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MÉTODO DIALÉTICO E MÉTODO FENOMENOLÓGICO Método Dialético A dialética teve origem na Grécia Antiga por meio das contribuições de alguns filósofos, são eles: Platão, Sócrates, Heráclito e Aristóteles. Ela se constitui como uma maneira de analisar a realidade a partir do confronto de ideias, teses ou teorias. O método dialético proposto por Hegel refere-se a ideia de processo/movimento, para se alcançar o resultado do conflito de opostos (BEZERRA, 2020). As proposições de Hegel no que concerne a dialética, foram posteriormente empregadas por Karl Marx e Friedrich Engels, que desenvolveram o materialismo histórico dialético. Hegel aponta três “elementos” no método dialético: a tese (uma afirmação “ideia” inicial), a antítese (oposição ou negação da tese), e a síntese (resultado do confronto entre a tese e a antítese). Forma- se um ciclo contínuo, onde toda ideia pode ser contestada por uma ideia contrária, gerando uma ideia mais “desenvolvida” e que pode ser novamente contestada retomando o início do ciclo. A dialética consiste em fazer a análise/investigação da realidade por meio da contraposição de elementos conflitantes, onde o pesquisador deve confrontar qualquer definição ou conceito tomado como “verdade” com outras realidade e teorias, para chegar a uma nova teoria, uma nova conclusão (MARCONI, LAKATOS, 2003). Existem quatro leis fundamentais que regem o método dialético, são elas: ação recíproca (tudo se relaciona), mudança dialética (negação da negação, tudo se transforma), mudança qualitativa e a interpenetração dos contrários. A lei da ação recíproca refere-se a interação das relações, uma “via de mão dupla”, onde as coisas (objetos, elementos, fenômenos…) não existem isoladas umas das outras, mas formam um “todo”, interligadas entre si. “Todos os aspectos da realidade (da natureza ou da sociedade) prendem-se por laços recíprocos e necessários” (MARCONI, LAKATOS, s.p, 2003). A mudança dialética ocorre por meio da negação da negação como ponto de partida para a transformação. Quando se tem duas ideias opostas, como por exemplo uma afirmação e uma negação, tem-se um embate que resulta na negação (negação da afirmação). Mas a negação da negação, como ideias confluentes, resulta na afirmação da negação. Dessa forma, a mudança dialética é a negação da negação transformando-se em algo novo. A mudança qualitativa refere-se a passagem do quantitativo para o viés qualitativo. Ocorre de algumas vezes as mudanças qualitativas não se efetuarem gradualmente, mas de forma rápida. Ao estudar e analisar a realidade através do método dialético, os fatos e fenômenos ficam “submetidos” em um universo qualitativo. Dessa forma, faz-se necessário ter um olhar crítico sob o objeto de pesquisa e a realidade que o circunda. Por fim, a última lei, a interpenetração dos contrários assume um sentido particularmente importante quando em um dado momento do processo, os contrários se convertem um no outro (ANDREOL, 2017). A negação dos contrários faz parte do “processo” de reafirmação da consistência do objeto de estudo, onde o problema da pesquisa vai sendo “moldado” e se transformando junto com o pesquisador ao longo de todo o processo de pesquisa, que implica em iniciar a pesquisa com alguns pressupostos, e ir modificando-os com base na evolução da pesquisa, do confronto de ideias, teorias e etc. Método Fenomenológico O conceito de fenomenologia é oriundo do grego (phainomenon) e significa fenômeno. Ele foi formulado pelo filósofo alemão Edmund Husserl, e passou a ser utilizado pelos pesquisadores de vários campos do conhecimento exercendo grande influência no meio acadêmico. A fenomenologia pode ser entendida como o estudo que busca fundamentar o conhecimento nos fenômenos da consciência, partindo da premissa de que o conhecimento se dá a partir de como a consciência interpreta os fenômenos (MENEZES, 2019). Os fenômenos podem ser compreendidos como tudo aquilo que é observável, algo que aparece ou se manifesta. Dessa forma, a uma relação intrínseca entre o fenômeno e a consciência, visto que a consciência é “responsável” por dar sentindo as coisas, e os fenômenos ocorrem no sentido de materializar/manifestar a consciência. “Os fenômenos são entendidos pela representação que a consciência faz do mundo” (MENEZES, s.p, 2019). A consciência vai variar conforme a conjuntura em que ela está inserida. Sendo assim, cabe ao pesquisador interpretar os fenômenos da maneira que