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Nicolas Martins 2025.1 - Farmacologia II Prof. Daniel FARMACOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA ● Introdução A insuficiência cardíaca ocorre quando o débito cardíaco é inadequado ao fornecimento de oxigênio requisitado pelo resto do organismo, ou seja, ele não é capaz de ejetar sangue em volumes suficientes para suprir as demandas do corpo. É uma condição altamente letal. A causa mais comum da IC é a doença de artéria coronária, incluindo a hipertensão também como um fator importante Podem ser distinguidos dois tipos principais de insuficiência: - Aproximadamente 50% apresentam insuficiência sistólica, com ação de bombeando mecânico ( contratilidade ) reduzida e fração de ejeção reduzida - Os remanescentes apresentam insuficiência diastólica, na qual o enrijecimento e a perda do relaxamento adequado desempenham um papel chave na redução do enchimento e no débito cardíaca, a fração de ejeção pode estar normal mesmo que o volume sistólico esteja reduzido A proporção de pacientes que possuem insuficiência diastólica aumenta com a idade. Como outras patologias relacionadas ao sistema cardiovascular ( como o infarto ) têm sido tratadas de maneira mais efetiva, mais pacientes conseguem sobreviver por tempo suficiente para que a insuficiência cardíaca se desenvolvam, tornando a insuficiência cardíaca uma patologia que vem ganhando prevalência ⇒ Estágios da IC 1. Estágio A = Risco de desenvolver mas não possui alterações de miocárdico, eventos isquêmicos ou alteração de estrutura cardíaca. São indivíduos que devem controlar os fatores de risco e monitorar a cardiotoxicidade, ou seja, monitorar o uso de substâncias que possam ser tóxicas ao coração. 2. Estágio B = Doença estrutural cardíaca presente mas o paciente permanece assintomático em relação a sintomas de IC. A abordagem é pela chamada tríplice maximizada que consistem em IECA, B-Bloq e antagonistas de mineralocorticóides 3. Estágio C = Doença estrutural presente com histórico de sintomas de IC. O tratamento clínico é otimizado com medidas adicionais com acompanhamento nutricional e fisioterápico 4. Estágio D = paciente grave com insuficiência e que não responde ao tratamento farmacológico, precisando urgente de intervenção especializada. Para o tratamento é indicado todas as medidas acima considerando transplantes e dispositivos de assistência ventricular ⇒ Classificação Funcional Os sintomas mais frequentes na IC são a dispneia e o cansaço. A dispneia é consequência do aumento da pré-carga, com congestão venosa e capilar dos pulmões, o que diminui a capacidade vital e aumenta o trabalho respiratório. ⇒ Classificação da IC quanto FE → ICFEr = insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida → ICFEi = insuficiência cardíaca com fração de ejeção intermediária → ICFEp = insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada - BNP = O BNP (Brain natriuretic peptide) é um neuro hormônio secretado pelos ventrículos em resposta à expansão de volume e sobrecarga de pressão. Seus níveis estão correlacionados com medidas hemodinâmicas, tais como: pressão átrio direito, pressão capilar pulmonar e a pressão diastólica final do ventrículo esquerdo. É um peptídeo que estimula a eliminação de sódio que quando liberado na circulação sanguínea ele age nos rins aumentando o débito urinário por meio da eliminação de sódio, desse modo, diminuindo a sobrecarga volumétrica do coração. A insuficiência cardíaca é uma doença progressiva que tem como característica a redução gradual do desempenho cardíaco. Desse modo, o tratamento é direcionado para duas metas distintas ( 1 ) redução dos sintomas e da progressão e ( 2 ) tratamento de episódios agudos de insuficiência descompensada. ● Etiologia da Insuficiência