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MARIA VITORIA DA CONCEIÇÃO ANDRADE Introdução à farmacologia. Farmacologia pode ser definida como a ciência que estuda a ação de substâncias químicas em um organismo vivo. Conceitos básicos Droga: Qualquer substância química pura que promovem alterações maléficas ou benéficas. Medicamento: Droga devidamente preparada para ser utilizada pelo paciente e promover benefícios benéficos. Fármaco: é termo que tem sido usado tanto como sinônimo de droga quanto de medicamento. Na terminologia farmacêutica, fármaco designa uma substância química conhecida e de estrutura química definida dotada de propriedade farmacológica. Remédio: Tudo aquilo que cura, alivia ou evitar enfermidade. Abrange agentes químicos e físicos (chás, massagens, compressas ...). Produto de uso veterinário: foi definido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como “toda substância química, biológica, biotecnológica ou preparação manufaturada cuja administração seja aplicada de forma individual ou coletiva, direta ou misturada com os alimentos, destinada à prevenção, ao diagnóstico, à cura ou ao tratamento das doenças dos animais, incluindo os aditivos, suprimentos promotores, melhoradores da produção animal, medicamentos, vacinas, antissépticos, desinfetantes de uso ambiental ou equipamentos, pesticidas e todos os produtos que, utilizados nos animais ou no seu hábitat, protejam, restaurem ou modifiquem suas funções orgânicas e fisiológicas, bem como os produtos destinados ao embelezamento dos animais” Placebo: É qualquer substância sem propriedades farmacológicas, administrada ao indivíduo como se tivesse propriedades terapêuticas, com o intuito mais de agradar do que beneficiar. Atualmente, esse conceito foi ampliado, sendo empregado para o controle e a comparação da atividade de medicamentos. Nutracêutico: Combinação dos termos “nutrição” e “farmacêutico”, referindo-se a produto nutricional que se alega ter valor terapêutico, além de seu valor nutricional cientificamente comprovado. O alimento nutracêutico é definido como a substância que pode ser considerada um alimento ou parte de um alimento e proporciona benefícios tanto para a manutenção da saúde como também terapêuticos, incluindo prevenção e tratamento de doenças. Divisão da farmacologia: FARMACOLOGIA Farmacodinâmica Farmacologia Clinica Farmacocinética Imunofarmacologia Farmacognosia Farmacotécnica Toxicologia: É uma área do conhecimento muito próxima da Farmacologia; há, inclusive, aqueles que consideram a Toxicologia como parte desta última. Farmacoterapêutica: Se refere ao uso de medicamento para o tratamento das enfermidades, enquanto o termo Terapêutica é mais abrangente, envolvendo não só o uso de medicamentos, como também outros meios (como cirurgia, radiação etc.) para prevenção, tratamento e diagnóstico das enfermidades. Farmacodinâmica: Estuda os mecanismos de ação dos medicamentos. Farmacologia Clinica: Compatibiliza as informações obtidas no laboratório avaliados em animais saudáveis, com aquelas obtidas no animal alvo enfermo. Farmacocinética: Estuda o caminho percorrido pelo medicamento no organismo animal. Farmacognosia: trata de obtenção, identificação e isolamento de princípios ativos, isto é, matérias primas naturais encontradas nos reinos mineral, vegetal ou animal, passíveis de uso terapêutico. Imunofarmacologia: Estuda a ação dos fármacos sobre o sistema imune. Farmacotécnica: Estuda o preparo, a purificação e a conservação dos medicamentos, visando ao melhor aproveitamento dos seus efeitos no organismo. Farmacologia aplicada à medicina veterinária É evidente que uso racional dos medicamentos, que é o objetivo da Farmacologia Aplicada, só pode ser conseguido com o diagnóstico preciso da enfermidade que acomete o animal. Posologia: É o estudo das dosagens do medicamento com fins terapêuticos. Dose: Se refere à quantidade do medicamento necessária para promover a resposta terapêutica. Dosagem: Inclui, além da dose, a frequência de administração e a duração do tratamento. O que é Princípio Ativo? É substancia ativa que está na formula do medicamento e que deverá exercer o efeito desejado para o tratamento do paciente. Efeito adverso: É um efeito individual maléfico, não esperado. Efeito colateral: É o efeito que quando estudos “alguns” pacientes apresentaram, ou seja efeito esperado e que contei