Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MBA EM LOGÍSTICA EMPRESARIAL Resenha Crítica de Caso Alexandre França Trabalho da disciplina: SISTEMAS INT. DE GESTÃO PARA TOMADA DE DECISÃO Tutor: GERALDO GURGEL FILHO Rio de Janeiro 2021 http://portal.estacio.br/ 2 ESTUDO DE CASO: ZARA: TI PARA MODA RÁPIDA Referências: (Andrew Mcafee; Vincent Dessain; Anders Sjoman; 610-P01, Harvard Business School - Rev . 6 de Setembro de 2007) A presente resenha crítica traz um diálogo informal ocorrido em um bar da cidade de La Coruña entre Xan Salgado Badás - Diretor de Tecnologia de Informação (TI), e Bruno Sánchez Ocampo, responsável técnico pelo Sistema dos Pontos de Vendas (PDV’s), ambos eram colaboradores da Zara, empresa do grupo Inditex. O tema abordado era o sistema operacional implantado nos PDV’s das lojas Zara- disse Salgado: “Está na hora de fazer um upgrade”, em resposta Sánchez falou: “Não, ainda não”, “Está, sim, insistia Salgado e continuou... é arriscado deixar que fiquem tão para trás com relação à tecnologia atual”- Sanchez retrucou: “Não, é mais arriscado promover um upgrade só para nós ‘mantermos atualizados’. O software está funcionando bem, não convém mexer nele”; “Mas ele funciona com o “DOS” e, como você sabe, a Microsoft nem dá mais suporte pra ele”. Ambos estavam preocupados em saber o quanto as mudanças afetariam a estrutura funcional das lojas. “Será que um upgrade no sistema operacional melhoraria o APP de PDV’s? O quanto redes internas e entre lojas poderiam comprometer a infraestrutura atual?” muitas dúvida pairavam, pois tudo que haviam construído para a Zara até o momento, poderia estar se tornando obsoleto. Qual seria a reação se o fornecedor dos terminais de PDV’s mudasse a configuração dos seus equipamentos ao ponto de não funcionarem mais com o “DOS”? Após várias indagações e argumentos de Sánchez, Salgado se manteve contemplativo, pois tais argumentos foram utilizados pelo mesmo em outras ocasiões. Contudo, a dúvida continuava sobre manter o sistema operacional atual funcionando perfeitamente, ou introduzir mudanças e seguir a tendência tecnológica? Dados de 2003 demonstravam que a Inditex administrava 1.558 lojas em 45 países, sendo 550 da rede Zara. As vendas na Espanha representavam 46% das receitas financeiras do grupo, sendo a França seu maior mercado externo. Somente as vendas da Zara representavam 73,3% do faturamento da Inditex com o departamento feminino sendo o mais lucrativo, representando 60% das receitas arrecadadas. Em 3 2002 a Inditex obteve um lucro líquido de €438 milhões, estimados sobre uma receita bruta de €3,8 bilhões revelando a tendência alta de crescimento, que já era constante desde 1996 a 2000, quando os lucros triplicaram. A Itália tinha um mercado promissor com consumidores mais interessados em moda, porém o número de lojas Zara era pequeno no país. As lojas existentes na Itália eram bem sucedidas e, por esse motivo, Castelhano mantinha-se confiante nessa praça com intenção de ter um número semelhantes de lojas igual ao existente na Espanha. De acordo com Castelhano, o sucesso dessa expansão se daria por meio da estrutura atual da Inditex. A fala de José Maria Castelhano Rios, presidente do grupo era: “A ideia original do negócio era muito simples: vincular a demanda do consumidor à fabricação e vincular a fabricação à distribuição. Esta continua sendo a ideia até hoje.” A Zara foi criada por Amâncio Ortega, em 1975 na cidade de La Coruña. Ortega já confeccionava roupas desde 1963, e no início de sua trajetória empreendedora, percebeu que a moda se comportava de forma muito volátil e sua demanda era bastante imprevisível, diante de tais fatos conceito da Zara Moda Rápida foi criado. A partir de 1985 dois fatos relevantes aconteceram; a formação do grupo Inditex, que atuava como “empresa mãe” (holding) e incorporou a Zara e outras além de uma rede própria de fornecedores, e o ingresso de José Maria Castelhano Rios no departamento de TI, o qual tornou-se, após algum tempo, diretor executivo chefe da Inditex. Ortega e Castelhano apoiavam a informatização do modelo de negócios que pretendiam desenvolver. Também compartilhavam ideias semelhantes sobre tendências da moda, preferência do público-alvo onde jovens urbanos e seguidores de moda, mudavam rapidamente de gostos e dificilmente eram influenciados por campanhas publicitarias. Ortega, Castelhano além de outros gestores confiavam na inteligência e senso crítico dos seus colaboradores quanto à tomada de decisões, sendo atribuído aos gerentes da Zara maiores responsabilidades que em outras organizações do mesmo ramo. Além de todas as atribuições do cargo, também podiam decidir o que vender em cada loja, e fazer pedidos dos itens que jugavam ter maior demanda. Existia um grupo de pessoas com a denominação de “os comerciais”, os quais eram autorizados decidir sobre o que desenvolver