Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTROLE DE QUALIDADE EM LABORATÓRIOS Prof. Livre-Docente Sandro Percário QUALIDADE Qualidade Competitividade; Conquista de novos mercados; Estratégia de gerenciamento; Melhoria contínua do desempenho organizacional; Aumento de clientes e sua satisfação; Maior lucratividade. Evolução da Qualidade Tempos dos chefes tribais, reis e faraós: Inspetores aceitavam ou rejeitavam os produtos de acordo com as especificações governamentais; 1ª Etapa (1900) CONTROLE DA QUALIDADE PELO OPERADOR Um TRABALHADOR ou grupo pequeno controla o processo como um todo; Cada um controla a qualidade de seu próprio serviço. 2ª Etapa (1918) CONTROLE DA QUALIDADE PELO SUPERVISOR Responsabilidade de um SUPERVISOR; Trabalho em equipe; Análise dos casos; Ações dirigidas. 3ª Etapa (1937) CONTROLE DA QUALIDADE POR INSPEÇÃO Preocupação com VERIFICAÇÃO; Atender aos PADRÕES estabelecidos; Detecção de problemas na produção. 4ª Etapa (1960) CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE Surge com o reconhecimento da VARIABILIDADE da indústria; Variabilidade: matéria-prima, operários, equipamentos, etc; Preocupação em separar as variações aceitáveis das que indicariam problemas; Surgem as FERRAMENTAS básicas da qualidade; PREVENIR problemas. 5ª Etapa (1980) CONTROLE DA QUALIDADE GERENCIAMENTO; PREVENIR e ATACAR os problemas; Outras ferramentas: Quantificar custos; Engenharia da confiabilidade; Zero defeitos. Qualidade no Laboratório Clínico Qualidade no Laboratório Clínico 1946 - Belk e Sunderman (EUA) 1a iniciativa interlaboratorial 1950 - Levey e Jennings Aprimoramento do CIQ 1952 - Henry e Segalove Estatística do CIQ ERROS LABORATORIAIS ERROS LABORATORIAS SISTEMÁTICOS ACIDENTAIS (ALEATÓRIO) ACIDENTAIS Método: Desconsiderar sensibilidade e linearidade. Calibração: Erros volumétricos de medida. Equipamentos e Instrumentos: Ausência de verificação da qualidade; Limpeza inadequada. ACIDENTAIS Espectrofotômetro: Faixa incorreta de leitura; Ruídos eletrônicos; Leitura instável. Devidos ao operador: Trabalho desatento e desorganizado. SISTEMÁTICOS Reagentes: Reagentes impurezas; Solventes impuros; Expiração dos reagentes; Preparo incorreto; Calibração: Composição inexata de padrões e calibradores; Erros volumétricos de medida; Ajustes incorretos de equipamentos. Metodologia: Erros de cálculos; Desvios das Instruções de Trabalho; Desconsiderar sensibilidade e linearidade; Desconsiderar brancos. Reação: Tempo incorreto de reação, incubação, etc. Cálculos: Não considerar brancos; Uso de um coeficiente de absorção incorreto ou inadequado. Equipamentos e Instrumentos (Geral): Contaminação da água; Ausência de verificação da qualidade; Falta de manutenção; Interferências físicas. Espectrofotômetro: Sujeira no sistema óptico; Intensidade de luz; Ajuste incorreto do zero; Temperatura incorreta. Cubetas: Mal conservadas; Contaminadas e mal limpas; Fluxo - com material aderido internamente; Pipetas: Não aferidas; Volume incorreto; Técnica incorreta (ajuste do menisco, bolhas, inclinação, ponteira mal adaptada, retorno rápido do êmbolo, etc.). EXATIDÃO x PRECISÃO SENSIBILIDADE x ESPECIFICIDADE CONTROLE INTERNO DE QUALIDADE - CIQ O que é o CIQ? É o controle intralaboratorial; Consiste na análise diária de amostra controle com valores dos analitos conhecidos para avaliar a precisão dos ensaios; Avalia o funcionamento dos procedimentos laboratoriais para fornecer resultados válidos, que possam contribuir eficazmente no estabelecimento do diagnóstico pelo clínico; Objetivos do CIQ Garantir a reprodutibilidade (precisão); Verificar a calibração dos sistemas (exatidão); 3. Indicar o momento de se promover ações corretivas quando surgir uma não conformidade; AMOSTRA CONTROLE Amostra Controle Espécime em matriz semelhante à das amostras; Aferidor da qualidade e