cardíaca A insuficiência cardíaca é uma síndrome com muitas etiologias que podem envolver um ou ambos os ventrículos. No Brasil, a principal etiologia da IC é a cardiopatia isquêmica crônica associada à HAS, podendo ser observadas algumas situações especiais de IC em determinada regiões do país, tais como as IC’s associadas à doença de Chagas, à endomiocardiofibrose e à cardiopatia valvular reumática crônica. Alguns exemplos de Etiologia: A disfunção sistólica com débito cardíaco reduzido e fração de ejeção dramaticamente reduzida é típica de insuficiência aguda, em especial daquela decorrente do infarto do miocárdio A disfunção sistólica acontece como resultado de uma hipertrofia e enrijecimento do miocárdio, sendo que, embora o débito esteja reduzido, a fração de ejeção permanece normal. As insuficiências que decorrem de disfunção diastólica não respondem de ótima maneira aos agentes inotrópicos positivos. A insuficiência de “alto débito" é uma forma rara de IC. Nesse caso, as demandas do organismo são tão grandes que mesmo que o débito cardíaco aumente ele permanece insuficiente. Essa insuficiência pode resultar de hipertireoidismo, beribéri, anemia. Tal forma de insuficiência responde mal aos fármacos usados para o tratamento de IC e devem seguir tratamento por meio da correção de causa subjacente. ● Insuficiência cardíaca congestiva Distúrbio clínico que não envolve somente a excitação-contração cardíaca. Podem apresentar alteração do reflexo barorreceptor, sistema nervoso simpático, SRAA, vasopressina ( ADH ), ou seja, uma desregulação nesses sistemas podem levar a um quadro de ICC e indivíduos com ICC possuem um desbalanço por todo esse eixo. Terapia para alvos não cardíacos pode ser mais valiosa no tratamento a longo prazo. ⇒ Terapia Otimizada 1. IECA/ BRA ( Inibidor da enzima conversora de angiotensina ou bloqueador de receptor de angiotensina ) 2. ARM ( Antagonista de receptores de mineralocorticoides ) 3. B-Bloq ⇒ Terapia Sintomática 1. Diuréticos ( redução de volume ) 2. BRA / IN 3. Ivabradina 4. Digitálicos ➤ Fisiopatologia Os principais sintomas de todos os tipos de insuficiência são a taquicardia, a tolerância diminuída a esforços, falta de ar e a cardiomegalia. Os edemas periféricos e pulmonar estão presentes com certa frequência, mas nem sempre. A tolerância diminuída aos esforços associados a rápida fadiga muscular é a principal consequência direta do débito cardíaco diminuído. Outras manifestações são consequências de tentativas do organismo para compensar o defeito cardíaco intrínseco. Com a redução do débito apresenta uma redução da pressão arterial e perfusão de órgãos e tecidos levando a ativação de sistemas compensatórios: A compensação extrínseca ou neuro-humoral envolve dois principais mecanismos - o sistema nervoso simpático e a resposta hormonal de renina-angiotensina-aldosterona. O reflexo barorreceptor parece ser redefinido, com uma menor sensibilidade à pressão arterial nos pacientes que apresentam a IC. Como consequência disso, o estímulo sensorial do barorreceptor para o centro vasomotor é reduzido mesmo em pressões normais, o drive simpático acaba ficando aumentado, e o drive parassimpático diminui. O drive simpático aumentado acaba provocando taquicardia, contratilidade cardíaca aumentada e tônus vascular aumentado. O tônus vascular é adicionalmente aumentado pelo angiotensina II e pela endotelina, um vasoconstritor muito eficaz liberado pelas células endoteliais vasculares. A vasoconstrição aumenta a pós-carga, o que acaba reduzindo ainda mais a fração de ejeção, pré-carga e o débito cardíaco. O resultado é um ciclo vicioso característica de IC. Os antagonistas neuro-humorais e os vasodilatadores acabam reduzindo a mortalidade por interrompem o ciclo. Após exposição relativamente