e produzir. Essa atribuição ia de contra mão das cadeias de lojas tradicionais, que possuíam grandes designers de moda. Esses “comerciais”, 4 concebia, expandia e modificava as coleções da Zara. Cada seguimento (masculino, feminino e infantil), era destinado a uma equipe composta por 2 designers e 2 gerentes de produto, que tinham a responsabilidade de adquirir materiais, ordens de produção e composição dos preços. “Os comerciais” atuavam juntamente com as equipes de produto na ligação entre a matriz e as demais lojas da Zara, com a função básica de entender o comportamento da moda, por meio da observação das pessoas, dialogando com os gerentes de loja, e verificando o que cada loja vendia em sua região. “E-commerce” era algo não utilizado pela Zara pois os CD’s não possuíam “setups” apropriados para coleta e despacho dos pedidos além de que a grande porcentagem de devoluções de itens vendidos online, inviabilizavam a operação. A Zara baseava-se em processos cíclicos padronizados, o que resultava no sucesso da rede no quesito atendimento rápido e exato das mudanças exigidas pelos consumidores. O gerentes utilizavam os “assistentes pessoais digitais” (PDA’s) para serem informados sobre novos lançamentos. Esses “PDA’s eram conectados à noite ao sistema de informação da central em La Coruña. Por esta via de comunicação também era disponibilizado um formulário digital chamado de “a oferta” com a descrição e imagem dos lançamentos recentes, e os itens disponíveis para reposição. Os itens de cada oferta eram baseados nas peças disponíveis, no padrão de vendas na região, e em previsões de vendas em cada localidade. E também por nivelamento da oferta de roupas prontas nas fabricas para os CD’s, com a demanda de pedidos das lojas. Gerentes de produto e “comerciais” atuavam em conjunto no cálculo da produção futura de SKU’s. A rede Zara possuía uma logística muito eficiente, onde suas entregas chegavam aos pontos de vendas, num período de 1 a 2 dias após o pedido. O abastecimento via modal rodoviário da Europa Ocidental e aéreo das lojas da norte da Europa e Oriente Médio era de responsabilidade dos CD’s espanhóis. Já na América Latina contavam os CD’s locais davam apoio as operações. A cadeia de valores da rede era alinhada com objetivo de produzir e entregar somente o solicitado, e quando solicitado, dessa forma, não havia estoque parado em nenhum ponto da sua cadeia de suprimentos. Outro ponto de destaque era a competência de produção antes nunca vista no mercado têxtil mundial. Demandava apenas três semanas entre a concepção, produção e entrega no CD, e mais dois dias para as roupas estarem à 5 disposição dos consumidores nas vitrines e, a mesma estratégia administrativa aplicada nos negócios, era utilizada no departamento de TI, com decisões precisas e descentralizadas. A Zara possuíaum sistema de operações próprias e atuação em vários países, refletindo diretamente na preferência de Salgado e sua equipe o desenvolvimento interno “APP’s” que precisavam para o funcionamento e controle das suas operações. Sistemas de controle contábil, suporte a pedidos, atendimento de pedidos e fabricação podiam ser gerenciados pelos aplicativos desenvolvidos internamente pela equipe multifuncional. Essa equipe podia, de La Coruña, prestar suporte as operações de TI do grupo Inditex. Informações eram transmitidas à central em La Coruña por meio de modens conectados aos PDV’s de cada loja. Nas fábricas os APP’s só planejavam a produção, por meio de cálculos matemáticos simples com intuito de otimizar planos e programas. O que se tinha de equipamento sofisticado na Zara eram máquinas informatizadas responsáveis pelo corte dos tecidos que se fazia necessária na redução do desperdício, e a capacidade de operação de corte. Em 2003, com a implantação dos PDA’s pela equipe de salgado, tarefas como a colocação de “pedidos”, devoluções de roupas aos CD’s e transmissão de informações entre lojas e matriz eram realizadas através desta nova tecnologia. As lojas possuíam vários PDA’s, os quais eram atualizados de acordo com avanço da tecnologia aplicada. Contudo, os PDV’s não eram dotados de tecnologia de ponta, fazendo uso do sistema operacional “DOS” da Microsoft, o qual não possuía suporte desde 2003. Como era um software de fácil utilização e estável, as lojas da rede Zara utilizava ambas tecnologias, mesmo elas não se comunicando para troca de informações. Concluímos que, apesar do avanço rápido da tecnologia de informação, não se faz tão necessária a migração constante de sistemas em uma organização de abrangência mundial, pois os custos de implantação e manutenção podem ser altos além de poderem trazer problemas para a funcionalidade da empresa. Para amenizar transtornos que podem aparecer, é necessário a atualização gradativamente ou operar com os dois sistemas, fato ocorrido na rede Zara.
Compartilhar