Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Controle de qualidade - Conjunto de processos que visa a obtenção de resultados laboratoriais confiáveis. - Análise estatística dos processos. - Não é uma medida absoluta, é um alvo em constante deslocamento uma vez que as necessidades e expectativas estão em constantes mudanças. Processo operacionais → Fase pré analítica: - Solicitação médica, preparo do paciente, coleta, transporte e armazenamento do material biológico. - Rastreamento da coleta, critérios de aceitação e rejeição das amostras, indicação de urgência, terceirização. →Fase analítica: - Processamento do material biológico. - Controle interno e externo de qualidade, urgências, resultados críticos, doenças de notificação compulsória, educação continuada. →Fase pós analítica: - Resultado dos exames laboratoriais. - Transcrição de laudos, identificação do responsável técnico e do profissional que liberou o exame, data da coleta e da emissão do laudo, confidencialidade das informações, arquivo de dados por 5 anos. → Deve ter instruções atualizadas, escritas e disponíveis para todas as fases do processo. →Há um regulamento técnico para funcionamento de laboratórios clínicos. Como iniciar o controle de qualidade - Considerar os controles interno e externo. - Implantação do controle de qualidade analítica: - Conscientizar toda a equipe do laboratório sobre a importância de implantar o controle de qualidade e convocar a participação de todos. - Treinar a equipe. - Adquirir as amostras controle. POP - Procedimento Operacional Padrão Objetivo: Padronizar os procedimentos para garantir a qualidade. - Estabelece de forma minuciosa os detalhes de um processo, elencando aspectos como sequência de procedimentos, materiais utilizados, cuidados a serem observados, responsáveis por cada etapa e quaisquer outras informações relevantes para que a tarefa seja realizada dentro do padrão de qualidade esperado. Deve ter: • Responsáveis pela tarefa elencados por cargos e não por nomes, já que estes podem mudar com o tempo; • Responsável pela elaboração do POP; • Materiais envolvidos na tarefa; • Documentação de referência, como manuais, estatuto, guias de segurança e assim por diante; • Siglas devidamente descritas; • Passo a passo do procedimento, incluindo etapas e sequência de realização, além da nomeação dos responsáveis por cada etapa; • Gráficos e fluxogramas, no caso de tarefas com alto grau de complexidade; • Perspectiva de revisão, ou seja, dentro de qual período o POP precisará ser revisado — o que deve ser feito pelo menos anualmente. Conceitos importantes Analito: qualquer substância ou íon a ser analisado em uma amostra. Precisão: capacidade do método de fornecer resultados reprodutivos (próximos entre si) de uma série de análises repetitivas de uma amostra controle. É medida através do desvio padrão e coeficiente de variação. Repetibilidade: precisão intrateste (análises realizadas no mesmo tempo). Reprodutibilidade: precisão interteste (análises realizadas por pessoas diferentes em tempos diferentes). Exatidão: capacidade do método de fornecer resultados do analito próximos do seu valor real na amostra. Sensibilidade: capacidade de um teste de medir pequenas quantidades do analito. Calculada pelo percentual de positivos verdadeiros. Especificidade: capacidade de um teste de medir exatamente um determinado analiso na amostra. Calculada pelo percentual de negativos verdadeiros. Segurança: capacidade de um teste de garantir especificidade, sensibilidade, precisão e exatidão por um longo tempo. Padrão ou calibrador: é uma solução com uma concentração exata de uma ou mais substâncias. Utilizado para calibrar os sistemas analíticos. - Na automação a calibração é feita na instalação de equipamentos, após conserto, quando um método está fora do controle ou nos intervalos recomendados pelo fabricante. - Nos métodos manuais faz-se calibração todas as vezes que for realizar um ou mais testes ao mesmo tempo. Controle: soluções que contém os mesmos constituintes de uma amostra biológica, geralmente os laboratórios usam os produzidos a partir de mistura de soros. - Devem ser analisados da mesma maneira que uma amostra. - Os resultados