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Tese - Cíntia Rosa Pereira de Lima - Shrink-wrap, click-wrap e browse-wrap

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Cíntia Rosa Pereira de Lima 
 
 
 
 
 
VALIDADE E OBRIGATORIEDADE DOS 
CONTRATOS DE ADESÃO ELETRÔNICOS 
(SHRINK-WRAP E CLICK-WRAP) E DOS TERMOS E 
CONDIÇÕES DE USO (BROWSE-WRAP): 
 
- Um estudo comparado entre Brasil e Canadá - 
 
 
 
 
 
 
Tese de Doutorado 
 
Orientador: Professor Titular Rui Geraldo Camargo Viana 
Co-Orientador: Professor Michael Geist 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo 
São Paulo, 2009 
 ii 
 
Cíntia Rosa Pereira de Lima 
 
 
 
 
VALIDADE E OBRIGATORIEDADE DOS 
CONTRATOS DE ADESÃO ELETRÔNICOS 
(SHRINK-WRAP E CLICK-WRAP) 
E DOS TERMOS E CONDIÇÕES DE USO (BROWSE-
WRAP): 
 
- Um estudo comparado entre Brasil e Canadá - 
 
 
Tese de Doutorado Direto com bolsa de estágio 
no Canadá (PDEE – Doutorado Sanduíche) 
financiada pela CAPES apresentada à Banca 
Examinadora da Faculdade de Direito da 
Universidade de São Paulo, como exigência 
parcial para a obtenção do título de Doutor em 
Direito. 
 
Área de Concentração: Direito Civil 
 
Orientador: Professor Titular Rui Geraldo 
Camargo Viana 
 
Co-orientador: Prof. Michael Geist (Professor e 
Chefe do Departamento de Pesquisa em Internet e 
Comércio Eletrônico da Faculdade de Direito da 
Universidade de Ottawa, Canadá) 
 
 
 
 
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo 
São Paulo, 2009 
 iii 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
 
Cíntia Rosa Pereira de Lima 
 
VALIDADE E OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS DE ADESÃO 
ELETRÔNICOS (SHRINK-WRAP E CLICK-WRAP) E DOS TERMOS E CONDIÇÕES 
DE USO (BROWSE-WRAP): um estudo comparado entre Brasil e Canadá. 
 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
 
1) Professor Titular Rui Geraldo Camargo Viana 
(Orientador) 
 
 
 
 
2) _____________________________________________ 
 
 
 
 
3) _____________________________________________ 
 
 
 
 
4) _____________________________________________ 
 
 
 
 
5) _____________________________________________ 
 
 
 
 iv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus (O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; bom 
entendimento têm todos os que lhe obedecem; o seu louvor 
permanece para sempre. Salmos 111:10). 
Aos meus pais, Izaias Pereira de Lima e Ely Damasceno de Lima. 
À minha amada avó Isolina Rosa Damasceno, in memoriam. 
 v 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Em primeiro lugar, eu louvo e agradeço a Deus todos os dias pelo rico dom 
da vida eterna que ele me oferece se for firme e fiel até ao fim e por ter me abençoado 
durante a execução desta pesquisa. 
A concretização deste Doutorado contou com o apoio de muitos amigos e 
colegas, sem os quais este trabalho ficaria inviável. 
Esta pesquisa contou com a relevante contribuição do Orientador, Professor 
Titular de Direito Civil da FDUSP, Dr. Rui Geraldo Camargo Viana, a quem agradeço 
pela valiosa oportunidade, além dos preciosos ensinamentos durante estes últimos cinco 
anos em que fui sua Monitora vinculada ao Programa de Aperfeiçoamento ao Ensino 
(PAE) e Assistente de Pesquisas. 
Outrossim, este trabalho contou com os ensinamentos técnicos do Professor 
Doutor Michael Geist, Chefe do Departamento de Pesquisa em Internet e Comércio 
Eletrônico da Faculdade de Direito da Universidade de Ottawa, que aceitou me orientar 
durante o estágio no exterior (PDEE). Esse apoio recebido durante a pesquisa e redação 
desta tese foi fundamental para que pudéssemos trazer novidades relevantes à comunidade 
jurídica brasileira sobre comércio eletrônico. 
Agradeço, igualmente, a minha família que tem me apoiado desde o início 
deste Doutorado até a parte final, auxiliando nas revisões e argüições contribuindo para a 
melhoria do trabalho. Não posso deixar de mencionar o meu sincero agradecimento a: meu 
pai, Izaias Pereira de Lima; meu irmão, Lucas Damasceno de Lima; a meu primo, Adriano 
Luiz S. Lima; a meus tios Ricardo Nogueira Damasceno e Kesia Breda Damasceno; a 
minha cunhada Rute Ester Fernandes Lima; a meus irmãos Priscila Damasceno de Lima e 
Izaias Pereira de Lima Júnior. 
À Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior – CAPES minha 
gratidão pelo fomento durante os 48 (quarenta e oito) meses, com bolsa de estágio no 
Canadá (PDEE – Doutorado Sanduíche – 2007) possibilitando a dedicação integral à 
pesquisa científica. Aproveito esta oportunidade para manifestar meu apreço e distinta 
consideração pela função desempenhada por este Órgão, cuja contribuição à produção 
acadêmica é de fundamental importância ao Brasil. 
Agradeço aos funcionários das bibliotecas da Faculdade de Direito da 
Universidade de São Paulo em nome do Sr. Jair Bauduíno Ferreira; igualmente, aos 
funcionários da biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de Ottawa, Brian 
 vi 
Dickson Law Library, em nome do Sr. Richard J. Harkin, sempre dispostos a ajudar todos 
aqueles que estão em busca de material de pesquisa. 
Registro minha gratidão ao Professor Titular Antonio Junqueira de 
Azevedo, ao Professor Doutor Alcides Tomasetti Júnior e à Professora Giselda M. F. 
Novaes Hironaka, que se estende a todos os demais Professores do Departamento de 
Direito Civil pelas conversas jurídicas que muito contribuem para meu desempenho 
acadêmico. Agradeço, também, a Sra. Lúcia, secretária do DCV, cujo trabalho 
desenvolvido neste Departamento é fundamental para o exercício das funções de seus 
Professores e Monitores. 
As contribuições e críticas dos Professores Carlos Alberto Dabus Maluf e 
Fernando Scaff durante o exame de qualificação foram muito úteis como um guia para a 
melhoria dos raciocínios jurídicos, bem como outros aspectos formais. Agradeço, 
igualmente, as sugestões dadas pela Professora Cláudia Lima Marques, Professor Newton 
de Lucca e Professor Ian Kerr. 
Ao amigo especial, Professor Doutor Camilo Zufelato, recentemente 
aprovado no concurso de ingresso e provimento do cargo de Professor de Processo Civil da 
Faculdade de Direito da USP – Ribeirão Preto. Não poderia deixar de dedicar um 
agradecimento especial a este meu caro amigo, fonte de inspiração e em quem me espelho 
nesta trajetória acadêmica, desde a época da Graduação, evidenciada pela sua dedicação à 
pesquisa jurídica e à docência. Esse agradecimento é extensivo a minha grande amiga 
Roberta Masunari, importante colaboradora neste trabalho e aos amigos Eduardo Freitas 
Alvim e André Luis Tucci, que também contribuiu durante os anos em que fomos colegas 
de turma na Graduação e, depois, na Pós-Graduação. 
Outros amigos e pessoas especiais contribuíram para a finalização desta 
tese, a eles minha gratidão. Ao Antonio Augusto Machado de Campos Neto, por ter 
revisado cautelosamente este trabalho durante meses a fio; ao Cleber Roque da Silva, pelo 
companheirismo, por compartilhar a vida fora do mundo jurídico e pelo relevante auxílio 
na concretização material deste trabalho (impressão e encadernação); a Philippa e 
Lawrence Lawson, pela acolhida durante os onze meses em que residi na cidade de Ottawa 
(Canadá) período em que pude conhecer duas pessoas maravilhosas que não mediram 
esforços para me fazer sentir em casa e tornar o inverno canadense em calorosos jantares 
de confraternização e discussões jurídicas. A Maria das Graças Pereira Paravani, pelas 
palavras cotidianas de incentivo, carinho e conforto à luz da Palavra de Deus. 
 vii 
À Universidade do Estado de São Paulo (UNESP) e a todos os seus 
funcionários e Professores, em nome do Professor Titular Artur Marques da Silva Filho, 
por ter me orientado nos primeiros passos da pesquisa jurídica científica. E aos colegas e 
amigos da XV Turma de Direito da UNESP, meus agradecimentos, tendo em vista o 
constante apoio desde 1998. 
Além de tantos outros que contribuiram, cada um a seu modo, para a 
concretização deste trabalho durante estes longos cinco anos o que impossibilita a 
identificação individual. A todos vocês: muito obrigada! 
 viii 
RESUMO 
 
LIMA, C. R. P. de. Validade e obrigatoriedade dos contratos de adesão eletrônicos 
(shrink-wrape click-wrap) e dos termos e condições de uso (browse-wrap): um estudo 
comparado entre Brasil e Canadá. 2009. 673f Tese de Doutorado – Faculdade de Direito 
da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. 
 
