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Saúde do trabalhador O efeito das radiações Todas as atividades que exploram, manipulam, produzem ou utilizam material radioativo geram resíduos radioativos, que são considerados riscos físicos e estão presentes na mineração de produtos radioativos e na geração de energia nuclear, em diversos processos industriais, em atividades militares, em pesquisas científicas e também em diversos setores da área da saúde e envolvendo diversas especialidades, pois geram subprodutos radioativos. Radiações eletromagnéticas As radiações são divididas em três tipos: eletromagnética ionizante não ionizante Frequência: número de ondas propagadas por unidade de tempo, medidas por ciclos por segundos ou Hertz (Hz). Comprimento de onda: é a distância entre dois pontos em ondas que estão lado a lado, medida em metros. Energia: é proporcional à frequência e se mede em eletrovolts. A radiação eletromagnética é a oscilação em fase dos campos elétrico e magnético, que são capazes de se propagar no espaço em movimento ondulatório. Suas principais características são: Radiações ionizantes As radiações ionizantes são aquelas que têm energia suficiente capaz de ionizar átomos e moléculas, ou seja, separar ou converter em íons. Quando o átomo é atingido pela radiação, sofre aumento em sua energia interna. A radiação ionizante tem elevado poder energético e, ao arrancar à força os átomos, provoca a ionização. formas seguras de aplicação das radiações ionizantes: Medicina: nos exames diagnósticos por imagem, são usados, por exemplo, raio X e iodo-131. No tratamento de algumas doenças, o cobalto-60 e o césio-136 podem ser utilizados. Indústria: podem ser identificadas falhas em estruturas metálicas e soldas defeituosas utilizando-se o raio X. Atividade de pesquisa: produção de novas fontes ionizantes por meio de pesquisas acadêmicas. A ação das radiações ionizantes pode ser direta ou indireta sobre os tecidos atingidos, afetando suas células também de maneira direta ou indireta. • Direta: o dano ocorrerá em uma micromolécula. • Indireta: os danos serão as consequências futuras de reações químicas que passam a acontecer a partir da ionização de gorduras e água, as quais podem gerar radicais livres, que serão aqueles que danificarão diretamente outras moléculas. Esses danos produzidos podem ser de dois tipos: 1. Somáticos: apenas as células somáticas são atingidas, sendo que apenas o organismo da pessoa atingida é prejudicado, não se manifestando geneticamente em seus filhos. 2. Germinativos: afetam os gametas e pode afetar os filhos também, pois provocam mutações nos cromossomos ou genes das células reprodutivas. Os danos genéticos podem ser subdivididos em estocásticos e não estocásticos. a) Estocásticos: o efeito prejudicial não depende da dose recebida, os danos ocorrem por probabilidade e, sempre que se apresentam, são graves, ainda que a dose tenha sido mínima. b) Não estocásticos: a gravidade dos efeitos dependerá da dose a que o organismo esteve exposto, e há uma relação de causalidade entre dose e efeito que pode ser observada: • Agudos: quando as doses de radiação são muito grandes em um espaço de tempo curto. • Crônicos: quando as doses de radiação são baixas, porém o indivíduo foi exposto por um longo tempo. Avaliação da exposição, detectores de área, pessoais e limites de tolerância A dose produzida pela radiação é mensurada por meio da avaliação de exposição, conhecida como dosimetria, que pode ser medida na área ou nas pessoas, chamada de dosimetria de área ou dosimetria pessoal, respectivamente. Os detectores de área podem ser: a) Cintilação: mais eficientes para detectar raios g , mas também detectam raios a e b. b) Câmeras de gás, que podem ser dos tipos: • Ionização: detectam melhor as partículas a e b. • Geiger-Muller: tem alta sensibilidade, não distingue o tipo e nem mede a energia da radiação. • Contador proporcional: discrimina as diferentes naturezas de radiação, indicado para a detecção dos raios X e partículas b. Os detectores pessoais são de uso obrigatório para todos os tipos de ocupações em que as atividades exercidas estejam diretamente relacionadas a fontes de radiação ionizantes. Podem ser: a) Câmaras de ionização de bolso: conhecidas como dosímetros de bolso ou de caneta, utilizadas durante a jornada de trabalho diariamente. b) Dosímetros de filme: o trabalhador carrega um dosímetro que contém um filme, e esse filme deve