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AVALIAÇÃO_ÁGUA E AMINOACIDOS

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PROVA 1 da 1ª AVALIAÇÃO
BIOQUÍMICA CELULAR E MOLECULAR 
1. Calcule o pH e o pOH de uma solução aquosa de ácido acético a 0,001 M.
Como o CH₃COOH é um ácido fraco ele se encontra parcialmente dissociado numa solução diluída.
Dessa forma, quando dissolvido em água, a maior parte do ácido permanece em sua forma molecular, e só uma pequena parte se ioniza para gerar os íons H+ e acetatos (CH3COO-). A equação de ionização do ácido acético é mostrada abaixo.
Cada mol de CH₃COOH se ioniza dando 1 íons de H+ então:
[H+] = 1 x 0,001 = 1 x 10-3 M
Se, pois, [H+] . [HO-] = 1 x 10-14
[HO-] = (1 x 10-14) / (1 x 10-3) = 1 x 10-11 M
pH = -log [H+]
pH = -log 1 x 10-11
pH = 11
Como pH + pOH = 14
pOH = 14 – 11 = 3
2. Comente a solubilidade das moléculas anfipáticas e como estas interagem em ambiente aquoso para formar membranas biológicas. Em sua resposta explique a contribuição da entropia ao efeito hidrofóbico. Explique também como a geometria das moléculas anfipáticas direcionam a formação de micelas e bicamadas lipídicas. 
A membrana plasmática, assim como as demais membranas biológicas, é constituída basicamente por lipídios, proteínas e carboidratos.  pode-se dizer, de um modo geral, que a membrana plasmática apresenta uma composição predominantemente lipoprotéica. Existem diversos tipos de lipídios associados a membranas, mas todos eles têm um ponto em comum: são anfipáticos, ou seja, possuem porções hidrofílicas (polares), com afinidade por moléculas de água, e hidrofóbicas (apolares), sem afinidade pela água, na mesma molécula lipídica. A maioria dos lipídios de membrana contém grupos fosfato, sendo por isso deno minados de fosfolipídios. Grande parte dos fosfolipídios, como a fosfatidilcolina, são fosfoglicerídios, derivados do glicerol.
Os lipídios de membrana, graças às suas propriedades anfipáticas, tendem a se associar, em meio aquoso, na forma de uma dupla camada: as porções hidrofóbicas das moléculas lipídicas de cada uma das camadas ficam voltadas para o interior, em íntima interação, enquanto as extremidades hidrofílicas permanecem voltadas para fora, expostas ao meio aquoso. Assim, quando colocados em meio aquoso, os lipídios anfipáticos formam esferas em bicamada ou, eventualmente, se arranjam em pequenas micelas, de forma espontânea. Assim, a bicamada lipídica constitui o arcabouço estrutural básico não só da membrana plasmática como de qualquer membrana biológica. Devido ao seu interior hidrofóbico, forma uma barreira altamente impermeável à passagem de íons e da maioria das moléculas hidrofílicas
Interações hidrofóbicas nessas moléculas, como por exemplo entre os lipídios são importantes para determinar a estrutura de membranas biológicas, entre aminoácidos apolares por exemplo, estabilizam a estrutura tridimensional de proteínas. Ácidos graxos de cadeia longa possuem um grupamento alquila extremamente hidrofóbicos, o qual é envolto por uma camada de moléculas de água altamente ordenadas, devido a formação das micelas, as moléculas de ácido graxo expõe a menor área superficial possível na água, e menos moléculas de água são necessárias na camada de água ordenada. Isso resulta na energia ganha pela liberação das moléculas de água até então imobilizadas estabiliza a molécula. As forças que mantém as regiões apolares unidas são chamadas de interações hidrofóbicas, a força dessas interações não é decorrente de nenhuma atração intrínseca entre partes apolares, é o resultado da maior estabilidade termodinâmica que o sistema atinge pela minimização do número de moléculas de água requeridas para envolver as porções hidrofóbicas das moléculas de soluto.
