Buscar

revista_cultura_edicao_116(1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

e
d
iç
ã
o
 1
16
 •
 s
e
t
e
m
b
r
o
 d
e
 2
0
17
w
w
w
.r
e
v
is
ta
d
a
c
u
lt
u
r
a
.c
o
m
.b
r
e d i ç ã o 1 1 6 • s e t e m b r o d e 2 0 1 7 • u m a P u b l i c a ç ã o d a l i v r a r i a c u l t u r a
e
s
P
e
c
ia
l
 7
0
 a
n
o
s
Uma edição para comemorar 
as sete décadas da trajetória 
da Livraria cULtUra, qUe nasceU 
como Um peqUeno negócio de 
aLUgUeL de Livros e se tornoU 
a principaL referência do 
segmento no BrasiL. neste número, 
aLém de ceLeBrar, qUestionamos: 
como serão as Livrarias do 
fUtUro? e como se meLhora 
a formação de Leitores no país?
os 70 anos
| editorial | 
Q
ueridos leitores, esta é uma edição diferente da Re-
vista da Cultura, dedicada a trazer em suas pági-
nas matérias que, de alguma forma, celebram os 70 
anos de trajetória da Livraria Cultura. E comemorar 
sete décadas de história é uma emoção muito for-
te e importante, tempo propício para se fazer uma 
retrospectiva e observar quantas coisas boas vive-
mos e construímos, quantas foram as descobertas, 
os aprendizados e os prêmios que acumulamos – e 
continuamos a receber – ao longo dessa estrada. Momento ideal também para 
constatar que chegamos fortes e � rmes até aqui, apesar de todas as crises 
institucionais atravessadas, ditaduras, in� ação, além desses últimos três anos 
extremamente complicados para todos os brasileiros, marcados por um desem-
prego recorde, cassações de mandatos de políticos e a visível ine� ciência da 
máquina pública, o que ampliou nossa falta de con� ança em todas as esferas 
políticas do país, sejam elas federais, estaduais ou municipais. Mas sabemos 
também que toda crise passa, e me deixa contente ver os sinais de que o Brasil 
está se recuperando. Não importa se em ritmo lento ainda, é uma recuperação, 
e daremos a volta por cima. Ao longo de minha vida, o que mais aprendi foi o 
signi� cado de uma palavrinha que vem sendo esquecida neste país e a qual tem 
o poder de transformar tudo quando é praticada: compromisso. Sempre honrei 
compromissos e continuo os honrando. Isso me motiva muito a tocar o barco. E 
foi isso também que transmiti para quem me sucede. Pois nesse momento em 
que fazemos 70 anos, e estando eu há 48 desses na direção da empresa, é che-
gada a hora de mais uma sucessão, que na prática já aconteceu, mas que agora 
está se formalizando. Inclusive, toda essa história de vida relacionada ao mer-
cado editorial eu compartilho com vocês em O livreiro, obra que será publicada 
em novembro próximo pela Editora Planeta. Assim, aproveito para agradecer a 
todos os colaboradores que por aqui passaram e os que aqui estão, mas, prin-
cipalmente, aos clientes que apoiaram e apoiam nossas iniciativas, não somente 
as de cunho comercial, mas todas as que atestem nosso compromisso de levar 
cultura a todos por meio das inúmeras atividades que acontecem em nossas 
lojas, sejam os milhares de eventos que realizamos anualmente, a maior parte 
deles gratuita, sejam os espetáculos que tomam conta de todas as unidades do 
Teatro Eva Herz, ou mesmo a própria Revista da Cultura, que produzimos e 
distribuímos há dez anos. En� m, muito obrigado e boa leitura!
Pedro Herz
| sumário | 
ENTREVISTA: PEDRO HERZ
Filho da fundadora, pai do atual CEO 
e com quase 50 anos dedicados à 
direção da Livraria Cultura, o renomado 
livreiro se sente com o dever cumprido: 
“O legado que herdei e deixo é não se 
esquecer da palavra compromisso”
DROPS
Fique de olho em 
setembro: tem Teatro 
Eva Herz, Galeria 
Cultura, programa 
Sala de Visita e lista 
de livros marcantes 
nas últimas décadas
FOTOGRAFIA
As imagens que 
contam sozinhas 
outros tempos 
da livraria
FUTURO
Grandes ou pequenas? Rentáveis 
apenas com vendas de produtos ou 
como agregadoras de experiências 
culturais? Conheça a opinião de 
diversos especialistas sobre como 
serão as livrarias do amanhã
ENTREVISTA: PEDRO HERZ
Filho da fundadora, pai do atual CEO 
e com quase 50 anos dedicados à 
direção da Livraria Cultura, o renomado 
livreiro se sente com o dever cumprido: 
“O legado que herdei e deixo é não se 
esquecer da palavra compromisso”
ENTREVISTA: PEDRO HERZ
Filho da fundadora, pai do atual CEO 
e com quase 50 anos dedicados à 
direção da Livraria Cultura, o renomado 
livreiro se sente com o dever cumprido: 
“O legado que herdei e deixo é não se 
esquecer da palavra compromisso”
Cultura, programa 
 e lista 
de livros marcantes 
nas últimas décadas
FORMAÇÃO 
DE LEITORES
A falta de políticas 
públicas e o 
despreparo de 
escolas e famílias 
estão entre as causas 
para o lastimável 
baixo número de 
leitores no Brasil. 