na bula do medicamento. Dose Via administrada Frequência Duração. Prescrição de receitas e Normas do MAPA. A prescrição ou receita é uma ordem escrita de próprio punho, com letra legível ou digitado no computador, em vernáculo, feita pelo profissional devidamente habilitado (médico, médico veterinário ou dentista) para a transmissão de instruções ao paciente e/ou farmacêutico; portanto, é um documento e como tal deve ser escrito a tinta (azul ou preta), tendo validade de 30 dias, exceto no caso de prescrição de antimicrobianos, em que a validade é de 10 dias. Existe três categorias de medicamentos 1. Medicamentos Farmacopeicos:(anterior- mente denominados oficinais ou oficiais): são aqueles inscritos na Farmacopeia Brasileira. A escolha dos medicamentos que devem ser incluídos na Farmacopeia é feita considerando-se aqueles que constam da Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais (RENAME) ou da lista da Organização Mundial da Saúde. Ainda, são incluídos os medicamentos de escolha dos programas especiais de saúde e os produtos novos de grande interesse terapêutico. 2. Medicamentos Magistrais: São aqueles preparados na farmácia a partir da prescrição feita por profissional habilitado que estabelece a composição, a forma farmacêutica e a posologia. Portanto, estes medicamentos são de autoria do profissional, que os compõe obedecendo às exigências clínicas de um dado paciente. 3. Especialidades ou especialidades farmacêuticas: São medicamentos fornecidos pela indústria farmacêutica, cujas fórmulas são aprovadas e registradas em órgãos governamentais (Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa – para aqueles de uso na espécie humana ou Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA – para aqueles de uso veterinário), desde que satisfaçam às exigências quanto ao valor terapêutico, ao método de preparação, à originalidade, às vantagens técnicas, à segurança, à estabilidade química etc. Estes medicamentos podem receber um nome comercial dado pelo fabricante e, logo abaixo deste, deve ser colocado o nome do princípio ativo, considerando a Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na ausência desta, a Denominação Comum Internacional (DCI). Medicamento Medicamento de referência : “produto inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no país, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro”. Medicamento similar: “aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca. Medicamento genérico: “medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteçãopatentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela DCB ou, na sua ausência, pela DCI”. Biodisponibilidade: “indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina”. Em farmacocinética, a biodisponibilidade descreve a velocidade e o grau com que uma substância química ou a sua forma molecular terapeuticamente ativa é absorvida a partir de um medicamento e se torna disponível no local de ação. Bioequivalência: “consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio(s) ativo(s), e que tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho experimental”. Composição da Prescrição Cabeçalho Superscrição Inscrição Subscrição Indicação ou instrução Assinatura ou firma profissional. Cabeçalho: Nesta parte são encontrados impressos na porção superior do papel nome completo e categoria profissional (médico, médico veterinário ou dentista), sua especialidade (se for o caso), número de inscrição na respectiva categoria profissional (CRM, CRMV, CRO) e endereço profissional completo; pode ser acrescido, ainda, do número de inscrição no cadastro junto à Receita Federal (CPF ou CGC) e inscrição municipal. Superscrição: Espaço reservado para identificação do paciente (espécie animal, raça, nome do animal, idade), identificação do proprietário e respectivo endereço. Inscrição: Inicia-se com a colocação do modo de administração devidamente grifado e, imediatamente abaixo, o nome do medicamento ou fórmula medicamentosa (no caso de medicamento magistral). Em geral, para definir o modo de administração empregam-se os termos: uso interno, uso externo, uso local pelas vias intramuscular, subcutânea ou intravenosa etc. Tradicionalmente a expressão uso interno é usada para indicar a administração de medicamento pela boca; atualmente dá-se preferência pela via oral. Uso externo é frequentemente empregado como