas. Devem resistir te,nto às solicitações mecânicas como às elétricas. Os isoladores são submetidos a solicitações mecânicas que lhes são transmitidas pelos cabos condutores. São de três tipos: a - forças verticais, devidas ao próprio peso dos condutores (nos países de clima frio, esse peso é a.crescido do peso da ca.pa de gl'lo que se pode formar em torno dos mesmos); b - forças horizontais axiais, no sentido dos eixos longitudinais das linhas. necessária.s para que os condutores se mantenham :;uspenso::> sobre o solo; 2.3 - ISOLADORES E FERRAGENS 25 e - forças horizontais transversais, em sentido ortogonal aos eixos longitudinais das linhas, devidas à ação da pressão do vento sobre os pró- prios cabos. Esses esforços são transmitidos pelos isoladores às estruturas, que devem absorvê-los. As solicitações de natureza elétrica a que um isolador deve resistir são as tensões mais elevadas que podem ocorrer nas linhas, e que são: a - tensão normal e sobretensões em freqüência industrial; b - surtos de sobretensão de manobra que são de curta du.ração, podendo, no entanto, atingir niveis de 3 a 5 vezes a tensão normal entre fase e terra; e - sobretensões de origem atmosférica, cujas intensidades podem ser muito elevadas e variadas. Um isolador eficiente deve ainda ser capaz de fazer o máximo uso do poder isolante do ar que o envolve a fim de assegurar isolamento ade- que.do. A falha de um isolador pode ocorrer tanto no interior do mate- rial (perfuração) ou pelo ar que o envolve (descarga externa). Seu desenho deve ser de forma a assegurar uma distribuição balanceada de poten- ciais e, conseqüentemente, dos gradientes no ar, com o objetivo de asse- gurar tensões de descarga adequadas. Daí suas formas peculiares. Além desses requisitos, deve ainda satisfazer a outro não menos importante, que é o da não produ~ão, mesmo após longos períodos de operação, da in- desejável radiointerjerência. Esta, em geral, é causada nos isoladores por minúsculos pontos de disrupção elét.rica para, o ar: carona. Os eflú- vios assim produzidos provocam correntes d e altas freqüências, que ir- radiam energia de maneira semelh:mte a um radiotransmissor. Ê um problema que deve ser eliminado pelo próprio desenho e pelo acabamento superficial dos isoladores. Exige-se ainda dos isoladores extrema robus- tez, de modo a poderem resistir ao manuseio, nem sempre deJicado, nos armazéns e obras. Devem ser duráveis quando em serviço, reduzindo a um mínimo o número de reposições no decorrer dos 8,nos, e resistir bem aos choques térmicos a que estão submetidos pelas condições meteoro- lógicas lo cais. Suas superfícies devem ter acabamento capaz de resistir bi:>m às ex- posições ao tempo, mesmo em atmosfera, de elevado grau de poluição em que haja presença, de óxidos de enxofre e outros reagentes. Para a sua fabricação empregam-se dois tipos de material: a - porcelana vitrificada, b - vidro temperado. Encontram-se em fase de introdução isolamentos pàra linhas exe- cutados com· resinas sintéticas. .A a.ssociação de Epoxi com fibras de 1 26 CARACTERÍSTICAS FISICAS DAS LINHAS CAP. 2 • j vidro, além de ter poder isCllante, apresenta excelentes características me- cânicas. A principal vantagem desse tipo de material consiste em per- mitir a execução de peças estruturais auto-isolantes e, cdnforme as cla,sses de tensão, eliminar inteiramente os is"oladores convenciomds, podendo, destarte, co'ntriOuir para a.redução das dimensões de estruturas (20, 21). No Brasil, cruzetas isolantes já vêm sendo empregadas desde 1969 para linhas de 69 [kV] em ca:ráter experimental. Prevê-se seu emprego para linhas de 138 a 230 [kV], aproximadamente. a - Porcelana vitrificada - Deve ser d e boa qualidade, baixa porosidade, isenta de bolhas de ar e impurezas, além de apresentar alta resistência mecânica e ao impacto. Sua ré'sistência dielétrica deve ser da ordem de 6 a 6,5 [kV/mml Sua superfície deve ser vitrifice,da cuída- dosamente a fim de vedar os seus poros, impedindo a absorção da água e evitando a redução de sua resistência dielétrica. A vitrificação deve ser resistente a temperaturas elevadas, devendo resistir ao calor oriundo de eventuais arcos elétricos, sem se danificar. A grande dificuldade da ele- trocerâmica consiste na obtenção de peças espessas e de grandes dimen- sões capazes de satisfazer a essas exigências. b - Vidro