Mas como modi� car 
este retrato?
| sumário | 
FORMAÇÃO 
DE LEITORES
A falta de políticas 
culturais? Conheça a opinião de 
diversos especialistas sobre como 
serão as livrarias do amanhã
culturais? Conheça a opinião de 
diversos especialistas sobre como 
serão as livrarias do amanhã
NOSSA CAPA
Ed Viggiani
| expediente | 
REDAÇÃO
Publisher Pedro Herz 
Editor-chefe Gustavo Ranieri 
Diretora de arte Carol Grespan 
Revisor Diego Cardoso 
COLABORAM NESTA EDIÇÃO
Texto
Alfredo Sternheim, Clariana Zanutto, Jr. 
Bellé, Mauricio Duarte, Renata Vomero
Colunistas
Clarice Niskier
Fotografia
Rodrigo Braga
Ilustração
Daniel Bueno, Fido Nesti, 
Mauricio Planel, Veridiana Scarpelli
Projeto gráfico Carol Grespan
Impressão 
Log & Print Gráfica e Logística S.A. 
Jornalista responsável 
Gustavo Ranieri | MTB 59.213
ISSN 2358-5781
Contato 
revistadacultura@livrariacultura.com.br
Anuncie na Revista da Cultura:
Equipe de Marketing
anunciesuamarca@livrariacultura.com.br
(11) 3056 4300 – R. 2569
Publicidade em Brasília
(61) 3326 0110 e (61) 3964 2110
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução 
sem autorização prévia e escrita. O conteúdo dos 
anúncios é de responsabilidade dos respectivos 
anunciantes. Todas as informações e opiniões 
são de responsabilidade dos respectivos autores, 
não re� etindo a opinião da Livraria Cultura. 
Preços sujeitos a alteração sem prévio aviso. 
COLUNA 
CLARICE NISKIER
Pode perguntar que 
ela responderá: seu 
sonho é dormir uma 
noite ali, no silêncio 
dos corredores, em 
meio aos milhares de 
livros que povoam 
nossa cabeça
PERSONAGENS NA CULTURA
As histórias dos encontros entre 
consagrados escritores que com 
vinhos, cervejas, livros e muito 
a se falar � zeram (e fazem) a 
efervescência na Cultura
LINHA DO TEMPO
Entre guerras, ditaduras e 
terrorismo, entre avanços 
globais, liberdades garantidas 
e conquistas sociais, veja os 
principais fatos que marcaram o 
mundo de 1947 até hoje 
CURIOSIDADES 
Controle de estoque 
feito a olho, nota � scal 
preenchida manualmente, 
pagamento somente em 
dinheiro ou cheque e, se 
fosse um cliente habitué, 
podia mandar colocar na 
conta. Sim, as coisas em 
loja já foram assim
PERSONAGENS NA CULTURA
As histórias dos encontros entre 
consagrados escritores que com 
vinhos, cervejas, livros e muito 
a se falar � zeram (e fazem) a 
PERSONAGENS NA CULTURA
As histórias dos encontros entre 
consagrados escritores que com 
vinhos, cervejas, livros e muito 
a se falar � zeram (e fazem) a 
mundo de 1947 até hoje mundo de 1947 até hoje 
CLARICE NISKIER
Pode perguntar que 
ela responderá: seu 
COLUNA 
CLARICE NISKIER
Pode perguntar que 
ela responderá: seu 
CURIOSIDADES
feito a olho, nota � scal 
preenchida manualmente, 
CURIOSIDADES
Controle de estoque 
feito a olho, nota � scal 
preenchida manualmente, 
N
ão é só a Livraria Cultura que 
está fazendo aniversário. O Tea-
tro Eva Herz completa dez anos 
este mês, somando um total de 
117 espetáculos já apresenta-
dos em seu palco, isso conside-
rando apenas a cidade de São 
Paulo. A primeira unidade da 
rede de teatros – que tem o nome da fundadora da 
Livraria Cultura e mãe de Pedro Herz, atual presiden-
te do Conselho Administrativo da marca – foi a do 
Conjunto Nacional, inaugurada em 2010, após uma 
grande reforma, que deixou a loja com a cara que 
tem hoje. “Além do charme de ter como lobby uma 
livraria– fato pioneiro –, o teatro não tem um número 
de lugares com foco comercial, o que o leva a ser um 
espaço de troca de pensamentos, onde o artista leva 
ao palco o que ele tem desejo de expressar e o es-
pectador tem o privilégio de estar pertinho do ator”, 
diz André Acioli, diretor artístico da rede. 
