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Exame de Urina tipo II

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ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
Exame de Urina tipo II– Urocultura 
Como a coleta será enviada para cultivo, é preciso realizar limpeza 
da região próxima a uretra para eliminar ou diminuir ao máximo a 
contaminação da microbiota normal para ter um crescimento 
representativo do que está acontecendo na bexiga ou rins. 
Geralmente, a pessoa toma banho com água e sabão na própria 
casa, vai para o laboratório segurando a urina (usa-se a primeira 
urina da manhã) e faz a coleta no laboratório. No laboratório, a 
pessoa recebe um algodão contendo clorexidina 2% e será orientado 
a limpar novamente a região. Despreza-se o primeiro jato, coleta o 
jato médio e faz imediatamente a sedimentoscopia e cultura. 
A urocultura é o padrão ouro para diagnostico de ITU. Esse exame 
avalia qualitativamente e quantitativamente o crescimento bacteriano 
(qual bactéria e a quantidade de bactéria que tem). 
São seguidos os critérios clássicos de interpretação segundo Kass: 
→ Crescimento ≥ 105 UFC/mL (unidade formadora de colônia) é 
indicativo de infecção 
→ Crescimento ˂ 104 UFC/mL é possivelmente contaminação da 
microbiota normal 
Deve-se tomar cuidado com o frasco coletor que pode indicar um 
falso positivo em grande quantidade das coletas (85 – 99%) devido a 
manipulação do saco coletor, por exemplo, em crianças. E colocar 
para crescimento um único microrganismo. 
Realiza-se isolamento, identificação e antibiograma em seguida. 
Coleta-se a urina e coloca nos meios de 
cultura. Na imagem ao lado foi feito semeadura 
por esgotamento: espalha em cada campo e 
diminui a quantidade até ter algumas colônias. 
Foi utilizado o ágar cled que é um meio padrão 
de crescimento para urocultura. Depois que 
cresceu, percebe-se que foi somente uma 
espécie, faz coloração de gram e utiliza-se 
meio Rugai ou EPM 
modificado para a 
identificação como na 
imagem ao lado. Cada 
bactéria se comporta 
diferentemente no meio 
de cultura e por isso, é 
possível identifica-la. 
Após o isolamento e identificação, 
realiza-se o antibiograma. Coleta-
se algumas colônias, realiza-se um 
diluição no soro fisiológico, passa o 
swab com a suspensão bacteriana 
e semeia na placa de Petri grande 
como na imagem ao lado. Após a 
distribuição da bactéria (escala de 
McFarland), adiciona-se discos de 
antibióticos de acordo com a 
bactéria identificada e deixa crescer por mínimo 14 horas (ideal é 18–
24 horas). Ao antibiótico difunde do disco para o meio. Visualmente, 
é possível observar se forma um halo ou não. Quando forma halo, 
significa que a bactéria não conseguiu crescer ao redor do antibiótico. 
Quando não forma halo, significa que a bactéria é capaz de crescer 
mesmo na presença do antibiótico. Para interpretação, é preciso 
medir o diâmetro do halo, como na imagem 
ao lado, e comparar com uma tabela. Dessa 
forma, é possível determinar se a bactéria 
para aquele determinado antibiótico é 
resistente, sensível ou intermediaria. 
 
Na tabela a cima, observa-se para essa bactéria em questão o uso 
de penicilinas. Para o disco de ampicilina, se o halo for: 
→ menor que 8mm: significa que a bactéria é sensível 
→ maior que 8mm: significa que a bactéria é resistente 
Para o disco de cefalotaxina, como na imagem abaixo, se o halo for: 
→ menor que 1mm: bactéria é sensível 
→ maior que 2mm: bactéria resistente 
O laudo vem da seguinte forma: 
 
No laudo, percebe-se que é melhor o uso de vancomicina para a 
bactéria analisada. 
PROBLEMA ATUAL 
Deve-se lembrar que urocultura é o padrão ouro para diagnostico de 
infecção urinária e que as pessoas tomam antibiótico sem prescrição. 
Com isso, surgem as bactérias multirresistentes. 
Na imagem ao lado, tem-se um 
antibiograma. No halo superior (12h) 
nenhuma bactéria cresceu. No sentido 
horário, o primeiro halo mostra uma 
grande quantidade de bactérias que foi 
sensível porém os pontinhos brancos 
indicam que algumas colônias 
cresceram mesmo na presença do 
antibiótico amoxicilina. Se esse 
paciente receber amoxicilina, ele vai eliminar somente as bactérias 
sensíveis. As bactérias resistentes não vão morrer e vão continuar lá. 
Quando diminuir a população de bactérias sensíveis, as resistentes 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
vão ocupar o lugar. O próximo tratamento será muito mais difícil. Isso 
é um problema. Observa-se que mesmo para outros discos de 
antibiótico, há varias cepas resistentes. 
Antes isso acontecia somente no ambiente hospitalar mas em 
janeiro/fevereiro de 2020, na USP-Ribeirão, foi lançado artigo com 
identificação pela primeira vez de uma Klebsiella multirresistente fora 
do ambiente hospitalar.

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