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1 BBPM III - FARMACOLOGIA FISIOPATOLOGIA DA IC • Efeitos compensatórios da IC: ativação do SNA simpático e do SRAA • O comprometimento da função cardíaca → leva a diminuição da PA → ativação do reflexo barorreceptor → aumento do efluxo simpático • Isso causa aumento da renina e vasoconstrição → o primeiro causa aumento do volume intravascular (aldosterona, retenção de água) levando ao aumento da pré-carga, enquanto que o segundo causa aumento da pós-carga • Ambos resultam em aumento da demanda de oxigênio do miocárdio e, consequentemente, ao longo prazo, agravam a insuficiência cardíaca FÁRMACOS UTILIZADOS NA IC • Modulam a ação de efetores neuro-humorais • ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS→As terapias na IC baseiam-se no controle de 3 parâmetros: A) Aumento da contratilidade B) Diminuição da pós-carga C) Diminuição da pré-carga 2 BBPM III - FARMACOLOGIA CLASSE DOS INIBIDORES DO SRAA • Usos terapêuticos: disfunção sistólica VE • Inibidores do sistema renina-angiotensina • Inibidores da ECA e bloqueadores dos receptores de angiotensina AT1 • Inibidores da ECA reduzem a produção de ANG II → redução dos efeitos da ANG II → reduz a vasoconstrição → efeito final é vasodilatação → redução da pós—carga → reduz a tensão da parede sistólica • Redução da resistência vascular sistêmica e aumento da complacência arterial causa redução da pós-carga e da tensão da parede sistólica • A redução da pós-carga é acompanhada pelo aumento do volume sistólico → aumenta o aporte de água e de sódio ao rim. Isso, associado ao efeito redutor da secreção de aldosterona por esses fármacos, auxilia na redução da pré- carga • Com a redução da pré-carga, há redução da tensão da parede diastólica, tendo como consequências: - vasodilatação arteriolar renal - aumento do fluxo sanguíneo renal - natriurese - redução da secreção da aldosterona - venodilatação - contração do volume de líquido corporal ANG II – EFEITOS DELETÉRIOS I. Estimula a proliferação de células musculares lisas vasculares II. Promove hipertrofia miocárdica → remodelamento cardíaco III. Deposição desfavorável da matriz extracelular • Esses são efeitos da angiotensina II que contribuem para uma piora da insuficiência cardíaca, remodelamento cardíaco → efeito deletério → deve ser bloqueado • Assim, bloqueá-la quando ela está cronicamente ativada é uma estratégia farmacológica → explica o sucesso das terapias com inibidores do SRAA na insuficiência cardíaca • Então, a ANG II participa do crescimento de miócitos (hipertrofia miocárdica), indução de fibrose cardíaca, morte dos miócitos. Possui um papel importante na remodelagem ventricular • Assim, os inibidores do SRAA impedem ou retardam a progressão da IC. Isso causa redução da incidência de morte súbita e IAM, de hospitalizações e melhora da qualidade de vida EFEITOS RENAIS • A ANG II faz vasoconstrição da arteríola eferente • Isso ajuda a manter a taxa de filtração glomerular em pacientes que estão com perfusão renal reduzida. Nesses pacientes, quando se utiliza um inibidor da ANG II é de vasodilatação na arteríola eferente, o que pode levar ao comprometimento da taxa de filtração renal • Efeitos agudos: insuficiência renal aguda em pacientes com perfusão renal reduzida ➔ Contraindicados em pacientes com estenose bilateral da artéria renal • No entanto, seu uso crônico, reduz a degeneração fibrótica glomerular - diminuem a pressão hidrostática intraglomerular - pode reduzir a insuficiência renal aguda em pacientes com IC CLASSE DOS BETA-BLOQUEADORES • As catecolaminas, quando se ligam aos receptores B1, causam aumento da contratilidade, da frequência cardíaca e ação nas células justa glomerulares renais (aumento da secreção de renina) 3 BBPM III - FARMACOLOGIA • Redução da pós-carga • Beta-bloqueador causa redução do débito cardíaco, da contratilidade. Parece, de início, paradoxal. • Inicialmente causa uma diminuição no débito cardíaco. No entanto, ocorre melhora da função sistólica cronicamente • No paciente com IC, o SN simpático está cronicamente ativado → ativação crônica das catecolaminas → ação ruim sobre o remodelamento cardíaco → toxicidade nos cardiomiócitos • EFEITO TÓXICO DA ATIVAÇÃO SIMPÁTICA: necrose, apoptose, fibrose, hipertrofia → remodelamento cardíaco • A inibição crônica das catecolaminas pelos beta- bloqueadores também causa um efeito benéfico → as catecolaminas possuem efeito deletério • Acredita-s que os beta-bloqueadores podem desenvolver um remodelamento reverso na IC Por que utilizar beta-bloqueadores na IC? • Redução inicial da função sistólica → recuperação em 2 a 4 semanas • Redução das taquiarritmias instáveis • Redução do tamanho da câmara do VE → inibição da sinalização celular proliferativa • EXEMPLOS DE FÁRMACOS: metoprolol, carvedilol e bisoprolol • Importante: devem ser iniciados em baixas doses, pode levar algum tempo até que os sinais de melhora sejam observados. Porém, estão associados a redução de mortalidade de pacientes com IC • Para receber um beta-bloqueador o paciente deve estar clinicamente estável. Nesses pacientes pode haver melhora dos sintomas, de hospitalizações e da mortalidade. Deve ser feita uma monitorização cuidadosa dos pacientes • O paciente com IC estável ainda pode ter uma desconpensação da IC. Nesses casos, em que o paciente possui uma IC de início