3. Descreva as interações fracas possíveis nos sistemas biológicos.
Van der Waals – quando dois átomos não carregados são colocados bem próximos um do outro, as nuvens eletrônicas influenciam uma da outra. À medida que as nuvens eletrônicas se aproximam uma começa a repelir a outra, nesse ponto que atração máxima se diz que o núcleo está em contato de van der Waals. Cada átomo tem um raio de contato característica. 
Ligações de hidrogênio – O núcleo do átomo de oxigênio atrai elétrons de maneira mais forte que o núcleo do hidrogênio, indicando que os elétrons compartilhados estão mais na ‘’vizinhança’’ do oxigênio que do hidrogênio. Esse compartilhamento desigual tem como resultado a formação de dois dipolos elétricos na molécula de água, resultando em uma atração eletrostática entre o oxigênio de uma molécula de água e o hidrogênio de outra molécula de água, o que é denominado de ligação de hidrogênio.
Interações hidrofóbicas - a força dessas interações não é decorrente de nenhuma atração intrínseca entre partes apolares, é o resultado da maior estabilidade termodinâmica que o sistema atinge pela minimização do número de moléculas de água requeridas para envolver as porções hidrofóbicas das moléculas de soluto.
4. Com relação aos efeitos da overdose aguda por aspirina sobre o sistema tampão bicarbonato do sague responda:
a) Como a overdose por aspirina reduz a concentração do íon bicarbonato no sangue?
Os salicilatos reduzem a respiração celular pela separação da fosforilação oxidativa. Estimulam os centros respiratórios na medula, produzindo alcalose respiratória primária, também produzem de forma simultânea e independentemente acidose metabólica em mitocôndrias nas células afetadas. Em tecidos pulmonares um processo especifico acontece, no interior das hemácias os íons H+ se combinam ao bicarbonato, reconstituindo o ácido carbônico. Este por ação da enzima anidrase carbônica, é, então, decomposto em gás carbônico e água. Sendo assim os íons bicarbonato são consumidos durante a reação de formação de CO2 diminuindo a sua concentração sanguínea. 
b) Porque há um aumento da concentração de O2 dissolvido e uma redução na concentração de CO2 dissolvido?
A maior parte do gás carbônico liberado pelos tecidos (cerca de 70%) penetra nas hemácias e é transformado, por ação da enzima anidrase carbônica, em ácido carbônico, que posteriormente se dissocia nos íons H+ e bicarbonato.
Os íons H+ se associam as moléculas de hemoglobina e de outras proteínas, enquanto os íons bicarbonato se difundem para o plasma sanguíneo, onde auxiliam na manutenção do grau de acidez do sangue. Isso leva ao aumento do pH sanguíneo que está diretamente ligado a concentração de CO2 sanguínea. Quanto maiores os valores de pH sanguíneo dentro da faixa de variação e sabendo que a hiperventilação aumenta ventilação dos alvéolos pulmonares, e esse por sua vez eleva à perda de gás carbônico, sua concentração sanguínea é reduzida, devido a troca gasosa nos alvéolos pulmonares. 
c) Explique como a lavagem gástrica com solução de pH 8,5 diminui a absorção de aspirina.
O tratamento de alterações ácido-básicas nos pacientes com intoxicação por salicilato são importantes para readequar as concentrações de CO2 e O2. O pH 8,5, na lavagem estomacal é extremamente necessário, isso porque o pH do ac. Salicílico está praticamente todo na forma desprotonado, apresentando carga negativa, pois perdeu prótons. Isto é importante pois o ácido salicílico ele só consegue atravessar membrana do estomago para ser absorvido quando não apresenta cargas (forma protonada), então se continuar com o pH estomacal igual a 2, a aspirina continuará sendo absorvida pelo corpo, e a pessoa irá pioraria o quadro de alcalose respiratória, dessa forma utilizar um pH alcalino irá parar a absorção da aspirina e consequentemente reduzir o quadro de hiperventilação e alcalose sanguínea. 