confiabilidade; Monitoramento da precisão; Podem monitorar mudanças na exatidão; Úteis exclusivamente para fins de controle. Amostra Controle Amostra comercial com valores desconhecidos ou conhecidos; Amostra controle “in house”; Líquidos, congelados ou liofilizados*; Durabilidade maior que um ano; Deve-se determinar Xm, DP e CV * Mais difundidos no mercado Ensaio das Amostras Controle Iniciar as medidas dos controles do 1º dia de trabalho do mês e dosar o mesmo lote de controle durante todo o mês; Usar 2 controles (N/P) com níveis diferentes de concentração (BPLC); Estabelecer seus próprios limites do controle (Xm, DP e CV); Registrar os resultados (Levey-Jennings). Planilha de Registros Cuidados com Amostra Controle Armazenamento e conservação; Preparação da amostra; Recongelamento; Homogeneização; Estabilidade de alguns analitos: Enzimas, bilirrubinas, etc. Limitações da Amostra Controle 1. Erros de reconstituição; 2. Erros não detectáveis pela amostra controle - interferências endógenas ou exógenas nas amostras dos pacientes; 3. Avaliação limitada da inexatidão; 4. Proporciona pequena ou nenhuma ajuda na identificação de erros devidos à colheita, transporte, armazenamento e utilização das amostras de pacientes. ESTATÍSTICA NO CIQ Amostragem Estatística Incluir amostras controles nas corridas analíticas; Devem representar toda a população de testes; Devem passar pelos mesmos processos que as amostras dos pacientes; Amostragem estatística variável. Variação Aleatória Diferenças no comportamento dos reagentes; Calibração; Desempenho dos equipamentos; Métodos de trabalho; Condições ambientais; Desempenho dos operadores envolvidos no processo. Amostras Controle do Colesterol Ensaios Repetidos do Colesterol 191 192 193 193 193 193 194 194 194 194 195 195 195 195 195 196 196 196 196 196 197 197 197 197 197 197 197 198 198 198 198 198 198 198 198 198 199 199 199 199 199 199 199 199 199 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 201 201 201 201 201 201 201 201 201 202 202 202 202 202 202 202 202 203 203 203 203 203 203 203 204 204 204 204 204 204 205 205 205 205 205 206 206 206 206 207 207 207 208 208 209 Média (Xm) Xm = 2003/10 Xm = 200,3 mg/dL S = 401349 - (2003)2/ 10 10-1 S = 16,5 mg / dL 1S = 1 x 16,5 = 16,5 mg/dL 2S = 2 x 16,5 = 33,0 mg/dL 3S = 3 x 16,5 = 49,5 mg/dL Desvio Padrão (DP) Coeficiente de Variação CV Em muitas situações é mais prático e mais conveniente expressa o desvio padrão em porcentagem do valor médio. CV = 16,5 x 100 200,3 CV = 8,2% A adoção de +/- 1S: rejeição de resultados aceitáveis; A adoção de +/- 2S: resultados aceitáveis (95,46%); A adoção de +/- 3S: liberação de resultados inaceitáveis. Distribuição Gaussiana GRAFICO DE LEVEY-JENNINGS GRAFICO DE LEVEY-JENNINGS Curva de Gauss x Levey-Jennings Preparando o Gráfico de Levey-Jennings 1. Utilizar papel milimetrado/papel padronizado e uma folha para cada controle; Lançar os rótulos no mapa que devem conter o nome do analito; 2. Nome do controle com lote e prazo de validade; mês de trabalho; reagente com lote e prazo de validade; nome do sistema analítico; média e desvio padrão correntes; 3. Lançar nas abscissas (eixo X) os dias do mês de 1 a 31 e nas ordenadas (eixo Y) as concentrações observadas para o controle (xm, DP/CV); Preparando o Grafico de Levey-Jennings 4. No eixo Y localizar o valor que corresponde à media e traçar uma linha horizontal (verde); 5. Localizar os valores que correspondem à média +/-1s e traçar linhas horizontais (azul); 6. Repetir o processo para os valores correspondentes à média +/-2s e traçar linhas horizontais (laranja); 7. Nos valores de concentração correspondendo à média +/- 3s traçar também linhas horizontais (vermelha). Preparando do Gráfico de Levey-Jennings8. Após a definição dos limites de controle o mapa está pronto para se iniciar a plotagem dos resultados obtidos