sinônimo de uso local ou uso tópico ou, ainda, substituindo o uso parenteral (intramuscular, subcutâneo, intravenoso), devendo neste caso ser definida a via de administração na Indicação (ver adiante). Subscrição: Está presente quando da prescrição de um medicamento magistral. É nesta parte da prescrição que se dão informações ao farmacêutico, especificando, por exemplo, a forma farmacêutica, a quantidade a ser aviada, o tipo de acondicionamento ou de embalagem a ser utilizada (frasco, ampola, cápsula etc.) Indicação ou instrução: Consiste na parte da prescrição em que são dadas informações ao paciente sobre a administração do medicamento, como frequência e duração do tratamento, e a via de administração, caso esta não tenha sido definida na inscrição. Assinatura ou firma profissional: É a parte da prescrição em que se apõem local, data e assinatura e carimbo do profissional. Normas do MAPA Em relação aos anabolizantes, a Instrução Normativa n o 55 de 1 o de dezembro de 2011, do MAPA no seu artigo 1 o proíbe “a importação, a produção, a comercialização e o uso de substâncias naturais ou artificiais, com atividades anabolizantes hormonais, para fins de crescimento e ganho de peso em bovinos de abate”. No seu artigo 2 o faculta “a importação, a produção, a comercialização e o uso de anabolizantes hormonais ou assemelhados, naturais ou sintéticos, com atividades estrogênica, androgênica e progestogênica, exclusivamente para fins terapêuticos, de sincronização do estro, de transferência de embriões, de melhoramento genético e de pesquisa experimental em medicina veterinária”; e no seu § 3 o faz menção que “a comercialização e a aplicação dos produtos veterinários mencionados no art. 2 o somente serão permitidas mediante prescrição e orientação de médico veterinário em conformidade com a regulamentação específica vigente”. O MAPA, por intermédio da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), publicou a Instrução Normativa SDA n o 25 de 8 de novembro de 2012 que estabelece “os procedimentos para a comercialização das substâncias sujeitas a controle especial, quando destinadas ao uso veterinário, relacionadas no Anexo I desta Instrução Normativa, e dos produtos de uso veterinário que as contenham”. Esta Instrução Normativa relaciona no Anexo I, à semelhança do que faz a Anvisa, as substâncias e os medicamentos sujeitos ao controle especial em listas identificadas por letras maiúsculas: A (A1 e A2), B, C (C1, C2, C4 e C5) e D1. Receituário (Modelo) Receituário Especial (Modelo) Medicamentos LISTA A1: SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES I - Alfentanila II - Buprenorfina III- Butorfanol IV - Dietiltiambuteno V - Difenoxilato VI - Diidromorfina VII - Etorfina VIII - Fentanila IX - Hidrocodona X - Levalorfano XI -Petidina XII - Metadona XIII - Morfina XIV - Oximorfona XV - Propoxifeno XVI - Remifentanila XVII – Carfentanil. LISTA A2: SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES PERMITIDAS SOMENTE EM CONCENTRAÇÕES ESPECIAIS I - Acetildiidrocodeína II - Codeína III - Dextropropoxifeno IV - Diidrocodeína V - Diprenorfina VI - Etilmorfina VII - Folcodina VIII - Nalbufina IX – Tramadol. LISTA B: SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS E PRECURSORAS I - Alprazolam II - Barbital III - Bromazepam IV - Clonazepam V - Clorazepato VI - Clordiazepóxido VII - Diazepam VIII - Estazolam IX - Fenobarbital X - Flunitrazepam XI - Flurazepam XII - Hexobarbital XIII - Lorazepam XIV - Mefentermina XV - Midazolam XVI - Metoexital XVII - Pentazocina XVIII - Pentobarbital XIX - Tiamilal XX - Tiopental XXI – Vimbarbita lXXII - Zolazepam LISTA C1: OUTRAS SUBSTÂNCIAS SUJEITAS AO CONTROLE ESPECIAL I - Acepromazina II - Amitriptilina III - Azaperona IV - Buspirona V - Carbamazepina VI - Cetamina VII - Clomipramina VIII - Clorpromazina IX - Detomidina X - Desflurano XI - Dexmedetomidina XII - Divalproato de Sódio XIII - Droperidol XIV - Embutramida XV - Enflurano XVI - Etomidato XVII - Fenitoína XVIII - Flumazenil XIX - Fluoxetina XX - GabapentinaXXI - Haloperidol XXII - Halotano XXIII - Hidrato de CloralXXIV - Imipramina XXV - Isoflurano XXVI - Lamotrigina XXVII - LevomepromazinaXXVIII - Maprotilina XXIX - Mebezônio XXX - Medetomidina XXXI - Metisergida XXXII - Metocarbamol XXXIII- Metoxiflurano XXXIV - Naloxona XXXV - Naltrexona XXXVI - Nortriptilina XXXVII - Oxicarbazepina