5. Observe a figura abaixo
 A B
A figura acima ilustra o aminoácido ALANINA. Sabendo que no pH isoelétrico (pI) de uma curva de titulação o aminoácido não possui carga líquida, explique porque a alanina se encontra na forma A (Zwiteriônica) e não na forma B (descarregada) visto que ambas as estruturas possuem carga líquida igual a “ZERO”.
A alanina é um dos aminoácidos que formam as proteínas nos seres vivos. Pode ser classificada como um aminoácido alifático,possuindo apenas o radical metil como cadeia lateral, hidrofóbico e ácido di-prótico que pode sofrer duas reações de dissociação, sendo a primeira dada a estrutura parcial-mente protonada (ou zwitteriônica), nessa forma seu comportamento funciona como ácidos e bases fracos. Durante uma curva de titulação a forma B é a forma inicial da titulação, isso porque não apresenta a formação de cargas e nem a perda de elétrons, já na forma A há apresentação de cargas no conjunto do aminoácido, ou seja tanto suas cadeias laterais quanto o grupo amina e carboxílico, apresentam cargas positivas e negativas, essa apresentação dentro da curva somente é vista ao final dela, ocasionada durante a a titulação utilizando reagentes básicos.
6. Algumas moléculas são opticamente ativas, ou seja, capazes de girar o plano da luz polarizada para a esquerda ou para a direita. Os aminoácidos possuem esta propriedade? Comente.
Sim aminoácidos possuem essa característica, isso porque em sua estrutura apresentam as mesmas características que um composto opticos ativos, ou seja, a presença de um carbono quiral (com exceção da glicina que possui somente dois prótons no carbono alfa). Assim esse composto orgânico apresenta obrigatoriamente moléculas dextrogiras e levogiras, as quais são determinadas pela fórmula proposta por Van’t Hoff.
A configuração absoluta do átomo de carbono alfa dos aminoácidos é indicada através dos prefixos D- e L-. Os aminoácidos das proteínas possuem todos a configuração L.
Isómeros D- e L- de amioácidos.
7. 100 mL de uma solução de glicina pH = 1,72 foi titulada com uma solução de NaOH 2 M. O pH foi monitorado e os resultados foram plotados em um gráfico como mostrado abaixo:
Os pontos chaves da titulação foram marcados de I a V. Para cada afirmativa identifique o ponto chave da titulação.
a) A glicina está presente principalmente na forma +H3N-CH2-COOH;
 No ponto I a glicina está com pH mais ácido, marcando o início da curva e o grupo amina encontra-se protonado. 
b) A carga média da glicina é +1/2; 
No ponto ll 
c) Metade do grupo amino foi titulado; 
O ponto número lV 
d) O pH = pKa do grupo carboxila;
No ponto lll 
e) O pH = pKa do grupo amino;
No ponto correspondente é lV.
f) A glicina tem a máxima capacidade tamponante;
No ponto ll 
g) A carga média da glicina é ZERO;
No ponto lll 
h) O grupo carboxila foi completamente titulado;
No ponto lll
i) A glicina está completamente titulada; 
No ponto V
j) A espécie predominante é +H3N-CH2-COO-
No ponto lll
k) A carga média da glicina é -1;
Ponto lll 
l) A glicina está presente como uma mistura 50:50 de +H3N-CH2-COOH e +H3N-CH2-COO-
Ponto ll
m) O ponto isoelétrico;
Ponto lll
n) O ponto final da titulação;
Ponto V 
o) A região de pior poder tamponante.
O pH é igual a 5,97, uma unidade para baixo ou uma unidade para cima é uma região de ótimo tamponamento, ao contrário é classificado como uma região de pior tamponamento.
Desafios
1. Calcule o pH de uma solução de KOH 2 × 10-8 M.
Dica: observe que a concentração de base adicionada (hidroxilas) é menor do que a concentração de ânions hidroxila na água pura, de modo que esta não poderá ser ignorada.