obtidos de uma amostra controle precisam ser avaliados diariamente. - As amostras controles podem ser NORMAL, PATOLÓGICO ALTO ou PATOLÓGICO BAIXO. - Pelo menos dois níveis precisam ser utilizados no laboratório. Controle estatístico dos processos Abordagem científica → os fatos apoiados em dados substituem intuição por evidências, garante a exatidão, gera aperfeiçoamento contínuo. - Os dados precisam ser analisados e gerar tomadas de decisão, caso contrário, todo esforço será em vão. Controle interno de qualidade - Objetivo: Assegurar um funcionamento confiável e eficiente do laboratório clínico, a fim de fornecer resultados válidos em tempo útil que irão influenciar nas decisões médicas. - Deve-se utilizar amostras controle as quais têm limites aceitáveis de erro (LAE) conhecidos e calculados como a seguir: - O analito é dosado pelo menos 20 vezes, são calculados a média e o desvio padrão. - A média menos 2 desvios até a média mais 2 desvios são os LAEs. Dosagem de analitos nos controles → ocorre normalmente como qualquer outra amostra. Em equipamentos, no caso da automação e semi automação, e através de reagentes, no método manual. Análise dos controles Regra básica: os resultados não podem ultrapassar os LAEs. (+2 ou -2) ➔ Os resultados (pontos) que estão dentro de 2 desvios para mais ou para menos estão dentro dos limites aceitáveis de erros e podem ser consideráveis. Os que ultrapassam essa margem, devem ser desconsiderados e procurar a causa do erro. →Esse monitoramento pode ser realizado pelo Gráfico de Levey Jennings. Gráfico de Levey Jennings - Ao montar deve-se distribuir os dados de acordo com os dias e observar os que fogem do LAE. E Então analisar possíveis causas de erros. - Média: 87 - DP: 3 +1 → média mais 1 desvio padrão +2 → média mais 2 desvios padrão →Os resultados que fogem da margem de dois desvios pra mais ou pra menos estão infringindo as regras. Na automação: Inserir número do lote do controle, data de expiração (validade), média e desvio padrão ou já os limites aceitáveis de erro e o gráfico é montado automaticamente no equipamento. Os resultados das dosagens dos analitos nos controles são também colocados automaticamente no gráfico. Métodos manuais: Existem programas onde se insere os dados para montagem automática do gráfico e diariamente os resultados dos controles precisam ser adicionados manualmente. Importância do gráfico Levey Jennings - Exame semanal e mensal dos gráficos de controle para detectar tendências, desvios, perda de precisão, perda de exatidão e, quando detectados, proceder as correções indicadas e tomar providências para evitar nova ocorrência. Tendência: 6 ou mais pontos consecutivos aumentando ou diminuindo. Desvio: 6 ou mais pontos consecutivos de um único lado da média. CAUSAS: Problemas com o calibrador ou reagentes do ensaio. Perda de precisão: Desvio em que a maioria dos pontos estão próximos aos LAEs e poucos ao redor da média. CAUSAS: Problemas com o controle, reagentes ou equipamento. Perda de exatidão: Desvio em que os pontos estão próximos a um dos LAE. CAUSAS: Pipetagem inexata, falta de homogeneização do controle, problemas com o equipamento e/ou reagentes. Erros analíticos Sistemático: Quando ocorre o mesmo tipo de erro em análises consecutivas. CAUSAS: Problemas com a calibração, amostra controle, reagentes do ensaio ou no equipamento.Aleatório: Quando ocorre um erro ao acaso (uma única vez). CAUSAS: Bolhas de ar nas mangueiras de reagentes ou amostra, caraterísticas da amostra (hemólise, Lipemia…) Sistema de multiregras de Westgard - O Controle de Qualidade de Regras Múltiplas utiliza uma combinação de critérios de decisão, ou regras de controle, para decidir quando uma corrida analítica está “sob controle” ou “fora de controle”. O Procedimento de CQ de Regras Múltiplas de Westgard, como é mais conhecido, utiliza 5 regras de controle diferentes para julgar a aceitabilidade de uma corrida analítica. - Por conveniência, abreviar-se os diferentes critérios de decisão ou regras de controle. Exemplo: 12s para indicar 1 medição de controle excedendo os limites de controle de 2DP. - O laboratório deve todos os dias analisar o gráfico de Levey Jennings e as regras de