ser comparado, após o período de exposição, a uma película exposta com doses padrão. É muito utilizado pelos técnicos de radiologia, pois podem ser utilizados por um determinado tempo, armazenando informações permanentes. O controle dos limites de tolerância devem ser feitos baseado nas medidas de proteção coletiva, com isolamento da fonte de radiação, utilizando biombos (no caso das soldas), enclausuramento das fontes de radiação com pisos e paredes de chumbo (nas salas de raio-X). marcos importantes sobre o raio-x 1895- 1896 Descoberta do raio-x. Nessa época, a intensidade da radiação era medida expondo pessoas até que elas apresentassem irritação na pele. 1928 Com o passar do tempo, as informações sobre os efeitos maléficos das radiações ionizantes, e a necessidade de regulamentar a exposição das pessoas, levaram, em 1928, a um amplo consenso para que fossem formuladas recomendações que norteassem as Normas de Radioproteção. 1988 Criação das Diretrizes Básicas de Radioproteção. 2005A Comissão Nacional de Energia Nuclear aprovou a norma NN-3.01Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica, tomando por base a Publicação 60 do International Commission on Radiological Protection. três fatores que influencia nas doses recebidas: a) Distância: quanto mais distante da fonte, menor será a radiação recebida pelo organismo, sendo que, em alguns casos, o afastamento é suficiente para chegar aos valores toleráveis. b) Tempo: quanto menor o tempo de exposição, menor a dose recebida. Assim, deve haver o preparo dos trabalhadores quanto à agilidade para realizar suas funções, investindo o menor tempo possível para a realização da atividade para que fique menos exposto. A Lei nº 7.394/85, que regula a profissão de técnico em radiologia, delimita o tempo de trabalho desses profissionais em 24 horas semanais. c) Blindagem: são as barreiras construídas utilizando materiais que absorvem a radiação. O material selecionado para compor a blindagem de um ambiente e sua espessura deverão ser adequados ao tipo de radiação que incidirá sobre ele. Para as barreiras de radiação ionizante, o chumbo e o concreto são os materiais mais utilizados por terem a característica de fornecer a segurança necessária. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), por meio do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), difundi conhecimento e as boas práticas voltados à proteção radiológica três princípios que regem a proteção radiológica a) Requisito da justificação: não serão realizadas atividades que tragam risco, a menos que delas sejam extraídos um benefício expressivo. b) Requisito da limitação de dose individual: é a limitação individual que pode ser recebida individualmente pelo trabalhador que manipula o composto radioativo, e essa dose não poderá superar o limite estabelecido e recomendado. c) Requisito da otimização: toda a exposição será a mais baixa possível. Os trabalhadores que utilizam fontes radioativas devem ser submetidos aos exames médicos conforme preconizado na Norma Regulamentadora 7 (NR 7) do Programa de Controle Médico em Saúde Ocupacional (PCMSO), e as áreas sob risco de radiação devem estar corretamente sinalizadas. A finalidade da proteção radiológica é proteger o indivíduo que manipula esses compostos, seus descendentes e a humanidade. A manipulação adequada, e o uso correto de equipamentos e materiais evita acidentes, proporcionando as vantagens do uso desse tipo de radiação. Radiações não ionizantes As radiações não ionizantes possuem menos energia que a radiação ionizante, portanto, não são capazes de ionizar ou seja, arrancar elétronsdos átomos do meio por onde estão se deslocando, mas têm o poder de quebrar moléculas e ligações químicas. Tipos de radiação e seus efeitos TIPO DE RADIAÇÃO EFEITO Ultravioleta Térmico e fotoquímico Luz visível Térmico e fotoquímico Infravermelha Térmico Micro-ondas Térmico Radiofrequências Térmico Riscos ambientais da radiação O comportamento dos agentes radioativos no meio ambiente é governado por uma série de fatores físicos, químicos e biológicos. A descrição da liberação de radiação no meio ambiente é conhecida como “termofonte”. O manejo seguro de compostos radioativos proporciona segurança ao ambiente, e isso inclui seu transporte, depósito e descarte Referência: MARTINS, Renata Augusto. Saúde do trabalhador. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.
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