Esta tese tem por objeto a investigação dos aspectos legais decorrentes do comércio 
eletrônico, com ênfase na validade e obrigatoriedade dos contratos de adesão eletrônicos e 
os denominados termos e condições de uso. Estes negócios jurídicos eletrônicos podem 
ser divididos em três espécies: a) licenças do tipo “shrink-wrap”, terminologia reservada 
às compras de software no estabelecimento físico do fornecedor, cujos termos contratuais 
que vincularão as partes não podem ser visualizados antes da compra do produto, mas tão-
somente no decorrer da instalação do software, garantindo-se ao adquirente a 
possibilidade efetiva de devolução do produto se não concordar com os termos da licença; 
b) contratos do tipo “click-wrap”, contratos celebrados inteiramente em meio eletrônico, 
em que o consumidor tem a oportunidade de ler as cláusulas contratuais antes de 
manifestar, expressamente, sua anuência ou não, clicando em uma caixa de diálogo 
indicativa de expressões como “eu aceito”, ou outra semelhante; e, c) os termos e 
condições de uso, denominados pela doutrina estrangeira como “browse-wrap”, 
disponibilizados no canto inferior de uma página da internet em um hiperlink, vinculando 
toda e qualquer pessoa, que tão-somente acesse o respectivo site, sem ao menos chamar a 
atenção do usuário para a existência destes termos ou nem exigindo a manifestação da 
anuência a tais termos. Os tribunais estrangeiros têm enfrentado a problemática em torno 
da validade e obrigatoriedade destas práticas comerciais, em especial os “browse-wrap”, 
cujo formato em que são utilizados descaracteriza-nos com contratos ou condições gerais 
de contratação, pois o usuário nem ao menos tem consciência da existência de tais termos. 
Portanto, parte da doutrina e da jurisprudência entende que o “browse-wrap” não se 
encaixa na definição de contrato, mas são termos unilateralmente propostos por uma das 
partes sem que a outra possa ter efetivo conhecimento a respeito. Se, por um lado, há 
necessidade de reconhecer os efeitos obrigatórios dos contratos de adesão eletrônicos, 
fortalecendo o comércio eletrônico; por outro lado, a sociedade global exige a efetiva 
proteção dos consumidores e usuários contra abusos praticados por multinacionais, que 
operam sem fronteiras geográficas. Assim, juristas e doutrinadores enfrentam um enorme 
desafio: desenvolver um comércio eletrônico sustentável, equilibrando os interesses 
comerciais e os direitos dos consumidores. Este trabalho pretende determinar os requisitos 
jurídicos para a validade dos contratos eletrônicos de maneira científica, analisando o 
processo de formação contratual em meio eletrônico. Por fim, investiga-se a dúvida acerca 
da lei aplicável e da jurisdição na era digital, enfatizando a cláusula de eleição de foro, de 
escolha da lei aplicável e compromissória, bem como seu impacto no acesso à justiça do 
consumidor. Em suma, esta tese destaca a necessidade de uma legislação uniforme sobre 
comércio eletrônico e a proteção do consumidor, tendo em vista o alto nível de 
globalização, para que se possam tutelar os direitos dos consumidores aliados aos 
interesses econômicos do mercado. 
 
Palavras-chave: internet; comércio eletrônico; contrato de adesão; “click-wrap”; “shrink-
wrap”; “browse-wrap”; obrigatoriedade; validade; cláusula de eleição de foro; 
arbitragem; Common Law; Civil Law. 
 ix 
ABSTRACT 
 
LIMA, C. R. P. de. Validity and enforceability of shrink-wrap, click-wrap and browse-
wrap: a comparative study of Brazil and Canada. 2009. 673f. Thesis (Doctoral) – Faculty 
of Law, São Paulo University, São Paulo, Brazil, 2009. 
 
 
This thesis intends to investigate some of the legal issues raised by e-commerce, 
specifically the validity and enforceability of the electronic adhesion contracts and the 
terms and conditions of use. Such electronic juridic acts can be grouped into three sub-
species: a) the “shrink-wrap” licences, reserved for purchase in the store, but yet the 
consumer can not view the terms and conditions that she or he will be bound by, once the 
product (often a software) is installed; the consumer is granted with a period of time within 
she or he can return the product to the store if she or he does not agree with the terms and 
conditions; b) the “click-wrap” agreements are contracts presented to the consumer, when 
dealing on-line, stating the terms and conditions of the purchase, and then, once it’s read, 
she or he may “point and click” in a dialog box indicating her or his consent (such as “I 
agree” or some other synonymous expression); and c) the “browse-wrap”, composed by 
terms and conditions listed in a hyperlink on the bottom of a web page, which obliges the 
consumer only because she or he surfs on the Web, nevertheless it is not require that the 
consumer shows any kind of consent to the terms and conditions. Even though some courts 
have ruled in favor of the validity and enforceability of “browse-wrap”, it is very 
questionable to accept the fact of being bound by something that one never knew that it 
even existed. Thus, some other courts are of the view that “browse-wrap” is not 
technically a contract according to the legal doctrine. Instead it is a sort of private 
regulation of the disposal of products and services written by the supplier. On one hand, 
there is a need to enforce electronic commerce in order to stimulate and consolidate it by 
making electronic contracts binding on consumers. On the other hand, there is a need to 
protect consumers from the abuse of unequal bargaining power in such contractual 
relation, which may pit them against a multinational corporation, which operates 
throughout the world. Thus, jurists and academics must combine efforts to find a 
sustainable balance between these two sides. Besides there is a need for a uniform and 
scientific solution, given that a prerequisite to valid contract formation is the unequivocal 
“meeting of the minds” which may not happen in this means of contract formation, 
especially if the supplier does not require any clear and effective sign of assent from the 
consumer. The touchstone of e-commerce is the law and jurisdiction conflicts since such 
contracts often include a forum selection clause or a mandatory arbitration clause, which 
can deprive the consumers of their day in court. In short, it highlights the need for a 
uniform legislation and a strong consumer protection system to ensure the growth of e-
commerce. This would foster a reliable electronic environment meeting the consumers’ 
expectations and the market standards. 
 
Keywords: Internet; e-commerce; adhesion contracts; “click-wrap” agreement; “shrink-
wrap” licence; “browse-wrap”; enforceability; validity; forum selection clause; arbitration 
clause, Common Law, Civil Law. 
 
 x 
RÉSUMÉ 
 
LIMA, C. R. P. de. La validité et le caractère obligatoire des contrats d’adhésion 
électroniques («shrink- wrap » et « click-wrap » et des conditions d’usage (« browse-
wrap ») : une étude comparative entre le Brésil et le Canada. 2009. 673f Thèse de Doctorat 
– Faculté de Droit, Université de São Paulo, São Paulo, 2009. 
 
Cette thèse a l'intention d'examiner certaines questions légales suscitées par le commerce 
électronique, spécifiquement les contrats d’adhésion électroniques et les conditions 
d’usage. Ces actes juridiques sont souvent groupés dans trois (3) sous-catégories : a) le 
« Shrink-Wrap Licences », contrats célébrés lors de la vente de logiciel dans les magasins, 
dans lesquels le consommateur aura connaissance de ces termes et condition, qui seront 
obligatoires, au moment de l’installation du logiciel, pouvant restituer le produit s’il n’est 
pas d’accord avec les conditions générales d’utilisation; b) « Click-Wrap Agreements » , 
contrats dont les termes et conditionsde la vente, qui obligent le consommateur, sont 
exposés à l’avance à l’Internet, et le consommateur, après sa lecture, doit « pointer et 
cliquer » dans une boîte de dialogue indiquant son consentement (exemple : « J’accepte » 
ou tout autre expression synonyme); et c) « Browse-Wrap Agreements », composés par des 
conditions généralement inscrites dans un lien hypertexte sur le bas d'une page Web, qui 
oblige le consommateur qui fait l’utilisation de ce site Internet, sans appeler son attention à 
l’existence de ces termes ou même de l’exiger le consentement. Bien que certains Cours 
aient décidé favorablement à la validité et au caractère obligatoire des contrats « browse-
wrap », cette thèse vise a démontrer que cette compréhension n’est pas correcte. Ainsi, 
quelques autres Cours affirment que le « browse-wrap » n’est pas un contrat à l’égard de la 
doctrine contractuelle et ne s’encadre pas à la définition de contrat. Au contraire, il s’agit 
plutôt d’une imposition unilatérale des termes par une des parties, de façon à ne permettre 
pas sa connaissance par l’autre. D’un côté, il faut reconnaître le caractères obligatoire des 
contrats d’adhésion électroniques, a fin de stimuler et consolider le commerce 
électroniques. D'autre part, il faut protéger les consommateurs contre les abus pratiqués par 
les entreprises dans ces types de contrats, surtout face à des sociétés multinationales. Ainsi 
les juristes doivent faire face à ce défis : faire développer le commerce électronique, de 
manière à équilibrer les intérêts commerciaux et les droits de consommateurs. Il faut 
trouver une solution uniforme et scientifique, qui démontre de façon précise l’intention des 
parties, condition que n’est remplie de façon satisfaisante par les contrats cités, notamment 
si le fournisseur n'exige pas du consommateur qu’il assure de façon claire et efficace son 
acceptation aux termes et conditions contractuelles. La problématique du commerce 
électronique repose sur les conflits de lois et des juridictions, car, dans ces contrats il y a 
souvent une clause d’élection de juridiction ou une clause d'arbitrage qui peuvent priver les 
consommateurs d’un accès à la justice. Pour résumer, il est impératif d'avoir une législation 
uniforme et un système de défense du consommateur fort pour assurer la croissance du 
commerce électronique, créant un environnement électronique fiable. 
 