Com outras cinco unidades espalhadas pelas lojas 
da Livraria Cultura por todo o Brasil, incluindo Brasília, 
Salvador, Recife, Curitiba e Rio de Janeiro, o Teatro 
Eva Herz recebe mensalmente peças, palestras, shows 
e diversos outros eventos culturais, levando plateias a 
diversas emoções e sensações. 
Apontar espetáculos e atores que mais marcaram 
desde a abertura do teatro não é fácil e acaba sendo 
injusto, mas Acioli destaca A alma imoral como par-
te importantíssima dessa história. “A Clarice [Niskier] 
está com a gente há seis anos! Tivemos a honra do 
Antônio Abujamra ter feito um dos últimos espetácu-
los dele aqui, Uma informação sobre a banalidade do 
amor. O saudoso Nico Nicolaiewsky também, com 
seu solo Música de camelô. O Jô Soares com Re-
mix em pessoa, Juca de Oliveira com Rei Lear, Deni-
se Fraga e Cláudia Mello com Chorinho, também um 
dos últimos espetáculos que o Fauzi Arap dirigiu.”
E, para os próximos meses, mais peças estão a 
caminho, como o infantil A saga da Bruxa Morgana e a 
família real, com Rosy Campos, além das que já se en-
SALVA DE PALMAS
| drops |
8
FO
TO
s
: d
iv
u
lg
a
ç
ã
O
SALVA DE PALMAS
9
contram em cartaz – A cabala do dinheiro, Memórias 
póstumas de Brás Cubas e A alma imoral. “Então, para 
comemorar nosso aniversário de dez anos, teremos 
também a honra de participar da comemoração dos 
25 anos dos Doutores da Alegria com seu novo infantil 
Numvaiduê. Em outubro teremos a estreia de Se existe 
ainda não encontrei, de Nick Payne, com direção de 
Daniel Alvim e Helena Ranaldi, com Leopoldo Pache-
co, Luciano Gatti e Lyv Ziese no elenco. E a volta de 
um grande sucesso de público, que já esteve em car-
taz na casa em 2015: o espetáculo A língua em peda-
ços, de Juan Mayorga, com direção de Elias Andreato 
e Ana Cecília Costa e Joca Andreazza no elenco.”
Já em Curitiba, no Ciclo Tchekhov, que traz espe-
táculos dedicados ao grande escritor e dramaturgo 
russo, serão apresentadas as peças O canto do cisne, 
Tabaco e O coração de Olenka, além do infantil O mun-
do de Pinóquio. Com Cristiana Oliveira, Maria Eduarda 
de Carvalho e Danilo Sacramento, a comédia romântica 
Feliz por nada, inspirada no livro homônimo de crôni-
cas da autora Martha Medeiros, traz a história sobre a 
amizade entre duas mulheres para o palco do Rio de 
Janeiro. Em outubro, O doente imaginário, última peça 
escrita e encenada por Molière – que sofreu um colap-
so em pleno palco, durante uma apresentação desse 
mesmo espetáculo, morrendo pouco depois –, também 
estreia no Eva Herz carioca, contando a trama de Angé-
lica, filha de Argan – um rico e avarento burguês, vítima 
de hipocondria – e apaixonada pelo romântico Cleanto. 
