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MONOGRAFIA EJA

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39
INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como objeto principal a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o conjunto de processos de aprendizagens nessa modalidade de ensino.
A educação de jovens e adultos compreende uma educação formal e permanente que procura desenvolver nos alunos da EJA capacidades, competências técnicas ou profissionais a fim de enriquecer seus conhecimentos e de atender suas próprias necessidades e as da sociedade.
O interesse pelo tema surgiu a partir do contato com a EJA (Educação de Adultos), do curso de Pedagogia que trata especificamente desse tema. Por isso ao longo da pesquisa pretende-se conhecer e analisar métodos e prática utilizadas na educação de jovens e adultos na cidade de Vinhedo, como também apresentar o perfil desses alunos e o motivo que os levou a se afastarem dos estudos na idade própria.
A História da educação serve como ponto de partida, o histórico da EJA, como também as contribuições de Paulo Freire para o ensino da educação de jovens e adultos tanto nos tempos primórdios, quanto contemporâneos. Apresentará também, a participação do Estado e as leis que amparam a educação de jovens e adultos como também sua contribuição para que possa haver um ensino de qualidade e garanta uma aprendizagem significativa para os indivíduos que estão inseridos nessa modalidade de ensino do ponto de vista legal.
Este estudo busca compreender teórica e empiricamente as diferenças culturais e realidade desses alunos em relação às crianças, sendo que, é necessária a adequação de metodologias diferentes a essa modalidade de ensino.
Referencial teórico- Freire
CAPÍTULO I
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
	      Que a educação seja o processo através do qual o indivíduo toma a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma. Como? Acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as conseqüências de sua escolha. Mas isso não será possível se continuarmos bitolando os alfabetizandos com desenhos pré-formulados para colorir, com textos criados por outros para copiarem, com caminhos pontilhados para seguir, com histórias que alienam, com métodos que não levam em conta a lógica de quem aprende.
(FUCK, 1994, p. 14 - 15) 
  
Educação é um fator de desenvolvimento da cidadania, que fundamenta e amplia a vivência da democracia em um país tão cheio de contraste, ambigüidade e contradições como o nosso.
Como afirma Dewey (1979 p. 14)
A educação é um processo de contínua reconstrução da experiência, com o propósito de ampliar e aprofundar o seu conteúdo social, enquanto, ao mesmo tempo, o indivíduo ganha controle dos métodos envolvidos.
	Já Luzuriaga (1979 p. 14) diz que:
A educação é a influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas significa, também, a ação genérica, ampla, de uma sociedade sobre as gerações jovens, com o fim de conservar e transmitir e existência coletiva.
O homem para sobreviver, muitas vezes, se adapta à natureza a favor de suas necessidades, passando assim, a ter experiências e produzir sua existência. O ser humano está em constante aprendizagem, as experiências que se tornam eficazes são preservadas para serem transmitidos a outras gerações.
Na sociedade antiga, a educação era privada, e somente os grupos dominantes tinham direito de serem educados, enquanto a classe trabalhadora era educada através das experiências de vida e do trabalho, tendo assim, uma educação diferenciada.
Já na sociedade moderna a educação se tornou uma necessidade de todos e com a Revolução Industrial o poder de troca foi ampliado abrangendo à todos.
George Kneller (1979 p. 14) considera a educação como:
Qualquer ato ou experiência que tenha um efeito formativo sobre a mente, o caráter ou a capacidade física de um indivíduo”. Acrescentando que, num sentido mais técnico, a educação é o processo pelo qual a “sociedade, por intermédio de escolas, ginásios, colégios, universidades e outras instituições, deliberadamente transmite sua herança cultural, seus conhecimentos, valores e dotes acumulados de uma geração para a outra.
1.2 Histórico
O histórico da Educação teve início por volta do ano de 1.549-1.759 mais conhecido como Período Jesuítico, onde a educação indígena foi interrompida com a chegada dos jesuítas que se dedicavam à pregação da fé e ao trabalho educativo. Perceberam então uma necessidade dos índios em saber ler e escrever, para assim converte-los a sua fé, o Catolicismo.
Com a implantação das escolas jesuítas, o ensino não se limitou apenas às primeiras letras. Além do curso elementar, mantinham cursos de Letras e Filosofia. Os alunos eram índios. Filhos de comerciantes e latifundiários portugueses. Com isso passaram atender estudantes leigos que não tinham foco na carreira religiosa, mas buscavam instrução que lhes permitissem prosseguir os estudos na Europa.
Entre 1760 e 1808 ocorreu a expulsão dos jesuítas, por Marquês de Pombal pois seus interesses eram outro, e para companhia de Jesus estavam relacionados á fé. Pombal pensou em organizar a escola para servir aos interesses do estado. Com isso, a educação brasileira passou por uma grande ruptura histórica.
No Brasil, a educação, antes de Pombal, estava quase que exclusivamente nas mãos dos jesuítas. Após sua expulsão Portugal percebeu que a educação estava estagnada e era preciso estabelecer uma solução. Para isso instituiu-se o “subsídio literário” para manutenção dos ensinos primário e médio.
O Estado criou as aulas Régias. As aulas limitavam-se as primeiras letras “Latim, Grego, Filosofia, Geografia, Gramática, Retórica, Matemática” e deveriam ser custeadas pelo imposto então criado. Apesar disso os professores ficavam longos períodos sem receber vencimentos, pois o subsídio não era cobrado adequadamente, ou era desviado para Portugal. Os melhores professores não permaneciam no posto por causa dos baixos salários e os que ficavam geralmente não tinham preparação para a função, resultando em um mau funcionamento do sistema.
A Estrutura cultural mantida pelos jesuítas ao longo de dois séculos estava solidificada, e por isso, conseguiu sobreviver aos seus fundadores, resistindo aos atos e decretos de Marques de Pombal. A intervenção de Pombal na educação brasileira impediu que a estrutura jesuíta se alastrasse ainda mais, conseguindo destruí-la em parte. Assim o panorama educacional brasileiro permaneceu sem alterações significavas até 1.808 com a chegada de D. João ao Brasil, por razões políticas, pois Napoleão havia declarado guerra a Portugal e como este não dispunha de condições militares para resistir as tropas de Napoleão, D. João, sua família e uma grande comitiva partiram para o Brasil, transferindo assim a sede do reino Português, passando a ditar ordens para a metrópole lusitana.
D. João VI tomou uma série de medidas desenvolvimentistas que estimularam a vida cultural brasileira. Dentre estas medidas destacamos:
· A fundação da Imprensa Régia que iniciou a publicação do jornal A Gazeta do Rio de Janeiro.
· A inauguração da biblioteca Real que, posteriormente, se tornou aberta à frequência pública.
· A inauguração do ensino superior no Brasil, com a abertura de várias escolas, como por exemplo: Academia Real da Marinha, Academia Real Militar, Cursos de Medicina Cirúrgica e Anatomia, Cursos de Agricultura, Cursos de Economia, Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios.
Todas estas intervenções mudaram a condição cultural do Brasil, que antes possuía a dependência colonial. Essas mudanças que fatos e ideias fossem expostos e discutidos através imprensa, estimulando as questões políticas que atravessaram o período seguinte da história do Brasil.
Depois da derrota das tropas Napoleônicas, o povo Português exigiu a volta de D. João VI a Lisboa, mas antes de seu retorno entregou a liderança de governo brasileiro a seu filho D. Pedro, que foi nomeado “Príncipe Regente” e assim em 1822, D. Pedro proclamou a independência do Brasil, mas essa independência nãorompeu com as estruturas econômicas e sociais do período anterior.
Após a independência era necessária a construção de um sistema Nacional de Instrução Pública, pois o país havia chegado a emancipação política sem obter uma forma organizada de educação escolar.
Em 1.824 outorga a primeira Constituição Brasileira criando a lei de Art. 179 onde a “Instituição primária é gratuita para todos os cidadãos”, mas as condições materiais de sua implantação não eram favoráveis para um desenvolvimento de qualidade demonstrando um total abandono da instituição pública elementar pelo Estado. Já em 1.827 o imperador D. Pedro I cria condições de Ensino Superior no País, senso assim, não era necessário deslocar-se até a Europa para uma formação Superior.
No período Imperial pouco se fez pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim.
Com a proclamação da República, surgiram novas esperanças de mudanças na área da educação, mas o governo provisório tratou com descaso os assuntos que se referia a esse setor. Houve então a reforma de Benjamim Constant que procurou realizar, mesmo que em curto tempo, o ensino de Ciências, Física, Biologia e Matemática, como também a gratuidade da escola primária. Uma das intenções dessa reforma era de transformar o ensino em formador de alunos para os cursos superiores.