Mots-clés: Internet ; commerce électronique; contrats d’adhésion; « click-
wrap agreement »; « shrink-wrap license »; « browse-wrap »; caractère obligatoire; 
validité; clause de élection de juridiction ; clause d'arbitrage, Common Law, Civil Law. 
 xi 
LISTAS DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES 
 
A 
AC – Autoridades Certificadoras 
AR – Autoridades de Registros 
Art(s). – artigo(s) 
ADPIC – Acordo Relativo aos Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual 
Relacionados com o Comércio (vide TRIPS) 
ALADI – “Asociación Latino Americana de Integración” (Associação Latino Americana 
de Integração”) 
 
B 
BGB - Bürgerliches Gesetzbuch (Código Civil Alemão) 
 
C 
Câm. - Câmara 
Cap(s). – Capítulo(s) 
c/c – combinado com 
CC/02 – Código Civil de 2002 (Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002) 
CC/16 – Código Civil de 1916 (Lei n.º 3.071, de 1º de janeiro de 1916) 
cf. – conferir 
CCPL - Creative Commons Public License (Licenças Públicas “Creative Commons” – 
tradução livre) 
CDC – Código de Defesa do Consumidor (Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990) 
CE – Comunidade Européia 
CEE – Comunidade Econômica Européia 
CIDIP – Conferência Interamericana de Direito Internacional Privado 
CIPSGA - Comitê de Incentivo à Produção do Software GNU e Alternativo 
CF/88 – Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 1988 
CNUDMI - Comissão das Nações Unidas para o Direito Mercantil Internacional, que 
corresponde à expressão inglessa “United Nations Commission on International 
Trade Law” (UNCITRAL) 
CPC – Código de Processo Civil (Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973) 
CT – Comitê Técnico 
 
D 
Des. – desembargador 
Dir. – Diretiva 
DIPr. – Direito Internacional Privado 
 
E 
EC – European Commission (tradução livre de Comissão Européia) 
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990) 
EDI – Electronic Data Interchange, expressão inglesa correspondente à “Intercâmbio 
Eletrônico de Dados” (vide IED) 
EU – European Union (vide UE) 
 
F 
FMI – Fundo Monetário Internacional (vide IMF – International Monetary Fund) 
FSF – Free Software Foundation (Fundação do Software Livre – tradução livre) 
 xii 
G 
GAAT – General Agreement on Tariffs and Trade (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) 
GATS – General Agreement on Trade in Services (Acordo Geral sobre Serviços) 
GIIC – “Global Information Infrastructure Commission” 
GNU - General Public License (Licenças Públicas Genéricas – tradução livre) 
 
I 
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviços 
ICT – Information Communication Technology (Tecnologia de Comunicação de 
Informação, tradução livre) 
IED – Intercâmbio eletrônico de dados (vide EDI) 
IMF – International Monetary Fund (vide FMI) 
IN – Instrução Normativa 
IRC - Internet Relay Chats 
ISS – Imposto sobre Serviços de qualquer natureza 
IT – Information Tecnology (Tecnologia da Informação, tradução livre) 
 
J 
j. – data do julgamento 
 
L 
LICC – Lei de Introdução ao Código Civil (Lei n. 4.657/42) 
LSSICE - Ley de Servicios de la Sociedad de la Información y de Comercio Electrónico 
LOCM - Ordenación del Comercio Minorista 
 
M 
MERCOSUL – Mercado Comum do Sul (vide MERCOSUR) 
MERCOSUR – El Mercado Común del Sur (vide MERCOSUL) 
MIT - Massachusetts Institute of Technology (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) 
 
N 
NAFTA – “North American Free Trade Agreement” ou Tratado Norte-Americano de Livre 
Comércio (1º de janeiro de 1994) 
NCCUSL - The National Conference of Commissioners on Uniform State Laws 
(“Conferência Nacional dos Comissionários em Uniformização das Leis 
Estaduais”, tradução livre) 
 
O 
OAB/SP – Ordem dos Advogados do Brasil do Estado de São Paulo 
OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que corresponde à 
expressão inglesa Organization for Economic Co-operation and Development (cf. 
OECD) 
OECD – Organization for Economic Co-operation and Development (vide OCDE) 
OMC – Organização Mundial do Comércio (vide WTO) 
OMPI – Organização Mundial da Propriedade Intelectual 
ONU – Organização das Nações Unidas 
Op. cit. – opus citatum (obra citada) 
 
P 
PC – Personal computer (computador pessoal) 
 xiii 
PIPEDA - Personal Information Protection and Electronic Documents Act (“Lei sobre 
Proteção da Informação Pessoal e dos Documentos Eletrônicos”) 
 
R 
RE – Recurso Extraordinário 
Rel. – Relator 
REsp – Recurso Especial 
 
S 
SME – Small and Medium Enterprise (pequena e média empresa, tradução livre) 
STJ – Superior Tribunal de Justiça 
STF – Supremo Tribunal Federal 
 
T 
TJ/SP – Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo 
TRIPS – Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights (vide ADPIC) 
 
U 
U.C.C. – Uniform Commercial Code (Código Uniforme de Comércio) 
U.C.C. – Sales – “Uniform Commercial Code – Sales” 
UCITA - Uniform Computer Information Transactions Act 
UE - União Européia (vide EU) 
UECA - Uniform Electronic Commerce Act (“Lei Uniforme sobre Comércio Eletrônico”) 
UETA – Uniform Electronic Transactions Act (“Lei Uniforme sobre Transações 
Eletrônicas”) 
ULCC - Uniform Law Conference of Canada (Lei Uniforme da Conferência de 
Uniformização da Lei do Canadá) 
UNCITRAL - United Nations Commission on International Trade Law (vide CNUDMI) 
UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development (Conferência das 
Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento – tradução livre) 
Unidroit - “Institut international pour l’unification du droit privé” (Instituto internacional 
para a unificação do direito privado) [tradução livre] 
US – “United States of America” (Estados Unidos da América) 
U.S.C. –“United States Code” (Código dos Estados Unidos) 
 
W 
WTO – World Trade Organization (vide OMC) 
 
 xiv 
 
 
 
VALIDADE E OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS DE 
ADESÃO ELETRÔNICOS (SHRINK-WRAP E CLICK-WRAP) 
E DOS TERMOS E CONDIÇÕES DE USO (BROWSE-WRAP): 
 
- UM ESTUDO COMPARADO ENTRE BRASIL E CANADÁ - 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS ............................................................ 
 
p. v 
RESUMO .............................................................................. 
 
p. viii 
ABSTRACT .............................................................................. 
 
p. ix 
RÉSUMÉ .................................................................................. 
 
p. x 
LISTAS DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ............................. 
 
 
p. xi 
 
INTRODUÇÃO 
 
I. Do tema .................................................................................. p. 01 
 
II. Do título ................................................................................ p. 05 
 
III. Do plano de desenvolvimento sistemático .......................... p. 06 
 
 
NOTAS INTRODUTÓRIAS 
 
I - O impacto das novas tecnologias no direito e nos tribunais 
 
p. 10 
II – A importância da análise comparativa do comércio 
 xv 
eletrônico face à globalização .................................................... 
 
p. 20 
III - O predomínio da língua inglesa na linguagem da era 
digital ......................................................................................... 
 
 
p. 26 
IV - Esclarecimento prévio dos termos e expressões inglesas 
utilizados neste trabalho ............................................................ 
 
 
p. 32 
V - Cibernética e Direito ............................................................ 
 
p. 35 
VI - Software Livre como solução para inclusão digital ........... 
 
p. 41 
VII - Base de dados disponibilizada online: socializando o 
conhecimento ............................................................................. 
 
 
p. 52 
VIII - Influências do Direito do Autor nas licenças de uso de 
programa de computador (shrink-wrap licenses) ...................... 
 
 
p. 57 
IX - Políticas públicas sobre a disponibilização da cultura, do 
conhecimento e da informação pela internet (Creative 
Commons Brasil) ....................................................................... 
 
 
 
p. 61 
 
CAPÍTULO 1 
ASPECTOS JURÍDICOS DO COMÉRCIO ELETRÔNICO 
 
1.1 Os principais obstáculos em torno do comércio eletrônico . 
 
p. 69 
1.1.1 Despersonalização ............................................................ 
 
p. 70 
1.1.2 Desmaterialização ............................................................. 
 
p. 73 
1.1.3 “Desterritorialização” ....................................................... 
 
p. 75 
1.1.4 Desregulamentação ........................................................... 
 
p. 77 
1.1.5 Atemporalidade ................................................................. 
 
p. 79 
1.2 O enfoque dado pelo direito para superar tais obstáculos ... 
 
p. 82 
1.2.1 Individualização e identificação pessoal .......................... 
 
p. 83 
 
1.2.2 A imaterialidade dos produtos e serviços na era digital ... p. 85 
 xvi 
 
1.2.3 Fronteiras na era digital .................................................... 
 
p. 89 
1.2.4 Auto-regulação versus Proteção do consumidor no 
comércio eletrônico ................................................................... 
 
 
p. 90 
1.3 Principais diretrizes e recomendações legislativas de 
caráter supranacional e intergovernamental sobre comércio 
eletrônico ................................................................................... 
 
 
 
p. 93 
1.3.1 Organização das Nações Unidas (ONU) .......................... 
 
p. 94 
1.3.1.1 Comissão das Nações Unidas para o Direito Mercantil 
Internacional (CNUDMI) .......................................................... 
 
 
p. 95 
1.3.1.1.1 Recomendação sobre o valor jurídico dos 
documentos eletrônicos (1985) .................................................. 
 
 
p. 95 
1.3.1.1.2 Lei modelo da CNUDMI sobre comércio eletrônico 
(1996) ......................................................................................... 
 
 
p. 98 
1.3.1.1.3 Lei modelo da CNUDMI sobre assinatura eletrônica 
(2001) ......................................................................................... 
 
 
p. 113 
1.3.1.2 Comissão das Nações Unidas sobre a utilização das 
comunicações eletrônicas nos contratos internacionais (2005) . 
 
 
p. 116 
1.3.1.3 Conferência das Nações Unidas sobre comércio e 
desenvolvimento (UNCTAD) .................................................... 
 
 
p. 120 
1.3.2 Organização Mundial do Comércio (OMC) ..................... 
 
p. 122 
1.3.3 Organização de Cooperação e de Desenvolvimento 
Econômico (OCDE) ................................................................... 
 
 
p. 125 
 
1.3.4 União Européia ………………………………………… 
 
p. 129 
1.3.4.1 Diretiva do Conselho 93/13/EEC, de 05 de abril de 
1993, sobre cláusulas abusivas .................................................. 
 
 
p. 131 
1.3.4.2 Diretiva 97/7/CE do Parlamento e do Conselho 
Europeu, de 20 de maio de 1997, sobre a proteção dos 
consumidores na contratação à distância ................................... 
 
 
p. 135 
 xvii 
 
1.3.4.3 Diretiva 1999/93/CE do Parlamento e do Conselho 
Europeu, de 13 de dezembro de 1999, sobre assinaturas 
eletrônicas .................................................................................. 
 