O KOH dissocia 100%, da mesma forma que o NaOH: KOH ⎯→ K+ + HO−; sua concentração é baixa (2 × 10−8), quase uma ordem de grandeza abaixo da concentração de H+ e HO− na água pura (10−7 M). O produto iônico da água terá que ser mantido, isto é Kw = [H+][HO−] = 10−14. Vamos imaginar duas situações: a) a hora exata da adição de KOH e b) a situação final de equilíbrio: 
	(a)
	(b)
	
[H+] = 10−7 M
[HO−] = 1,2 × 10−7 M
	
[H+] = (10−7 − x) M
[HO−] = (1,2 × 10−7 − x) M
Certa quantidade x de HO− irá associar-se com prótons para manter o valor de Kw:
Kw = (10−7 − x)( 1,2 × 10−7 − x) = 10−14
Ou seja: x2 − (2,2 × 10−7)x + (1,2 × 10−14) = 10−14 
x2 − (2,2 × 10−7)x + (0,2 × 10−14) = 0
A solução da equação de segundo grau: 
Substituindo: 
x tem que ser menor que 1 × 10−7; portanto, apenas a raiz calculada com o sinal negativo do segundo termo tem significado. 
Agora, a concentração de prótons será:
[H+] = 1 × 10−7 − x = 1 × 10−7 − 0,095 × 10−7 = 0,905 × 10−7 M
Portanto, pH = −log(0,905 × 10−7) = 7,043, levemente alcalino 
A concentração de íons hidroxila
[HO−] = 1,2 × 10−7 − 0,095 × 10−7 = 1,105 × 10−7 M
2. Deficiência de anidrase carbônica II
Conceito de foco
O papel da enzima anidrase carbônica na formação do tecido ósseo normal é examinado.
Pré-requisitos
O sistema de tamponamento do sangue com ácido carbônico/bicarbonato.
Proteínas de transporte de membrana
Estrutura de aminoácidos
Contextualização
Neste caso, consideraremos nossas pacientes: três irmãs, com idades entre 21, 24 e 29 anos, baixas e obesas. (Há uma quarta irmã na família que parece normal, pois ela é mais alta do que as outras três irmãs. Os pais também parecem normais.) Quando crianças, os sintomas das três irmãs eram semelhantes - retardo mental e físico desenvolvimento, fraqueza muscular e acidose tubular renal. Elas frequentemente sofreram fraturas ósseas quando crianças. As radiografias mostraram calcificação cerebral e outras anormalidades esqueléticas. Depois de revisar o histórico médico das irmãs, você coleta amostras de sangue e as envia ao laboratório para análise. O laboratório informa que todos os seus pacientes têm deficiência de anidrase carbônica II.
Existem sete isoenzimas da anidrase carbônica (CA), três das quais ocorrem em humanos e são designadas CA I, II e III. Todas são metaloenzimas monoméricas de zinco e têm pesos moleculares de 29 quilodaltons. Os dados cristalográficos de raios-X mostram que a enzima é aproximadamente esférica com o sítio ativo localizado em uma fenda cônica. Um lado dessa fenda é forrado com resíduos de aminoácidos hidrofóbicos, enquanto o outro lado é forrado com resíduos hidrofílicos. O íon zinco está localizado na parte inferior da fenda e é covalentemente ligado aos anéis de imidazol de três resíduos de histidina.
A isoenzima anidrase II carbônica é encontrada nos ossos, rins e cérebro, razão pela qual os defeitos ocorrem nesses tecidos quando a enzima é deficiente ou não funcional. A enzima anidrase carbônica II é altamente ativa, com uma das maiores taxas de renovação de qualquer enzima conhecida, e é crítica para manter o equilíbrio ácido-base adequado.
Questões
a) A anidrase carbônica catalisa a reação entre a água e o dióxido de carbono para produzir ácido carbônico. O ácido carbônico então sofre dissociação. Escreva as duas equações que descrevem esses processos. Que produtos se formam quando o ácido carbônico é dissociado?