XXXVIII - Paroxetina XXXIX - PrimidonaXL - Promazina XLI - Propofol XLII - Protriptilina XLIII - Proximetacaina XLIV - Romifidina XLV - Selegilina XLVI - Sertralina XLVII - Sevoflurano XLVIII - Tetracaína XLIX - Tiletamina L - Topiramato LI - Tranilcipromina LII- Valproato de Sódio LIII - Vigabatrina LIV - Xilazina LV – Miltefosina. LISTA C2: SUBSTÂNCIAS RETINÓICAS I - Acitretina II - Adapaleno III - Isotretinoína IV – Tretinoína. LISTA C5: SUBISTÂNCIAS ANABOLIZANTES, BADRENÉRGICAS E QUE INTERFEREMNO METABOLISMO ANIMAL I - Androstanolona II - Bolasterona III - Boldenona IV - Clembuterol V - Cloroxomesterona VI - Clostebol VII - Drostanolona VIII - Estanolona (Androstanolona) IX - Estanozolol X - Etilestrenol XI - Fluoximesterona XII - FormebolonaXIII - Mesterolona XIV - Metandienona XV - Metandranona XVI - Metiltestosterona XVII - Oxandrolona XVIII - Oximesterona XIX - Oximetolona XX - Prasterona XXI - Testosterona XXII – Trembolona. Farmacodinâmica “O que o fármaco faz com o corpo.” A farmacodinâmica estuda os mecanismos pelos quais um medicamento atua nas funções bioquímicas oufisiológicas de um organismo vivo. É a ciência que estuda a inter-relação da concentração de um fármaco e a estrutura alvo, bem como o respectivo Mecanismo de Ação. É a Ação do fármaco no Organismo. Medicamentos estruturalmente inespecíficos: São aqueles cujo efeito farmacológico não decorre diretamente da estrutura química da molécula agindo em um determinado receptor, mas sim provocando alterações nas propriedades físico-químicas (como grau de ionização, solubilidade, tensão superficial e atividade termodinâmica), acarretando mudanças em mecanismos importantes das funções celulares e levando à desorganização de uma série de processos metabólicos. Medicamentos estruturalmente específicos: São aqueles cuja ação biológica decorre essencialmente de sua estrutura química. Eles se ligam a receptores, isto é, macromoléculas existentes no organismo, formando com eles um complexo, o que leva a uma determinada alteração na função célula. Receptores: Local onde o fármaco interage e produz um efeito farmacológico. Proteínas possuidoras de um ou mais sítios que, quando ativados por substâncias endógenas, são capazes de desencadear uma resposta fisiológica. Alvo para a ação dos medicamento. Basicamente, o alvo de ligação de um medicamento no organismo animal são macromoléculas proteicas com a função de: enzimas, moléculas transportadoras, canais iônicos, receptores de neurotransmissores e ácidos nucleicos. A ligação dos medicamentos aos receptores envolve todos os tipos de interação química conhecidos: as iônicas polares (íondipolo ou dipolodipolo), as de ponte de hidrogênio, as hidrofóbicas, as de van der Waals e as covalentes. Dependendo do tipo de ligação entre o receptor e o medicamento, a duração do efeito poderá ser fugaz ou prolongada. As ligações do tipo covalente são muito difíceis de se desfazerem, portanto, uma vez estabelecida a ligação medicamento receptor, esta será irreversível. Um exemplo deste tipo é a ligação dos agentes organofosforados com a enzima acetilcolinesterase. Com frequência, um mesmo receptor pode ligar-se ao medicamento utilizando mais de um tipo de interação química. O conhecimento das características dos receptores farmacológicos e suas funções no organismo tem levado ao desenvolvimento de medicamentos cada vez mais específicos e com menores efeitos colaterais. Três características encontradas em alguns grupos de medicamentos reforçaram a hipótese da existência dos receptores: Alta potência: algumas substâncias atuam, apresentando efeito farmacológico, em concentrações muito baixas, da ordem de 10 –9 até 10 –11 M Especificidade química: isômeros ópticos apresentando diferentes ações farmacológicas Especificidade biológica: exemplificando, a epinefrina exerce um efeito acentuado sobre o músculo cardíaco, porém apresenta fraca ação sobre o músculo estriado. Receptores celulares: Dentre os receptores farmacológicos, há um grupo de proteínas celulares, cuja função no organismo é atuar como receptores de substâncias endógenas como os hormônios, neurotransmissores e autacoides. A função desses receptores fisiológicos está ligada à transmissão de uma mensagem, quer de forma direta (via canal iônico existente nas membranas plasmáticas), ou indireta (via um segundo mensageiro, que acarretará mudanças bioquímicas em