temperado - Possui uma resistência dielétrica da ordem de 14 [kV/mm] e resistência mecânica equivalente à da porcelana, podendo inclusive ser fabricadas peças mais espessas. Seu custo é inferiOr ao da porcelll.na, porém é mais sujeito a de,nos por atos de vandalismo, pois, devido à sua têmpera, os isoladores não resistem bem a impactos, mesmo leves, dependendo dó local atingido (por exemplo, saias dos isoladores de disco, que são inteiramente estraçalhados por pedras atiradas com es- tilingues). Com o advento de transmissã".l nas tensões extra-elevadas, em CA e em CC, condições mais severas de serviço vêm sendo impostas aos isola- dores, devido, inclusive, à crescente intensidade da poluição atmosférica; isso tem levado a grandes projetos de pesquisa em todo o mundo, visando a aprimorar materiais e desenhos dos isoladores,no sentido de assegurar uma crescente melhoria em seus desempenhos. Está se adotando vitri- ficação semicondutora em isoladores antipoluição. No Brasil há diversos fabricantes de isoladores de porcelana, que· produzem de acordo com especificações bastante rígidas. Isoladores d.e vidro temperado· são produzidos, no momento, por apenas um fabricante, de capital e know-how estrangeiros. 2.3.l - Tip()s de Isoladores Em linhas de transmissão empregam-se basicamente três tipos de isoladores: A isoladores de pino; B isoladores tipo ·pilar; e - isoladores de suspensão. J: "i 2.3 - ISOLADORES E FERRAGENS . A - Isoladores de pino - São fixados à estrutura através de um pmo de aço. Para ta:r:to,_ em sua, parte interna possuem um furo rós- queado, com ro~ca de filete re~ondo, padronizado, no Bra.sil, pela ABNT (MB-22). Os pmos de aço foqaqo possuem, em sua, parte superior uma cabeça de chu?1_bo filetada, sobre a qual se atarracha. o isolador. Sã~ nor- malmente solicitados à compressão e à flexão. , ~emente são empregad_os em linhas até 69 [kV], e com condutores rela.tivament~ leves, em virtude da pequena resistência do chumbo da cabeç~ dos. pmos ao esmagamento e também da pequena resistência dos próprios pmos a esforços de flexão. Devi~o à mencionada dificuldade d e se obterem peças maiores e ma~is espessas, 1sofad~res para tensões nominais maiores do que 25 [kV] são compostos d~ diversas peças de espessura menores, sobr,epostas e cimen- tadas entre s1, como mostram as Figs. 2.4 a e b Soo os isoladores MUL TICORPOS. . - (ll 98 ISO l!l 12S . Fig. 2.4 - Isoladores de pinos de porcelana: a - monocorpo para 25 kV; b ~ multi- corpo para 69 k V. Em vidro temperado é possível obtê-los de. uma só peça (isolador monocorpo). B - _Isoladores tipo pilar - São menos usados entre nós em linhas de tr~n?m1ssão do que os isoladores de pino, podendo ser construídos de umr, ui:-1rn peça, t~mbém d e porcelana, parn tensões mais elevadas. Dad 0 o seu sistema d e fixação, resistem a esforços mecânicos bem mais elevados t_anto ele compres?ão como de flexãt:>. Nos Estados Unidos construíram-se lmlrns com esse tipo de isolador com tensões até 110 kV (Fig. 2 .. 5). C' .- !solado~·es. de suspensão Representam o tipo de isoladores dt• mu,10r 1mportanc1a para as linhgs de transmissão, pois, trabalhando 28 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 a tração, condição muito favorável de solicitação trmto para o vidro como para a porcelana, ajustam-se facilmente às condições de serviço impostas ·em linhas em tensão extra-elevada e ultra-elevada. 185 450 Fig. 2.5 - Isolador de porcelana tipo pilar para 69 [kV]. Fig. 2.6 - Isolador de suspensão monocorpo. Empregam-se basicP.mente dois tipos de isoladores de suspensão: a - isoladores monocorpo ou barra longa; b - isoladores de disco. a - Isoladores monocorpo - Desenvolvidos e fabricados na Ale-manha, por uma das indústrias mais antigas e tradicionais de porcelana (Rosenthal), levam o nome de Langstab (barra longa). São constituídos . de uma. única peça de porcelana (Fig. 2.6), cujo comprimento é de acordo com o nível de isolamento desejado. Para um mesmo nível de isolamento, ele é sempre inferior ao df!.S cadeias de isoladores correspondentes, o que p9de resultar em considerável redução nas dimensões df!.s estruturas. '1 ~1 ~ 2.3 - ISOLADORES E FERRAGENS Largamente utilizados no país de origem, não tiveram ainda aceitaçào fom do mesmo, provavelmente devido às dificuldades técnicas de fabricação. São fabricados com comprimento até 1305 mm para