A dissociação do ácido carbônico forma íons hidrogênio (H+) e íons carbonato (CO3-2). O ácido carbônico é formado quando o dióxido de carbono entra na corrente sanguínea e se combina com água, e ele é a principal forma na qual o dióxido de carbono viaja no sangue entre os músculos (onde ele é gerado) e os pulmões (onde é convertido em água e CO2, que é liberado como um produto residual).
b) Uma análise genética de um dos genes da irmã indica que uma mutação (His → Tyr) no aminoácido 107 é responsável pela deficiência de anidrase carbônica. Usando o que você sabe sobre a estrutura dos aminoácidos, proponha uma hipótese que possa explicar por que tal mutação resultaria em uma enzima inativa.
Levando em consideração a estrutura da histidina (his), observa-se que o seu grupo R é categorizado como grupamento R polar carregado positivamente (básicos) e dentre os aminoácidos nesta categoria encontra-se a Lisina, arginina, isso porque todos possuem grupamento R de 6 carbonos e a carga positiva localiza-se em um átomo de nitrogênio do R. Já a tirosina (Tyr), classificada como um grupo R- aromático, apresentando na sua cadeia lateral um anel aromático, e neste tipo de aminoácido é com cadeia lateral e sem carga. Sabendo que o que difere um aminoácido é a sua cadeia lateral, vemos que após a mutação do aminoácido a estrutura deste é modificada, perdendo sua função inicial, e como enzimas são formadas por proteínas que “encaixam”no sistema chave e fechadura, não haveria o encaixe adequado desta nova proteína, podendo deixar a enzima inativa, ou seja, sem funcionamento pois não apresenta o substrato necessário. 
c) Os osteoclastos no tecido ósseo são particularmente ricos em anidrase carbônica II, e uma enzima com funcionamento adequado é crítica para o desenvolvimento de um tecido saudável. Para que ocorra o desenvolvimento ósseo adequado, o osteoclasto deve acidificar o compartimento de reabsorção óssea. Também estão envolvidos nesta acidificação vários transportadores: um trocador Na+/H+, um trocador Cl-/HCO3- e a Na+-K+-ATPase, que troca íons Na+ e K+. (Um trocador é uma proteína ou complexo de proteínas localizado na membrana celular que transporta um íon em uma direção e o segundo íon na outra direção simultaneamente.)
Um diagrama parcial do osteoclasto é mostrado na figura 1. Preencha os espaços em branco do diagrama indicando os papéis da anidrase carbônica II e dos trocadores na acidificação do compartimento de reabsorção óssea. Inclua os reagentes e produtos das reações intracelulares apropriadas e observe em que direção cada íon é transportado no osteoclasto.
Figura 1. O papel da anidrase carbônica intracelular II dos osteoclastos no estabelecimento da acidez do compartimento de reabsorção óssea.
O crescimento linear ósseo cessa na fase adulta, o entanto o osso é um tecido dinâmico que sofre contínuo remodelamento, quem controla a reabsorção e degradação é o osteoclasto. Os osteoclastos anexam a sua região periférica a uma parte da matriz de maneora muito semelhante a uma ventosa. A região central do osteoclasto secreta ácido hidroclorídrico com ajuda da anidrase carbônica e da bomba H+ATPase. Os osteoclastos também secretam enzimas proteases que atuam em baixo pH, os íons H+ são importantes para a acidificação da lacuna, sem a qual a reabsorção não será possível. Estes são gerados por enzimas como a anidrase carbónica II (CA2) e transportados para os vacúolos através da ATPase vacuolar (V-ATPase) e de canais de cloro 7 (CIC-7). A ativação do osteoclasto ocorre com a formação do bordo em escova, resultante da fusão de vesículas ácida com a membrana do osteoclasto, originando uma membrana com numerosas invaginações dentro da lacuna de reabsorção. Essas enzimas são liberadas a partir de vesículas intracelulares presentes no osteoclasto, íons hidrogénio (H+) e proteases, como a: catepsina K, a metaloproteinase da matriz 9 (MMP-9) e a fosfatase ácida tartarato-resistente (TRAP). A combinação de ácido + enzimas dissolve a matriz calcificada de hidroxiapatitas e seu suporte de colágeno. O Ca2+ da hidroxiapatita torna-se parte dessa reação de Ca2+ ionizado e pode entrar na circulação. 