À partir de 1.915 surgiu um movimento chamado cívico-patriótico, que tinha Olavo Bilac como um dos grandes líderes. O movimento apontava a ignorância, ou seja, o analfabetismo como a única e verdadeira causa de todas as crises do Brasil, e o único caminho para combatê-los era a valorização da língua pátria e a educação em massa para solucionar os problemas sociais, econômicos e políticos do país.
Somente após 1.920 que surgiu na história um movimento renovador, que visava reformar as condições do ensino em diversos estados brasileiros. O movimento ficou conhecido como Escola Nova, e era de âmbito internacional. Foram observados os procedimentos usados em certo número de crianças e seus educadores saíam em busca de causas para justificar certos acontecimentos.
A descoberta destas condições possibilitou estudos relevantes, para isso criou-se uma ciência específica para o estudo do comportamento da criança que analisava globalmente o aluno nos aspectos biológicos, psicológicos e educativo.
 As idéias básicas do movimento frutificaram exercendo grande influência na pedagogia contemporânea. Só não conseguiu serem totalmente implantadas devidas suas proposições, encontrou obstáculos como a mentalidade reacionária e tradicionalista de certos educadores.
A passagem da República Velha para Nova teve um marco: a Revolução de Outubro de 1.930, cujo estopem explodiu com a sucessão presidencial. A revolução de 1.930 tornou-se vitoriosa e o poder foi entregue a uma junta militar, mas em 1.964 um golpe militar finda todas as iniciativas de se revolucionar a educação brasileira com o argumento de que as propostas eram comunistas e revolucionárias.
Professores e estudantes foram presos e feridos, e até mesmo mortos em confronto com a polícia, foi criado então o Decreto-Lei 477 onde os alunos e professores foram obrigados a se colocar diante da situação.
Com o fim do regime militar os ideais sobre a questão educacional já haviam perdido o sentido pedagógico e passou a ter caráter político.
Essa mudança contribuiu para que novos pensadores, impedidos de atuarem em suas respectivas funções por questões políticas, falassem sobre a educação num sentido mais amplo em relação as questões relacionadas as escolas, didática, relação entre aluno e professor assumindo assim, postos na área da educação e a concretizar discursos em nome do saber.
O ministro e economista da Educação Paulo Renato de Souza tornou o Conselho Nacional de Educação mais político e menos burocrático desde o fim do regime militar aos dias de hoje, essa foi a fase politicamente marcante na educação por tantos projetos executados nesse período.
A história da educação brasileira é feita de momentos marcantes, onde cada período teve suas características próprias. Em questão de qualidade, apesar de toda essa evolução e ruptura, a educação brasileira não evoluiu muito. A educação só teve caráter nacional no período da educação Jesuítica, embora os Parâmetros Curriculares Nacionais estejam sendo usados como norma de ação.
A partir da emergência do processo de industrialização no país, houve um crescimento acelerado da demanda social por escola, acompanhado de uma intensa mobilização dos órgãos educacionais em torno da reforma e expansão do sistema educacional vigente.
1.2 Paulo Freire: pensamento, política e educação.
Paulo Freire nasceu no dia 19 de Setembro de 1921 no Recife, área mais pobre. Criado em uma família de classe média, foi alfabetizado pela mãe, que utilizava gravetos que tinha no quintal. Passou por dificuldades e foi o que o levou a se interessar pela educação dos oprimidos de sua região. Formou-se em Direito e desenvolveu um "sistema" de ensino, um método de alfabetização dialético (criado em 1962, que alfabetizou 300 cortadores de cana em apenas 45 dias, isso porque o processo se deu em apenas 40 (quarenta) horas de aula e sem cartilha). Foi encarcerado acusado de comunista, foram 16 anos de exclusão, mas após tornou-se famoso no exterior. Hoje, Paulo Freire é considerado o mais conhecido educador de nosso tempo. 
1.3 Mobral: movimento brasileiro de alfabetização
Em 1.996, o programa de alfabetização encerrou-se em alguns estados devido à pressão exercida pelo governo militar. O governo só permitiu a realização de programas de alfabetização de adultos de caráter assistencialista e conservador, até que, em 1.967, o próprio governo militar assumiu o controle dessa atividade, lançando o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL).
O Mobral foi a resposta do regime militar à grave situação do analfabetismo no Brasil. Criado em 1.967 com o objetivo de acabar com o analfabetismo e dar acesso a uma educação continuada aos jovens e adultos, para dar continuidade a este programa foi necessário criar, posteriormente, o Ensino Supletivo, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n°5.692 de 1971. Este foi um evento de grande importância para a reinserção escolar daqueles que não tiveram oportunidade de estudar na época certa.
A política educacional para adultos passou então a ser entendida como a incorporação das práticas de temas que estivessem ligados ao desenvolvimento como educação e investimento, evidenciando que a educação deveria estar alinhada ao modelo global que buscava estabelecer metas e tornar mais eficiente os recursos existentes.
Nesse período são criados os Centros de Estados Supletivos (CES). Nesses CES as atividades desenvolvidas baseavam-se no ensino com princípios do ensino personalizado e com métodos próprios. Alguns desses métodos eram a adoção de estudo dirigida, orientação individual ou em grupos pequenos, o uso de rádio, televisão e multi meios.
No Mobral o modelo de alfabetização e as técnicas utilizadas no processo, consistiam em codificações de palavras preestabelecidas, quadros ou fichas de descobertas, sendo muito próximo dos métodos utilizados no modelo Paulo Freire, mas com uma diferença fundamental: as “palavras” de codificações eram elaboradas igualmente para todo o Brasil. Tratava-se de ensinar a ler, escrever e a contar, deixando de lado a autonomia e conscientização crítica e transformadora da linha que Paulo Freire iniciou.
Foram criados materiais didáticos para atingir os objetivos, constituídos de livro-texto, livro-glossário, livro para exercitar o cálculo, livro do professor e conjunto de cartazes. Em 1.977 esse material foi mudado e passou a ser chamado de Conjunto Didático Básico.
Pautava-se na idéia de que a capacitação de alfabetizadores de pessoas que pertenciam à comunidade para ensinar os que sabem menos. É válido e natural e uma grande opção para países que não possuem recursos qualificados para alfabetizar.
Esse conceito vem do modelo tecnicista, influência recebida dosEstados Unidos da América e das pesquisas Behavoristas baseadas nos mecanismos de estímulo-resposta proposto por Skinner (Burrhus Frederic Skinner, Psicólogo norte americano, 1904 -1990. Para ele a educação deve ser pensada passo a passo para se alcançar os resultados esperados).
No Mobral, o método não partia do diálogo, da realidade existencial, mas de lições já preestabelecidas pelo contexto militar.
Considerando a natureza das propostas, podemos afirmar que o método Paulo Freire foi refeito com princípios que não respeitavam a conquista da autonomia e desenvolvimento da consciência crítica do alfabetizando.
Na década de 1.980 teve o início da abertura política, e a com emergência dos movimentos sociais, foram-se ampliando as pequenas experiências, construindo caminhos para troca de vivências, reflexão e novas ações pedagógicas.
Em 1.985 esse modelo de educação foi reprovado por políticos e também nos meios educacionais, o que foi suficiente para extingui-lo dando lugar a Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos (Fundação Educar) que não executava diretamente os programas, mas apoiavam financeiramente e tecnicamente as ONGS e Empresas Convencionadas.
O Mobral esteve presente por longo período na história recente do nosso País.
1.4 Fundação Educar: movimento de alfabetização em parcerias
A Fundação Educar foi criada em 1.985 substituindo o Mobral, promovendo a execução dos programas de alfabetização por meio do apoio financeiro e técnico.
Com a Constituição de 1.988 é ampliado o dever do Estado com a Educação de Jovens e Adultos ao garantir o ensino fundamental gratuito e obrigatório para todos que não tiveram acesso na idade própria.
Em 1.988 com a descentralização administrativa e poder da política, houve parcerias entre organizações da sociedade civil e o Estado em diversos níveis, visando à definição das políticas sociais e municipais das ações do Estado nas diversas áreas, como assistência social, saúde e educação.
Essas medidas se refletiram nas ONGS e iniciativas privadas que na década de 90 foram as maiores responsáveis pela atuação na alfabetização de Jovens e Adultos.