tensões até 110 kV emyma só peça, podendo ser conectada duas ou mais, em série, para tensoes maiores: l 145 lo) (e) ( b) (d ) Fig. 2.7 - Isolado1•es de suspensão: a, b e d - engates concha-bola; e - engate garfo--olhal. b - Isoladores de disco - São referidos na MB-22, da ABNT simplesmente como -isoladores de suspensão, por não considerar o tipo an~ t.erior. São compostos· de um corpo isolante e forrngens de suspensão, como mostra a Fig. 2.7. ·,Através das ferragens, unidades de isoladores são conectedas entre si, formando longes cadeias de isoladores. Essas ferr.agens _são idealizadas de forma a permitir grande flt>xibilidade, o que o briga os isoladores a trabalharem sob tração, com os esforços conoentrados em seu eixo. No Brasil, as ferragens de suspensão dos isoladores·são pa- dronizados pela ABNT (PB-57), permitindo o câmbio por unidades for- CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 necidas por diversos fabricantes. As ferragens constituem-se de uma haste, fixada na parte inferior do isolador, terminada em forma de bola (boleto) ou de lingueta (olhal), e por uma campânula terminada ou em um garfo ou em uma concha. O tipo de engate bola-concha é quase adotado univer- salmente em linhas de transmissão. Para cadeias em v às vezes são pre- feridos os engates gmjo-olhal. As ferragens dos isola.dores d e suspensão devem ser galvanizgdas em banho quente de zinco, sendo a espessura da JfJmada controlada pelos processos indicados na N"B-22. Sua forma dde ser estudada de modo a nã0 possuir pontos de elevados gradientes de potencial e onde possam ocorrer eflúvios, provocando radiointerferência. É evidente que isoladores de disco podem ser fabricados em grande variedade de diâmetros e espaçamentos (passo). No entanto, pa.ra maior eficiência elétrica existem limites bem definidos no que diz respeito a essas dimensões, que devem ser considera.dgs em conjunto. Se e espll.ça,mento for aumentado, seu diâmetro deverá ser igu2.lmente aumentado, a fim de que se mantenha a eficiência geral. Por muitos anos a relação de 43/ 4" X 10" (121 X 254 mm) foi .considerada ideal. Pesquisas posteriores in- dicaram 53/ 4" X 10" (146 X 254 mm) como proporções ideais (dimen- sões-padrão ABN'T-145 X 250 mm). Para se chegar a essas dimen- sões em número de fatores, deve-se considerar: o tamanho da campânula, a distância de arco, a distância de escoamento (Fig. 2.8). 1 1 A 1---- 1 A 1 ----, " f / / / ""! Fig. 2.8 - Distânc-ia de arco e distância de escoamento: A - distância de descarga a seco; B - distância de descarga sob chuva; C ~ distância de escoamento. 2.3 - ISOLADORES E FERRAGENS ' 31 2.3.2 - Características dos Isoladores de Suspensão As características fundamentais d e isoladores de suspensão que m- fluenciam suas aplicações são: A - Características físicas e mecânicas: a - resistência eletromecânica; b - carga máxima de trabalho; e - resistência ao impacto; d - resistência aos choques térmicos. B - Característiºcas elétricas: a - tensões disruptivas a seco e sob chuva em freqüência industrial; b - tensão disruptiva sob impulso; G - tensão de perfuração; d - tensão de radiointerferência e Corona. '1600 1 1 /, 1/2 ONDA 1 X 40 JJS ---- / NEGATIVA ---r-'-- / 1 1/2 I ONDA 1 X 40 JJS POSITIVA -----. ./ 1400 / > !/ " 1200 :E I / "' --· 60 Hz EFICAZ I' >e( A SÊCO ...._ / > j:: a. §' / ::> o: "' ,_ /' õ / / o l>C( // / ,,./ "' z 'I "' .... ! / V / 1000 800 600 l(1 / V ""' / , / 60 Hz EFICAZ / / soe CHUVA 400 !/ / ./ / ~ //' 200 N~ DE UNIDADES NA CADEIA o o 8 12 16 20 Fig. 2.9-: 'f'ensões disruptivas a 60 Hz e de impulso em cadeias de isoladotcs (18). 32 CARACTERISTICAS FISICAS DAS LINHAS CAP. 2 Esse.s cnre.cterísticas devem ser indicnds,s pelos fabricantes e ga- r2.ntidas. A NB-22 e a. MB-22 da ABNT regulamenta.m no Brasil, qua.is os ensaios e sua. forma de realiz.'1i;.ão parn verifics,ção das garantias ofere- cidas. A Fig. 2. 9 mostm as tensões disruptivas a tensões d e freqüência industrial e a ondas de impulso de cadeias de isoladores de suspensão de 53/4" X 10. 2.3.2.1 - Distribuição de Potenciais em Isoladores e Cadeias de l soladores A fim de se obter um quadro mais exato da maneira de resistir de uma cadeia de isoladores, convém examinar alguns gspectos básicos da distri- <( o "' ü _J a. "' o '"' "' z U.J ·>- "' o o _J o "' o "'
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