A reabsorção óssea ocorre a nível do bordo em escova na membrana apical do osteoclasto, na lacuna de reabsorção, e pode ser dividida em dois processos: a secreção ácida e a proteólise, considerando que esses eventos ocorrem quase que simultaneamente. A reabsorção inicia-se com a secreção ativa de prótons através de uma ATPase vacuolar e por transporte passivo de cloro, por canais de cloro, nomeadamente o CIC-7, que permitem garantir um microambiente ácido o suficiente (pH≈4,5) para que haja a reabsorção óssea. Também a anidrase carbónica II é essencial para a manutenção deste ambiente ácido, visto que, ao catalisar a formação de prótons e bicarbonato a partir de ácido carbónico, irá disponibilizar íons H+ e, indiretamente, Cl-, porque a nível da membrana basolateral o bicarbonato é trocado por cloro via o trocador de ânions. Quando termina a reabsorção, os osteoclastos sofrem apoptose ou iniciam um novo ciclo de reabsorção.
Esquema da ativação de um osteoclasto. As setas representam a direção dos íons de mesma cor. 
AC2= anidrase carbónica II, 
CIC-7 = canal seletivo de íons cloro 7, 
MMPs = metaloproteinases da matriz, 
V-ATPase a3 = subunidade a3 da ATPase vacuolar
 
 
3. A Estrutura da Insulina
Conceitos de foco
A estrutura tridimensional da insulina é examinada e as sequências de várias insulinas animais são comparadas.
Pré-requisitos
Estrutura de aminoácidos
Contextualização
Os diabéticos tipo I não têm a proteína insulina, produzida pelas células pancreáticas das ilhotas de Langerhans. A insulina estimula a captação de glicose do sangue para os tecidos. O diabetes é tratado com a reposição da insulina em falta. A insulina humana é produzida industrialmente por bactérias recombinantes, mas antes que esse método estivesse disponível, a insulina animal foi usada em seu lugar.
A insulina consiste em duas cadeias polipeptídicas, uma cadeia A e uma cadeia B, unidas por ligações dissulfeto. A menor das duas cadeias é conhecida como cadeia A e tem 21 aminoácidos em humanos. A segunda cadeia é conhecida como cadeia B e tem 30 aminoácidos de comprimento em humanos. A insulina de vários animais é semelhante, mas não idêntica à insulina humana, conforme ilustrado na Tabela 1. Um diagrama esquemático da estrutura da insulina é mostrado na Figura 2.
Tabela 1. Variação nas posições A8, A9, A10, B1, B2, B27 e B30 da insulina. (Todos os outros aminoácidos são iguais.)
	Species
	A8
	A9
	A10
	B1
	B2
	B27
	B30
	human
	Thr
	Ser
	Ile
	Phe
	Val
	Thr
	Thr
	cow
	Ala
	Ser
	Val
	Phe
	Val
	Thr
	Ala
	pig
	Thr
	Ser
	Ile
	Phe
	Val
	Thr
	Ala
	horse
	Thr
	Gly
	Ile
	Phe
	Val
	Thr
	Ala
	rabbit
	Thr
	Ser
	Ile
	Phe
	Val
	Thr
	Ser
	dog
	Thr
	Ser
	Ile
	Phe
	Val
	Thr
	Ala
	chicken
	His
	Asn
	Thr
	Ala
	Ala
	Ser
	Ala
	duck
	Glu
	Asn
	Pro
	Ala
	Ala
	Ser
	Thr
 Figura 2: Estrutura da pró-insulina. (Extraído de Voet e Voet, 1995, p. 193.)