Em 1.990 é realizado em Jontiem, Tailândia, a Conferência Mundial de Educação para todos, que explicou a realidade mundial de analfabetismo de pessoas jovens e adultas e propôs maior justiça social nos Países mais pobres e populosos do mundo. Esse mesmo ano é considerado pela UNESCO como Ano Internacional da Alfabetização.
1.5 Alfasol: Alfabetização Solidária
No início da década de 1.990, 20% da população total com 15 anos ou mais estava em estado de analfabetismo. Esse quadro torna-se mais grave, considerando a quantidade de analfabetos funcionais, ou seja, aqueles com escolaridade média dessa faixa etária que não conseguem ler um simples bilhete, conforme a pesquisa e definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda na década de 90 a EJA passa a ser considerada uma modalidade da educação básica nas etapas do ensino fundamental e médio, com a publicação da LDB da Educação Nacional.
Na segunda metade da década, surgiram outros segmentos sociais como ONG’s, Movimentos Sociais, Organizações Empresariais, “Sistema S” Alfabetização Solidária, entre outros, que buscavam discutir e propor Políticas Púbicas para EJA.
Nesse período a atuação que mais se destacou, no cenário da alfabetização, foi a do Programa Alfabetização Solidária (PAS) que conta com parcerias firmadas entre o governo e instituições públicas e privadas, e continua a atender os alfabetizandos por meio de recursos vindos do Programa Brasil Alfabetizando.
1.6 Programa Brasil alfabetizando: dimensões atuais do analfabetismo nacional.
Na tentativa de reduzir as taxas de analfabetismo, foi lançado no ano de 2.000 o Programa Brasil Alfabetizado.
O programa é organizado em edições anuais, com duração de aproximadamente de sete meses. Em grande parte as pessoas contratadas são alfabetizadores populares pois não é exigida uma formação específica para atuar no Programa. É uma gestão descentralizada sendo que cada instituição parceira é responsável pela captação de recursos como também seleção e acompanhamento dos alfabetizadores.
Mesmo sendo um programa descentralizado há necessidade de prestar contas e informações num sistema eletrônico aberto para consulta dos parceiros e da comunidade. Desse modo é possível acompanhar o desenvolvimento do programa nas diferentes regiões do país.
Foi diagnosticado nos anos anteriores que uma das principais dificuldades do Programa está relacionada a falta de material didático aliado a pouca experiência e formação específica dos alfabetizadores para lidar com esse público.
Um importante avanço nas políticas de EJA diz respeito à inserção dessa modalidade no Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), garantindo recursos financeiros para ampliar as ofertas de EJA, com isso ocorre o estímulo ao crescimento de matrículas, oferecendo oportunidades para que jovens e adultos retomem a escola e deem continuidade a seus estudos.
CAPÍTULO II
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.
INTRODUÇÃO
Neste capítulo, apresentaremos o histórico da Educação de Jovens e Adultos, abordaremos também movimentos emergentes de educação, a luta e alguns movimentos que permitiram que o adulto analfabeto adquirisse o direito de serem escolarizados. Por fim, faremos um breve relato sobre as contribuições de Paulo Freire para a educação de Jovens e adultos.
2.1 Antecedentes históricos da educação de jovens e adultos.
Quando se falava de educação para a população não infantil, fazia-se referência apenas a população adulta, pois esta também necessitava receber a doutrina religiosa. A educação daquele período era muito frágil e não era responsável pela produtividade, pois se dava a partir do aumento do numero de escravos, esse fato explica o descaso dos dirigentes para com a educação.
Percebe-se que, desde a época colonial já havia uma falta de compromisso dos dirigentes com a educação de adultos. Pois o ensino para a população adulta servia aos interesses da igreja e não dos educandos, o objetivo principal era ministrar a doutrina religiosa.
Quanto à população negra, essa ficava excluída até mesmo dessa forma de aprendizagem. Isso ficava evidente quando ROMÃO (1999, p. 13) se referindo aos escravos afirma: “Juridicamente, uma formação social escravista não considerava a população escrava incluída nas prerrogativas da cidadania”.
Assim pode se perceber que a situação escravista do Brasil Império foi um dos fatores que culminou no crescimento exacerbado do analfabetismo naquela época.
Segundo Romão (OP.CIT. p.13):
Somente após quase meio século do descobrimento do Brasil é que se iniciou a atividade educativa no país, com a chegada dos jesuítas em 1549, voltada fundamentalmente para aculturação ameríndia.
No entanto, apesar de tardia, pode se dizer que a atividade educativa em nosso país iniciou-se com a educação de adultos. Nesse mesmo segmento afirma *Azevedo Apud Romão (1999, p. 13):
Ao ministrarem aos índios, já adultos, as primeiras noções da religião católica, bem como a cultura ocidental, pode se dizer que aí começava a educação de jovens e adultos.
Várias formas educacionais da época do Brasil Império preconizavam que deveria haver classes noturnas de ensino para adultos analfabetos. Entretanto um relatório sobre o ensino noturno para adultos,apresentado pelo ministro José Bento da Cunha, contendo dados mais concretos, informava que 200 mil alunos frequentavam o ensino noturno em 1876. (CUNHA, Op.cit).
Essa informação deixa evidente a propagação da educação de adultos na época imperial, embora o ensino oferecido atendesse a outros interesses, e não as necessidades dos alunos não se sabem se as escolas existentes atendiam a todos que necessitavam aprender. O que é notório é o índice de analfabetos que era muito elevado.
Como afirma Romão, (Op. Cit. p. 12):
Durante todo o período imperial a educação de adultos ficou por conta das diferentes províncias, que arcavam com o ensino das primeiras letras.Por isso, o Brasil finaliza o império com cerca de, 85% de sua população analfabeta.
E continua o autor:
Com a independência, ainda que a Constituição outorgada de 1824 previsse a instrução primaria e gratuita para todos os cidadãos (art. 179), na prática, nada foi implementado para atingir o alvo.
Com a chegada da República, o ensino básico ficava sob a responsabilidade dos estados e municípios, sem recursos e sem tradição no setor. O censo de 1920 apontava uma queda de 13% no percentual da população adulta analfabeta, com relação ao final do Império. Mas a população crescera significativamente e como conseqüência o número de adultos analfabetos também.
Essas informações demonstram que o advento da republica não mudou a situação da educação no Brasil pois os Estados e Municípios não tinham recursos para fornecer uma educação básica de qualidade. Esses problemas, somados aos já existentes, colaboram para o crescimento da população adulta analfabeta.
Pode se observar que naquela época já faltava atuação do poder público e uma política educacional comprometida com a causa popular, que subsidiasse o ensino para população adulta. Esse desprezo despertava a preocupação de algumas personalidades, como afirma Romão (Op. Cit. p. 13):
Rui Barbosa, em 1882, já se manifestava sobre a educação de adultos em pareceres que destacavam a importância da aula noturna e da formação profissional para esse segmento do aluno.
A constituição de 1934 previa a obrigatoriedade do ensino primário para todos os brasileiros independente da idade. Com o golpe do estado novo em novembro de 1937, a carta constitucional é rasgada por Getúlio Vargas, interrompendo assim, os avanços no Plano Nacional de Educação.
Desse modo, o poder público demonstra sua fragilidade, interrompendo seus planos e retardando a superação do analfabetismo. Durante esse período a educação de adultos se restringe às instituições militares que alfabetizavam recrutas analfabetos ou com pouca escolaridade para prosseguirem na carreira militar. Mas não há comprovação de que esse fato contribuiu para diminuir os índices de analfabetismo no país. Segundo Romão (op. Cit. P. 14):
Este é um tema que demanda uma pesquisa mais detalhada e sistemática, para que se possam fazer afirmações mais conclusivas sobre a contribuição dos contingentes militares na queda dos índices de analfabetismo no Brasil.
Na década de 40, com o processo de industrialização, os administradores passaram a dar maior relevância à educação de adultos, pois, tornava-se necessário a qualificação de mão-de-obra e da reprodução da força de trabalho. E conseqüentemente essa qualificação viria a partir da alfabetização dos trabalhadores.
Percebe-se que, ao longo da década de 1940, desencadearam-se no Brasil diversos movimentos com objetivo da diminuição do analfabetismo no país. Esses movimentos eram desenvolvidos de forma amadora por voluntários, mas das diversas campanhas e movimentos que surgiram em prol da educação de adultos, em sua maioria fracassaram.
De 27 de julho a 3 de setembro de1949, em Petrópolis, realizou-se o Primeiro Seminário Interamericano e contou com a participação da Organização dos Estados Americanos (OEA) e Organização das Nações Unidas para Ciência e Cultura (UNESCO), com o objetivo de incorporar o homem do campo na educação de base, para que pudesse contribuir com o desenvolvimento e progresso da nação.