na rotina diária; 9. O valor do controle em cada ensaio deve ser plotado no mapa no mesmo dia do ensaio, antes da liberação dos resultados, para auxiliar na verificação da qualidade através das regras de controle; 10. É comum unir os pontos por uma linha contínua que proporciona uma forte impressão visual e facilita a verificação dos padrões de distribuição. EXERCÍCIO: Fazendo o Gráfico de Levey-Jennings Amostras Controle do Colesterol Ensaios Repetidos do Colesterol 191 192 193 193 193 193 194 194 194 194 195 195 195 195 195 196 196 196 196 196 197 197 197 197 197 197 197 198 198 198 198 198 198 198 198 198 199 199 199 199 199 199 199 199 199 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 201 201 201 201 201 201 201 201 201 202 202 202 202 202 202 202 202 203 203 203 203 203 203 203 204 204 204 204 204 204 205 205 205 205 205 206 206 206 206 207 207 207 208 208 209 AVALIAÇÃO DIÁRIA DO GRAFICO DE LEVEY-JENNINGS 1. Diariamente, colocar no gráfico os resultados obtidos do soro controle e examinar cada gráfico, detectando os resultados “dentro de controle” e “fora de controle”; 2. Quando os resultados do controle estiverem “dentro dos LAE” (média +/-2s), o resultado do exame é liberado; 3. Quando os resultados do controle estiverem “fora dos LAE”, não liberar o resultado do exame. Inspecionar o método para tentar descobrir a causa do problema. Resolvido o problema, repetir os testes. Se os resultados do controle estiverem “dentro dos LAE”, liberar os resultados dos pacientes. Caso contrário, inspecionar novamente todas as variáveis. AVALIAÇÃO SEMANAL DO GRAFICO DE LEVEY-JENNINGS Perda de exatidão: ocorrência de desvio em que os pontos estão próximos de um dos LAE. Alteração do controle; Alteração do padrão; Reagentes mal preparados; Variação na temperatura dos banhos-maria; Alteração no tempo das fases dos métodos; Leituras em comprimento de onda diferentes dos recomendados; Modificação dos reagentes instáveis; etc. Perda de Exatidão Perda da Precisão: ocorrência da maioria dos pontos próximos dos LAE e poucos ao redor da média. Pipetagem inexata das amostras e padrões; Agitação imprópria dos tubos; Material sujo; Uso de método de pouca sensibilidade; Controle incorreto da temperatura; Falhas na operação dos aparelhos; etc. Perda de Precisão Tendência: resultados (6 ou +) do controle com valores consecutivos aumentado ou diminuído continuamente Padrão/reagentes deteriorados; Aparelho com defeito. Tendência Desvio Variação na concentração do padrão; Mudança na sensibilidade de um ou mais reagentes. Desvio AVALIAÇÃO MENSAL DO GRAFICO DE LEVEY-JENNINGS Mensalmente, calcular nova Xm, DP e CV dos resultados das amostras controle e comparar a nova média e CV com os do período anterior; Variações significativas sugerem correções nos reagentes e/ou instrumentos; Usar os novos valores de Xm, DP e CV para fazer um novo gráfico de Levey-Jennings. Regras de Westgard Regras de Westgard Representa o número de resultados do controle que excede o limite de tolerância especificado A letra s vem do inglês standard, que significa padrão Significa que o limite de tolerância especificado. Nesse caso, o limite de tolerância estabelecido para o controle foi 2S, acima ou abaixo da média. 1 2S Notação das Regras APLICAÇÃO DAS REGRAS DE WESTGARD USANDO APENAS UM CONTROLE Sinal de ALERTA Indicação: 1. Realizar outras inspeções adicionais nos dados do controle; 2. Aplicar outras regras de Westgard para decidir se os resultado serão aceitos ou não. Regra 12S Os resultados devem ser REJEITADOS; Indicação: Aumento do erro aleatório; Erro sistemático de grandes Dimensões Regra 13S Em duas corridas analíticas consecutivas o valor do controle excede o mesmo limite que pode ser Xm+2s ou Xm-2s; Esta regra é indicadora de um erro sistemático Regra 22S 4 valores consecutivos do controle excedem os mesmos