Já em Salvador, até o início de outubro, será apresen-
tado o show Beatles Songs – A história das canções, 
da banda Rock Forever, que reúne músicos de diferen-
tes gerações e uma única identidade: a paixão pelos 
Beatles, interpretando as músicas criadas pelo quarteto 
britânico e mostrando o rock exatamente como era fei-
to naquela época. (Clariana Zanutto)
Veja a programação:
FO
TO
: J
O
ã
O
 C
a
ld
a
s
10
Pensando em entrevistas com os mais diferentes 
formadores de opinião, personalidades e outras 
pessoas envolvidas em todas as frentes da indús-
tria editorial, o programa Sala de Visita, com Pedro 
Herz no comando, já soma mais de 40 bate-pa-
pos, que podem ser assistidos no canal do You-
Tube da Livraria Cultura. No ar desde setembro 
de 2016, com um novo episódio por semana, no-
mes como Benjamim Moser, Mia Couto, Xico Sá, 
Leandro Karnal, Maria Ribeiro, Luiz Felipe Pondé, 
Wagner Moura, Miriam Leitão, Zeca Camargo e 
Mario Sergio Cortella, entre muitos outros, já con-
versaram sobre mercado livreiro, religião, com-
portamento, política, filosofia e diversas questões 
e assuntos atuais. “A ideia é fazer com que essas 
pessoas conversem com o Pedro como se esti-
vessem em casa, sentados em uma sala, expondo 
pontos de vista. Os convidados se sentem mais 
à vontade para falar sem melindre sobre determi-
nados assuntos. O Wagner Moura, por exemplo, 
que aparece muito na mídia, falou sobre coisas 
que ele nunca tinha falado antes, então o espa-
ço incentiva bastante a reflexão, a introspecção”, 
comenta Renato Costa, orientador pedagógico e 
captador de recursos da Livraria Cultura. Então fi-
que de olho na programação do Sala de Visita e 
confira neste mês de setembro as conversas com 
Pedro Bandeira, Paulo Lins e muito mais. (CZ) 
BOM 
DE PAPO
| drops |
Assista aos programas:
FO
TO
s
: r
e
p
r
O
d
u
ç
ã
O
11
Desde sua fundação, em 1947, a Livraria Cultura sempre buscou proporcionar o acesso livre 
e fácil à cultura de qualidade, acreditando em sua responsabilidade de inserção social por meio 
de cultura e no poder transformador do conhecimento. Com base em tudo isso, foi criado o 
Instituto Eva Herz, fundado para que pudesse inscrever projetos culturais utilizando as leis de incentivos 
do governo. “Os objetivos a médio e longo prazo do projeto incluem instrumentalizar os espaços culturais 
disponíveis nas unidades da Livraria Cultura para que as produções e artistas locais tenham condições 
adequadas para suas apresentações, recebendo o suporte necessário, técnico e de equipe”, conta Robson 
Villsac, coordenador de marketing cultural da Livraria Cultura. Entre os projetos conhecidos está o Vira Cultura, 
que mescla música ao vivo, bate-papos, lançamentos de livros e performances em um mesmo espaço, 
e o Minha Língua, Minha Pátria, festival literário que apresenta grandes autores de diferentes gerações do Brasil 
e de Portugal para falar sobre a literatura em língua portuguesa. “Neste ano, teremos a execução parcial do 
primeiro plano anual de atividades do instituto nos teatros e a segunda edição do Minha Língua, Minha Pátria, 
em São Paulo e Salvador. Em um cenário difícil como o do país, é uma conquista a ser comemorada. 
Queremos ampliar a atuação [do instituto], incrementá-la com novos conteúdos no próximo ano. Já estamos 
estabelecendo parcerias e esperamos em breve comunicar as novidades que vêm por aí. Como tudo ligado 
à cultura, é necessário construir de forma gradativa para que seja possível estabelecer os projetos e criar o 
diálogo necessário com uma sociedade e uma cena cultural cada vez mais dinâmicas”, revela Robson. (CZ)
A TODO VAPOR
FO
TO
s
: d
iv
u
lg
a
ç
ã
O
12
| drops |
COM A MÃO 
NA MASSA
Criado em 2013, o Cultura em 
Curso proporciona ao público da 
Livraria Cultura cursos livres que 
tratam de assuntos relevantes e 
atuais, navegando do mundo do 
vinho até a escrita criativa, da 
ficção científica ao autodesen-
volvimento. Nomes como Mar-
cia Tiburi, Helena Rizzo, Mario 
Sergio Cortella, Marcelino Freire 
e Mariana Zahar já passaram 
seus conhecimentos à frente em 
aulas não apenas contempla-
tivas, mas que valorizam muito 
a experiência dos alunos. “O 
diferencial do Cultura em Curso 
é que suas aulas estão voltadas 
muito mais ao entretenimento, 
são muito mais sinestésicas. 