Romão, (OP.CIT. p. 16):
Entende-se por educação de base ou educação fundamental o mínimo de educação geral que tem por objetivo ajudar as crianças, adolescentes e adultos a compreenderem os problemas peculiares ao meio em que vivem a formarem uma idéia exata de seus deveres e direitos individuais e cívicos e a participarem eficazmente do processo econômico e social da comunidade a que pertencem.
O adulto analfabeto era visto como marginal imaturo e responsável por sua própria falta de instrução. Dessa forma a burguesia se via livre da responsabilidade discriminatória, culpando os analfabetos pelo atraso do país.
A falta de compromisso dos governantes sempre esteve em evidência, pois não era do interesse deles formar cidadãos críticos para o exercício da cidadania, porque seus objetivos políticos poderiam ser ameaçados. Esse fato torna-se claro no texto de Romão, (OP. CIT. p. 16), em que afirma:
Em 22 de maio e já na vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei n. 4.024/61), o então governador, João Goulart restituía a mobilização através do decreto n.51.470, que manteve o envolvimento de outras instâncias de governo e da sociedade civil organizada. Mas o próprio João Goulart extinguiu todos os movimentos existentes no Brasil em prol da erradicação do analfabetismo, alegando que a descentralização estava consolidada, portanto tornavam-se desnecessárias campanhas com objetivo concorrentes e dispersoras de recursos. 
Em 1958, se realiza o II Congresso Nacional de Alfabetização de Adultos, no qual se destaca Paulo Freire com sua tese voltada para educação de adultos que visava à conscientização do cidadão em sua intervenção qualificada no processo de transformação social e não uma mera alfabetização que capacitasse o adulto apenas para ser eleitor, como vinha ocorrendo.
Na década de 60, Paulo Freire surge como “luz na escuridão”, trazendo consigo um novo método de ensino que colocava em questão o método existente naquela época, que nada tinha a ver com a realidade da população adulta.
Nesse sentido CUNHA, (OP. CIT. p.11) afirma:
As críticas ao método de alfabetização da população adulta, por sua inadequação à clientela, bem como pela superficialidade do aprendizado no curto período de alfabetização, remeteram a uma nova visão sobre o problema do analfabetismo e a consolidação de uma nova pedagogia de alfabetização de adultos que tem como principal referência o educador Paulo Freire.
Assim, surgia um novo método de ensino de caráter inovador e revolucionário de ação conscientizadora, que tinha como objetivo formar cidadãos com capacidade crítica.
2.2 As contribuições de Paulo Freire para educação
No final da década de 50, as críticas às campanhas de educação de adultos destinavam-se tanto as suas deficiências administrativas e financeiras quanto a sua orientação pedagógica.
Indicavam o caráter superficial do aprendizado que se realizava no curto período da alfabetização, a inadequação da metodologia destinada à população adulta e para as diferentes regiões do país.
Todas essas críticas contribuíram para uma nova visão sobre o problema do analfabetismo e para consolidar um novo paradigma pedagógico para a educação de adultos, cuja referência principal foi o educador pernambucano Paulo Freire.
O pensamento pedagógico de Paulo Freire, assim como sua proposta para alfabetização de adultos, inspirou os principais programas de alfabetização e educação popular que se realizaram no país no inicio dos anos 60.
Esses programas foram realizados por intelectuais, estudantes e católicos empenhados numa ação política junto aos grupos populares. Esses diversos grupos de educadores foram se unindo e passaram a pressionar o governo federal para que os apoiassem e estabelecesse uma coordenação nacional das iniciativas.
Em janeiro de 1964, foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização, que previa a propagação por todo Brasil de programas de alfabetização orientados pela proposta de Paulo Freire.
Antes apontado como o motivo da pobreza e da marginalização, o analfabetismo passou a ser visto como efeito da situação de pobreza gerada por uma estrutura social desigual. Era necessário, portanto, que o processo de educação interferisse na estrutura social que produzia o analfabetismo.
A alfabetização e educação de base de adultos deveriam começar sempre de uma pesquisa da realidade existencial dos educando, da identificação das origens de seus problemas e das possibilidades de vencê-los.
Além dessa grandeza social e política, as ideologias pedagógicas que se misturavam tinham um forte componente ético, implicando um profundo comprometimento do educador com seus educando.Os analfabetos deveriam ser reconhecidos como homens e mulheres produtivos, que possuíam uma cultura. Dessa visão, Paulo Freire criticou a chamada educação bancária que considerava o analfabeto ignorante, uma espécie de gaveta vazia onde o educador deveria depositar conhecimento.
Tomando o educando como sujeito de sua aprendizagem, Freire propunha uma ação educativa que não excluísse sua cultura e sua identidade, mas que a fosse transformando através do dialogo.
Na época, ele referia-se a uma consciência ingênua ou intransitiva, herança de uma sociedade fechada, agrária e oligárquica, que deveria ser transformada em consciência crítica. Antes apontada como causa da pobreza e da marginalidade, o analfabetismo passou a ser interpretado como efeito da situação de pobreza gerado pela estrutura social.
Paulo Freire organizou uma proposta de alfabetização de adultos conscientizadora, cujo principio básico pode ser traduzido numa frase sua que ficou célebre: “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”. Dispensando a utilização de cartilhas, desenvolveu um conjunto de procedimentos pedagógicos que ficou conhecido como método Paulo Freire.
Ele previa uma etapa preparatória, quando o alfabetizador deveria fazer uma pesquisa sobre a realidade existencial do grupo junto ao qual iria atuar.
Concomitantemente, faria um levantamento de seu universo vocabular, ou seja, das palavras utilizadas pelo grupo para expressar essa realidade.
Desse universo, o alfabetizador deveria separar as palavras com maior densidade de sentido, que expressassem as situações existênciais mais importantes depois, era necessário selecionar um conjunto que contivesse os diversos padrões silábicos da língua e organizá-lo segundo o grau de abrangência desses padrões.
Essas seriam as palavras geradoras, a partir das quais se realizariam tanto o estudo da escrita e leitura como o da realidade.
Antes de entrar no estudo dessas palavras geradoras, Paulo Freire propunha ainda um momento inicial em que o conteúdo do diálogo educativo girava em torno do conceito antropológico de cultura.
Utilizando uma série de ilustrações (cartazes ou slides), o educador deveria dirigir uma discussão na qual ficasse evidente o papel ativo dos homens como produtores de cultura e as diferentes formas de cultura: a cultura letrada e a não letrada, o trabalho, a arte, a religião, os diferentes padrões de comportamento e a sociabilidade.
O objetivo era antes mesmo de iniciar o aprendizado da escrita, levar o educando assumir-se como sujeito de sua aprendizagem, como ser capaz e responsável.
Tratava-se também de ultrapassar uma compreensão mágica da realidade e desmistificar a cultura letrada, na qual o educando estaria se iniciando.
Depois de cumprida essa etapa, iniciava-se o estudo das palavras geradoras, que também eram apresentadas juntos com cartazes contendo imagens referentes às situações existenciais a ela relacionadas. Com todas as gravuras desencadeava-se uma discussão em torno do tema e só então a palavra escrita era analisada em suas partes componentes: as sílabas.
Enfim, era apresentado um quadro com as famílias silábicas com as quais os alfabetizandos deveriam montar novas palavras.
Com elenco de dez a vinte palavras geradoras, acreditava-se conseguir alfabetizar um educando em três meses, ainda que num nível rudimentar.
Numa etapa posterior, as palavras geradoras seriam substituídas por temas geradores, a partir dos quais os alfabetizandos aprofundariam a análise de seus problemas, preferencialmente já se engajando em atividades comunitárias ou associativas.
Nesse período, foram produzidos diversos materiais de alfabetização orientados por esses princípios. Normalmente elaborados regional ou localmente, procurando expressar o universo vivencia dos alfabetizandos, esses materiais continham palavras geradoras acompanhadas de imagens relacionadas a temas para debates, os quadros de descobertas com as sílabas derivadas das palavras, acrescidas de pequenas frases para leitura.
O que caracterizava esses materiais era não apenas a referência à realidade imediata dos adultos, mas principalmente, a intenção de problematizar essa realidade. 