 
 
p. 138 
1.3.4.4 Diretiva 2000/31/CE do Parlamento e do Conselho 
Europeu, de 08 de junho de 2000, para a padronização 
européia do comércio eletrônico ................................................ 
 
 
 
p. 139 
1.3.5 Mercosul ........................................................................... 
 
p. 143 
1.3.5.1 Resolução 126, de 16 de dezembro de 1994 sobre 
Defesa do Consumidor .............................................................. 
 
 
p. 147 
1.3.5.2 Projeto de Protocolo de Defesa do Consumidor ............ 
 
p. 148 
1.3.5.3 Protocolo de Buenos Aires ............................................ 
 
p. 150 
1.3.5.4 Protocolo de Santa Maria ............................................... 
 
p. 153 
1.4 Análise de algumas legislações estrangeiras sobre 
comércio eletrônico ................................................................... 
 
 
p. 155 
1.4.1 Alguns países da União Européia .................................... 
 
p. 156 
1.4.1.1 Alemanha ....................................................................... 
 
p. 157 
1.4.1.2 Bélgica ........................................................................... 
 
p. 159 
1.4.1.3 Dinamarca ..................................................................... 
 
p. 163 
1.4.1.4 Espanha .......................................................................... 
 
p. 164 
1.4.1.5 Finlândia ........................................................................ 
 
p. 170 
1.4.1.6 França ............................................................................ 
 
p. 172 
1.4.1.7 Itália ............................................................................... 
 
p. 175 
1.4.1.8 Portugal .......................................................................... 
 
p. 179 
1.4.1.9 Reino Unido ................................................................... 
 
p. 185 
 xviii 
1.4.1.10 Conclusão sobre o quadro geral na União Européia 
acerca do comércio eletrônico e da proteção do consumidor .... 
 
 
p. 187 
1.4.2 América Latina ................................................................. 
 
p. 189 
1.4.2.1 Argentina ....................................................................... 
 
p. 190 
1.4.2.2 Bolívia ............................................................................ 
 
p. 197 
1.4.2.3Brasil .............................................................................. 
 
p. 203 
1.4.2.4 Chile ............................................................................... 
 
p. 217 
1.4.2.5 Colômbia ........................................................................ 
 
p. 219 
1.4.2.6 Cuba ............................................................................... 
 
p. 223 
1.4.2.7 Equador .......................................................................... 
 
p. 224 
1.4.2.8 México ........................................................................... 
 
p. 230 
1.4.2.9 Paraguai ......................................................................... 
 
p. 234 
1.4.2.10 Peru .............................................................................. 
 
p. 236 
1.4.2.11 Uruguai ........................................................................ 
 
p. 239 
1.4.2.12 Venezuela .................................................................... 
 
p. 241 
1.4.2.13 Conclusão sobre o quadro geral na América Latina 
acerca do comércio eletrônico e da proteção do consumidor .... 
 
 
p. 243 
1.4.3 América do Norte: Canadá e Estados Unidos ................... 
 
p. 244 
1.4.3.1 Canadá ........................................................................... 
 
p. 244 
1.4.3.1.1 “Uniform Electronic Commerce Act” (UECA) ........... 
 
p. 245 
1.4.3.1.2 “Personal Information Protection and Electronic 
Documents Act” (PIPEDA) …………………………………… 
 
 
p. 249 
1.4.3.1.3 “Internet Sales Contract Harmonization Template” .. 
 
p. 251 
 xix 
1.4.3.1.4 Legislações das províncias e dos territórios 
canadenses sobre comércio eletrônico e proteção do 
consumidor ................................................................................ 
 
 
 
p. 254 
1.4.3.1.4.1 Alberta ..................................................................... 
 
p. 257 
1.4.3.1.4.2 Colúmbia Britânica .................................................. 
 
p. 258 
1.4.3.1.4.3 Ilha do Príncipe Eduardo ......................................... 
 
p. 260 
1.4.3.1.4.4 Manitoba .................................................................. 
 
p. 261 
1.4.3.1.4.5 Nova Brunswick ...................................................... 
 
p. 262 
1.4.3.1.4.6 Nova Escócia ........................................................... 
 
p. 262 
1.4.3.1.4.7 Nunavut .................................................................... 
 
p. 263 
1.4.3.1.4.8 Ontário ..................................................................... 
 
p. 263 
1.4.3.1.4.9 Québec ..................................................................... 
 
p. 266 
1.4.3.1.4.10 Saskatchewan ......................................................... 
 
p. 269 
1.4.3.1.4.11 Terra Nova e Labrador ........................................... 
 
p. 271 
1.4.3.1.4.12 Territórios do Noroeste .......................................... 
 
p. 271 
1.4.3.1.4.13 Yukon .................................................................... 
 
p. 272 
1.4.3.2 Estados Unidos .............................................................. 
 
p. 272 
1.4.3.2.1 “Millenium Digital Commerce Act” ........................... 
 
p. 273 
1.4.3.2.2 “Electronic Signatures in Global and National 
Commerce Act” ……………………………………………… 
 
 
p. 275 
1.4.3.2.3 “Uniform Computer Information Transactions Act” 
(UCITA) ……………………………………………………… 
 
 
p. 277 
1.4.3.2.4 “Uniform Electronic Transactions Act” (UETA) ...…. 
 
p. 279 
1.4.3.2.5 “Uniform Commercial Code and Restatements” …… p. 282 
 xx 
 
1.4.3.2.6 Legislações relevantes de alguns dos Estados Norte-
Americanos …………………………………………………… 
 
 
p. 284 
1.4.3.2.6.1 “Utah Digital Signature Act”, de 1996 .................... 
 
p. 285 
1.4.3.2.6.2 Código Civil do Estado da Califórnia ..................... 
 
p. 287 
1.4.3.2.6.3 “Illinois Electronic Commerce Security Act”, de 
1998 …………………………………………………………... 
 
 
p. 289 
1.4.3.3 Conclusão sobre o quadro geral no Canadá e nos 
Estados Unidos, acerca do comércio eletrônico e da proteção 
do consumidor ........................................................................... 
 
 
 
p. 290 
1.4.4 Legislações de outros países sobre comércio eletrônico .. 
 
p. 292 
1.4.4.1 Austrália ......................................................................... 
 
p. 292 
1.4.4.2 Cingapura ....................................................................... 
 
p. 296 
1.4.4.3 Hong Kong ..................................................................... 
 
p. 298 
1.4.4.4 Índia ............................................................................... 
 
p. 300 
1.4.4.5 Malásia ........................................................................... 
 
p. 303 
1.4.4.6 Rússia ............................................................................. 
 
p. 305 
1.4.4.7 Conclusão sobre o quadro geral nestes países, acerca 
do comércio eletrônico e da proteção do consumidor .............. 
 
 
p. 306 
 
CAPÍTULO 2 
CONTRATOS E COMÉRCIO ELETRÔNICO: A NECESSÁRIA 
EVOLUÇÃO DA TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
 
2.1 Teoria contratual clássica .................................................... 
 
p. 311 
2.1.1 Princípio da liberdade contratual ...................................... 
 
p. 312 
2.1.2 Princípio do consensualismo ............................................ 
 
p. 316 
 xxi 
2.1.3 Princípio da obrigatoriedade do contrato .......................... 
 
p. 317 
2.1.4 Princípio da relatividade dos efeitos do contrato .............. 
 
p. 320 
2.2 Teoria contratual social ........................................................ 
 
p. 323 
2.2.1 Princípio da boa-fé objetiva .............................................. 
 
p. 325 
2.2.2 Princípio do equilíbrio contratual ..................................... 
 
p. 331 
2.2.3 Princípio da função social do contrato .............................. 
 
p. 333 
2.2.4 Princípio da “Unconscionability” do Common Law ......... 
 
p. 338 
2.2.5 Princípio da proteção da parte vulnerável ........................ 
 
p. 341 
2.2.5.1 Princípio da vulnerabilidade do Código de Defesa do 
Consumidor ................................................................................ 
 
 
p. 344 
2.2.5.1.1 Jurisprudência ............................................................. 
 
p. 348 
2.3 Influência de novos princípios atinentes ao comércio 
eletrônico na dogmática contratual ............................................ 
 
 
p. 351 
2.3.1 Princípio da liberdade de expressão ................................. 
 
p. 351 
2.3.1.1 Reno versus Aclu ............................................................ 
 
p. 354 
2.3.2 Princípio da proteção da privacidade ................................ 
 
p. 356 
2.3.2.1 Cyber Promotions Inc. versus American On-line Inc. .. 
 
p. 358 
2.3.3 Princípio da liberdade de informação e de 
autodeterminação ....................................................................... 
 
 
p. 359 
2.3.4 Princípio da confiança ...................................................... 
 
p. 361 
2.3.4.1 Jurisprudência brasileira ................................................ 
 
p. 365 
2.3.4.2 Jurisprudência canadense (“case law”) ......................... 
 
 
p. 369 
 
 xxii 
CAPÍTULO 3 
FORMAÇÃO, VALIDADE E OBRIGATORIEDADE 
 DOS CONTRATOS: 
ESTUDO COMPARADO ENTRE BRASIL E CANADÁ 
 
3.1 Plano da existência .............................................................. 
 
p. 373 
3.1.1 Civil Law: ......................................................................... 
 
p. 377 
3.1.1.1 Proposta, oferta ao público e publicidade ...................... 
 
p. 378 
3.1.1.2 Aceitação ....................................................................... 
 
p. 385 
3.1.1.3 “Cause” no Código Civil de Québec ............................ 
 
p. 387 
3.1.2 Common Law:………………………............................... 
 
p. 390 
3.1.2.1 “Offer” e “invitation to treat” …………………...…... 
 