São cursos voltados para a ex-
periência do cliente, encontros 
em que você consegue atrair 
pessoas que, às vezes, não ne-
cessariamente gostam daquele 
assunto, mas querem fazer parte 
da experiência, como em aulas 
de perfume, jantares e degus-
tações, aproveitando o espaço 
que temos para enriquecer o 
serviço que entregamos a elas”, 
diz Renato Costa, orientador pe-
dagógico do projeto. Os cursos 
ministrados no mês de setembro 
serão de oficina de jardinagem 
com degustação de vinho, cine-
ma e culinária italiana, o vinho 
sob a ótica do cinema e a escrita 
criativa dentro do espaço. (CZ) 
Conf i ra mais aqui :
13
ARTE EM fOcO
Com o objetivo de aproximar mais as artes plásticasdo dia a dia das pessoas, há quase dez anos a Livra-
ria Cultura começou também a oferecer obras de arte, 
promovendo a venda das mesmas e de produtos rela-
cionados a elas. Assim nasceu a Galeria Cultura, hoje 
localizada dentro da loja no paulistano Shopping Igua-
temi, mas com espaço expositório também no Cine Vi-
tória, no Rio de Janeiro, e no Recife Rio Mar, na capital 
pernambucana – nas demais lojas, há pontos para a 
comercialização de obras. “A arte tem certo distancia-
mento do grande público, que a considera inacessível, 
cara, elitizada, e a proposta da galeria é afirmar que a 
arte não é necessariamente assim e que os mais dife-
rentes perfis de pessoas podem tanto produzi-la como 
comprá-la. Nosso público é um pouco mais descolado 
do que a gente pensa que é um público de arte. A ideia 
é aproximar tanto os artistas conhecidos como outros 
que estão começando com os clientes”, diz Renato 
Costa, orientador pedagógico e captador de recursos 
da Livraria Cultura. Entre os nomes que ajudaram a 
fazer parte da história do projeto estão Camila Morita, 
Nuria Torrents, André Albuquerque, Andrea Fiamenghi, 
Alexandre Reider e Marina Klink. Além de estreitar o 
relacionamento com os artistas que já fazem parte há 
anos, diariamente a Galeria Cultura recebe portfólios 
de criadores que desejam mostrar seus trabalhos ali. 
“Como não temos como receber todos os artistas que 
querem expor aqui, e seria maravilhoso se isso acon-
tecesse, a gente faz uma seleção daquilo que pode 
ser interessante, de algo que possa ser novo dentro 
daquele ambiente para não trabalhar sempre os mes-
mos perfis, a mesma linguagem estética em todas as 
peças.” Neste mês, vale conferir na Galeria Cultura do 
Iguatemi o trabalho do artista e cabeleireiro Ricardo 
Cassolari, que vai ocupar o corredor de exposição e a 
loja toda com suas peças. (CZ)FO
TO
s
: d
iv
u
lg
a
ç
ã
O
14
| drops |
FO
TO
s
: d
iv
u
lg
a
ç
ã
O
FIzEMoS uMA pEquENA E pARCIAL LISTA dE LIVRoS dE FICção quE, dE ALGuMA FoRMA, MARCARAM o MuNdo 
duRANTE oS 70 ANoS dE ExISTêNCIA dA LIVRARIA CuLTuRA. CoMo há MuIToS ouTRoS TíTuLoS MARAVILho-
SoS A CoNSTAR, ApRoVEITE, LEIToR, pARA FAzER SuA pRópRIA LISTA E dIVIRTA-SE. (Alfredo Sternheim)
alguns lIVROs dOs últImOs 70 anOs
o nome da rosa 
(1980), 
de Umberto eco
Trama policial 
ambientada em 1327 no 
interior de um mosteiro 
na Itália.
ensaio sobre a 
cegueira (1995), 
de José Saramago
Intriga fantasiosa 
do mais famoso 
escritor português 
contemporâneo.
o tempo entre 
costuras (2009), 
de maría dueñas
A vida de uma jovem 
em meio à guerra civil 
espanhola e à presença 
nazista.
sono (2013), 
de haruki murakami
As insólitas 
consequências 
da insônia de 
uma mulher, 
mãe de família.
cem anos de solidão 
(1967), 
de Gabriel García 
márquez
A obra que consagrou 
mundialmente o autor 
colombiano.
carrie – a estranha 
(1974), 
de Stephen King
humilhação e vingança 
na estreia desse mestre 
do suspense e do terror 
em livro ficcional.
a hora da estrela 
(1977), 
de Clarice lispector
o mítico romance 
acompanha a saga da 
datilógrafa alagoana 
Macabéa, que migra 
para o Rio de Janeiro.
gabriela, cravo 
e canela (1958), 
de Jorge Amado
Coronéis, jagunços, 
prostitutas e pilantras 
convivem na intricada 
sociedade baiana em 
pleno Ciclo do Cacau.
