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1 PEDIATRIA 30 Marina Prietto PNEUMONIA COMUNITÁRIA EM PEDIATRIA VISÃO GERAL: Corresponde a 1/3 das causas de morte me crianças no mundo todo; Em relação a etiologia: Vírus → principalmente no 1º ano de vida. Bactérias típicas → Lactentes e pré-escolares Bactérias atípicas → Lactentes e adolescentes. PNEUMONIA NEONATAL: É decorrente dos mesmos agentes etiológicos da sepse neonatal (precoce e tardia), sendo a principal via de contaminação o canal vaginal. PRECOCE (em até 72h pós-parto): SBG (Streptococus do grupo B) E. Coli Listeria monocytogenes PNEUMONIA AFEBRIL LACTENTE: Ocorre entre 1 a 3 meses, e costuma ocorrer na vigência de germes atípicos (também adquiridos na passagem do canal de parto) como: Clamídia Trachomatis Ureoplasma Urealyticum FAIXA ETÁRIA PRINCIPAIS OUTROS 3 MESES A 2 ANOS DE VIDA: VSR Influenza, Adenovírus... (principalmente os vírus) S. pneumoniae; H. Influenzae ( após vacina) S. aureus; PRÉ ESCOLARES Vírus + S. pneumonae H. Influenzae S. aureus; Atípicos ESCOLARES S. pneumoniae; Atípicos Vírus (reduz consideravelmente) H. Influenzae e S. aureus (raros); ADOLESCENTE S. pneumoniae; Atípicos (Mycoplasma e Chlamydophila pneumoniae) S. aureus Virus e H. Influenzae (raros) Quando pensar em aureus? 1. Imunodeprimidos 2. Hospitalar 3. Complicação da influenza Classicamente pensamos mais em S. aureus quando estamos diante de derrame pleural, mas devido a maior prevalência o S. pneumonia também é o agente etiológico mais associado aos derrames pleurais, embora as pneumonias por S. aureus compliquem mais frequentemente; Principal agente (em qualquer faixa etária – menos em RN): STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE TARDIA (após 72h do parto) – pensar em gram + S. aureus S. epidermidis Enterococcus 2 PEDIATRIA 30 Marina Prietto Quadro clínico: 1. O quadro costuma iniciar com um padrão sugestivo de IVAS. 2. Coriza, tosse, febre baixa. 3. Evolui com: persistência da febre + queda do estado geral + piora dos sintomas (tosse e desconforto respiratório – TAQUIPNEIA!) Frequência respiratória: Exame físico: − Taquipneia (obrigatório para o diagnóstico de pneumonia); − Estertores − Frêmito toracovocal aumentado (onda sonora passa pelas consolidações e repercute); − Murmúrio vesicular reduzido − Macicez ou submacicez à percussão (devido as consolidações); − Síndrome da consolidação: ausculta de estertores + sopro tubário (devido a presença da consolidação ao redor. De acordo com a OMS, a gravidade pode ser estabelecida com base nos achados clínicos, como: GRAVE: Tiragem subdiafragmática/ subcostal MUITO GRAVE: Gemência; Letargia; Cianose central; Incapacidade de ingerir líquidos Quando internar o paciente? Se < 6 meses (não ocorre em todos os serviços) Apneia ou taquipneia ≥ 70 ipm Cianose ou hipoxemia < 92% Desconforto respiratório grave – tiragem, batimento de asa nasal etc Sonolência ou convulsões Má aceitação oral (risco de desidratação ou de não utilizar o ATB VO) Falha no tratamento ambulatorial Pneumonia complicada (necrosante; com derrame pleural etc) Apresentam comorbidades associadas (imunodeprimidos, cardiopatas, nefropatas) Exames complementares: Apesar de ser solicitado alguns exames com frequência, é necessário reforçar que a pneumonia é um diagnóstico clínico + taquipneia. Outros exames são solicitados apenas se o paciente tiver hospitalizado. RX DE TÓRAX: Se disponível, indica-se a realização na incidência PA (posteroanterior) na posição ortostática (em pé) – Em perfil não é obrigatória; Avalia a extensão do acometimento, porém NÃO define etiologia. O RX TORAX é mandatório em casos de suspeita de complicação (pneumonia muito grave / falha terapêutica / mal estar geral) Não há necessidade de controle radiológico – Desnecessário, indicado apenas se piora clinica ou não melhora. Achados sugestivos: Opacidacidade alveolar confluente que não leva a perda de volume e que pode acometer 1 a 2 segmentos pulmonares. Na imagem, é um achado sugestivo de uma pneumonia por bactérias típicas 3 PEDIATRIA 30 Marina Prietto Em pacientes hospitalizados, indica-se a solicitação de: Hemograma Proteína C reativa Pesquisa etiológica (Hemocultura + Swab nasofaringe); Em até 60% dos casos de pneumonia, não se identifica o agt etiológico. Tratamento: A escolha do ATB, leva em consideração: idade do paciente, gravidade e uso recente de ATB. Até quando o ATB IV? → Até melhora clínica (resolução da taquipneia) IDADE ATB < 2 meses Ampicilina + Gentamicina (Sempre internado – cobrir germes de sepse neonatal) 2 meses a 5 anos Domiciliar: Amoxicilina por 10 dias; Hospitalar: Penicilina ou Ampicilina Se > 5 anos Domiciliar: Amoxicilina ou Azitromicina (se atípicos) Hospitalar: Penicilina cristalina c/ ou s/ macrolídeo Suspeitou de S. aureus? (pneumonia extensa; evolução rápida; imunodeprimidos) Oxacilina Em casos de falha terapêutica: 1. Associar ou modificar o ATB com base na faixa etária. 