Questões
a) Quais animais seriam as melhores fontes de insulina a serem usadas no tratamento de diabéticos? Explique sua resposta.
Todos os animais mamíferos da tabela, vaca, poro, cavalo, rato e cachorro. Todos possuem variações pequenas nos aminoácidos, sendo 1 ou 3 aminoácidos alterados. Mesmo com essas alterações ainda confere ao a insulina características estruturais e funcionais muito semelhantes a insulina humana.
b) Os valores de pI das insulinas animais seriam iguais, maiores ou menores que a insulina humana?
Os valores de pI serão alteradas, se serão maiores ou menores, isso é de acordo com cada espécie de animal. Por exemplo a insulina humana apresenta uma ação inicial rápido e duração mais curta que as insulinas de porco. Esta diferença pode estar relacionada com a natureza mais hidrofóbica da insulina humana, ou as insulinas humanas e de porco podem interagir de modo diferente com a protamina e os cristais de zinco.
c) Algumas pessoas desenvolveram alergia à insulina animal porque seu sistema imunológico reconheceu as proteínas como estranhas. Explique por que o sistema imunológico seria capaz de distinguir a insulina animal da insulina humana.
O corpo é capaz de reconhecer e distinguir determinantes antigênicos específicos, sendo assim a alergia que uma pessoa possa desenvolver com a utilização de insulinas provenientes de outro animal que não seja o humano ocorre porque o sistema imunologia rejeita e reconhece a substância como um organismo invasor e o sistema imulogica “ataca” e elimina essa substância. A rejeição da insulina animal ocorre, quando o receptor reconhece essa proteína como um corpo estranho que adentrou ao organismo. Esse reconhecimento se faz através dos antígenos pertencentes ao sistema de histocompatibilidade principal, designados no homem como antígenos leucocitários humanos (HLA), codifica proteínas de superfície que reconhecem e apresentam antígenos próprios ou externos para o sistema imune adaptativo humano. Os HLAs correspondentes a MHC de classe Ia (A, B e C) presentam peptídeos de antígenos encontrados dentro da célula, como vírus, bactérias e protozoários intracelulares. A reação é muito complexa e envolve a imunidade celular e anticorpos circulantes. A participação desses dois mecanismos varia entre os enxertos, podendo participar um ou outro mecanismo, às vezes os dois. Estudos em humanos e em animais de experimentação demonstraram que ascélulas T são as grandes responsáveis por manifestações de rejeição de órgãos, substância admistradas como medicamentos em tratamento de diversas doenças. 
d) Um gel SDS-PAGE é processado com pró-insulina e insulina. As amostras foram tratadas com β-mercaptoetanol antes da eletroforese. Faça um desenho dos resultados previstos.
e) Foi realizado um experimento de desnaturação/renaturação (semelhante ao realizado por Anfinsen com ribonuclease) com insulina. No entanto, em contraste com os resultados do Anfinsen, apenas menos de 10% da atividade da insulina foi recuperada quando a ureia e o β-mercaptoetanol foram removidos por diálise. (Este é o nível de atividade que você esperaria se as pontes de dissulfeto emparelhadas aleatoriamente.) Em contraste, se o experimento for repetido com pró-insulina, a atividade completa é restaurada após a renaturação. Explique essas observações.
Possivelmente a pro-insulina possui estrutura com maior quantidade de interações fracas, como pontes de hidrogênio e pontes de dissulfeto o que confere característica de desnaturação/renaturação mais resistente a proteína de maneira que não afeta sua atividade, como ocorreu com a utilização da proteína madura. 
a
2
ac
4
b
b
x
2
-
±
-
=
1
2
10
2
,
0
1
4
10
84
,
4
10
2
,
2
x
14
14
7
´
´
´
´
-
´
±
´
=
-
-
-
7
7
7
10
095
,
0
1
2
10
0
,
2
10
2
,
2
-
-
-
´
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´
´
±
´
=
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-
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.
5
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H
 
=
 
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C
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-
 
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+
 
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H
+
 
e
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n
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n
s

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