curta ao estímulo simpático aumentado, ocorrem complexas alterações reguladoras no sistema efetor. A ativação 𝛃 excessiva acaba levando ao extravasamento do cálcio a partir do retículo sarcoplasmático o que contribui para o enrijecimento dos ventrículos e arritmias. A ativação prolongada 𝛃 tambem aumenta as caspases, enzimas responsáveis pela apoptose. A produção aumentada de angio II leva a um aumento da secreção de aldosterona, à pós-carga aumentada e à remodelação do coração e dos vasos. Outroshormônios são liberados, inclusive o peptídeo natriurético, a endotelina e a vasopressina. O sistema compensatório intrínseco de maior notabilidade é a hipertrofia do miocárdio. Esse aumento da massa muscular ajuda a manter o desempenho cardíaco, porém, pode levar a alterações isquêmicas, ao comprometimento do enchimento diastólico e a alterações na geometria ventricular. Remodelação é o termo aplicado para a dilatação e a outras alterações na estrutura do miocárdio estressado. A remodelação inclui a proliferação de células do tecido conectivo, e de células miocárdicas anormais com características biológicas dos miócitos fetais. Por fim, os miócitos do coração com insuficiência morrem em uma velocidade bem acelerada por meio da apoptose, deixando os miócitos remanescentes sujeitos a um estresse ainda maior. ● Terapia Otimizada na ICCFEr iECA BRA - Benazepril - Valsartana - Captopril - Candesartana - Enalapril - Losartana - Ramipril - Lisinopril - Perindopril Antagonista Aldosterona B-Bloq - Espironolactona - Bisoprolol - Carvedilol - Metoprolol ⇒ Pacientes Refratários INRA Ivabradina - Sacubitril / Valsartana INIBIDORES DO SRAA: iECA Bloqueiam a enzima conversora de angiotensina. São indicados em todos os estágios de insuficiência cardíaca por ↓ RVP ↓ pré e pós cargas ↓ Aldosterona ↓ Remodelamento ( crônico ). A redução nos níveis teciduais de angiotensina também reduz a atividade simpática por meio da diminuição dos efeitos pré-sinápticos da angiotensina sobre a liberação de norepinefrina. Com uma baixa perfusão renal ele acaba entendendo que há uma redução de volume e irá trabalhar para que se reduza a diurese e aumente a força do coração. Desse modo, ocorre a ativação do sistema SRAA levando a um aumento da aldosterona que além de aumentar a diurese acabam levando a um remodelamento do miocárdio por meio de hipertrofia dos miócitos, levando a uma hipertrofia concêntrica. O bloqueio da enzima conversora de angiotensina acaba levando a um bloqueio/diminuição da liberação de aldosterona. ● Representantes - Benazepril 10 mg / dia - Captopril 50 mg/ 3x dia - Enalapril 20 mg/ dia * - Ramipril 10 mg/ dia - Lisinopril 20 mg/ dia Enalapril ele é um dos iECA mais utilizados devido a sua capacidade de reduzir a mortalidade em 40% de paciente com ICC em todas as classificações ● Interações Medicamentosas - iECA + diuréticos → Hipotensão - iECA + diuréticos poupadores de K + → Hipercalemia - iECA + alopurinol → ↑ risco de reações cutâneas graves e síndromes de Stevens-Johnson - iECA + lítio → ↑ [ Li + ] - Distúrbios neurológicos - Captopril + clorpromazina → Hipotensão severa e síncope - Captopril + digoxina → ↓ "Clearance" de digoxina - Captopril + antiácidos → ↓ 45% absorção do captopril ● Efeitos adversos As iECA bloqueiam a conversão de bradicinina em peptídeo inativa. O excesso de bradicinina atua nos receptores aumentando a liberação de óxido nítrico e PGs 2. Dois efeitos colaterais do uso dos iECA é pelo aumento da bradicinina que é um vasodilatador e aumenta a permeabilidade colateral gerando tosse e angioedema. ● Recomendação IECA para disfunção de VE sintomática para reduzir morbidade e mortalidade BRA para disfunção de VE sintomática ( nos intolerantes a IECA por tosse/ angioedema ) para reduzir morbidade e mortalidade BRA