2.3 Educação de Jovens e Adultos e a Legislação
De acordo com o artigo 208 CF/88 lei nº 9.394/96, a EJA é uma modalidade da educação básica com especificações próprias que deve, por isso, receber um tratamento conseqüente. Para tanto, além das adequações curriculares que orientam o que ensinar, deve-se, também, levar em conta a forma, ou seja, como ensinar, a metodologia. Não pode ser vista como oferta menor, nem pior ou menos importante, mas sim, como uma modalidade educativa, um modelo próprio de gerar a educação básica, modo esse determinado pelas especificações dos sujeitos envolvidos.
Em termos de legislação, as recomendações são claras e apontam para a necessidade de se buscar condições, alternativas e currículos adequados a realidade desses sujeitos, ou seja, uma prática de alfabetização que leva em consideração os saberes, os conhecimentos e as experiências de vida dos alfabetizando.
Já que a escola para adultos, de acordo com a lei, é vista como obrigatória, pode-se destacar a intenção implícita de reconhecer a educação como apoio indispensável à valorização integral do homem, em todas as suas dimensões, enquanto indivíduo, ser social que possui autonomia para decidir, construir, produzir e renovar aspectos da própria sociedade.
Princípios de liberdade e os ideais de solidariedade humana são os objetivos, que procedem dos fins que inspiram a educação. A educação tem a missão de encaminhar a pessoa para auto realização, encorajando-a para que se empenhe no seu trabalho e faça reflexões sobre cada acontecimento.
A importância da educação não está no quanto o educando pode aprender, mas como aprende. Isso significa que, se o educando usar o conhecimento para valorizar sua própria liberdade, a verdadeira educação atingiu seus objetivos.
2. 3.1 Legislação: da Educação de jovens e adultos
De acordo com a lei nº 9.394/96:
Art.37 – A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
§ 1º - Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º - O poder público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre - si.
§ 3º- A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento.
Nas atribuições que se refere as leis da educação de jovens e adultos foram incluídos também outras disposições para facilitar o acesso e estimular a iniciação ou o retorno de jovens e adultos á formação educacional essas atribuições encontra-se registrado no art.38 da constituição brasileira.
Art.38 – Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
§ 1º - Os exames a que se refere esse artigo realizar-se ao:
I. – no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;
II. _ no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.
§ 2º - Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educando por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.
Evidentemente, as decisões legais apontam para o papel da cultura, como um processo de auto-liberação progressiva do homem, o que o caracteriza como um ser em mutação, um ser de projeto, que se faz á medida que transcende que ultrapassa a própria existência (ARANHA e MARTINS, 1995).
2. 3.2 Legislação: do ensino supletivo
De acordo com a lei nº 5.692, de 11 de Agosto de 1971 fixa diretriz e bases para o ensino supletivas sendo as seguintes:
Art.24– O ensino supletivo terá por finalidade:
Suprir a escolarização regular para adolescentes e adultos que não tenham seguido ou concluído na idade própria; 
Proporcionar, mediante volta á escola, estudos de aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham seguido o ensino regular no todo ou parte dele;
Parágrafo único – O ensino supletivo abrangerá cursos e exames a serem organizados nos vários sistemas de acordo com as normas baixadas pelos respectivos Conselhos de Educaçao.
Art.25 – O ensino supletivo abrangerá, conforme as necessidades a atender, desde a iniciação no ensino de ler, escrever e contar a formação profissional definida em lei especifica até o estudo intensivo de disciplinas do ensino regular e a atualização de conhecimentos.
§1°- O s cursos supletivos terão estrutura, duração e regime escolar que se ajustem ás sãs finalidades próprias e ao tipo especial de aluno a que se destinam.
§2°- Os cursos supletivos serão ministrados em classes ou mediante a utilização de rádio, televisão, correspondência e outros meios de comunicação que permitam alcançar o maior número de alunos.
Art.26 – Os exames supletivos compreenderam a parte do currículo resultante do núcleo-comum, fixado pelo conselho federal de educação, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular, e poderão, quando realizados para o exclusivo efeito de habilitação profissional de 2º grau, abranger somente o mínimo estabelecido pelo mesmo conselho.
§1°- Os exames a que se refere este artigo deverão realizar-se:
Ao nível de conclusão do ensino de 1º grau, para os maiores de 18 anos;
Ao nível de conclusão do ensino de 2º grau, para os maiores de 21 anos;
§2°- Os exames supletivos ficarão á cargo de estabelecimentos oficiais ou reconhecidos, indicado nos vários sistemas anualmente pelos respectivos conselhos de educação.
§3°- Os exames supletivos poderão ser unificados na jurisdição de todo um sistema de ensino, ou parte deste, de acordo com normas especiais baixadas pelo respectivo Conselho de Educação.
Art.27- Desenvolver-se-ão, ao nível de uma ou mais, das quatro ultimas séries do ensino de 1° grau, cursos de aprendizagem, ministrados a alunos de 14 a 18 anos, em complementação da escolarização regular, e a esse nível ou de 2° grau, cursos intensivos de qualificação profissional.
Parágrafo único – os cursos de aprendizagem e os de qualificação darão direito a prosseguimento de estudos quando incluírem disciplinas, áreas de estudos e atividades que os tornem equivalentes ao ensino regular, conforme estabeleçam as normas dos vários sistemas.
Art.28 - Os certificados de aprovação em exames supletivos e os relativos á conclusão de cursos de aprendizagem e qualificação serão expedidos pelas instituições que os mantenham.
A Lei de Reforma nº 5.692, que dedicou, pela primeira vez na história da educação, um capítulo ao ensino supletivo, foi aprovada em 11 de agosto de 1971 e veio substituir a Lei nº 4.024/61, reformulando o ensino de 1º e 2º graus.
A falta de recursos financeiros, aliada a escassez de estudos e pesquisas sobre essa modalidade de ensino tem contribuído para que essa educação se torne uma mera reprodução de ensino para jovens e adultos.
O governo se encontra sem armas para enfrentar o problema tanto na teoria e na prática para oferecer uma educação de qualidade para todos os brasileiros. Apesar da vigência da declaração mundial sobre a educação para todos, do plano de ação para satisfazer as necessidades básicas da aprendizagem, documentos da Conferencia Mundial sobre educação para todos e da nova LDB n° 9.394/96, o governo brasileiro não vem honrando seus compromissos em relação a tão importante e delicado problema, sabemos que a educação é um direito de todos e um dever do Estado.
2.4 A Educação de Jovens e adultos na atualidade
Na década de 90, as mobilizações nacionais a favor da alfabetização de adultos continuaram dessa vez motivada pela UNESCO, com o objetivo de diminuir o analfabetismo nos países de terceiro mundo, entre os quais está incluído o Brasil. Nessa década foi desenvolvido o documento alfabetizar e libertar, que propunha a realização de uma Conferencia Nacional de Educação para todos, mobilizando escolas, municípios e estados.
Atualmente persiste alguns grupos com a preocupação com a educação de jovens e adultos e que são extremamente importantes e necessários considerando que os índices de analfabetismo no Brasil permanecem elevados.
Segundo afirma ROMÃO (OP. CIT, p.25):
Entramos na década de 90 com queda insignificante nos percentuais do analfabetismo com aumento do numero absoluto do analfabeto (...) a Educação de jovens e adultos foi relegada a plano secundário nas políticas publicas. Embora o acesso ao ensino fundamental regular na idade própria tem sido universalizado, o dispêndio decrescente na educação tem provocado a deterioração dos serviços prestados e gerado um numero maior de jovens e adultos analfabetos.
Diante desse fato torna-se necessário que os governantes priorizem a educação de jovens e adultos em suas administrações, viabilizando uma educação básica de qualidade para toda população. Inclusive para aqueles que não tiveram acesso a escola na idade própria. Cabe aos governantes trabalharem de forma integrada criando programas amplos que ofereçam educação de qualidade.
No que se refere a educação de jovens e adultos na atualidade há muito o que fazer no tocante á EJA,embora a taxa de analfabetismo venha diminuindo ainda existe milhões de pessoas que ainda são analfabetos maiores de 15 anos no Brasil. o modelo brasileiro de Educação de Jovens e Adultos teve um processo de transformações significativas. Na última década se verificou um crescimento considerável na busca de vagas nessa modalidade
O aumento desta procura significa uma mudança importante da imagem tradicional da educação de jovens e adultos em nosso país, geralmente vinculada a um modelo de nivelação de estudos para pessoas mais velhas, inseridas no sistema de trabalho e sob a modalidade de formação vespertina. 