p. 390 
3.1.2.2 “Acceptance” ................................................................ 
 
p. 396 
3.1.2.3 “Consideration” ............................................................. 
 
p. 399 
3.1.3 Silêncio como manifestação de vontade ........................... 
 
p. 401 
3.1.4 Conduta como manifestação de vontade .......................... 
 
p. 403 
3.2 Momento da conclusão do contrato ..................................... 
 
p. 404 
3.2.1 Civil Law: ......................................................................... 
 
p. 405 
3.2.1.1 Contrato entre ausentes: o impacto da Teoria da 
Expedição no comércio eletrônico ............................................. 
 
 
p. 406 
3.2.1.2 Contrato entre presentes: o impacto da omissão do 
Código Civil brasileiro no comércio eletrônico ......................... 
 
 
p. 409 
3.2.2 Common Law: o impacto do meio de comunicação ......... 
 
p. 410 
3.2.2.1 Meio de comunicação instantânea ................................. 
 
p. 412 
3.2.2.2 Meio de comunicação não-instantânea ......................... 
 
p. 414 
 xxiii 
3.3 Local da formação do contrato ............................................ 
 
p. 415 
3.3.1 Civil Law: ......................................................................... 
 
p. 416 
3.3.2 Common Law: ................................................................... 
 
p. 417 
3.4 Plano da validade: aspectos gerais ....................................... p. 418 
 
3.4.1 Civil Law: ......................................................................... 
 
p. 419 
3.4.2 Common Law: ................................................................... 
 
p. 421 
3.5 Cláusulas e condições contratuais ....................................... 
 
p. 422 
3.5.1 Civil Law: cláusulas abusivas e sua regulamentação pelo 
Código de Defesa do Consumidor ............................................. 
 
 
p. 424 
3.5.2 Common Law: a previsão dos “unfair terms” em 
estatutos e impacto da doutrina da “unconscionability”............ 
 
 
p. 426 
3.6 Linguagem contratual .......................................................... 
 
p. 428 
3.6.1 Requisitos do Civil Law: .................................................. 
 
p. 429 
3.6.2 Requisitos do Common Law: …………………................ 
 
p. 430 
3.7 Interpretação contratual ....................................................... 
 
p. 431 
3.7.1 Critérios do Civil Law ....................................................... p. 432 
 
3.7.2 Critérios do Common Law ................................................ 
 
p. 436 
3.8 Aspectos históricos, sociais, políticos e econômicos da 
codificação civil brasileira e do Canadá .................................... 
 
p. 438 
 
3.9 Análise crítica e conclusão sobre a comparação entre os 
dois sistemas jurídicos ............................................................... 
 
p. 439 
 xxiv 
CAPÍTULO 4 
DA PRÁTICA COMERCIAL ELETRÔNICA: 
ESPECIFICIDADES DOS CONTRATOS DE ADESÃO 
ELETRÔNICOS E DOS TERMOS E CONDIÇÕES DE USO 
 
4.1 Definição de contrato eletrônico .......................................... 
 
p. 440 
4.1.1 Contrato informático ......................................................... 
 
p. 445 
4.1.2 Contrato telemático ........................................................... 
 
p. 451 
4.2 Consentimento eletrônico .................................................... 
 
p. 454 
4.2.1 Consentimento automatizado ............................................ 
 
p. 459 
4.2.2 “Electronic Data Interchange” (EDI) .............................. 
 
p. 461 
4.2.3 Vícios do consentimento no contexto do comércio 
eletrônico ................................................................................... 
 
 
p. 463 
4.3 Oferta e aceitação eletrônicas .............................................. 
 
p. 473 
4.3.1 Natureza jurídica da página na internet ............................ 
 
p. 477 
4.3.2 Da eficácia da retratação da oferta e aceitação eletrônicas 
 
p. 482 
4.4 Momento e local da celebração do contrato eletrônico ....... 
 
p. 484 
4.5 Assinatura eletrônica ........................................................... 
 
p. 488 
4.5.1 Do funcionamento da criptografia .................................... 
 
p. 493 
4.5.2 Autoridades certificadoras ................................................ 
 
p. 496 
4.6 Da validade dos documentos eletrônicos ............................. 
 
p. 499 
4.7 Contratos de adesão eletrônicos e as condições gerais dos 
contratos ..................................................................................... 
 
 
p. 504 
4.7.1 Licenças de uso do tipo “shrink-wrap” ............................ 
 
p. 510 
4.7.1.1 Conceito ......................................................................... 
 
p. 512 
 xxv 
4.7.1.2 Formação: consentimento .............................................. 
 
p. 514 
4.7.1.3 Validade e obrigatoriedade ............................................ 
 
p. 515 
4.7.1.4 “Case Law” contra a validade das licenças do tipo 
“shrink-wrap” ............................................................................ 
 
 
p. 517 
4.7.1.4.1 Vault Corp. versus Quaid Software Ltd. ..................... 
 
p. 517 
4.7.1.4.2 North American Systemshops Ltd. versus King ..…… 
 
p. 519 
4.7.1.4.3 Step-Saver Data Systems, Inc. versus Wyse 
Technology ……………………………………………………. 
 
 
p. 520 
4.7.1.5 “Case Law” a favor da validade das licenças do tipo 
“shrink-wrap” ............................................................................ 
 
 
p. 521 
4.7.1.5.1 ProCD, Inc. versus Zeidenberg .................................. 
 
p. 522 
4.7.2 Contratos do tipo “click-wrap” ........................................ 
 
p. 524 
4.7.2.1 Conceito ......................................................................... 
 
p. 526 
4.7.2.2 Formação: consentimento eletrônico ............................. 
 
p. 528 
4.7.2.3 Validade e obrigatoriedade ............................................ 
 
p. 530 
4.7.2.4 “Case Law” a favor da validade e obrigatoriedade dos 
contratos do tipo “click-wrap” .................................................. 
 
 
p. 535 
4.7.2.4.1 Groff versus America Online Inc. ............................... 
 
p. 535 
4.7.2.4.2 Caspi versus Microsoft Network, L.L.C. ……….....… 
 
p. 536 
4.7.2.5 “Case Law” contra a validade e obrigatoriedade dos 
contratos do tipo “click-wrap” ................................................. 
 
 
p. 537 
4.7.2.5.1 Comb versus PayPal, Inc. ........................................... 
 
p. 537 
4.7.2.5.2 Williams versus America Online Inc. ......................... 
 
p. 538 
4.7.3 Termos e condições de uso do tipo “browse-wrap” ......... 
 
p. 539 
 xxvi 
4.7.3.1 Conceito ......................................................................... 
 
p. 541 
4.7.3.1.1 Pollstar versus Gigmania Ltd. .................................... 
 
p. 544 
4.7.3.2 Da inexistência do consentimento eletrônico ................ 
 
p. 546 
4.7.3.3 “Case Law” a favor da validade e obrigatoriedade dos 
termos e condições de uso do tipo “browse-wrap” ................... 
 
 
p. 548 
4.7.3.3.1 Register.com versus Verio, Inc. .................................. 
 
p. 549 
4.7.3.3.2 Cairo, Inc. versus Crossmedia Services, Inc. ............. 
 
p. 550 
4.7.3.4 “Case Law” contra a validade e obrigatoriedade dos 
termos e condições de uso do tipo “browse-wrap” ................... 
 
 
p. 551 
4.7.3.4.1 Ticketmaster Corp. versus Tickets.Com, Inc. ………. 
 
p. 552 
4.7.3.4.2 Specht versus Netscape Communications Corp. ........ 
 
p. 553 
4.7.4 Cláusula de eleição de foro: problemática em torno de 
sua validade ............................................................................... 
 
 
p. 5544.7.4.1 “Case Law” sobre a validade da cláusula de eleição de 
foro ............................................................................................. 
 
 
p. 559 
4.7.4.1.1 America Online, Inc. versus Superior Court (In re 
Mendoza) ……………………………………………………... 
 
 
p. 559 
4.7.4.1.2 Barnett versus Network Solutions ............................... 
 
p. 560 
4.7.4.1.3 Forrest versus Verizon Communications, Inc. ........... 
 
p. 561 
4.7.4.1.4 Rudder versus Microsoft Corp. ................................... 
 
p. 562 
4.7.4.1.5 Lawrence Feldman versus Google, Inc. ..................... 
 
p. 562 
4.7.5 Cláusula de arbitragem: problemática em torno de sua 
validade ...................................................................................... 
 
 
p. 563 
4.7.5.1 “Case Law” sobre a validade da cláusula de arbitragem 
 
p. 567 
4.7.5.1.1 In re RealNetworks, Inc. ............................................. p. 567 
 xxvii 
 
4.7.5.1.2 Lieschke versus RealNetworks Corp. ......................... 
 
p. 568 
4.7.5.1.3 Hill versus Gateway 2000, Inc. ................................... 
 
p. 568 
4.7.5.1.4 Licitra versus Gateway, Inc. ....................................... 
 
p. 569 
4.7.5.1.5 Dell Computer Corp. versus Union des 
Consommateurs ......................................................................... 
 
 
p. 570 
4.7.6 Cláusula de escolha da legislação aplicável (“choice-of-
law clause”): problemática em torno de sua validade ............... 
 
 
p. 570 
 
CAPÍTULO 5 
DA DÚVIDA ACERCA DA LEI APLICÁVEL E JURISDIÇÃO 
NA ERA DIGITAL 
 
5.1 Critérios utilizados pelos países do Common Law .............. 
 
p. 576 
5.2 Critérios determinados pela legislação brasileira: Lei de 
Introdução ao Código Civil (Lei n. 4.657/1942) ....................... 
 
 
p. 580 
5.3 Tendências do Direito Internacional Privado face às 
inovações do comércio eletrônico ............................................. 
 
 
p. 585 
 
CAPÍTULO 6 
DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
ÀS RELAÇÕES JURÍDICAS DE CONSUMO ELETRÔNICAS 
 
6.1 A figura jurídica do consumidor na era digital .................... 
 
p. 590 
6.1.1 Extensão da proteção do Código de Defesa do 
Consumidor às pequenas e médias empresas ............................ 
 
 
p. 592 
6.2 A figura jurídica do fornecedor na era digital ..................... 
 
p. 594 
6.3 Conceito de bens e serviços na era digital ........................... 
 
p. 596 
6.4 Direito de arrependimento nas transações eletrônicas ......... 
 
p. 597 
 
 xxviii 
CAPÍTULO 7 
A BUSCA POR UMA LEGISLAÇÃO UNIFORME GLOBAL 
SOBRE PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR E COMÉRCIO 
ELETRÔNICO 
 
7.1 Sugestão legislativa para o Brasil ........................................ 
 
p. 603 
7.1.1 Projeto de Lei específico sobre comércio eletrônico ........ 
 
p. 603 
7.1.2 Sugestões de alteração do CC/02 e CPC .......................... 
 
p. 604 
7.1.3 Sugestões de alteração do CDC ........................................ 
 
p. 607 
 
 
CONCLUSÃO .......................................................................... 
 