recente e/ou agudamente descompensada, não se deve administrar beta- bloqueadores porque o papel efeito não está definido • EFEITOS COLATERAIS: broncoespasmo, piora inicial da IC, bradicardia e hipotensão HIDRALAZINA-NITRATO - VASODILATADORES • Vasodilatador direto com mecanismo de ação pouco conhecido ainda • Reduz a pós-carga → melhora a função sistólica • A hidralazina quando associada aos nitratos impede a tolerância ao nitrato, observada quando se usa os nitratos como monoterapia • Causa venodilatação (vasodilatação venosa) → aumento da capacitância venosa → redução do retorno venoso → assim, ocorre redução da pré-carga e do consumo de oxigênio • EFEITOS COLATERAIS: hipotensão, tontura e cefaleia ATUANTES NA CONTRATILIDADE – DIGOXINA • Mecanismo do efeito inotrópico positivo da digoxina → aumenta a contratilidade • Fármaco importante no alívio sintomático = não reduz a mortalidade • A digoxina inibe a Na+/K+- ATPase → aumenta a [Na+] intracelular → ocorre perda do gradiente de trocador de Na+/ Ca2+ OBs: Esse trocador Na+/ Ca2+ faz com que saia 1 cálcio da célula para a entrada de 3 sódios 4 BBPM III - FARMACOLOGIA • Assim, há aumento da [Ca2+] intracelular → aumento do armazenamento do Ca2+ no retículo sarcoplasmático → mais cálcio é liberado para a contração → aumento da contratilidade • Nas doses terapêuticas de digoxinas: apresenta efeitos eletrofisiológicos cardíacos - pode promover um aumento do tônus vagal (SNA parassimpático) - isso pode estar relacionado com o prolongamento/ aumento do tempo de condução atrioventricular - além disso, concentrações elevadas de cálcio pode promover arritmias por reentrada • EFEITOS ADVERSOS: anorexia, vômitos, cefaleia e vertigem • Biodisponibilidade cerda de 75% • Digoxina tem uma meia vida elevada: de 36 a 48 horas • Eliminação predominantemente renal (70%) • Volume de distribuição alto (4-7 litros por kg) • Considerações: ➔ A presença de Doença renal crônica reduz o volume de depuração e o volume de distribuição da digoxina: exige uma adequação/ajustes da dose ➔ Volume de distribuição elevado, o principal reservatório tecidual é o músculo esquelético: delimitar a massa corporal magra na definição da dose ➔ Hipopotassemia: maior ligação à bomba de sódio, aumenta o efeito da digoxina ➔ Deve-se tomar cuidado com a dose uma vez quetrata-se de um fármaco com janela terapêutica estreita 5 BBPM III - FARMACOLOGIA INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS COM A DIGOXINA CLASSE DOS SIMPATICOMIMÉTICOS • Fármacos que imitam a ação dos simpáticos • Mediado pela ação dos receptores, aumento do AMPc por estímulo de proteína G • São indicados para pacientes que tem IC descompensada por conta de um DC reduzido → objetivo é aumentar a contratilidade miocárdica • Podem ser usados em um suporte a curto prazo da circulação em falência • DOPAMINA: a. Quando administras em baixas doses, o efeito principal é vasodilatação b. Quando administrada em uma taxa de infusão intermediária, tem efeito cardioestimulatório em receptores beta 1 c. Quando administrada em altas doses, taxa de infusão alta, o efeito principal é em alfa 1 → vasoconstritor em artérias e veias ➔ Implante de cateteres para monitoramento hemodinâmico • DOBUTAMINA: - predomínio da ação agonista em receptores beta1- adrenérgicos, aumento da contratilidade. - também atua em receptores beta2-adrenérgicos → causa vasodilatação → e redução da pós-carga (pequena) - esses dois efeitos resultam em causa melhora do desempenho cardíaco global - aumenta o risco de arritmias IVABRADINA • Principal efeito: redução da frequência cardíaca • A ivabradina é um bloqueador de canais de HCN que produzem a corrente If → inibição dessa corrente leva a redução da FC • Na IC existe uma ação compensatória do SN simpático na tentativa de aumentar a FC - efeito cronotrópico positivo → pró-arrítmico - maior demanda de oxigênio - redução do enchimento diastólico - redução da perfusão coronariana • A ivabradina vira atenuar esses efeitos deletérios da atividade elevada crônica do simpático LEVOSIMENDANO • Ação sensibilizado ao cálcio: aumenta a afinidade da troponina C ao cálcio → efeito inotrópico positivo • Outro efeito: Ativação de canais de potássio sensíveis a ATP nas células musculares lisas → hiperpolarização → 6 BBPM III - FARMACOLOGIA inibição da corrente de cálcio → relaxamento da célula muscular lida → vasodilatação IRAN – INIBIDORES DOS RECEPTORES DE ANGIOTENSINA E DA NEPRILISINA • Fármacos que atuam sobre os peptídeos natriuréticos (ANP, BNP) • Os peptídeos natriuréticos são importantes por causar natriuerese, diurese, vasodilatadores e efeitos anti-hipertróficos, antifibróticos no coração e são capazes de aumentar a complacência • É interessante manter esses peptídeos elevados • A neprilisina é uma enzima que degrada os peptídeos natriuréticos e a angiotensina II • Fármacos que inibem essa enzima possuem efeitos contraditórios → aumento de ANG II (vasoconstrição) e aumento de ANP/BNP (vasodilatação, proteção na IC) • Na IC quer apenas o efeito de inibição da degradação dos peptídeos natriuréticos, não o aumento de angiotensina II • Então usa-se uma combinação de fármacos: LCZ 696 Sacubitril: inibidor da nebrilisina Valsartana: antagonista dos receptores de ATT1 de ANG II • Assim, ocorre inibição do SRAA e ativação do SPN
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