Westgard para assegurar que as amostras controles estão dentro do padrão. Só assim deve-se iniciar a rotina laboratorial com amostras de pacientes. Regra 12s →Quando os limites de controle calculados são X ± 2DP. -No procedimento original de Regras Múltiplas de Westgard, esta regra é utilizada como uma regra de alerta para acionar uma inspeção cuidadosa dos dados de controle por meio das regras de rejeição. - Sendo assim toda vez que uma única medição exceder um limite de controle 2DP, atua-se inspecionando os resultados de controle utilizando as outras regras. É como um aviso de “Atenção” em um cruzamento de duas ruas, o que não significa que se deve parar, mas se deve observar cuidadosamente antes de prosseguir: Regra 13s → Quando os limites de controle calculados são X ± 3DP. - A corrida é rejeitada quando uma única medição de controle excede um dos limites. → Regra de rejeição. - Pesquisar causa de erro ao acaso. Regra 22s →Quando 2 medições de controle consecutivas excederem o mesmo limite de controle X + 2DP ou X - 2DP. - Regra de rejeição - Pesquisar causa de erro sistemático. Regra R4s → Quando 1 medição de controle exceder o limite de controle x + 2DP e a outra x - 2DP, em uma mesma corrida. - Regra de rejeição. - Pesquisar causa de erro ao acaso. Regra 41s → Quando 4 medições de controle consecutivas excederem o mesmo limite X ± 1DP. - Regra de rejeição. - Pesquisar causa de erro sistemático. Regra 10x → Quando 10 medições de controle consecutivas estiverem no mesmo lado em relação à média. - Regra de rejeição. - Pesquisar causa de erro sistemático. Regra 8x → mesma lógica da anterior. Regra 12x → mesma lógica da anterior. Exemplo: →No dia 12 o analista deve perceber que as amostras controles violaram a regra 10x e 22s, o que é um controle para rejeição das amostras. Deve-se parar e tentar encontrar o erro para corrigi-lo. →No dia seguinte houve outro erro, o R4s. →No dia 28 percebe-se que há violação da regra 10x. →O resultado de amostras baseados nestas amostras controles não são confiáveis, visto que infringiram as regras de Westdard. → Resultados só podem ser aceitos se não infringirem as regras de Westgard. - Após está tudo aceito → inicia-se a rotina no laboratório com as amostras dos pacientes. Controle externo de qualidade →Programa Nacional de Controle de Qualidade Objetivo: Assegurar um funcionamento confiável e eficiente do laboratório clínico após análise MENSAL por terceiros (empresa especializada), a fim de fornecer resultados válidos em tempo útil que irão influenciar nas decisões médicas. Como acontece: Uma amostra desconhecida é distribuída para vários laboratórios. Estes dosam os analitos e respondem uma prova objetiva abordando temas relacionados a todos os setores do laboratório (bioquímica, hematologia, bacteriologia, urinálises, etc). Os valores encontrados dos analitos e as respostas da prova são inseridos no site. - São emitidos certificados de acordo com os acertos. - Método de avaliação voluntário, periódico e reservado dos recursos institucionais de cada hospital para garantir a qualidade da assistência por meio de padrões previamente definidos. - Não é uma forma de fiscalização, mas um programa de educação continuada. - Representa uma distinção que a Organização Prestadora de Serviço de Saúde recebe pela qualificação evidenciada. SISTEMA BRASILEIRO DE CONTROLE DE QUALIDADE E ACREDITAÇÃO Avaliação Pré visita (instruções) Visita dos avaliadores Nível 1: O responsável técnico do laboratório tem habilitação específica e supervisiona a execução dos exames; conta com profissionais especializados; tem estrutura para processar as análises e faz manutenção dos equipamentos; realiza controle estatístico dos processos (validade 2 anos). ACREDITADA Nível 2: O laboratório tem um manual de normas, rotinas e procedimentos; conta com um sistema de controle estatístico dos exames realizados visando, entre outros, à análise da qualidade dos processos e determinação de custos (validade 2 anos). ACREDITACÃO PLENA Nível 3: O laboratório tem estrutura para processar os exames; está vinculado a um programa externo de controle de qualidade; a equipe do laboratório interage com outros setores do hospital; trabalha