células alvo). Esses mecanismos de transmissão, muitas vezes complexos, funcionam como integradores de informações extracelulares. Enzimas Vários medicamentos exercem seu efeito farmacológico por meio da interação com enzimas, atuando principalmente como inibidores destas. Moléculas transportadoras Alguns medicamentos exercem sua ação farmacológica interferindo com as proteínas transportadoras, responsáveis pelo carreamento de várias substâncias para o interior das células, como por exemplo, glicose, aminoácidos, íons e neurotransmissores. Receptores ligados à proteína G As proteínas G são os mensageiros entre os receptores e as enzimas responsáveis pelas mudanças no interior das células. *A proteína G são compostas por três subunidades: α, β e γ (complexo αβγ), sendo que a porção β e γ não se dissociam. Todas as três subunidades estão ancoradas na membrana citoplasmática, porém, podem deslocar-se livremente no plano da membrana. Quando o receptor é ocupado por uma molécula do agonista ocorre uma alteração conformacional no receptor, fazendo com que este adquira alta afinidade pelo complexo αβγ. A ligação do complexo αβγ com o receptor provoca à dissociação do nucleotídeo difosfato de guanina (GDP) ligado à porção α; este por sua vez é substituído pelo trifosfato de guanina (GTP) que causa a dissociação do trímero da proteína G, liberando a subunidade α- GTP ativada. Tipos de proteína G: Gs: estimulante (stimulation) dos receptores da adenilatociclase Gi: inibidora (inhibition) dos receptores da adenilatociclase Go: relacionada aos canais iônicos Gq: ativadora da fosfolipase C. Proteína G atua do sistema: Adenilatociclase/3’,5’- monofosfato de adenosina cíclico (cAMP) Guanilatociclase/3’,5’- monofosfato de guanosina cíclico (cGMP) Fosfolipase C/fosfato de inositol/diacilglicerol Fosfolipase A2 /ácido araquidônico/eicosanoides Na regulação de canais iônicos. Sistema adenilato-ciclase/cAMP: Uma proteína denominada Gs é ativada após a ligação do neurotransmissor ao seu respectivo receptor e esta estimulará a enzima adenilatociclase a produzir, a partir do trifosfato de adenosina (ATP), cAMP, que é considerado como um dos segundos mensageiros. Sistema guanilato-ciclase/cGMP: Similar ao que ocorre como o cAMP, o cGMP tem papel importante como segundo mensageiro em eventos celulares diversos (ativação de proteinoquinases, fosfodiesterases de nucleotídios cíclicos, canais iônicos) ligados principalmente aos efeitos do óxido nítrico na contração de músculos lisos ou ainda na migração e adesão de macrófagos. Sistema fosfolipase e fosfato de inositol: Este sistema de transmissão é multirregulador e envolve vários segundos mensageiros relacionados com inúmeras alterações celulares determinadas pela ativação de diferentes receptores. Sistema fosfolipase A2 /ácido araquidônico/eicosanoides: A ativação da fosfolipase A2 , mediada pela ligação do agonista com o receptor e a proteína G, leva à produção de eicosanoides, a partir do ácido araquidônico, e parece ser basicamente semelhante à ativação da fosfolipase C. Esquema da proteína G nos segundos mensageiros e nos efetores celulares. Receptores não ligados à proteína G Receptoresligados à tirosinoquinase Esses receptores estão ligados à ação de vários fatores de crescimento e de hormônios como a insulina. Seu mecanismo de ação é complexo e pouco conhecido. Receptores que regulam a transcrição de DNA Hormônios esteroides e tireoidianos se utilizam destes receptores para a produção de respostas celulares, como a transcrição de genes selecionados que produzem proteínas específicas. Este tipo de receptor constitui-se de proteínas que, ao se ligarem ao hormônio, sofrem alteração constitucional que expõe um sítio de ligação com alta afinidade a determinadas regiões do DNA nuclear, conhecidas como regiões hormônio responsivas. Principais alvos para ação dos fármacos *Receptores (receptores para ligantes reguladores endógenos) *Canais Iônicos *Transportadores *Enzimas *Proteínas Estruturais Dose-Resposta A farmacodinâmica de um fármaco pode ser quantificada pela relação entre a dose (concentração) do fármaco e a resposta do organismo (do paciente) a este fármaco. Potência A potência de um medicamento está representadaao longo do eixo da concentração ou dose, isto é, quanto menor a concentração ou dose do medicamento necessária para desencadear determinado efeito (seja