Diferentemente, hoje a grande maioria dos estudantes de EJA corresponde a jovens de ambos os sexos, que por algum motivo não puderam iniciar os estudos ou, abandonaram para dar prioridade a outras áreas da vida, e que retornam seus estudos depois de alguns anos fora do sistema educacional 
Tratam-se de jovens e adultos com uma experiência trabalhista fragmentar, muitos deles dependentes de seu grupo familiar, que equivaleria a uma categoria social específica da heterogênea realidade juvenil atual, intimamente ligada às profundas transformações econômicas e socioculturais das últimas décadas.
A EJA abrange um publico diferenciado, porque muitos estão a procura de obter a certificação de escolaridade, pois a incidência da pressão social por uma maior escolarização, e o reconhecimento estendido de que o certificado de educação de nível médio completa é uma condição básica para a incorporação ao mercado de trabalho.
Assim como para outros segmentos da educação, é necessário o mapeamento de quem são esses estudantes, como vivem, quais seus conhecimentos para que possa haver um planejamento considerando os interesse e vivencia e para que o professor possa estabelecer estratégias de confronto entre os conhecimentos já construídos e os novos, que farão mias sentido quando articulados ao cotidiano dos jovens e adultos.
CAPÍTULO III
A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA CIDADE DE VINHEDO
A charmosa Vinhedo completou 54 anos no dia dois de abril de 2003. Jovem, arrojado e que, a cada dia que passa, destaca-se pelo potencial turístico, o município tornou-se um ponto de referência entre o seleto grupo de cidades brasileiras, que oferecem uma qualidade de vida acima dos padrões nacionais para seus moradores. Tanto é que a cidade começa o ano comemorando o marco de 15º município com melhor qualidade de vida do país, 4º em todo o Estado e primeiro na Região Metropolitana de Campinas. Palavra do UNICEF e do IBGE, levando-se em conta o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDH-M).
Vinhedo surgiu naépoca do ciclo do ouro, por volta de 1615 e 1620, quando aventureiros e bandeirantes se aprofundavam pela selva inóspita em busca de riquezas. Surgiram assim "vilas" dentre as quais de Sant'Anna de Mogi das Três Cruzes, Itu, Jundiaí e outras. Eram as "Bocas do Sertão", abertas à orla da selva, caminho para o interior das terras. Eram os postos avançados do Brasil civilizado de então. Jundiaí fazia parte, portanto dos postos extremos do avanço do povoado irradiado de São Paulo. Era rota obrigatória das Bandeiras que demandavam o Interior Paulista e teve como Fundador Rafael de Oliveira, no ano de 1615, que ali aportou, fincando as primeiras estacas naquele local que seria mais tarde uma grande cidade, sede de uma vasta e desenvolvida região.
Neste capítulo apresentaremos algumas características da Educação de Jovens e adultos na cidade de Vinhedo e suas particularidade com base em pesquisa sistemática afim de compreender melhor essa modalidade e contribuir para futuras modificações beneficiando assim, os indivíduos que necessitam freqüentar a EJA.
Com a possibilidade de satisfazer uma serie de necessidades que antigamente implicavam em maior dificuldade para serem satisfeitas e levando em conta que o pensamento do adulto precisa ser compreendido com base nas interações que são estabelecidas em um determinado contexto, que é social e cultural por excelência é que foi implantado na cidade de Vinhedo a Educação de Jovens e Adultos.
O centro municipal de ensino supletivo de Vinhedo foi criado em setembro de 1994 prestando cursos de suplência 1 e 2 para alunos de 1º á 8º série do 1° grau e em 1996 foi implantado o curso de suplência do 2°grau no período noturno para alunos que desejassem ingressar em uma das três series do ensino médio.
Com este curso foi e é possível ajudar muitos pais e mães de famílias, além de alunos que já deviam ter concluído seus estudos, mas que, pelos mais variados motivos não puderam fazê-lo, a alcançar um nível sócio-educacional mais elevado. Além de aumentar a estima, o estudo possibilita melhores condições na esfera profissional, o que pode significar promoções e aumento de salários.
A escola é a instituição que lida com o conhecimento mais elaborado na ciência e na arte. Ter acesso a esse conhecimento faz uma grande diferença, principalmente porque está relacionado á representação diferenciada da realidade. Nesse sentido é que ser alfabetizado pode fazer toda a diferença. 
3.1 Missão da educação no município de Vinhedo
A Secretaria Municipal de Educação do Município de Vinhedo, tem como missão atuar com eficiência e ética, oferecendo á população uma educação de qualidade através de ações que levem o educando a ampliação da consciência para transformar as relações sociais, que seja um cidadão crítico, autônomo, cooperativo, reflexivo, questionador e acima de tudo ético.
3.2 Objetivos gerais da rede Municipal de Educação
A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores, de forma que tenha uma qualidade de vida adequada.
Trabalhar o aprimoramento do educando como pessoa humana, que respeita o próximo e convive com as diferenças, que seja crítica, conscientizadora e instrumento de transformação social, em linha libertadora e solidária. 
3.3 Objetivo geral da escola no Município
A escola tem como objetivo a formação básica do cidadão mediante:
I. O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo.
II. A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade.
III. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores.
IV. Fortalecimento de vínculos de família. Dos laços de solidariedade humana e da tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
3.4 Perfil sociocultural dos alfabetizandos da E.J.A de Vinhedo
Os desafios da EJA pedem um olhar atencioso sobre as questões que podem interferir na motivação do educando, uma vez que um dos fatores que dificultam a aprendizagem encontra-se no fato de que o alfabetizando inicia ou recomeça a escolarização na fase adulta.
Para compreender o perfil dos alfabetizandos da EJA, é necessário olhar para o passado e contextualizar por que foi negado a essas pessoas o acesso á escolarização básica. Foi necessário também conhecer a historia de vida e de sua cultura, vendo-os como sujeitos com experiências de vida diferentes e que devido a diversos fatores de ordem econômica, social, política e cultural não tiveram acesso á escola.
Os estudantes de EJA têm pontos diferentes no que se refere ao Ensino Fundamental regular, pois são pessoas inseridas no mundo do trabalho e que voltam a estudar por decisão própria, muitas vezes após longos períodos afastados da escola. Considerar isso é fundamental para o desenvolvimento do ensino e que esta ligada a proposta da educação e a concepção de Jovens e Adultos.
Grande parte dos alfabetizandos sentiu vergonha de voltar aos bancos escolares depois de adulto porque possuíam a visão distorcida de que a escola é um espaço de aprendizagem para crianças.
Muitos deles trabalham fora e estudam, outros são responsáveis pela família e pela organização da casa. Sendo assim os encaminhamentos pedagógicos são organizados conforme a realidade temporal e cultural destes sujeitos.
Essas pessoas já possuem uma bagagem de experiências e saberes adquiridos em outras esferas sociais, tendo em vista que a escola não é o único espaço de produção e socialização dos saberes. Essas experiência são significativas para o processo de educação e devem ser levadas em consideração.
3.5 Ensinar exige respeito aos saberes e cultura dos alfabetizandos
Falar dos educandos da EJA é falar acima de tudo do jovem, adulto, trabalhador, pobre, negro, oprimido e excluído. Os alfabetizandos da EJA são indivíduos que, desde muito cedo, necessitam ingressar no mundo do trabalho, jovens que por algum motivo ficaram fora do âmbito escolar, idosos que por sentirem a necessidade de serem mais independentes procuram nos estudos uma forma de aumentar a auto-estima.
Essas pessoas são de origem humilde, com famílias numerosas que vivem com muito trabalho e pouco lazer. Como se percebe, falar do aluno da EJA é falar dos problemas que afligem a realidade social, é falar da forma como eles vêm sendo constituídos pelos modelos econômicos atuais. É ainda falar da existência de jovens sub-escolarizados, exclusão daqueles que ainda têm acesso á escola, evasão e do fracasso escolar.
O grande desafio é criar possibilidades para uma prática escolar capaz de diminuir as dificuldades que os alfabetizandos trazem e respeitar a autonomia de aprendizagem e as diferenças individuais, assegurando o acesso e a permanência dos jovens e adultos no processo educacional.
3.6 Questões sociais para evasão escolar na EJA de Vinhedo
Infelizmente num país como o nosso, em que a desigualdade social é tamanha, os anos de estudo estão diretamente relacionados á renda familiar. 
Muitos estudantes enfrentam problemas como a pobreza, o uso de drogas, a exploração juvenil e a violência. A instabilidade na vida deles não permite que tenham a Educação como prioridade, o que os leva a abandonar a escola diversas vezes. Quando voltam, anos depois, só restam a EJA por já terem idade superior aos demais estudantes do período em que deve retornar. 