associado à IECA para disfunção de VE sintomática para reduzir hospitalização por IC (em pacientes que não usam antagonistas de mineralocorticóides ) Os inibidores de ECA são superiores ao placebo e aos vasodilatadores, devendo ser considerados, em conjunto com os diuréticos, como terapia de primeira linha para a insuficiência cardíaca crônica. Porém, os inibidores de ECA não podem substituir a digoxina nos pacientes que já recebem o glicosídeo porque os pacientes desprovidos de digoxina apresentam deterioração enquanto estão sob terapia com inibidor de ECA. Ao reduzirem a pré e pós-carga os inibidores de ECA tornam mais lentos o progresso da dilatação ventricular, dessa maneira também a espiral abaixo da insuficiência. Desse modo, os inibidores de ECA são benéficos para todos os subgrupos de pacientes - desde os assintomáticos até aquele com ICC grave INIBIDORES DOS RECEPTORES AT1 Também conhecidos como inibidores dos receptores de angiotensina II. Possui eficácia semelhante aos iECA com menos efeitos colaterais. São drogas de escolha para substituir os iECA. Não acumulam bradicinina. Associação: BRA + B-bloq - Cautela na prescrição em pacientes com histórico de angioedema por iECA Nos pacientes com disfunção ventricular esquerda, mas sem edema, um inibidor da ECA deve ser o primeiro fármaco utilizado. Os bloqueadores do receptor de AT1 de angiotensina II produzem efeitos hemodinâmicos benéficos similares aos dos inibidores de ECA. Porém, estudos sugerem que os iAT1 são bem mais reservados para pacientes que não conseguem tolerar os inibidores de iECA ● Representantes - Valsartana - Candesartana - Losartana BLOQUEADORES 𝛃-ADRENÉRGICOS Estudos demonstram que a terapia com 𝛃-bloqueador em pacientes com IC que se basearam na hipótese de que a taquicardia excessiva e alguns efeitos colaterais dos altos níveis de catecolaminas sobre o coração contribuem de alguma forma para o curso deletério da IC. Os resultados demonstraram que esta terapia é benéfica quando iniciada com cautela em doses baixas gerando adaptação , ainda que o bloqueio agudo dos efeitos de sustentação das catecolaminas possa agravar a insuficiência cardíaca. Vários meses podem ser necessários antes que se observe a melhoria que consiste em uma discreta elevação na fração de ejeção, de frequência cardíaca mais lenta e da redução dos sintomas. Os 𝛃-bloqueadores que se mostraram úteis na diminuição de mortalidade foram o bisoprolol, o carvedilol, o metoprolol e o nebivolol. - Iniciar em doses baixar - Mais cautela em pacientes III e IV ( compensado ) - “ up-regulation “ dos receptores 𝛃- contra-indicações: asma, DPOC, bloqueio AV, bradicárdicos ● Representantes - Carvedilol ( 𝛃 e 𝞪1 ) - 50 mg/ 2x dia - Metoprolol ( seletivo 𝛃1 ) - 200 mg/dia - Bisoprolol ( seletivo 𝛃1 ) - 10 mg/dia ● Benefícios - Reduzem mortalidade ( 34% + que os IECA ) - Reduzem atividade de catecolaminas - Reduzem trabalho cardíaca - Reduzem renina e consequentemente o remodelamento ● Recomendações Bisoprolol, Carvedilol e succinato de metoprolol para disfunção de VE sintomática para reduzir morbidade e mortalidade Nebivolol para disfunção de VE sintomático em pacientes > 70 anos ANTAGONISTAS DOS RECP. ALDOSTERONA ⇒ Poupadores de K + - ( - ) canais de Na + epiteliais - Amilorida / Triantereno ⇒ Antagonistas dos receptores de Aldosterona ● Representantes - Espironolactona - Eplerenona ● Mecanismo de ação Bloqueio dos receptores de aldosterona citoplasmática nos túbulos coletores do néfron - Possível efeito de membrana. Reduz a síntese de canais trocadores de Na + / K+ e reduz a expressão de canais de Na + / K + ● Efeitos Excreção aumentada de sal e água. Redução da remodelação. Redução da mortalidade - Efeitos benéficos associados aos iECA - Pacientes NYHA II a IV ● Aplicações clínicas - ICC - Aldosteronismo ( cirrose, tumor adrenal ) - Hipertensão - Mostrou reduzir a mortalidade ● Efeitos adversos - 10% ginecomastia - 2% Hipercalemia - Cautela com disfunção renal - Ações antiandrogênicas ( Eplerenona não possui ) SACUBITRIL / VALSARTANA O sacubitril / valsartana é uma nova classe terapêutica que atua simultaneamente no SRAA e na endopeptidase neutra ( inibidor de neprilisina e do receptor de nagionteninsa - INRA ). A neprilisina é um peptídeo degradador BNP e ANP, desse modo, esses fármacos mantêm os níveis de BNP e ANP favorecendo a diurese e manutenção da volemia. - Sua indicação FEVE < 35% sintomático com terapia otimizado. Não devem ser usados como monoterapia e sim como fármacos de associação. ● Contraindicação - Associação com IECA e BRA ou em pacientes com histórico de angioedema DROGAS SEM EFEITO NA CONTRATILIDADE ⇒ Vasodilatadores Os fármacosvasodilatadores podem ser divididos em dilatadores arteriolares seletivos, dilatadores venosos e fármacos com efeitos vasodilatadores não seletivos. A escolha do agente sempre deve ser baseada nos sinais, sintomas e medicações hemodinâmicas dos pacientes. - Nos pacientes com pressões de enchimento elevadas nos quais o principal sintoma é a dispneia os dilatadores venosos como os nitratos de ação longa serão de maior valor na redução das pressões de enchimento e nos sintomas de congestão pulmonar - Nos pacientes com fadiga decorrente de um baixo débito ventricular esquerdo, um dilatador arteriolar, como a hidralazina, pode ser de alto valor em aumentar o débito cardíaco anterógrado. - Na maioria dos pacientes com ICC grave que respondem mal a outra terapia, o problema comumente irá envolver tanto as pressões de enchimento elevadas quanto o débito cardíaco reduzido. Em circunstâncias como essa, a dilatação arteriolar e venosa se faz necessária - Em um estudo realizado em pacientes que já receberam IECA a adição de hidralazina e do dinitrato de isossorbida reduziu a mortalidade. Desse modo, uma combinação fixa desses dois agentes na forma de dinitrato de isossorbida/hidralazina foi aprovada, porém, somente em pacientes de etnia africana. - Uso prolongado pode diminuir remodelagem lesiva cardíaca ( diminui a pressão de enchimento ) DIGITÁLICOS - DIGOXINA Digitálico é um nome genérico para a família de plantas que fornecem grande parte dos glicosídeos cardíacos clinicamente úteis, como a digoxina. ● Farmacocinética - A digoxina não é extensamente metabolizada nos seres humanos, quase dois terços são excretados inalterados pelos rins. Sua depuração renal é proporcional à depuração da creatinina, com meia vida de 36 a 48 horas nos pacientes com função renal normal. - Digitoxina é bem absorvida - 10% dos indivíduos possuem bactérias entéricas que inativam a digoxina. Reduz assim a biodisponibilidade sendo necessária dose maior de manutenção. Indivíduos que usam antibióticos podem ter flora intestinal reduzida levando a intoxicação por esses fármacos, devido ao número reduzido de bactérias entéricas. - + DC ou FR decorrente de terapia vasodilatadora ou com agentes simpaticomiméticos - Ajuste de dose - Fazer controle da [ ] plasmática de Digoxina inferior a 1 mg / ml - + risco de morte ● Farmacodinâmica A digoxina possui efeitos cardiovasculares diretos e indiretos, com consequências tanto terapêuticas quanto tóxicas. Além disso, esse fármacos possuem efeitos indesejáveis sobre o sistema nervoso central e sobre o intestino Todos os glicosídeos cardíacos úteis inibem a Na + / K + ATPase, o transportar ligada a membrana com frequência denominado bomba de sódio. A inibição do transportador durante a maior parte da faixa de dose é provavelmente a grande responsável por grande parte do efeito terapêutico ( inotropismo positivo ), bem como pela principal toxicidade do digitálico. Lembrando que a bomba de sódio é fundamental para a manutenção do potencial de repouso. 