2. Principais causas: resistência bacteriana e complicações da pneumonia. 3. Nesses casos, indica-se a repetição do RX TÓRAX (pode ter evoluído com alguma complicação, ex: derrame pleural); IDADE ATB < 2 meses Hospitalar: Cefotaxima ou Ceftriaxone 2 meses a 5 anos Domiciliar: Amoxacilina + Clavulanato Hospitalar: Cefuroxima ou Ceftriaxone Se > 5 anos Domiciliar: Amoxacilina + Clavulanato Hospitalar: Cefuroxima + Ceftriaxone Em pacientes internados: Além da ATB IV, associa-se ao tratamento: Oxigenoterapia: SE SatO2 < 92% Fisioterapia: mantendo o paciente em decúbito elevado (controverso) Fluidoterapia, em caso de pacientes com desconforto respiratório que impeça a dieta oral (SNG ou EV ISOTÔNICO!) 4 PEDIATRIA 30 Marina Prietto PNEUMONIA ATÍPICA: Está mais associada a lactentes (1 a 3 meses) e adolescentes. Pneumonia afebril do lactente: 1 a 3 meses de vida Principais agentes são: Clamídia Trachomatis; Ureoplasma Urealyticum. Nascido de parto normal Mãe apresentando um corrimento vaginal no momento do parto RN evolui logo no pós-parto com conjuntivite neonatal. Evolui após a conjuntivite com: ≈ Tosse seca e persistente ≈ Afebril (!) ≈ Eosinofilia periférica Pneumonia atípica dos escolares/adolescentes: Acomete > 5 anos, principalmente adolescentes; Agente: Chlamydophila pneumoniae e Mycoplasma; O exame de imagem é incerto. Pode apresentar imagens inespecíficas (atelectasias, espessamento brônquico) como tb, imagens típicos Pensar em atípicos em: faixa etária provável + quadro clínico sugestivo Apresentando um quadro arrastado de: ▪ Tosse persistente (como uma coqueluchoide) ▪ Afebril ou com febre baixa ▪ Sem melhora ao tratamento habitual ▪ Sibilância em um paciente que nunca chiou antes. ▪ Pode apresentar associadamente achados sistêmicos: exantema, otite, artralgia, cefaleia, mialgia etc. Tratamento para atípicos: ▪ Macrolídeos: ≈ Azitromicina por 5 dias ≈ Claritromicina por 10 dias DERRAME PLEURAL: O derrame pleural é o parapneumonico é a principal complicação da pneumonia bacteriana. Acomete 40% dos pacientes internados por pneumonia. Principais agentes são: S. pneumoniae (é o principal, por ser mais frequente) e o S. aureus (complica/agrava mais rápido) Quando suspeitar de um derrame pleural? Persistência da febre após 48 de tratamento Queda do estado geral Desconforto respiratório Dor torácica do tipo pleurítica (ventilatório dependente) Pode irradiar para ombro e abdome Ao exame físico: ▪ Pode apresentar inicialmente um atrito pleural(some com o aumento do derrame) ▪ Redução do MV ▪ Redução do Som vocal (≠ da consolidação, que apresenta uma broncofonia, som vocal) ▪ Macicez a percussão macicez (sinal de signorelli) ▪ Postura antálgica 5 PEDIATRIA 30 Marina Prietto Suspeitou de derrame? Solicita-se um RX TÓRAX: PA, Perfil e em decúbito lateral (LAURELL) Toracocentese: ▪ Indicada em derrames > 1cm ou uma opacidade > ¼ do hemitórax (na PA); ▪ Sempre solicitar a análise do liquido pleural ▪ Solicitar: pH; LDH; Glicose; Cultura e Bacterioscopia. ▪ A solicitação não é para diferenciar entre transudato ou exsudato (parapneumônico sempre será exsudativo) ▪ O intuito principal é: AFASTAR um empiema. Padrão do empiema: − Macroscópico: Purulento. − pH: < 7.1 − Glicose: < 40 mg/dL (começa a ser consumida) − LDH: > 1000 U/L − Com presença de bacterioscopia ou cultura positiva; CONDUTA: Drenagem pleural (caso contrário o processo inflamatório não irá se resolver somente com o ATB) Quando indicar uma drenagem? 1. Em caso de empiema; 2. Derrames volumosos (maior ½ do HTX) 3. Presença de desconforto respiratório importante. É uma drenagem fechada, continua, sob selo d’água – de preferência com o dreno tubular.
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