limites de Xm+1s ou Xm-1s, não sendo necessário que os limites de ±2s ou ±3s sejam ultrapassados; Indicação: REJEIÇÃO dos resultados Esta regra é indicadora de um erro sistemático Regra 41S 7 valores consecutivos do controle estão no mesmo lado da média, não sendo necessário que os limites de ±2s ou ±3s sejam ultrapassados; Esta regra é indicadora de um erro sistemático Regra 7Xm 7 valores Consecutivos mostram uma tendência crescente ou decrescente, não sendo necessário que os limites de ±2s ou ±3s sejam ultrapassados; Esta regra é indicadora de um erro sistemático Regra 7T Considerações A violação de qualquer das regras indica: O processo perdeu a estabilidade; Os resultados obtidos em amostras dos pacientes devem ser rejeitados; A regra violada ajuda na identificação do tipo de erro responsável pela perda da estabilidade do processo analítico, devendo-se então procurar suas causas e introduzir a ação corretiva necessária. Considerações O controle do processo usando um nível de concentração: Não verifica o desempenho analítico em uma escala mais ampla de concentrações; Requer regras de controle mais rigorosas; A aplicação das regras 41s ou 7Xm requer quatro e sete corridas analíticas respectivamente; APLICAÇÃO DAS REGRAS DE WESTEGARD USANDO DOIS CONTROLES Regra 22S Regra 41S Regra R4S Indicação: REJEITAR os resultados; A diferença entre os dois controles é maior que 4s: quando o valor de um controle excede +2s e o valor do outro controle ultrapassa -2s. Esta regra é sensível a erros aleatórios Regra 10Xm Os valores do controle estão no mesmo lado da média em 10 ensaios consecutivos. Considerações A utilização de um sistema combinado de regras de controle: Aumenta a probabilidade de detecção de erros sem requerer um maior número de ensaios dos materiais de controle; Usando procedimentos de controle bem planejados obteremos um resultado de custo efetivo que possibilita aperfeiçoar a qualidade sem aumentar os custos ou reduzir a produtividade; Considerações Quando se usa dois controles com níveis diferentes de concentração: Perdas de estabilidade podem ser detectadas mais precocemente; A utilização de somente um nível de controle pode permitir também falsas aceitações. INVESTIGANDO NÃO-CONFORMIDADES Regra violada Tipo de erro Fonte do erro 12s 13s e R4s Sinal de alerta Aleatório Bolhas de ar (no reagente, nas seringas de amostras e reagentes); reagentes incorretamente preparados; coágulos nos pipetadores; ponteiras incorretamente colocadas e variações aleatórias na fonte de energia. Não conformidades Regra violada Tipo de erro Fonte do erro 22s, 41s, 7xm, 7T,10xm Sistemático Reagentes/solventes impuros, armazenamento incorreto dos reagentes e validade vencida, reagentes incorretamente preparados e concentrados por evaporação, impurezas ou interferentes nos padrões ou controles, erros na preparação e validade vencida do controle, desvio do protocolo analítico, ajustes incorretos dos equipamentos (falta de manutenção, ...), pipetas de vidro e automáticas não aferidas, falta de manutenção da pipeta automática, etc. Não conformidades ROTINA DE CIQ DE EQUIPAMENTOS Rotina de Verificação Manutenção Preventiva; Calibração; Controle; Validação; Registro. Manutenção Preventiva “Tratamento precoce”; Específico para cada equipamento; Descrições nos manuais procedimento/freqüência); Corrigir as pequenas avarias e evitar a parada total do equipamento; Realizada pelo responsável técnico ou assistência técnica especializada; Calibração Conjunto de operações que busca determinar o valor (ou faixa de valores) medido por um equipamento e padrões pré-estabelecidos; Finalidade de ajuste e padronização; Descriçõesnos manuais (procedimento/freqüência); Realizada por responsável técnico, assistência técnica especializada ou empresas terceirizadas CONTROLE EXTERNO DE QUALIDADE - CEQ
Compartilhar