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OBSTETRÍCIA III SANGRAMENTO DA 1ª METADE DA GESTAÇÃO Abortamento, Doença Trofoblástica, Gravidez ectópica Abortamento – interrupção < 20-22 semanas ou 500g PRECOCE x TARDIO ≤ 12 semanas > 12 semanas ESPONTÂNEO x PROVOCADO Legal: risco de vida, estupro e anencefalia ESPORÁDICO x HABITUAL Causa + comum: trissomias (16) ABORTO PROVOCADO LEGAL ● Anencefalia (STF liberou em 2012) → qualquer IG, a partir de 12semanas ● Risco de vida materno (2 médicos assinam o laudo) qualquer IG ● Estupro (sentimental) * → perícia, juiz, BO não são necessários! o Só pode ser realizado aborto até 20 - 22 semanas � Outras malformações → não estão previstas em lei; somente com autorização judicial! ABORTAMENTO HABITUAL/RECORRENTE ≥ 3 perdas sucessíveis→ INVESTIGAÇÃO ● Incompetência istmo-cervical ● Síndrome do anticorpo antifosfolipídio ● Insuficiência do corpo lúteo INCOMPETÊNCIA ISTMO-CERVICAL CERCLAGEM → 12 - 16 sem + usada: Mc Donald McDonald: sutura em bolsa do colo com fio absorvível; remover com 36-37 semanas ou se iniciar TP Aborto tardio Colo fica curto Dilatação indolor Feto vivo, morfologicamente normal – patologia cervical Múltiplos partos prematuros SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDIO ● Anticardiolipina ● Anticoagulante lúpico ● Anti-beta2 glicoproteína * Necessário 2 titulações positivas de um anticorpo Tratamento: AAS 100mg e HEPARINA Colo normal Lúpus Anticorpos (+) Tromboses Feto morto Diagnóstico: 1 critério clínico + 1 laboratorial INSUFICIÊNCIA DO CORPO LÚTEO Tratamento: Progesterona (Até o final do 1º Trimestre) Precoce ⇩ Progesterona Colo normal APRESENTAÇÃO CLÍNICA COLO ABERTO COLO FECHADO INCOMPLETO COMPLETO INEVITÁVEL AMEAÇA INFECTADO RETIDO COLO ABERTO CLÍNICA CONDUTA Incompleto (ainda tem material) Útero menor com restos (endométrio > 15mm) Esvaziamento uterino Inevitável (ainda não abortou) Útero compatível com IG embrião Esvaziamento uterino Infectado Febre, odor fétido, leucocitose... ATB* + Esvaziamento uterino COLO FECHADO CLÍNICA CONDUTA Completo Útero menor e vazio (endométrio < 15mm) Orientação Ameaça Embrião vivo com útero compatível Repouso** Analgésico Retido Embrião morto e útero menor Esvaziamento uterino Diferença IIC de abortamento inevitável ICC tem dilatação indolor, no abortamento tem cólica Colo fechado: para diferenciar entre ameaça e aborto retido → USG Colo aberto: para diferenciar entre incompleto e inevitável → esvaziamento ESVAZIAMENTO O limite é 12 semanas → formação óssea da criança (risco de perfuração do útero) ≤ 12 semanas AMIU (padrão-ouro, menos perfuração, lesão, aderência) ou curetagem > 12 semanas Avaliar presença de feto Sem feto (incompleto): curetagem Com feto (retido / inevitável): Misoprostol ± curetagem - Avaliar necessidade de curetagem após misoprostol Qualquer sangramento na gravidez, avaliar RH da mãe, pois qualquer sangramento pode fazer doença hemolítica DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL Proliferação anormal do trofoblasto, com degeneração hidrópica BENIGNA MOLA HIDATIFORME - Completa - Parcial MALIGNA Mola invasora (+ comum) Coriocarcinoma Tumor trofoblástico de sítio placentário ● A mola maligna não evolui apenas de uma mola benigna. A doença trofoblástica maligna pode acontecer a partir de qualquer gestação, até mesmo uma normal e saudável. ● A mola completa é quando um sptz (23x) fecunda um óvulo sem material genético, duplicando-se (46xx) e formando uma célula diploide com material genético paterno. O embrião não se forma, tendo 20% de chance de malignização. ● A mola parcial possui material genético do pai e da mãe, porém com fecundação de 2 sptz em 1 óvulo, formando uma célula triploide. Forma embrião (possui tecido fetal) e tem 5% de chance de malignização. MOLA COMPLETA 23 X ÓVULO VAZIO 46 XX ● NÃO HÁ EMBRIÃO ● 20% = MALIGNIZAÇÃO ● GENES PATERNOS (sptz. duplica o material) MOLA PARCIAL 23 X 23 X 69 XXY 23 Y ● TEM TECIDO FETAL ● 5% = MALIGNIZAÇÃO ● TRIPLOIDE (69 XXY) QUADRO CLÍNICO Sangramento de repetição, vesículas, hiperêmese, hipertireoidismo, HAS/ PE precoce, ↑ uterino e em “sanfona” ↑↑ BETA-HCG → MOLA COMPLETA Na mola parcial podemos ter beta normal USG: imagens nodulares hipoecóicas → flocos de neve ou nevasca TRATAMENTO Esvaziamento uterino + histopatológico Vácuo-aspiração Histerectomia Se prole definida > 40 anos E os anexos? Vão regredir (não retirar)! Os cistos teca-luteínicos presentes no ovário são fruto de hiperestimulação hormonal e regridem! CONTROLE DE CURA β-hCG Semanal até 3 negativos Após → mensal até 6 meses * (USP-SP - Zugaib: quinzenal até 3 negativos) Não pode engravidar Contracepção eficaz Exceto DIU SUGESTIVO DE MALIGNIZAÇÃO 3 valores em ascensão (em 2 semanas) 4 valores em platô (+ 10%) Metástases (+ comum pulmonar) 6 meses ainda positivo (questionável) QT com MTX GRAVIDEZ ECTÓPICA Gestação implantada fora da cavidade uterina CLÍNICA β-hCG USG Atraso menstrual, dor abdominal e sangramento > 1500 (alto) Útero vazio ● Local mais comum: 98% TROMPA (1º AMPOLA / 2º ISTMO) ● Fatores de risco: ectópica prévia, endometriose, tabagismo, raça negra, > 35 anos, cirurgia abdominal, DIP e DIU (relativo) ● Sangramento: é fruto de um estímulo endometrial fraco (reação de Arias-Stella) – todas as vezes em que a mulher engravida existe um estímulo hormonal para que o endométrio se prepare para a gravidez. No caso de uma gravidez ectópica, a produção hormonal é fraca (não é capaz de sustentar o endométrio) e ocorre sangramento discreto. o A única ectópica que pode cursar com hemorragia vaginal intensa é a ectópica cervical! ● Rota choque, sinal de blumblerg e proust (abaulamento de dor em fundo de saco) TRATAMENTO EXPECTANTE Ectópica íntegra e β-hCG declinante Seguimento: ↓ semanal β-hCG MEDICAMENTOSO ⇩ METOTREXATE IM múltiplas doses ou dose única Obrigatórios: ● Ectópica íntegra Condições ideais (prognóstico): ● Sem BCF ● Massa < 3,5 cm ● β-hCG < 5.000 Comparar o 4º e 7º dia de β-HCG após o MTX → deve ↓ 15%; caso contrário, pode tentar de novo (se preencher os critérios) – máx de 3 tentativas CIRÚRGICO CONSERVADOR (mantém a trompa) ● Ectópica íntegra ● Desejo de gravidez SALPINGOSTOMIA LAPAROSCÓPICA CIRÚRGICO RADICAL (retira a trompa) ● Ectópica rota ● Prole completa SALPINGECTOMIA Laparoscopia (estável) X Laparotomia (instável) SANGRAMENTO DA 2ª METADE DA GESTAÇÃO DPP, Placenta Prévia, Roturas Descolamento Prematuro de Placenta (DPP) Descolamento prematuro após a 20ª semana Fatores de risco ● HAS, trauma, idade > 35, polidramnia, gemelaridade e drogas (tabaco / cocaína) ● Polidramnia e gemelaridade: útero distendido, quando a bolsa rompe ocorre retração uterina súbita, descolando a placenta Quadro clínico SANGUE IRRITA O ÚTERO Dor abdominal Taquissistolia Hipertonia (útero lenhoso) Sofrimento fetal agudo Dor abdominal, taquissistolia, hipertonia, sofrimento fetal agudo, hemoâmnio e sangramento → o hematoma retroplacentário irrita o útero, causando dor abdominal e contrações exacerbadas! ● Sangue escuro ● 20% cursa com sangramento oculto Diagnóstico ● Clínico ● Não é necessário USG! Conduta FETO VIVO Via + rápida (cesariana) - Parto iminente: vaginal REALIZAR ANTES: AMNIOTOMIA ⇩ ● Diminui a pressão no hematoma ● Diminui a infiltração miometrial ● Diminui tromboplastina para a mãeFETO MORTO Via vaginal - Se demorar: cesariana Complicações ● Útero de Couvelaire (apoplexia uteroplacentária) o Massagem FU + ocitócito (se não der certo: misoprostol via retal) o Sutura de B-Lynch (diminui a chance de histerectomia) o Ligadura hipogástrica / uterina o Histerectomia (subtotal) ● Síndrome de Sheehan o Necrose hipofisária com amenorreia ● CIVD o Tromboplastina para a circulação materna o Avaliação prática de coagulopatia: colher 8mL de sangue da paciente, colocar em tubo de ensaio a 37°C (segurar o tubo na mão fechada – não balançar o tubo); sangue que coagula em até 10 min e permanece firme por mais 15 min afasta coagulopatia Placenta Prévia ● Placenta próxima ou sobre orifício interno do coloconfirmada após 28 semanas ● Ocorre por falha na migração placentária após 28 semanas Classificação ● Marginal ● Parcial ● Total → indicação absoluta de cesárea Fatores de Risco ● CIMET → Cesárea/curetagem, idade > 35, multiparidade, endometrite, tabagismo, gemelar Quadro Clínico � P – Progressivo � R – Repetição � E – Espontâneo � V – Vermelho vivo (rutilante) � I – Indolor � A – Ausência de hipertonia e sofrimento fetal Não realizar o toque vaginal! Fazer exame especular primeiro! CONDUTA NO SANGRAMENTO A TERMO Interrupção PREMATURO Depende do sangramento ● Intenso → interrupção ● Escasso → expectante VIA DE PARTO TOTAL Sempre cesariana (indicação absoluta PARCIAL A maioria cesariana MARGINAL Avaliar parto vaginal Complicações ● Apresentação anormal (não-cefálica), acretismo, puerpério anormal (hemorragia, infecção) Acretismo Placentário História típica: mulher com passado de ≥ 2 cesáreas anteriores e que nessa gravidez confirmou-se placenta prévia! Diagnóstico ● Suspeita: placenta prévia + cesárea anterior ● Pré-natal: USG ou RNM ● Pós-parto: dificuldade de extração CLASSIFICAÇÃO CONDUTA ACRETA Até a camada esponjosa do endométrio Tentativa de extração manual (ainda há plano de clivagem) INCRETA Até o miométrio Histerectomia PERCRETA Até a serosa Roturas Rotura de Seio Marginal - o seio marginal é a extrema periferia do espaço interviloso ● Sangramento indolor, vermelho-vivo, espontâneo, periparto, tônus uterino normal e sem sofrimento fetal ● USG normal – diferencia de placenta prévia! ● Confirmação: histopatológica (após o parto) ● Conduta: sangramento discreto → bom prognóstico → parto vaginal Rotura de Vasa Prévia – ruptura de vasos umbilicais desprotegidos entre a apresentação e o colo ● Fatores de risco: placenta bilobada, suscenturiada, inserção velamentosa de cordão ● Sangramento vaginal após amniorrexe + SFA ● Conduta: cesariana de urgência Rotura Uterina ● Fatores de risco: multiparidade, Kristeller, parto obstruído, DCP, cicatriz uterina... Sinal de Iminência ● Sinal de Bandl - anel separa corpo do segmento ● Sinal de Frommel - ligamentos redondos distendidos Sinal de Rotura Consumada ● Fácil percepção de partes fetais ● Sinal de Clark → enfisema subcutâneo (crepitação à palpação abdominal) ● Sinal de Reasens → subida da apresentação fetal Conduta ● Iminência: cesariana ● Consumada: histerorrafia ou histerectomia DOENÇA HEMOLÍTICA PERINATAL Incompatibilidade ABO: ● Mais comum ● Não tem profilaxia ● Não exige sensibilização Incompatibilidade Rh: ● Mais grave ● Tem profilaxia ● Exige sensibilização SENSIBILIZAÇÃO Mãe Rh – DU - Pai Rh + Feto Rh + ● Variante DU: caso a mãe seja DU (+), esta comporta-se como Rh+ e não entra no protocolo ● Na primeira gestação ocorre a sensibilização. Na próxima gestação, se a criança for Rh (+), a mulher irá produzir anticorpos e haverá hemólise (a doença é cada vez mais grave em gestações subsequentes, pois haverá cada vez mais produção de anticorpos). SEGUIMENTO COOMBS INDIRETO (-) Não foi sensibilizada REPETIR COM 28, 32, 36 e 40 SEMANAS COOMBS INDIRETO (+) < 1:16 MENSAL ≥ 1:16 INVESTIGAÇÃO FETAL* O Coombs indireto (+) nos indica a formação de anticorpos / sensibilização. INVESTIGAÇÃO DA ANEMIA FETAL ● Amniocentese (curva de Liley: bilirrubina) – não é mais utilizado ● Doppler da cerebral média (não invasivo: Vmáx) – velocidade máxima > 1,5 sugere hemólise significativa → encaminhar para cordocentese ● Cordocentese: padrão ouro (diagnóstico / tratamento) – pode chegar a 3% de morte fetal (por isso não é o primeiro exame a ser realizado) IMUNGLOBULINA ANTI-D ● Sangramento ● Exame invasivo ou parto (ideal < 72h) ● 28 semanas Só fazer se coombs indireto negativo! COMO AVALIAR A IMUNOPROFILAXIA? COOMBS INDIRETO EFETIVA: teste positivo* TESTE DE KLEIHAUER EFETIVA: teste negativo ** (*) Coombs indireto positivo após aplicação da Ig (a Ig foi suficiente para destruir as hemácias fetais e ainda “sobrou” anticorpos). Caso o coombs indireto não positive: fazer mais uma dose. ● O Coombs indireto deve negativar em até 3 meses pós-parto – caso não negative significa que a paciente foi sensibilizada! (**) Pesquisa de hemácias fetais na mãe
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