 
 
p. 610 
 
 
BIBLIOGRAFIA ..................................................................... 
 
 
 
p. 632 
I. Bibliografia referenciada ........................................................ 
 
p. 632 
II. Bibliografia consultada ......................................................... 
 
p. 653 
 
 1 
INTRODUÇÃO 
 
 
I. Do tema 
 
Devido ao intenso receio de ataques nucleares, em 1958, o Presidente norte-
americano, Eisenhower, criou um projeto denominado “Advanced Research Projects 
Agency (ARPA)”, cujo principal objetivo era desenvolver uma tecnologia que permitisse a 
comunicação militar mesmo em hipótese de ataque nuclear. Esta tecnologia foi, 
primeiramente, idealizada para estabelecer conexões entre vários computadores 
interligados em uma espécie similar a uma rede de pescador (“fish net”) ou a uma teia de 
aranha (“spider web”), denominada ARPANET.1 
Aí está a origem do que se conhece, hoje, por internet. Entretanto, a 
comunicação viabilizada pelo sistema ARPANET restringia a ambientes internos. Em 
1972, iniciou-se a transmissão dos dados através do Protocolo de internet, mais 
especificamente, “Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP)”, 
viabilizando a transmissão externa também, o que foi universalmente adotado em 1983.2 
 No entanto, a possibilidade de transmissão externa (para além dos computadores 
conectados internamente) gerou certa insegurança, a saber: qualquer indivíduo poderia ter 
acesso a informações, mesmo as sigilosas. Daí iniciou-se a corrida pelo desenvolvimento 
de programas de computadores capazes de controlar o acesso, haja vista o “FINGER” 
desenvolvido no Laboratório de Inteligência Artificial da Universidade de Stanford 
(“Stanford’s Artificial Intelligence Lab”). 
A nova tecnologia empregada, que possibilitou a interconexão externa de 
computadores, viabilizou o uso da internet como um eficaz meio de comunicação. Não 
demorou muito para o mercado empregar esta tecnologia na realização de negócios. 
Contudo, o risco de interceptações indesejáveis às comunicações marca o comércio 
eletrônico. Para evitá-lo, surgiram tecnologias que garantem a identificação pessoal da 
pessoa que elabora e envia uma mensagem eletrônica, tais como a criptografia assimétrica. 
 
1 GEIST, Michael. Internet Law in Canada. 3. ed. Ontário (CA): Captus Press Inc., 2002. p. 03. 
2 Idem ibidem p. 04: “The transformation of ARPANET into today’s Internet began with the development of 
the Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP) networking protocol in 1972. Prior to TCP/IP, 
networks such as ARPANET could only comunicate internally. The TCP/IP protocol, universally adopted in 
1983, enabled different networks to interchange data without making any internal changes to the network. 
The protocol used global addressing, which allowed computers to find network addresses by numeric address 
with no correlation to geographic location”. 
 2 
Por isso, a doutrina3 aponta três critérios fundamentais para a segurança das informações 
que circulam na rede mundial de computadores, quais sejam: 1 - a integridade, ou seja, 
devem-se criar mecanismos que impossibilitem a alteração das informações na rede; 2 - a 
confidencialidade, para que seja desenvolvida uma estrutura a garantir o sigilo das 
informações; 3 - a disponibilidade, isto é, a informação deve estar acessível ao usuário 
desde que autorizado a consultá-la e tenha direito a fazê-lo. 
Outra questão tormentosa é a possibilidade de invasão à privacidade. A 
tecnologia empregada na internet possibilita algumas condutas dos empresários de 
marketing agressivo, cookies4 e spam.5 
Para garantir o sistema de comunicação eletrônica contra estes 
inconvenientes passou-se a adotar, em vários países, o sistema de assinatura criptografada 
em sistema de chave pública (criptografia assimétrica), por ser uma tecnologia adequada a 
evitar os incômodos trazidos pela insegurança e ameaça à invasão de privacidade. 
Além destes empecilhos, o pleno desenvolvimento do comércio eletrônico 
enfrenta dificuldade referente ao acesso e domínio das novas tecnologias pelo público em 
geral. Por isso, os entraves tecnológicos e a dificuldade de operar os sistemas operacionais 
mais antigos, como o DOS, não colaboravam para a disseminação da internet como um 
meio de comunicação. 
Mas a partir de 1989, as empresas perceberam a necessidade de desenvolver 
software que permita ao usuário dialogar com o sistema operacional com maior facilidade, 
interagindo com a máquina. Neste sentido, a linguagem empregada passou a ser multimídia, 
um conjunto de cores, sons, telas que surgem com perguntas, que devem ser respondidas 
pelo usuário através de direcionamento e clique do mouse. Esta maior facilidade no 
manuseio desta nova tecnologiadeu uma guinada no uso deste meio de comunicação em 
massa, que passou a ser constantemente utilizado no mercado de consumo. Além disso, 
mais e mais pessoas passaram a utilizar a internet para pesquisas ou realização de negócios. 
 
3 CONCERINO, Arthur José. Internet e segurança são compatíveis? In: LUCCA, Newton de; SIMÃO 
FILHO, Adalberto. (coord.). Direito & Internet: aspectos jurídicos relevantes. 2. ed. São Paulo: Quartier 
Latin, 2005. p. 153 – 178. p. 155 - 156. 
4 Cookies são programas que “permitem registrar os passos do internauta na rede” para que se obtenha os 
dados sobre seus costumes e preferências, representando um produto lucrativo e valioso para o marketing. Cf. 
LORENZETTI, Ricardo Luis. Comércio eletrônico. Tradução de Fabiano Menke. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2004. p. 396. 
5 Spam são correspondências eletrônicas (e-mails) enviados sem solicitação prévia, e “constitui um modo de 
publicidade que diminui sensivelmente os custos de transação com relação ao correio tradicional, já que, uma 
vez que se consiga uma lista de usuários, podem-se enviar quantidades enormes de mensagens com 
baixíssimos custos”. Idem ibidem, loc. cit. 
 3 
Este software foi desenvolvido pelo cientista suíço Tim Berners-Lee, sendo 
conhecido pela expressão, Hyper-Text Markup Language (HTML), que significa a 
utilização de hiperlinks, através dos quais com um clique é apresentado ao usuário um 
novo documento. A utilização dos protocolos em hiperlinks na internet representou um 
grande avanço na medida em que facilitou o acesso dos usuários, sendo que diversos 
documentos na rede mundial de computadores podiam ser consultados com um simples 
clique, documentos localizados em computadores remotos, muitas vezes do outro lado do 
mundo. Em suma, esta tecnologia favoreceu a criação da rede mundial de computadores, 
denominada World Wide Web (WWW). 6 
Até este ponto a internet era estruturada só em textos, sem figuras nem sons. 
A utilização da internet em forma multimídia foi possibilitada com o software denominado 
Mosaic (compatível com os sistemas operacionais UNIX, Windows e Macintosh). Este 
software espalhou-se com muita velocidade e é utilizado até os dias atuais.7 
Atualmente, o desenvolvimento tecnológico acima descrito passou a 
dominar a maneira pela qual se realizam negócios online. Originariamente, as empresas 
passaram a distribuir programas de computadores mediante uma licença inserta dentro de 
um disquete, CD ou DVD, que continha todos os termos e condições de uso do software. O 
adquirente, ao instalar o produto, comunica com a máquina manifestando sua anuência ou 
recusa através de cliques sucessivos (“shrink-wrap”). 
Esta prática comercial foi objeto de análise doutrinária e jurisprudencial, 
notadamente, nos países do Common Law, que validaram este contrato de adesão 
condicionando à manifestação posterior de vontade do adquirente ao concordar ou recusar 
os termos da licença. 
Esta técnica contratual, por representar inúmeras facilidades referentes à 
economia de tempo e dinheiro, passou a ser empregada, também, na contratação celebrada 
por meio da internet, ou seja, em ambiente eletrônico. Assim, as empresas passaram a 
ofertar seus produtos e serviços online, em suas páginas na internet, em que, antes da 
 