eles aparecem, tendo por “base” a observação e a descrição de tais fenômenos. Nesse contexto, o método fenomenológico se preocupa em descrever o fenômeno da maneira que ele é captado pelo pesquisador, fazendo uma descrição direta da experiência tal como ela é. Dessa forma, a “leitura” da realidade, sob o olhar de cada pesquisador, pode apresentar múltiplas interpretações. Uma das características da pesquisa fenomenológica, é a redução fenomenológica, que consiste em abandonar temporariamente os pressupostos, conceitos, os julgamentos, preconceitos, teorias e crenças, para concentrar-se unicamente no fenômeno, na essência da experiência, e nas suas interpretações e significações para o pesquisador. A redução fenomenológica, também chamada de epoché, apresenta-se sob dois níveis: a redução psicológica e a redução transcendental. A redução psicológica, como já mencionado anteriormente, consiste na suspensão temporária de todos os juízos, teorias, definições e preconceitos sobre o fenômeno ”apreendido”, com o fim de enfocar e descrever o fenômeno da maneira como ele se manifesta. A redução transcendental se apresenta como uma “radicalização” da redução psicológica, onde o pesquisador chegaria a um estágio de “consciência pura”. Na “consciência pura” ou “transcendental”, a o predomínio da relação pura do sujeito (sem nenhuma intervenção) ao objeto (SILVA, s.d). Nesse nível de redução, chega-se ao que Husserl designa de atitude fenomenológica, que representa “o ponto de partida” para fundamentar a pesquisa. Husserl não era adepto das ciências experimentais, pois na sua concepção, os dados empíricos apresentam certa instabilidade e por consequência, não fornecem o “rigor” necessário a investigação filosófica (SILVA, s.d). Fazendo um comparativo entre as ciências experimentais e a fenomenologia, percebe-se que a primeira restringe sua análise aos dados empíricos, enquanto a fenomenologia abre um “leque” de interpretações e análises (compreensiva e não explicativa) para o pesquisador. Em síntese, o método fenomenológico apresenta grande relevância e um certo “destaque” nas pesquisar das ciências humanas. Tal método nos mostra que além da criticidade do pesquisador, a sensibilidade aos fenômenos que o rodeia, também é muito importante no processo de pesquisa. Enfatiza-se a apreensão, descrição e compreensão do fenômeno da forma como ele se manifesta para o pesquisador, sem (temporariamente) aportes teóricos, pressupostos, apenas o fenômeno e a consciência (do pesquisador) refletida na realidade em que o fenômeno está inserido. Referências bibliográficas BEZERRA, Juliana. Hegel. Toda Matéria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/george-wilhelm-friedrich-hegel/ / Acesso em 18 fev. 2021. ANDREOLI, Quetilim. Método dialético. SlideShare. Disponível em: https://www.slideshare.net/QuetelimAndreoli/mtodo-dialtico / Acesso em 18 fev. 2021. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. O método dialético materialista. In: Fundamentos da metodologia científica. Disponível em: https://livrepensamento.com/2013/10/21/o-metodo-dialetico- materialista/ / Acesso em 18 fev. 2021. MENEZES, Pedro. Fenomenologia de Edmund Husserl – Filosofia. Toda matéria. Disponívelem: https://www.todamateria.com.br/fenomenologia/ / Acesso em 18 fev. 2021. CIENTÍFICA, Metodologia. Métodos de abordagem: fenomenológico. Metodologia científica. Disponível em: https://www.metodologiacientifica.org/metodos-de- abordagem/metodo- fenomenologico/ /Acesso em 18 fev. 2021. SILVA, Paulo Cesar Gondim. A fenomenologia de Husserl: uma breve leitura. Brasil escola UOL. Disponível em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-fenomenologia- husserl- uma-breve-leitura.htm /Acesso em 19 fev. 2021. https://www.todamateria.com.br/george-wilhelm-friedrich-hegel/ https://www.slideshare.net/QuetelimAndreoli/mtodo-dialtico%20/ https://livrepensamento.com/2013/10/21/o-metodo-dialetico-materialista/ https://livrepensamento.com/2013/10/21/o-metodo-dialetico-materialista/ https://www.todamateria.com.br/fenomenologia/ https://www.metodologiacientifica.org/metodos-de-%20abordagem/metodo-fenomenologico/ https://www.metodologiacientifica.org/metodos-de-%20abordagem/metodo-fenomenologico/ https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-fenomenologia-%20husserl-uma-breve-leitura.htm https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-fenomenologia-%20husserl-uma-breve-leitura.htm
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