1. Efeitos Mecânicos Os glicosídeos cardíacos aumentam a contração do sarcômero cardíaco ao aumentarem a concentração de cálcio livre próximo às proteínas contráteis durante a sístole. O aumento da concentração de cálcio resulta de um processo de duas etapas: - Aumento da concentração de sódio intracelular por causa da inibição da bomba de sódio - Redução da expulsão de cálcio a partir da célula pelo transportador sódio-cálcio causado pelo aumento no sódio intracelular. O cálcio citoplasmático aumentado é sequestrado pela SERCA no retículo sarcoplasmático para posterior liberação. O resultado é um aumento da contratilidade cardíaca. As velocidades de desenvolvimento da tensão e do relaxamento são, ambas, aumentadas com pouca ou nenhuma alteração no tempo até a tensão máxima. Em resumo: - Aumentam intensidade de alterações dos filamentos de actina e miosina produzido pelo aumento na [ Ca ++ ] durante a sístole. Resultando: ( 1 ) Aumento na concentração intracelular de sódio ( 2 ) Reduz a saída de Ca ++ da células pelo trocador sódio - cálcio 2. Efeitos elétricos Os efeitos sobre as propriedades elétricas do coração são uma mistura de ações diretas e autônomas. As ações diretas sobre as membranas das células cardíacas seguem uma progressão bem definida: - Um prolongamento breve inicial do potencial de ação seguido por encurtamento - A diminuição da duração do potencial de ação provavelmente causado pela condutância aumentada ao potássio, provocada pelo cálcio intracelular aumentado Efeitos eletrofisiológicos - ↑Automaticidade ↑ PMr diastólica atrial nodo AV ( + tônus vagal ↓ SNAS ) As ações autonômicas sobre o coração envolvem tanto o sistema parassimpático quanto o simpático. Na parte inferior da faixa de dosagem, predominam os efeitos parassimpaticomiméticos cardiosseletivos. Essa ação envolve a sensibilização dos barorreceptores, estimulação vagal central e facilitação da transmissão muscarínica na célula muscular cardíaca. Como a inervação colinérgica é muito mais rica nos átrios, essas ações afetam mais a função nodal atrioventricular e atril do que a função ventricular ou de purkinje. Alguns dos efeitos colinérgicos são úteis no tratamento de determinadas arritmias. Em níveis tóxicos o drive simpático é aumentado pelo digitálico, esse efeito não é essencial para a intoxicação digitálica típica, mas sensibiliza o miocárdio e exagera todos os efeitos tóxicos do medicamento como despolarizações ventriculares prematuras, ritmo bilaminar e o bloqueio atrioventricular. Uso terapêutico do Digitálico é restrito em: - ICC com disfunção sistólica de VE em fibrilação atrial - Paciente em ritmo sinusal sintomática mesmo em terapia otimizado com IECA e 𝛃-bloqueador Na toxicidade por digitálicos podemos observar: Batimento ectópico Bloqueio AV 1º Frequência ventricular anormal Marca-passo juncional AV acelerado Bradi-sinusal Parada sinoatrial Bloq. AV 2º ou 3º Bloq. AV grave Arritmias Ventriculares 3. Efeitos em outros órgão Os glicosídeos afetam todos os tecidos excitáveis, incluindo o músculo liso e o sistema nervoso central. O trato gastrointestinal é o local mais comum da intoxicação digitálica fora do coração. Os efeitos incluem anorexia, náuseas, vômitos e diarreia. Esta toxicidade é causada em parte por efeitos diretos sobre o TGI e em parte por ações do SNC Os efeitos sobre o SNC incluem: estimulação vagal e de zona deflagradora de quimiorreceptores. Com menos frequência, a desorientação e as alucinações - especialmente em idosos - e os distúrbios visuais são percebidos. O último efeito pode incluir aberrações da percepção de cores. A ginecomastia é um raro efeito reportado em homens. ● Interações com Potássio, Cálcio e Magnésio - Concentrações de potássio e cálcio extracelular possuem efeitos na sensibilidade dos digitálicos - Potássio interage com os digitálicos inibindo a ligação um do outro na Na+/K+ ATPase - Gera hipercalemia que reduz ações de inibição dos glicosídeos sobre a enzima - Aumento moderado de K+ extracelular reduz efeito dos digitálicos ⇒ Recomendações Digoxina para disfunção de VE sintomática, apesar de terapêutica otimizada com terapia tripla, para reduzir sintomas e hospitalizações ( não mortalidade ). Digoxina para disfunção de VE, em pacientes com FA sintomáticos apesar de terapêutica otimizada ( incluindo BB ), para controle de frequência ventricular. Digoxina para disfunção de VE assintomático. AGONISTAS DOS RECEPTORES 𝛃- ADRENÉRGICOS Busca por drogas que não causem arritmias e menor tendência a aumentar a frequência cardíaca. Não são utilizados no tratamento ambulatorial e sim em pacientes que descompensam quando internados. O agonista 𝛃1 - seletivos que tem sido mais amplamente utilizado nos pacientes com IC é a dobutamina. Esse fármaco parenteral produz aumento do débito cardíaco em conjunto com uma diminuição na pressão de enchimento ventricular. Alguma taquicardia e um aumento de oxigênio foram relatados. Portanto, o potencial de produção de angina ou arritmias empaciente com doença arterial coronariana é significativo, assim como é a taquifilaxia que acompanha o uso de qualquer agente 𝛃 estimulante. Uso de vasodilatadores provocou o interesse por 𝛃2 - seletivos. A Dopamina também foi usada no tratamento de IC aguda e pode ser particularmente valiosa quando há uma necessidade de elevação da pressão arterial. Limitada ao tratamento de pacientes com insuficiência circulatória cardiogênica - efeito dose-dependente A Dobutamina Agonista β1-seletivo de escolha para o tratamento de pacientes com ICC com disfunção sistolica. - Enantiômero (-) é agonista α-adrenérgico - Enantiômero (+) é agonista parcial fraco ● Representantes Agonista β1-seletivo – Dobutamina e dopamina IVABRADINA ● Bloqueador seletivo da If - canal funny - Retardar a atividade marca-passo - Reduzindo despolarização diastólica no NSA - Reduz frequência sem afetar o débito cardíaco ● Reduz a FC sem afetar ( ≠ 𝛃-bloqueador ) - Contratilidade do miocárdio - Repolarização ventricular - Condução intracardíaca ● Indicação - Paciente refratário a terapia otimizada - FEVE < 35%, ritmo sinusal, FC < 70 BPM DROGAS SEM EFEITO NA CONTRATILIDADE Drogas mais utilizadas na IC são: - Diuréticos - BRA - IECA - β-bloq ⇒ Diuréticos Reduzir a retenção de sal e água diminuindo a pré-carga ventricular ( SINTOMÁTICO ). Não possuem efeito direto sobre a contratilidade cardíaca, seu principal mecanismo de ação na IC consiste na redução da pressão venosa e pré-carga ventricular. Como resultado se observa na diminuição de retenção de Na + e água, edema e de seus sintomas como o tamanho cardíaco. - A redução do tamanho cardíaca, que leva à melhoria da eficiência da bomba, é de maior importância na insuficiência diastólica. - A espironolactona e eplerenona, os diuréticos antagonistas de aldosterona apresentam benefício adicional de diminuir a morbidade e a mortalidade nos pacientes com IC grave que também recebem inibidores da ECA e outras terapias padronizadas. Um possível mecanismo para este benefício reside em acumular a evidência de que a aldosterona pode causar fibrose miocárdica ( remodelamento ) e vascular e disfunção dos barorreceptores. - Importante papel no tratamento sintomatológico na ICC - Cautela na redução da volemia ( paciente com disfunção ventricular esquerda assintomática ) - deve usar dose mínima necessária para manutenção de euvolemia em paciente com sintomas de hipercolemia - Diuréticos de Alça ( Furosemida ) e Tiazídicos - eficazes mas não reduzem a mortalidade por ICC por isso não devem ser utilizados a longo prazo mas sim quando o indivíduo se encontra descompensado. A remoção de sódio constitui a base no tratamento de IC sintomática, em especial quando há presença de edema. Na insuficiência muito branda, um diurético tiazídico pode ser experimentado, mas um agente de alça como a furosemida é comumente necessário. 