6 GEIST, Michael. Op. cit. p. 04: “The Internet might have remained the province of scientists and the 
academic community were it not for Tim Berners-Lee, a researcher at the CERN atomic research center in 
Switzerland. Weary of the trial and error process of finding information on the CERN network, in 1989, 
Berners-Lee proposed a series of software and network protocols that created the power to browse and 
navigate among documents by point-and-click commands of the mouse. The new protocol, called Hyper-Text 
Markup Language (HTML) used hyperlinks to enable users to click on highlighted text and immediately 
‘jump’ to a new document. By applying the hyperlinks protocol to the Internet, users could transparently 
jump between documents on the same computer or on a computer located at the other end of the world – 
hence the label, World Wide Web”. 
7 Idem ibidem p. 05. 
 4 
conclusão do contrato, o adquirente tem a oportunidade de ler as cláusulas contratuais e 
manifestar sua total adesão ou não. Esta manifestação de vontade é exteriorizada através de 
cliques sucessivos em caixas de diálogo apresentadas na tela do computador (“click-
wrap”). 
Esta técnica contratual é aceita com maior facilidade pela doutrina e 
jurisprudência anglo-saxã, porque o consentimento é manifestado após a possibilidade de 
ler o contrato. 
No entanto, a sociedade de informação pós-moderna busca, constantemente, 
a aceleração do tempo. Em outras palavras, na rede mundial de computadores, tudo deve 
acontecer muito rápido, sob pena de espantar os interessados. Neste contexto, insere-se 
uma nova prática contratual, em que o adquirente acessa a página na internet do fornecedor, 
vinculando-se aos termos e condições de uso fixadas discretamente em um hiperlink no 
canto inferior do site (“browse-wrap”). 
Diferentemente das figuras anteriores, esta técnica caiu em descrença, pois 
o fornecedor nem ao menos dá conhecimento da existência dos termos de forma clara e de 
fácil constatação, o que inviabiliza a real convergência das declarações de vontade 
(“meeting of the minds”). Esta constatação, feita pelos tribunais e doutrinadores norte-
americanos e canadenses, acabou por enfraquecer o uso desta técnica contratual, tendo em 
vista o grande risco de o fornecedor sofrer a invalidação dos termos. 
Todas estas siglas designativas de diversas expressões demonstram a grande 
dificuldade em compreender as novas tecnologias e seu funcionamento. Inclusive, Ricardo 
Luis Lorenzetti8 critica que as inúmeras obras que versam sobre o tema direito e internet, 
que tratam as novas tecnologias e a globalização de maneira mistificada. Neste sentido, 
este trabalho é o resultado de anos de pesquisas, realizado com o intento de aproximar a 
sociedade brasileira de discussões e temas polêmicos, porém já consolidados na doutrina e 
jurisprudência norte-americana e canadense. 
Assim, é fundamental que este trabalho trate, preliminarmente, do impacto 
das novas tecnologias no direito e nos tribunais, os efeitos da globalização, a produção 
legislativa sobre o tema em vários países, a adequação do direito dos contratos a esta nova 
tecnologia, a dúvida acerca da lei aplicável e jurisdição competente para dirimir eventuais 
litígios decorrentes do comércio eletrônico e os direitos dos consumidores em face a este 
 
8 Comércio Eletrônico. Op. cit., p. 23. 
 5 
novel instrumento negocial, para que os desmistificando, a sociedade possa entender os 
fatos sociais da sociedade da informação pós-moderna. 
 
 
II. Do título 
 
Originariamente, esta tese teve como ênfase a influência das novas 
tecnologias nos meios de formação dos contratos (momento e lugar de formação dos 
contratos telemáticos). 
Nesta linha de pesquisa, deparou-se com um tema problemático e que tem 
chamado a atenção dos juristas, acadêmicos, do Judiciário e Legislativo dos países da 
Comunidade Européia, dos Estados Unidos e do Canadá: os contratos de adesão 
eletrônicos nas seguintes modalidades: as licenças do tipo “shrink-wrap”, os contratos na 
modalidade “click-wrap” e, mais recentemente, os termos e condições que regulamentam o 
acesso à determinada página na internet, denominados “browse-wrap”. 
Estas técnicas contratuais obrigaram a comunidade jurídica a repensar os 
critérios para a existência de um contrato, isto é, o consentimento expresso ou tácito 
(decorrente da análise de condutas sociais típicas); a validade deste contrato, bem como 
sua eficácia (“enforceability”). 
Portanto, o título extenso desta tese pretendeuser auto-explicativo, tendo 
em vista a utilização das expressões em inglês, pois sua tradução implica em abalo de seu 
significado. 
Destarte, o título indica a investigação de três práticas comerciais 
telemáticas, a saber: dois contratos de adesão (“shrink-wrap”) e (“click-wrap”); e os 
termos e condições de uso (“browse-wrap”), cuja natureza jurídica é muito discutida. 
As expressões, validade e obrigatoriedade, por sua vez, indicam que o estudo destas 
práticas contratuais recai na formação do vínculo entre as partes; ou seja, as hipóteses de 
validade, tendo em vista a manifestação do consentimento livre e consciente pelos 
contratantes e os seus efeitos obrigacionais. 
Esta discussão compreende a análise de algumas cláusulas contratuais, 
notadamente, a cláusula de eleição de foro, a cláusula compromissória e a cláusula de 
escolha da lei aplicável, para contextualizar às novas tecnologias, determinando as 
hipóteses em que são consideradas abusivas. 
 6 
No desenvolvimento desta pesquisa, tomou-se por base o sistema do 
Common Law, em especial, o Canadá (Commonwealth), cuja farta jurisprudência e 
doutrina a respeito oferecem plenos subsídios ao estudo desta matéria. Por isso, o subtítulo 
desta tese evidencia que o método de análise é o comparativo entre o direito contratual 
canadense e o brasileiro. 
Tendo em vista o fato de os tribunais utilizarem os precedentes norte-
americanos como argumento de autoridade, foi necessário estender a análise a julgados e, 
também, a doutrina norte-americana. 
 
 
III. Do plano de desenvolvimento sistemático 
 
Preliminarmente, ressaltam-se, nesta tese, alguns pontos importantes para a 
compreensão do tema (Notas Introdutórias), destacando-se o impacto das novas 
tecnologias no direito e nos tribunais. Além disso, o fenômeno da globalização é analisado 
como justificativa para a análise comparativa do comércio eletrônico. Nestes 
esclarecimentos prévios, trata-se, também, da influência da língua inglesa na era digital, 
tendo em vista a própria origem norte-americana da internet. E, por isso, é necessária a 
explicação dos termos e expressões inglesas utilizados no decorrer deste trabalho. 
Além destas questões preliminares, outros temas relevantes foram 
evidenciados, a saber: a análise da Cibernética, do Software Livre, da base de dados 
disponibilizadas online, da influência do direito autoral e das políticas públicas sobre a 
disponibilização da cultura, do conhecimento e da informação na rede mundial de 
computador. 
Constataram alguns fenômenos ou desafios de desconstrução da segurança 
jurídica, tais como: a despersonalização, desmaterialização, “desterritorialização”, 
desregulamentação e atemporalidade; para desenvolver o raciocínio dialético sobre a 
maneira pela qual o direito enfrenta tais obstáculos. Neste contexto, inserem-se os 
fenômenos ou desafios de reconstrução, quais sejam: as técnicas de individualização e 
identificação pessoal, a caracterização dos produtos e serviços imateriais, a ficção legal de 
fronteiras na era digital e a necessária intervenção estatal para regular o comércio 
eletrônico junto à proteção do consumidor (Capítulo 1). 
 7 
Em seguida, investigam-se as principais diretrizes e recomendações 
legislativas supranacionais sobre comércio eletrônico (Supcapítulo 1.3) e a adoção destes 
diplomas por países europeus, latino-americanos, da América do Norte, da Ásia e Oceania 
(Supcapítulo 1.4), para demonstrar a busca pela uniformização das leis que regulam o 
comércio eletrônico. 
Quanto à contratação eletrônica, constata-se que a aplicação dos princípios 
contratuais tradicionais e sociais a esta nova realidade é conseqüência lógica do sistema 
(Capítulo 2). E, enquanto não se promulga uma lei específica sobre comércio eletrônico, 
estes princípios servem de fundamento ao intérprete. Além destes princípios, destacaram-
se outros específicos sobre comércio eletrônico, em que se ressalta o princípio da liberdade 
de expressão, proteção da privacidade, da liberdade de informação e autodeterminação 
individual além do princípio da confiança. 
Este estudo irradia seus efeitos na aplicação das normas contratuais sobre a 
formação, validade e obrigatoriedade do contrato. Por isso, no Capítulo 3, apresenta-se um 
estudo comparado entre Brasil e Canadá, para demonstrar as semelhanças e diferenças 
destes sistemas, fundamentando a influência dos julgados e doutrinas sobre contrato 
telemático norte-americano e canadense no Direito pátrio. Neste ponto, investigam-se as 
regras sobre proposta, oferta ao público, publicidade, convite a fazer oferta, aceitação, 
formação do contrato, bem como seu momento e local, as regras sobre as cláusulas 
abusivas, linguagem e interpretação contratual. 
O método comparativo é empregado para demonstrar que, devido ao alto 
nível de globalização, há muitas semelhanças entre o sistema do Common Law e do Civil 
Law. Além disso, a doutrina e jurisprudência norte-americana e canadense sobre comércio 
eletrônico são fartas e consolidadas. Por isso, no Capítulo 4 desta tese, dá-se muita ênfase à 
doutrina e jurisprudência anglo-saxã, tornando imprescindível a análise comparativa deste 
sistema. 
As questões mais interessantes sobre comércio eletrônico estão delineadas 
no Capítulo 4, onde se analisam as características do comércio eletrônico para indicar a 
definição de contrato eletrônico, marcado pela contratação à distância, em que os 
contratantes utilizam a internet como meio de comunicação. 
Neste ponto, explica-se a questão terminológica, evidenciando que 
“contrato eletrônico” é o gênero, subdividindo-se em duas espécies, a saber: o contrato 
informático (subcapítulo 4.1.1) e contrato telemático (subcapítulo 4.1.2). Sendo que o 
 8 
objeto de análise desta pesquisa é o contrato telemático, em que as partes utilizam o 
computador e a internet para manifestar seu consentimento. 
As formas de consentir na internet têm chamado a atenção dos acadêmicos, 
devendo-se distinguir dentre o gênero (“consentimento eletrônico”), o consentimento 
automatizado que é exteriorizado por um programa de computador previamente formatado 
pela parte para realizar negócios jurídicos telemáticos, em seu nome e por sua conta, 
conhecido por “agentes eletrônicos” (subcapítulo 4.2.1). 
Ainda com relação ao consentimento eletrônico, ressaltam-se os vícios do 
consentimento, notadamente o erro durante a contratação telemática, analisando diversos 
julgados brasileiros, que já pacificaram o entendimento que o erro na indicação de preço 
por falha técnica (informática) deve ser considerado invalidante, quando o preço que 
aparece na tela do computador for irrisório (distinguindo-se preço vil e irrisório). 
A análise da contratação telemática requer um estudo sobre a oferta e aceitação realizadas 
por meio eletrônico (subcapítulo 4.3), em que sobressai o questionamento acerca da 
natureza jurídica da página na internet (subcapítulo 4.3.1). 
Devido à velocidade das transações eletrônicas, em que o envio de uma 
mensagem torna-se cada vez mais imediato, a possibilidade de retratação dificulta-se cada 
vez mais, merecendo um estudo sobre o tema para dar completude à investigação acerca da 
oferta e aceitação eletrônicas (subcapítulo 4.3.2). 
Outra tormentosa polêmica em torno do contrato telemático é a fixação do 
momento e local da celebração do contrato, o que implica na competência do juízo quando 
algum litígio surgir. Isto se deve ao fato de que a internet, desconhecendo limites 
geográficos, possibilita a livre circulação de informação e dos bens imateriais. Assim, a 
possibilidade de atingir o mercado de consumo ilimitadamente é um dos atrativos que 
estimula o fornecedor a ter uma página na internet (subcapítulo 4.4). 
Quanto à prova do contrato, destacam-se os temas sobre a assinatura 
eletrônica, as tecnologias empregadas (criptografia assimétrica), as autoridades 
certificadoras e os requisitos legaispara atribuir validade jurídica ao documento eletrônico. 
Finalmente, parte-se para a análise dos contratos de adesão eletrônicos, “shrink-wrap” e 
“click-wrap” (subcapítulo 4.7), cujo estudo é fundamentado na doutrina e construção 
jurisprudencial norte-americana e canadense. Além destes contratos, é importante 
distingui-los do “browse-wrap”, termos e condições fixadas discretamente no canto 
inferior da página na internet, pretendendo vincular qualquer pessoa que tão-somente 
acesse o site. 
 9 
Através da análise dos julgados e doutrina norte-americana e canadense, 
desenvolve-se o conceito destas figuras, analisam a maneira de consentir em cada uma 
delas, para então, justificar a validade ou invalidade de cada uma destas práticas 
comerciais eletrônicas. 
A análise casuística do “shrink-wrap”, “click-wrap” e “browse-wrap” 
demonstra que o ponto conflituoso é justamente a validade ou não da cláusula de eleição 
de foro, a cláusula compromissória e a cláusula de escolha da lei aplicável, consideradas 
em determinadas circunstâncias abusivas. A abusividade destas cláusulas ocorre, 
principalmente, nos contratos de adesão, cuja imposição é feita pelo estipulante sem deixar 
margens à discussão do aderente, que, muitas vezes, nem chega ter o conhecimento destas 
cláusulas, verificando falha no cumprimento do dever de informar do estipulante. 
Na verdade, a determinação do foro competente e da lei aplicável é muito 
comum no comércio eletrônico, pois diminui os riscos da parte vir a se submeter ao 
julgamento das mais diversas localidades. Além destas, a cláusula compromissória já foi 
muito utilizada, porque representa a maior celeridade no julgamento dos litígios. Hoje esta 
estipulação caiu em desuso devido à nulidade desta cláusula determinada em quase todas 
as legislações internacionais. 
Portanto, não se pode deixar de tratar, ainda que sucintamente, sobre a 
dúvida acerca da lei aplicável e jurisdição na era digital (Capítulo 5). Neste tema, destaca-
se a evolução dos critérios aplicados pelos tribunais norte-americanos, indicando a 
tendência clara de fixar a lei e jurisdição do país em que se encontre o público alvo. 
Semelhantemente, os tratados internacionais e o direito comunitário fixaram a regra do 
domicílio do consumidor. 
Em seguida, o Capítulo 6 dá ênfase à proteção do consumidor nas tratativas 
realizadas online, questionando-se a adequação das normas do Código de Defesa do 
Consumidor brasileiro. 
Por fim, sugere-se a adoção de uma lei específica brasileira conjuntamente 
com algumas necessárias mudanças no Código Civil, no Código de Processo Civil e no 
Código de Defesa do Consumidor (Capítulo 7). 
 10 
NOTAS INTRODUTÓRIAS 
 