15
mais que 
mil palavras
| fotografia |
uma breve seleção de registros do passado para 
relembrar ou construir momentos de nossa história 
Três gerações 
da família Herz: 
Eva, a pioneira; Pedro, 
que assumiu a direção 
da empresa em 1969, 
e seus filhos, Fabio 
e Sergio, em foto de 
outubro de 1997
Fo
to
: e
d
 v
ig
g
ia
n
i
16
| fotografia |
Fo
to
: a
r
q
u
iv
o
 l
iv
r
a
r
ia
 c
u
lt
u
r
a
17
fo
to
: a
n
tô
n
io
 l
u
ís
Ao lado, Pedro, Eva e Kurt Herz em 
junho de 1987; abaixo, Sergio Herz, 
atual CEO da empresa, em foto de 
1996; no rodapé, na página ao lado 
e no centro, registros da loja do 
Conjunto Nacional, em 1971; 
no canto inferior, à esquerda, última 
noite da lanchonete que iria virar 
livraria, a terceira no Conjunto 
Nacional, em agosto de 1989
fo
to
: a
r
n
a
ld
o
 f
ia
s
c
h
i
fo
to
: a
r
q
u
iv
o
 c
u
lt
u
r
a
fo
to
: a
r
n
a
ld
o
 f
ia
s
c
h
i
fo
to
: a
r
n
a
ld
o
 f
ia
s
c
h
i
18
| entrevista | pedro herz
p o r g u s t a v o r a n i e r i 
f o t o s r o d r i g o b r a g a
Olhar
frente
à 
19
20
| entrevista | pedro herz
21
P
edro Herz não é 
um homem sau-
doso, tampouco 
nostálgico. Tal- 
vez uma das maio-
res semelhanças 
com sua mãe, Eva 
Herz (1911-2001), 
seja nem tanto a 
aparência física, o 
amor pelos livros 
ou o apreço por concertos de música clássica, 
mas justamente a modernidade que marcava 
as ideias dela e que é tão presente nas que ele 
implementa há quase cinco décadas na linha 
de frente da Livraria Cultura, um negócio ain-
da familiar, com 18 lojas físicas, comércio ele-
trônico – a marca foi pioneira do e-commerce 
no Brasil – e presença em oito Estados. Bom, 
era assim até o fim de julho passado, quando 
a empresa – Pedro é o Presidente do Conselho 
Administrativo e seu filho Sergio Herz o CEO da 
marca – anunciou a compra das operações da 
Fnac Brasil, agregando 12 lojas, ingressando 
em mais dois Estados e ampliando considera-
velmente o mix de produtos comercializados, 
expandidos agora para a área de tecnologia e 
equipamentos de áudio e vídeo, entre outros.
Em 1947, com 7 anos de idade, Pedro era 
só um menino quando sua mãe deu início aos 
negócios. Com o objetivo de ajudar o marido, 
Kurt, a pagar as despesas da casa, em um 
mundo que vivia o pós-guerra, ela observou 
que outros imigrantes alemães como ela, vi-
vendo em São Paulo e fugidos quando a Se-
gunda Guerra Mundial era iminente, queriam 
ler livros em seu idioma natal ou em inglês, já 
que pouco ainda falavam de português. Foi 
assim que ela teve a ideia de juntar algum di-
nheiro, comprar livros importados e alugá-los 
para os conhecidos. Em 1953, quando não ha-
via mais espaço para armazenar os títulos, a 
família se mudou para uma casa na paulistana 
Rua Augusta, onde uma pequena sala na frente 
do imóvel passou a ser a “locadora”, que aos 
poucos foi mudando até virar uma livraria de 
fato. O nome em si, Livraria Cultura, só foi as-
sumido oficialmente em 1969, ano em que a 
próspera empresa se mudou para o Conjunto 
Nacional (no espaço onde hoje é a loja Geek.
etc.br) e Pedro assumiu o comando, depois de 
ter atuado como pesquisador da revista Quatro 
Rodas, na Editora Abril, e também na Editora 
Melhoramentos.
Desde então, a história já é conhecida por 
muitos, tanto quanto o prestígio que acompa-
nha as sete décadas de trajetória, celebradas 
neste 2017, e pautada acima de tudo pela práti-
ca da palavra que Pedro diz estar quase extinta 
do vocabulário brasileiro: compromisso. O que 
nem todos sabem é que, aos 77 anos, o exe-
cutivo mantém uma rotina extensa de trabalho. 
Diariamente se dirige pela manhã à empresa, 
onde costuma ficar até o fim do dia, isso quan-
do não visita algumas lojas aos fins de semana. 