1. Diuréticos de Alça - Furosemida ( curta duração ) - Bumetanida ( longa duração alto custo ) - Torsemida ( longa duração alto custo ) Mecanismo: Inibição da NKCC - Mais utilizados e efeitos dependentes da TFG ( taxa de filtração glomerular ) - Reversão de EP ( ↓ volemia, promove vasodilatação ) 2. Diuréticos Tiazídicos - Hidroclorotiazida - Clortalidona - Indapamida Mecanismo de ação: Inibição transportador Na/ Cl - Ajuste rápido de reabsorção, limitação de uso em ICC - Ineficazes com TFG < 30 mL/ min - Podem ser utilizados em associação com diuréticos de alça ou em pacientes que têm efeito refratário a esses fármacos RESUMINDO: → Diuréticos de alça para manter eu volemia → Corrigir hipocalemia → Pacientes com ICC avançada: dose inicial maior → Resistência: + tiazídicos → Monitorar eletrólitos séricos com função renal → Descompensação → Reduzir dose após resolução de retenção → Hipoperfusão renal: IPDE → Início com diurético de alça IV ( 40 mg ) em bolus ou infusão contínua ( 10 mg / h ) ● Gráfico medicamentos I = Inotrópico V = Vasodilatador D = Diurético ⇒ Apenas o Inotrópico reduz os sintomas de baixo debito, porem, sintomas congestivos continuam ⇒ Somente o diurético, os sintomas congestivos são reduzidos mas os sintomas de baixo débito continuam ⇒ Somente vasodilatador ambos os sintomas cessam ⇒ Associação de vasodilatador + inotrópico o volume sistólico aumenta mas a pressão de enchimento ventricular permanece alta o que de forma crônica é deletério para o coração do paciente. ⇒ A associação das 03 famílias reduz a pressão de enchimento ventricular e o volume sistólico fica mais próxima da normalidade ● Conduta em pacientes com ICC FARMACOLOGIA DO EDEMA AGUDO PULMONAR 1. Edema pulmonar de origem cardiogênica: Edema agudo pulmonar cardiogênico é causado por um aumento súbito da pressão em capilares pulmonares, ingurgitamento dos vasos pulmonares (sanguíneos e linfáticos), exsudação para o espaço intersticial e espaços intra-alveolares, manifestando-se por dificuldade respiratória em diversos graus. O coração é incapaz de manter o débito então o indivíduo faz um edema por congestão, dos capilares peri alveolares estão congestionados aumentando a filtração e passando o excesso de exsudato para os vasos linfáticos. Os vasos linfáticos ficam sobrecarregados levando a um edema peribronquiolar, extravasando o exsudato para o alvéolo por aumento da pressão hidrostática. 2. Edema pulmonar não cardiogênico: O edema pulmonar agudo não-cardiogênico é causado por agente infeccioso que leva a recrutamento de macrofagos e neutrofilos que levam a uma redução do clearance, e com a liberação de citocinas a permeabilidade do capilar alveolar acaba aumentando. Cursa com quadro de insuficiência respiratória aguda, devendo ser feito o diagnóstico diferencial com sepsis, sobrecarga hídrica e edema pulmonar cardiogênico. Tem como principal fator desencadeante a alteração da permeabilidade capilar pulmonar, ocasionada pelos seguintes fatores: presença de anticorpos, liberação de citocinas, fator ativador de plaquetas e lipídios biologicamente ativos, resultantes da quebra de componentes celulares do sangue. EAP Cardiogênica - IC sistólica - Oxigenoterapia / VNI - Dobutamina - Furosemida - Morfina - Nitrato EAD Hipertensivo - IC sistólica / diastólica - Oxigenoterapia / VNI - Nitroprussiato - Furosemida - Morfina - Nitrato
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