O trabalho também é um dos fatores que contribuem para evasão escolar, pois, muitos alunos têm a necessidade de compor a renda familiar, e isso faz com que muitos alunos deixem o Ensino Fundamental regular antes de concluí-lo. A dificuldade de conciliar os estudos com o trabalho faz com que mudar para as turmas da EJA, sobretudo no período noturno, seja a única opção. 
Em muitos casos a chegada do primeiro filho ainda na adolescência afasta muitosda sala de aula, principalmente as meninas, que param de estudar para cuidar dos bebês e, quando conseguem, retornam à escola tempos depois, para a EJA. Assim, não estudam com colegas bem mais novos e concluem o curso em um tempo menor. 
Já na EJA, a evasão se dá por motivos diferentes e variados, e é um problema muito complexo, pois os estudantes já passaram pela fase de desenvolvimento e trazem conhecimento que, muitas vezes, dificultam a aprendizagem. Mesmo nessa modalidade, existe a falta de interesse e a desmotivação dos alunos pelo curso, sendo que, a motivação é fundamental para tudo que se faz.
A diferença na faixa etária dos alunos onde, os jovens defasados se mostram desinteressados e indisciplinados, ocasionando o desinteresse dos mais velhos e idosos; a dificuldade de conciliar horário de trabalho com o horário de escola também é um dos motivos que causam a evasão escolar na EJA, sendo então, necessário horários flexíveis nessa modalidade. 
3.7 Os profissionais que atuam na modalidade de Educação de Jovens e Adultos na EJA de Vinhedo
A formação de professores para educação de jovens e adultos nas universidades desenvolveu-se tardiamente, de maneira tímida e irregular para atuarem na área de ensino destinada ás camadas mais pobres da população, relegada ao segundo plano das políticas governamentais, associada a, ou confundida com, ações filantrópicas parcamente estruturadas.
É fundamental analisar o processo de constituição da identidade das pessoas envolvidos na educação de jovens e adultos, principalmente os professores, porque possibilita uma maior compreensão de como tornar educador-alfabetizadores em EJA,e é necessário que os professores de jovens e adultos e também os próprios alunos precisam se ver e reconhecerem enquanto sujeitos históricos e sociais da dinâmica educacional.
 	Como afirmou FREIRE: “Trata-se de um olhar sobre a forma como ocorre a ação e a reflexão no mundo sobre o mundo; trata de tornar-se sujeito de sua própria historia”.
Segundo pesquisa com profissionais que atuam na cidade de Vinhedo o professor da EJA procura propor muito mais que saberes sistematizado, mas a valorização da cultura, das necessidades do individuo num processo de liberdade de pensar, questionar, acompanhando sempre os movimentos da realidade, onde professor e aluno possam estar sempre juntos no processo continuo de desenvolvimento e de aprendizagens, mas os obstáculos para se alcançar esses objetivos têm sido muitos e difíceis de transpor.
Os professores, que contribuíram para realização deste trabalho, e que são atuantes na modalidade da educação de jovens e adultos, são profissionais formados em pedagogia, mas que, possuem também outra formação no ensino superior, que contribui para um melhor desempenho ao ministrar nessa modalidade de ensino. Pode antecipar-se que o processo de formação inicial amplia-se para a formação continuada e por toda sua vida profissional.
O professor propõe atividades relacionadas que leva o aluno a conhecer e dominar aquilo que ainda não sabe pra que esse conhecimento ocorra, ele intervém sobre o que o alfabetizando já sabe, levando-o ao questionamento, a busca e propiciando assim, uma aprendizagem significativa.
Essa forma de atuar consiste em mostrar a necessidade de outros conhecimentos que devem ser utilizados nas diferentes situações da própria pratica do adulto. O acesso ao conhecimento e ao mundo da cultura mais elaborada é fundamental para que o jovem e adulto desenvolvam as funções psicológicas superiores e se insiram efetivamente na sociedade. 
Enfim,o alfabetizador da EJA poderá constituir-se sujeito, autor e intelectual reflexivo que pensa, cria, transforma e produz saberes a partir de sua pratica, pois é um importante agente no processo de transformação das condições subjetivas e objetivas do processo educativo.
A importância do professor é reconhecer que ele contribui para o processo de transformação social e na compreensão da necessidade que se tem de mostrar que o alfabetizador não se forma alfabetizador simplesmente com a obtenção de um diploma, mas que se forma, acima de tudo, na sua vida docente.
3.8 Metodologias de ensino e organização curricular na modalidade EJA na cidade de Vinhedo
Observa se que os professores da EJA procuram trazer conteúdos em que, os alunos possam interagir, pesquisar e solucionar exercícios de acordo com sua capacidade cognitiva.
Quando o aluno não aprende o professor deve procurar avaliar seu método de ensino, pois, ele deve organizar o conteúdo de modo que o alfabetizando aprenda, caso isso não ocorra é necessário mudar a forma de ensinar porque se o aluno não aprende é que não possui domínio sobre os conteúdos básicos ou porque os conteúdos não tem significado para ele.
Muitas vezes no ensino de jovens e adultos requer-se que o aprendizado seja com conteúdos mais básicos para que haja uma melhor integração em níveis mais complexos.
Ao verificar que o alfabetizando não percebe significado para aquilo que é trabalhado em sala de aula, é preciso pensar em formas de deixá-lo mais significativo no contexto social e cultural desse alfabetizando.
O jovem adulto, ao iniciar seu processo de alfabetização, já domina a fala e pode ser considerado um falante nativo com grande domínio da língua e por mais que alguns não tenham freqüentado a escola regular, convivem no meio social com diferentes tipos de escritas, tais como documentos, propagandas, rótulos, etc. para que nessa esfera possa haver uma aprendizagem significativa o professor deve propor atividades em que haja exibições de filmes, palestras ou leituras de materiais informativos visando discutir questões relativas aos modos de produção dos alimentos, trabalho, obtenção, a e compreender o a relação homem x humanidade x liberdade de escolha x racionalidade, dentre outras questões.
O trabalho do alfabetizador deve levar ao adulto para além da prática, refletindo sobre o processo que a constitui e sobre as relações envolvidas no estabelecimento de sua realidade. Esta tarefa requer constante aprendizado da parte do alfabetizador, não somente com a atualização por meio de leituras, mas com a reflexão sobre a sua pratica, realizando pesquisas no espaço em que atua. 
Paulo Freire afirma, (2007)
Não devemos chamar o povo á escola para receber instruções, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura experiência feito, que leve em conta as suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe ser sujeito de sua própria história.
Busca-se assim, compreender a prática pedagógica que se constitui num momento de síntese integradora de todo o processo educacional, pois,a escola precisa ser competente naquilo que lhe cabe: ensinar possibilitando o desenvolvimento da consciência crítica a partir da ciência e da arte, bem como de valores e de ações transformadoras, mas tudo isso não pode deixar de estar interligados aos currículos básicos na educação presente em todas as modalidades. Nesses currículos está presente o ensino de Língua Portuguesa, Geografia, Matemática, Ciências, Educação Artística, Educação Física e em muitas escolas o Inglês.
Nessas inúmeras aprendizagens, há uma iniciação ou um suporte e apoio oferecido pelo meio cultural para o aprendizado de novas habilidades. Esses aprendizados podem ser desencadeados por situações conscientes ou inconscientes e é o motor de novos desenvolvimentos.
O trabalho do professor deve-ser, por meio de conteúdos, desenvolver as funções psicológicas superiores dos alunos, nesse sentido que a escola tem o papel de trabalhar com o conhecimento cientifico e artístico de forma intencional e sistematizada, com isso espera-se que haja um desenvolvimento do raciocínio, de maior número de comportamentos intencionais, de uma consciência e afetividade humana, bem como de modos de socialização propriamente humanos.
Continuando com os pensamentos de Paulo Freire (2007)
E que ensinar, na visão desse mesmo alfabetizador exige disponibilidadepara o diálogo, pois o sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade, como inclusão em permanente movimento da historia.
Dessa forma, a organização do trabalho pedagógico deve valorizar os interesses individuais e o ritmo de aprendizagem do alfabetizando e considerar os saberes adquiridos na informalidade de suas experiências cotidianas e na pratica do trabalho, criando espaços interativos que permitam vencer os obstáculos de modo confiante, valorizando seus progressos e promovendo a auto-estima.
No decorrer desse processo, a pratica pedagógica deve estar comprometida com uma metodologia de ensino que favoreça a relação ação-reflexão-ação e que possibilite ao alfabetizando a compreensão de suas experiências e a construção do conhecimento.