Sabe ser rígido quando necessário, mas tam-
bém afável; sabe admitir quando está errado, 
mas pode bater o pé se está convicto de uma 
ideia que deseja implementar.
Morador do último andar do Edifício Copan, 
no centro da capital paulista e a 115 metros de 
altura, Pedro Herz é um misto de proprietário 
da companhia e personagem da mesma. Bas-
ta andar pela loja matriz para logo virem pes-
soas variadas o cumprimentarem – e ainda faz 
questão de prestigiar diversos lançamentos de 
livros, sejam de autores conhecidos ou não. É 
também o homem que disse de antemão que 
o livro digital, o qual ele comercializa, não aba-
laria o livro físico – e os números comprovam 
que ele estava certo –, assim como já antevê 
o porvir não somente das livrarias, mas do va-
rejo de modo geral, ramo do comércio que, em 
sua opinião, será em um futuro não tão distan-
te assim apenas uma espécie de showroom de 
produtos e espaço para trocas de experiênciase entretenimento do consumidor.
Como se pode ver na entrevista a seguir, 
Pedro Herz é um autêntico livreiro, com o olhar 
à frente, mas com as raízes no mesmo lugar. 
22
| entrevista | pedro herz
Pedro, quando observo as entrevistas concedidas por 
você nos últimos cinco anos, é notório um pessimismo 
expressado em relação ao país e às dificuldades econômi-
cas. Mas, de repente, em meio a um ano complicadíssimo 
como este de 2017, a Livraria Cultura anuncia a compra 
das operações da Fnac Brasil, o que causou surpresa e 
certa incompreensão deste passo no cenário atual. Você 
pode explicar melhor? Bom, a primeira parte da pergunta 
é o porquê do pessimismo. O pessimismo é oriundo de eu 
ficar mais velho e querer ver um país melhor. Você envelhe-
ce e começa a ter pressa de ver o país diferente. No fundo, 
é simbolizado por isso. Mas, à medida que você fica mais 
velho, começa a se perguntar: será que vou conseguir ver? 
Para ver a luz no fim do túnel, é necessário enxergar o túnel 
primeiro e, nesse momento, está difícil de vê-lo. Já sobre a 
aquisição da Fnac, é ir na contramão de onde as pessoas 
estão indo. Se todos vão para lá, eu vou para cá; talvez me 
dê bem. E essa foi uma oportunidade de agregar novos pro-
dutos ao nosso negócio. Nós temos hoje de começar um 
ciclo novo, da mesma maneira que no passado começamos 
quando passamos a comercializar CDs e DVDs e tivemos 
de aprender a lidar com essa área. Tudo se aprende na vida, 
e da mesma maneira vamos aprender a vender os produtos 
eletrônicos que a Fnac vendia, como computadores, tele-
visões, etc. Faz parte de um objetivo de oferecer um mix 
de produtos, pois, com as lojas que temos, com o tamanho 
que são e com o mercado consumidor atual, acho difícil se 
manter exclusivamente com livros. Resumindo é isso.
Entretanto, estar na “contramão” acarreta riscos, corre-
to? Há a consciência da existência deles? Hoje, nós temos 
uma infraestrutura bem interessante, a empresa é muito 
bem controlada. Ela é muito bem estruturada. Claro que, 
no momento que vivemos, as previsões nem sempre se rea-
lizam. A gente não consegue alcançar as metas, mas isso 
parece que é um mal geral. Se nem o governo chega a suas 
metas, por que os outros haverão de chegar? Mas precisa-
mos cumprir nossos objetivos, para não deixar a situação 
piorar. E o país é muito grande e oferece uma potenciali-
dade enorme. Se arrumarmos a casa, acho que as coisas 
ficam mais visíveis e temos um bom caminho pela frente. 
E os caminhos necessários para um ajuste total do país, 
como você os analisa? Acho que há um consenso no Bra-
sil de que pouca coisa funciona, se é que alguma coisa 
funciona. Então, essas mudanças que estão sendo faladas 
e propostas são necessárias, não tem mais como poster-
gar isso. Chegamos a um ponto em que elas precisam ser 
feitas. Se o modelo para as colocar em prática está corre-
to, acho que teremos de pagar o preço para ver. Mas há 
um consenso de que são estritamente necessárias. Se não 
fizerem as reformas, o Brasil quebra. O bom senso fala 
que tem de ser feito da maneira menos dolorosa possível, 
mas alguma dor é inevitável. Mas já estamos pagando um 
alto preço pela quantidade de desempregados no Brasil. E 
desperta questões: como será o emprego daqui para fren-
te? Haverá emprego ou haverá trabalho? Como serão as 
remunerações desses trabalhos? Enfim, não terei tempo 
hábil para avaliar o resultado disso, mas as mudanças são 
necessárias. 