este mensurado in vivo ou in vitro), mais potente é este medicamento. Eficácia máxima É quando o fármaco atinge o efeito máximo, sendo estes determinados por propriedades inerentes à ligação medicamento receptor e ilustrados na curva dose resposta. Inclinação A inclinação da curva dose/efeito reflete o mecanismo de ação de um agente terapêutico, bem como sua ligação com o receptor. Variação biológica Em qualquer população, há indivíduos que apresentam variabilidade na intensidade da resposta a determinado medicamento, uma vez que nem todos os indivíduos respondem com a mesma magnitude de resposta. Esta variação é representada como o limite de confiança da curva. Curvas dose-respostas quantais As curvas descritas até aqui são do tipo gradual, isto é, aumentando-se a dose, aumentasse o efeito; estas apresentam algumas limitações na sua aplicação em tomadas de decisões clínicas. Interação Medicamentosa Muitas vezes faz-se necessária a utilização concomitante de mais de um medicamento, podendo ocorrer modificação do efeito de ambos ou de um deles quando associados. Antagonismo A interação de dois medicamentos pode levar também a diminuição ou anulação completa dos efeitos de um deles. O antagonismo pode ser: farmacológico e não farmacológico Exite dois tipo de anagonismo Antagonismo Farmacológico Competitivo É quando há competição do agonista e do antagonista pelo mesmo receptor, e o antagonista impede ou dificulta a formação do complexo agonista receptor. Antagonismo Farmacológico Não Competitivo É quando há ligação com sítio alostérico presente no receptor ou bloqueio em algum ponto da cadeia de eventos desencadeada pela ligação do agonista ao receptor. Antagonismo Farmacológico Competitivo Pode ser classificado: *Pleno ( ou total) reversível *Parcial reversível *Irreversível Antagonismo Farmacológico Competitivo Pleno ( ou total) reversível O antagonista compete com o agonista pelos mesmos locais receptores, formando com o mesmo um complexo inativo. Antagonismo Farmacológico Competitivo Parcial reversível Este tipo de antagonismo representa uma situação particular de antagonismo farmacológico competitivo, com a diferença que os dois medicamentos utilizados são agonistas, porém com diferentes capacidades de desencadear efeitos farmacológicos, isto é, com diferentes atividades intrínsecas. Portanto, o agonista menos eficaz nesta situação experimental atua como antagonista parcial do agonista principal. Antagonismo Farmacológico Competitivo Irreversível Este antagonismo ocorre quando o antagonista se dissocia muito lentamente ou não se dissocia, dos receptores. Portanto, mesmo aumentando a concentração do agonista na presença do antagonista, não é possível alcançar o efeito máximo. Farmacocinética É o estudo do movimento de uma substância química no interior de um organismo vivo. Estudo dos processos de: * Absorção * Distribuição * Biotransformação * Excreção Absorção Processos pelos quais uma substância penetra, sem lesão traumática, em um ser vivo chegando até o sangue, ou seja, caminho percorrido pelo fármaco até ele chegar na corrente sanguínea. Para isso é necessário que atravesse diversas membranas biológicas: * Epitélio gastrointestinal * Endotélio vascular * Membranas plasmáticas Fatores importantes: *Constituição da membrana celular; * pH do meio; * pK do medicamento (coeficiente de associação do fármaco); * Transporte transmembrana. Membrana Celular *Dupla camada lipídica básica – fosfolipídios: o Uma extremidade solúvel em água: HIDROFÍLICA *A outra extremidade solúvel em lipídios: HIDROFÓBICA Proteína da membrana celular: *Proteínas integrais – estendem por toda membrana *Proteínas periféricas – ancoradas à superfície da membrana Constituição da membrana (mecanismos de transporte): Moléculas pequenas atravessam por difusão através de poros aquosos (aquoporinas): * Moléculas hidrossolúveis * Gradiente de concentração Por pinocitose e fagocitose: *Formação de vesícula intracelulares *Gradiente de concentração *Não necessitam de transportadores específicos. Fármacos são ácidos ou bases fracas: *Em solução aquosa apresentam-se parcialmente IONIZADOS Forma IONIZADA e NÃO IONIZADA, a proporção entre essas duas formas é determinada pelo: * pH do meio onde ele se encontra dissolvido *Constante de dissociação do medicamento (K) Fármaco ácido é melhor absorvido em meio ácido. Fármaco ácido em meio básico