com os resultados obtidos no sistema de aferição da satisfação dos clientes internos e externos (validade 3 anos). ACREDITADA COM EXCELÊNCIA Aula prática - Amostra controle X Solução padrão (calibrador) Solução padrão/calibrador Composição: solução de concentração definida/conhecida do analito analisado. Ex: para dosar glicose tem-se uma solução padrão com a concentração fornecida pela empresa. Nos kits vem o reagente para glicose e o padrão. - Serve como referência no método manual → Ao colocar o padrão para reagir com o reagente, é possível saber a absorbância. Dessa forma teremos: a concentração do padrão + sua absorbância. A partir disso, ao usar a amostra do paciente com o reagente teremos apenas a absorbância (queremos descobrir a concentração). Então através da comparação com o padrão, saberemos a concentração da amostra do paciente. Se no padrão com A absorbância eu tive Y concentração, na amostra com Z absorbância terei X concentração (regra de 3). → [A] = Abs(A) X [P] / Abs (P) - Serve também para calibrar o sistema analítico no caso da automação. - Na automação: Ao achar a absorbância do padrão, o equipamento vai comparar com o padrão qualquer amostra de paciente que eu colocar. - Tudo que irá ser dosado, será comparado com o calibrador. Não se faz nenhuma análise sem usar o calibrador. Calibrador simples: só vem uma solução com o analito de escolha. → manual e automação. Calibrador universal: possui a concentração conhecida de vários analitos. (ácido úrico, albumina, transaminase...). → muito usado na automação. → são liofilizados, deve adicionar o volume de água destilada indicado na bula. É importante fazer alíquotas para não perder a integridade do calibrador ao congelar e descongelar todo o frasco. Amostra controle Composição: mistura de soros ou um soro sintético. Tem-se: amostra normal (mistura de soros dentro do valor de referência), patológico alto, patológico baixo. Ex: normal para glicose, hiperglicemia, hipoglicemia. - Importante para saber se o sistema analítico vai reagir bem a todos as possíveis amostras. - Serve para verificar se o sistema analítico está funcionando bem, ou seja, dentro dos limites aceitáveis de erro. - Na bula de cada amostra controle vem os Limites Aceitáveis de Erro (LAE), calculados a partir da média e desvio padrão. - A amostra controle é dosada em um analito, no mínimo 20 vezes, calcula-se o desvio padrão e,por fim, determina-se o LAE. Ex: Amostra controle para glicose: Indica que o LAE para essa amostra é 78-106 mg/dL. → todas as vezes que eu dosar essa amostra, a concentração de glicose tem que está dentro desse intervalo. Se der mais/menos, indica que o sistema analítico está tendendo a aumentar/diminuir a [] de glicose. Deve-se procurar o erro e reparar. →Para começar a rotina laboratorial diária com segurança e com controle de qualidade, deve-se conferir a amostra controle (glicose, colesterol, triglicerídeos...). Mas não é impossível de acontecer um erro mesmo estando/usando a amostra controle. Pode ter dado problema na pipetagem, na agulha de aspiração ou na própria amostra (muito hemolisada). - Imprescindível para trabalhar com controle de qualidade. - O laboratório pode funcionar sem usar controle, mas os resultados dos exames não serão de qualidade. Controle universal: possui LAE para vários analitos. - Assim como uma amostra de um paciente, deve-se ter cuidado com a biossegurança (já que é uma mistura de vários soros) pois a amostra controle vem testada (e livre) de apenas alguns patógenos e não todos. → usar EPI para manuseá-la. Procedimento para iniciar a rotina de laboratório: 1. Calibrar o equipamento com o padrão 2. Testar a amostra controle (descobrir sua concentração como se fosse a amostra de um paciente) e observar se sua concentração obtida naquele dia está dentro do LAE e não infringe as regras de Westgard. Se infringir, deve-se repetir o teste. 3. Se tudo estiver certo, seguir para o teste com amostras de pacientes. - É importante construir o gráfico de Levey Jennings e não apenas observar se a concentração do controle está dentro do LAE. Com o gráfico pode-se observar as regras de Westgard e ver se está dando erros em dias consecutivos.
Compartilhar