Priorizando-se, então, o diálogo, a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, a EJA objetiva formar cidadãos capazes de lutar por seus direitos e de se apropriar dos conhecimentos mediados pela escola e seus colaboradores para que possam se aprimorar no mundo do trabalho e na pratica social com visão de relacionar as experiências cotidianas, a vida em sociedade e atividade produtiva para enfrentar novas situações e inevitáveis conflitos que ocorrem na sociedade contemporânea.
Portanto é extremamente importante que o professor alfabetizador aprenda a formular questões e hipóteses e a selecionar instrumentos e dados que os ajudem a solucionar os problemas e a encontrar caminhos alternativos na pratica docente. Visando contribuir com sugestões didático-pedagógicas que de alguma maneira possa auxiliar o trabalho do alfabetizador enquanto mediador do conhecimento.
O papel do alfabetizador é mediar a aprendizagem, dando prioridade a bagagem de conhecimento que esses alunos já possuem, ajudando-os transpor esse conhecimento para o conhecimento letrado. “A escrita não é um produto escolar, mas sim um objeto cultural, resultado do esforço coletivo da humanidade” FERREIRO (2001, p.43)
3.9 Contribuições e sugestões para Educação de Jovens e Adultos das escolas Municipais de Vinhedo
A modalidade de ensino noturno para jovens e adultos com pouca ou nenhuma escolaridade das escolas da rede Municipal de Vinhedo, ainda que ofereça baixa qualidade, tem sido a solução para os alunos que vêem no estudo não só a possibilidade de aprender a ler e escrever, mas também melhorar sua qualidade de vida, pois, para muitos o estudo abre as portas para o mercado de trabalho e para outros o aumento da auto-estima. Dessa forma renasce no coração do adulto com pouca ou nenhuma escolaridade a esperança de conseguir um bom emprego que possa lhe garantir uma qualidade de vida melhor.
Diante da necessidade primordial que é ter um emprego, os jovens e adultos em sua maioria enfrenta todas as dificuldades e retomam os estudos determinado a aprender para que assim possa exercer seu direito de cidadão com mais conhecimento e principalmente competir no mercado de trabalho. As diversas dificuldades enfrentadas são superadas mediante a força de vontade daqueles que querem se inserir no mundo letrado.
A pesquisa que elaboramos para esse trabalho deixa clara a necessidade dos órgãos responsáveis investirem mais nessa modalidade para que, o ensino atinja seu verdadeiro objetivo que é promover o ensino de qualidade e formar jovens e adultos aptos a atuarem na sociedade de forma crítica e autônoma.
De acordo com ROMÃO (1999, p. 27):
O sucesso da educação de Jovens e Adultos não está vinculado a campanhas, voluntariado, sistemas paralelos e compensatórios, mas, delevelmente derivado de ações sistemáticas, metódicas, profissionais e prioritárias. O próprio sucesso das crianças na escola regular depende em grande parte, da atmosfera pedagógica favorável em casa.
Acreditamos que a aprendizagem ocorre na vida do individuo de diversas formas, a função da escola é sistematizar as informações e transitá-las ao aluno para que ele aprimore seu conhecimento, mas o processo de aprendizagem não deve estar vinculado somente ao conteúdo didático ministrado em sala de aula. O professor deve propiciar situações em que o aluno aprenda também com as experiências que vivenciam fora do âmbito escolar.
Ao refletir sobre a atual situação em que se encontra o ensino oferecido aos jovens e adultos nas escolas municipais de Vinhedo, achamos necessário elaborar algumas sugestões que poderão contribuir com a melhoria dessa modalidade de ensino.
Primeiramente investir em cursos de capacitação continuada para os alfabetizadores dessa modalidade de ensino, para que ele possa organizar as aulas de forma mais dinâmica e motivadora despertando o interesse do aluno e aumentando sua auto-estima.
Em segundo lugar, os gestores cobrarem dos poderes públicos assistência e subsídios para que os professores possam investir em ações culturais, tais como: excursões para visitarem museus, teatros, etc.; com o objetivo de enriquecer o aprendizado dos alunos.
Em terceiro lugar realizar periodicamente atividades diagnostica para conhecer o nível de aprendizagem dos alunos e assim rever ou aprimorar seus métodos de ensino.
Se tratando da educação de jovens e adultos nas escolas municipais de Vinhedo muitas coisas podem ser mudadas, mas essas mudanças dependem de viabilização de recursos cedidas pelo governo, uma distribuição igualitária desse recursos por parte dos órgãos municipais e uma boa administração escolar que esteja envolvida seriamente com a qualidade do ensino oferecida a essas pessoas. Faz-se necessário também a atuação de professores devidamente capacitados e compromissados com uma prática pedagógica voltada para a realidade do aluno valorizando sempre o conhecimento que ele já possui.
Segundo DEMO (2005, p. 15).
Uma providência fundamental será cuidar que exista na escola ambiente positivo, para se conseguir no aluno participação ativa, presença dinâmica, interação envolvente, comunicação fácil, motivação a flor da pele.
Esperamos que uma escola assim não seja apenas sonho, mas realidade na vida de muitos que freqüentam a EJA e para aqueles que no futuro irão freqüentar na busca de recuperar o tempo em que esteve privado do ambiente escolar.Essa reflexão leva-nos a buscar novas metodologias adequadas a realidade do educando, não seguindo a padronização da cartilha que reduz o aprendizado a símbolos pré-determinados que não condizem com o contexto. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação de Jovens e Adultos emerge de um movimento de lutas, desafios e conquistas da educação popular. Esse dado se revela importante uma vez que permite a compreensão das condições limitadoras impostas pelo modelo da educação formal quando se pensa na EJA enquanto modalidade educativa.
Com base no contexto sócio-histórico da realidade brasileira é preciso rever teoricamente a concepção de alfabetização. Para tanto, faz-se necessário revisitar o termo constituído historicamente em diferentes momentos, principalmente em se tratando em alfabetização de adultos, já que essa modalidade desenvolveu-se tardiamente, até porque, o ensino da leitura e da escrita era pensado para as crianças das elites dominantes.
Ao estudar a historia da Educação de Jovens e Adultos percebe-se que o conceito de educação esta fortemente atrelada ao contexto político e ao momento histórico vivenciado. Fazendo um paralelo entre o histórico da EJA e analisando a própria historia do Brasil, é possível fazer comparações de acordo com os meandros sociopolíticos, que acabam tomando corpo nas questões culturais do país. Por isso é importante conhecer tanto a historia da cidade em que pertencemos como também, enquanto profissionais da área, conhecer a trajetória histórica da alfabetização do povo brasileiro, refletindo sobre as influencias que permeiam todo esse processo.
Com o desenvolvimento da sociedade letradas, vão se intensificando as necessidades de domínio dos códigos que expressam um requisito de inclusão nessa sociedade.
Na concepção freiriana,a alfabetização tem um significado mais abrangente, á medida que vai além do domínio do código escrito, pois, enquanto prática discursiva possibilita uma leitura crítica da realidade, constitui-se como um importante instrumento de resgate da cidadania e reforça o engajamento do cidadão nos movimentos sociais que lutam pela melhoria da qualidade de vida e pala transformação de vida e pela transformação social.
Que a educação seja o processo através do qual o individuo toma a historia em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma.
Como? Acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as conseqüências de suas escolhas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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COTRIM, Gilbero & PARISI, Mário. Fundamentos da Educação. 13. Edição, São Paulo: Saraiva, 1988.
EMERENCIANO, Jordão Maria socorro. Educação de jovens e adultos e a lei 9.394/96 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo 2007.
GHIRALDELL, Paulo Júnior. História da Educação. São Paulo, Editora Cortez, 2 edição, 1994.
JORNAL DE VINHEDO, curso supletivo: 23/12/1995.
JORNAL DE VINHEDO, Educação e evasão escolar: 02/03/1996.
SOEK, Ana Maria, HARACEMIV, Sonia & STOLTZ, Tânia. Mediação pedagógica na alfabetização de jovens e adultos. Paraná 2010.
LOURENÇO, Fábio Fernandes madeira. Contexto de vida e trabalho na E.J.A. São Paulo, Ação educativa, 2005, Editora global.
RUTH, Rocha. Dicionário da língua portuguesa. Editora Scipione, 1- edição 208
XAVIER, Maria Elizabete, RIBEIRO, Maria Luiza & NORONHA, Olinda Maria. História da Educação – A História no Brasil. Coleção aprender e ensinar. São Paulo, 1994, Editora FTD S.A
SITES:
http://revistaescola.abril.com.br/eja/ Acesso em 15 de Setembro 2012.
ANEXOS

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