são poucos absorvidos. Fármaco básico em meio ácido não é bem absorvido. Fármaco básico em meio básico é melhor absorvido. *Em ambos os casos a espécie ionizada A- ou HB+ apresenta = solubilidade lipídica muito baixa * A lipossolubilidade de uma espécie sem carga (B ou HÁ) - Lipossolúvel = rápida difusão Exceções: antibióticos aminoglicosídeos, devido a presença de grupos ligantes de hidrogênio = moléculas hidrofílicas. Difusão Simples Na difusão simples as moléculas atravessam as membranas na forma não- ionizada (NI). * Ácidos = NI = HÁ * Base = NI = B A distribuição da forma NI é função do pKa do medicamento e do pH do meio, sendo expressa pela equação de Henderson. * Ácidos fracos: pKa = pH + log [NI] / [I] * Bases fracas: pKa = Ph + LOG [I] [NI] Distribuição Fenômeno em que o medicamento, após ter chegado ao sangue, ou seja, após sua absorção, sai deste compartimento e vai para seu local de ação. O medicamento pode ficar sob a forma: * Livre (distribuindo para os tecidos) * Ligados à proteínas plasmáticas *Sequestrado para depósitos no organismo. Os medicamentos abandonam o sangue para o espaço intercelular por: * Difusão através das membranas celulares dos capilares *Poros ou fenestrações existentes nas paredes dos capilares A velocidade de distribuição depende: *Do grau especifico de vascularização de um determinado tecido *Rápido = coração, cérebro, fígado e rins (compartimento central) *Mais lento = pelo osso, gordura (compartimento periférico) Fatores que atuam na distribuição * Ligação de fármacos a proteínas plasmáticas * Partição pelo pH *Aprisionamento iônico *Partição no tecido adiposo Aprisionamento Iônico * Um fenômeno observado quando ocorre o acumulo de fármaco em um meio especifico *Um fármaco passa de um meio para outro (ex; meio extra para o meio intracelular) e é ionizado, formando um acúmulo desse fármaco em um dos meios. Nos túbulos renais (fármacos lipossolúvel pode ser reabsorvido por difusão) a excreção do fármaco pode ser facilitada alternando-se o pH da urina: *Quanto mais alcalina for a urina mais ela irá favorecer a excreção de fármacos ácidos, pois a ionização do mesmo irá diminuir o seu coeficiente de partição. Acontece o mesmo com fármacos em meios ácidos. Partição do pH Ácidos fracos tendem a acumular-se em compartimentos de pH relativamente altos, o contrário ocorrendo com as bases fracas. *Fármacos bases fracas concentram-se mais nos tecidos do que no plasma *Fármacos ácidos fracos concentram-se mais no plasma do que nos tecidos. Partição do tecido adiposo Tecido adiposo – escasso suprimento sanguíneo – menos de 2% de débito cardíaco *Os fármacos são lentamente levados ao tecido adiposo *Distribuição de equilíbrio tecido adiposo: aquoso lento * Importante no caso de fármacos altamente lipossolúveis. Ex: anestésicos gerais, benzodiazepínicos. Ligação de fármacos a proteínas plasmáticas A ligação de um fármaco às proteínas plasmáticas limita sua concentração nos tecidos e no seulocal de ação, visto que apenas o fármaco livre está em equilíbrio estável através das membranas. A quantidade de um fármaco que se liga a proteínas vai depender de três fatores: * Concentração do fármaco livre * Afinidade do fármaco pelos locais de ligação *Concentração de proteínas A ligação com as proteínas plasmáticas não é seletiva *Fármacos podem competir entre si por locais de ligação nas proteínas plasmáticas *Um fármaco pode deslocar outro fármaco da sua ligação na proteína *Situações em que ocorrem variações nas concentrações das proteínas (hipoalbuminemia por cirrose, síndrome nefrótica, desnutrição grave, idosos) – teor de ligação menor. Eliminação A eliminação de um fármaco representa sua exclusão irreversível do corpo por meio: * Metabolismo – anabolismo e catabolismo = construção e degradação de substancias, respectivamente, pela conversão enzimática de uma entidade química em outra dentro do organismo. Farmaco lipofílicos – metabolizados pelo fígado = transformando em produtos polares. o Fígado – reações de fase I e fase II – ambas diminuem a lipossolubilidade = eliminação renal. Plasma Intestino Excreção – consiste na saída do fármaco ou seus metabólitos pelos: Rins – as drogas polares são excretadas em maior proporção pela urina, de forma inalterada. Enquanto os fármacos lipossolúveis (ou lipofílicos ou apolares) não são excretados de modo eficiente pelo rim, pois, a maioria