 
“A globalização, como ultrapassagem pelos meios técnicos das fronteiras 
clássicas, fora já sentida na radiodifusão, particularmente por satélite. 
Mas hoje vai-se muito além.” 
 
ASCENSÃO, José Oliveira. Estudos sobre Direito da Internet e da 
Sociedade da Informação. Coimbra: Almedina, 2001. p. 131. 
 
 
I - O impacto das novas tecnologias no Direito e nos tribunais 
 
O Direito não é algo estático; antes, como uma ciência social aplicada, sofre 
constantes alterações, tendo em vista os elementos históricos, espaciais, econômicos, 
científicos e culturais de uma determinada sociedade, em determinada época.1 
É inegável o impacto das novas tecnologias no mundo jurídico, pois elas 
influenciam a forma pela qual se cria, interpreta-se e se aplica o Direito. Neste sentido, a 
doutrina esclarece que “[e]m um mundo onde as fronteiras jurídicas são freqüentemente 
definidas por fronteiras físicas, os tribunais estão enfrentando desafios ao aplicar as normas 
tradicionais às novas tecnologias, repletas de especificidades.”2 
A solução pode estar na adaptação das leis tradicionais já existentes à nova 
realidade tecnológica, na mera modificação das mesmas para adequá-las às especificidades 
deste novo meio de comunicação (e. g., a internet) ou na elaboração de leis específicas 
sobre o tema. 
A primeira solução não é a mais adequada, devido às insuficiências e 
deficiências das leis tradicionais incapazes de abarcar toda a casuística decorrente do 
 
1 O dinamismo jurídico é ressaltado pela doutrina norte-americana, que afirma que o Direito não é um corpo 
estático composto de regras inflexíveis e tradições rígidas. KIDD Jr., Donnie L.; DAUGHTREY Jr., William 
H. Adapting contract law to accommodate electronic contracts: overview and suggestions. In: Rutgers 
Computer and Technology Law Review, vol. 26, p. 215 – 280, 2000. No mesmo sentido: BIANCA BITTAR, 
Eduardo Carlos. Linguagem jurídica. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 59: “De fato, o ‘Direito’ figura como 
sendo esse fenômeno de difícil apreensão, dinâmico ab origine, mutante, prenhe de práticas e sistemicamente 
estruturado”. 
2 “In a world where legal boundaries are often defined by physical ones, courts are increasingly faced with 
the challenge of applying traditional rules to new and unique Technologies”. [tradução livre] 
ANGELOPOULOS, Tracey. Pavlovich v. Superior Court: Spinning a World Wide Web for California 
Personal Jurisdiction. In: San Diego Law Review, vol. 39, n. 3, p. 1019 – 1032, verão 2002. (versão 
eletrônica, sem paginação) 
 11 
comércio eletrônico. A segunda e terceira, por sua vez, são preferíveis; mas não de forma 
excludente, isto é, não a ponto de excluir a aplicação das leis tradicionais, mas, tão-
somente, para regulamentar algumas especificidades, como, por exemplo, a assinatura 
eletrônica, a validade dos contratos realizados por meios eletrônicos, etc. 3 
Quanto à elaboração de leis específicas, estas aumentam em nível mundial a 
fim de regulamentar o comércio eletrônico. O marco para tanto é a Lei Modelo CNUDMI, 
cuja transposição foi feita por diversos países.4 Ressaltem-se, ainda, as modificações das 
legislações vigentes para inserir as fattispeci relacionadas à nova realidade tecnológica 
como, por exemplo, a alteração no Código Penal brasileiro para incluir crimes praticados 
por meio da internet; por exemplo, o art. 313-B.5 
Em alguns países, como o Canadá, por exemplo, tais alterações aconteceram 
muito rápido. Em 2001, o Governo Federal propôs alterações ao Código Penal (“Criminal 
Code”). O projeto de reforma denominado “C-15a”, que entrou em vigor na primavera de 
2002, inclui tipos penais relacionados à veiculação de pornografia infantil pela internet. 
Um destes crimes tipificados é o crime de “Acessar Pornografia Infantil” (“Accessing child 
pornography”) acrescentado pela subseção 4.1.6 Além disso, acrescentou-se, à seção 164, 
a subseção 164.17 (“Warrant of seizure”), autorizando, mediante prévia ordem judicial, a 
 
3 KIDD Jr., Donnie L.; DAUGHTREY Jr., William H. Adapting contract law to accommodate electronic 
contracts…, op. cit. (versão eletrônica) 
4 Austrália (1999), China (2004), Colômbia (1999), República Dominicana (2002), Equador (2002), França 
(2000), Índia (2000), Irlanda (2000), Jordão (2001), México (2000), Nova Zelândia (2002), Paquistão (2002), 
Panamá (2001), Filipinas (2000), Republica da Korea (1999), Singapura (1998), África do Sul (2002), 
Tailândia (2002), Venezuela (2001), em muitos Estados Norte-Americanos (1999), nas províncias e nos 
territórios Canadenses (1999) e Vietnã (2005). Status of 1996 - UNCITRAL Model Law on Electronic 
Commerce. Disponível em: < 
http://www.uncitral.org/uncitral/en/uncitral_texts/electronic_commerce/1996Model.html>. Acesso em 23 de 
maio de 2007. 
5 “Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações. Art. 313-B. Modificar ou alterar, o 
funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de 
autoridade competente: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.” Caput acrescentado pela 
Lei n.º 9.983, de 14 de julho de 2000.

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