é reabsorvida pelo túbulo distal voltado à circulação sistêmica Sistema hepatobiliar – secretado na bile, mas a maioria absorvida no intestino o Pulmões Biotransformação (METABOLIZAÇÃO) Consiste na transformação química de substancias dentro do organismo vivo, visando favorecer sua eliminação. Formação de matabólitos que habitualmente são: *Mais polares *Menos lipossolúveis Muitos metabólitos apresentam atividade farmacológica: *Efeitos similares ou diferentes * Efeitos tóxicos Reações da fase I Acontecem no sistema microssomal hepático no interior do RETICULO ENDOPLASMÁTICO LISO. Transformam o medicamento em matabólitos mais polares: *Oxidação * Redução HIDROSSOLÚVEIS *Hidrólise Metabólitos: mais ativos, menos ativos ou inativos. *Medicamentos = mais tóxicos ou carcinogênicos do que a droga original. *Se o metabólito não for facilmente excretado ocorre a reação da II fase Moléculas polares = parcialmente eliminados na forma inalterada na urina. Reações da fase II São sintéticas e incluem conjução que normalmente resultam em produtos inativos e polares que são facilmente eliminados pela urina. Ocorrem principalmente no fígado, mas outros tecidos como pulmões e rins também estão envolvidos. Se a molécula de um fármaco ou um produto da fase I tiver uma alavanca adequada, torna-se suscetível a conjunção. O grupo inserido pode ser: *Glicuronil * Sulfato * Metilo * Acetilo Indução Enzimática É uma elevação dos níveis de enzimas ou da velocidade dos processos enzimáticos, resultantes em um metabolismo acelerado do fármaco. * Fármacos – aumentam a produção de enzimas ou da velocidade de reação das enzimas * Aumenta a velocidade de biotransformação hepática dos fármacos; *Aumenta a velocidade de produção dos metabólitos; * Aumenta a depuração hepática dos fármacos; * Diminui a meia-vida sérica dos fármacos; * Diminui as concentrações séricas do fármaco livre e total; *Diminui os efeitos farmacológicos, se os metabólitos forem inativos. Inibição Enzimática *Redução da velocidade de biotransformação *Efeitos farmacológicos prolongados *Maior incidência de efeitos tóxicos do fármaco. * Esta inibição em geral é competitiva. *Pode ocorrer, por exemplo, entre duas ou mais drogas competindo pelo sítio ativo de uma mesma enzima. Ex: Exposição aguda ao etanol, Cloranfenicol e alguns outros antibióticos, Cimetidina, Dissulfiram, Propoxifeno. *Diminui a velocidade de produção de metabólitos; * Diminui a depuração total; * Aumenta a meia vida do fármaco; *Aumenta as concentrações séricas do fármaco livre e total; *Aumenta os efeitos farmacológicos se os metabólitos forem inativos. Excreção A remoção de um fármaco do organismo pode ocorrer por meio de várias vias: * Renal * Biliar * Intestinal * Pulmonar * Suor * Saliva * Secreção nasal * Leite A via renal é a mais importante, mas, alguns fármacos são excretados predominantemente através da bile e das fezes. *A excreção ≠ eliminação, pois: Além da excreção, os processos do metabolismo e redistribuição da droga nos tecidos também fazem parte da eliminação do fármaco. Excreção Renal Constitui o principal processo de eliminação de medicamentos: *Polares ou pouco lipossolúveis em pH fisiológico. Podem interferir na excreção: *Alta ligação com proteínas plasmáticas → impossibilita a passagem pelos poros dos glomérulos. * Reabsorção porção distal → ácidos fracos com pK 3 em pH ácido = forma molecular (apolar ou não ionizada). *Transporte por carreadores no túbulo proximal com gasto de energia = inespecificidade mas saturabilidade Depuração renal varia: *Concentração do medicamento no filtrado * pH urinário Depuração Renal ou Clearance Renal Definida como o volume de plasma que contém a quantidade de substância removida pelo rim por unidade de tempo (l/h ou ml/min): * Depuração renal = (Concentração urinária x Velocidade do fluxo urinário) / Concentração Plasmática. A depuração renal é resultado: *Filtração glomerular → fármacos não ligados a proteínas. Creatinina = taxa de filtração glomerular. *Secreção ativa nos túbulos proximais → dois sistemas de transportes = um para ácidos outras bases. *Reabsorção passiva ao longo do túbulo = na dependência da capacidade deste atravessar as membranas e do grau de ionização. Biografia Livro farmacologia aplicada a medicina veterinária. Farmacocinética medvet.i UFJF alguns imagens
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