Obviamente, fica cada vez mais difícil manter empresas 
saudáveis, né? Sem dúvida nenhuma. Fica muito com-
plicado. A máquina estatal nossa, seja federal, estadual 
ou municipal, é de uma ineficiência que merecia todos 
os prêmios, sabe? A ineficiência da máquina pública bra-
sileira é gritante, é muito triste ver isso. Brinco que, se a 
iniciativa privada funciona, por que não privatizar o Esta-
do? Não vou generalizar, pois é claro que existem pessoas 
competentes. Mas exemplos de boa gestão são raros.
Outro retrato até o momento imutável no Brasil é o 
que atesta o baixo índice de leitura no país. Há alguma 
crença de sua parte de que isso melhorará e que tere-
mos mais leitores? Acredito que é uma coisa absoluta-
mente possível. Mas se vou vivenciar é outra coisa. Estou 
convencido de que leitores são feitos em casa, mas contra 
esse meu pensamento existe uma realidade de que hoje 
em dia muitos casais decidem não ter filhos. Soma-se a 
isso nosso falho processo de educação e também o fato 
de o Brasil ter deixado de oferecer qualidade de vida aos 
seus habitantes.
Mais uma realidade brasileira é a falta de mão de obra 
qualificada. Como empresário, de que forma você ob-
serva esse quadro? É bem complexo. A gente sabe mais a 
cada dia que passa sobre cada vez menos. É como se você 
precisasse de um profissional que aperta parafuso e um 
que desaperta. E a gente precisa se convencer de que a 
tecnologia está aí para ser usada e ela nem sempre é ami-
ga do emprego. Pelo contrário, já que muitos empregos 
estão sendo substituídos por robôs. Temos esse proble-
ma, que é um dilema mundial. Mas precisamos aprender 
a ter coerência entre o pensar e o agir. Nós não podemos 
pensar tecnologicamente e não agir tecnologicamente. Se 
nós não tivermos uma coerência sobre isso, fica difícil, 
né? Porque a máquina fará uma coisa que determinada 
pessoa fazia no passado, mas o que ela fará no futuro? 
Cabe a cada um de nós também se reinventar e dizer: a 
partir de amanhã farei outra coisa.
23
CORRO ATRÁS DE UMA VIDA INTERESSANTE. 
NÃO BUSCO A FELICIDADE, NÃO SEI BEM O QUE É ISSO. 
SE SOU HOJE UM EXECUTIVO DA LIVRARIA CULTURA, 
POSSO SER AMANHÃ UMA OUTRA COISA QUALQUER 
E FAZER COISAS QUE TAMBÉM ME INTERESSAM.
24
| entrevista | pedro herz
A MÁQUINA ESTATAL NOSSA, SEJA 
FEDERAL, ESTADUAL OU MUNICIPAL, 
É DE UMA INEFICIÊNCIA QUE MERECIA 
TODOS OS PRÊMIOS. BRINCO QUE, 
SE A INICIATIVA PRIVADA FUNCIONA, 
POR QUE NÃO PRIVATIZAR O ESTADO?
25
A reforma trabalhista te agradou? Longe disso, ela não deu 
conta do que é necessário. As regras trabalhistas no país são 
do arco da velha, não podem mais ser assim. O mundo mu-
dou e o Brasil precisa se adaptar. Qual é o modelo correto 
eu não sei e, em minha opinião, o que o Brasil não faz, mas 
deveria fazer, é olhar onde funciona, ver qual é o modelo 
que deu certo e como pode aproveitá-lo. Mas a gente quer 
criar tudo sozinho e faz errado em vez de copiar modelos 
que funcionam, que já foram testados, ajustados. Tem de 
ter a vontade política de fazer e daí as coisas acontecem. 
Uns vão ficar contentes e outros vão ficar descontentes, 
é absolutamente normal. Não dá para contentar a todos. 
Muitas vezes você declarou a intenção de acelerar uma 
profissionalização da gestão da empresa, de a livraria 
deixar de ter uma gestão familiar, como ainda é hoje. 
Porém, a cada passo da Cultura, tendo como exemplo a 
própria aquisição da Fnac, e com você muito ativo junto 
ao Sergio Herz (fi lho e CEO da Livraria Cultura desde 
2011), dá a sensação de que continuará a ser familiar. É 
uma percepção errada ou existe ainda esse desejo? Exis-
te o desejo e acho, e o Sergio concorda, que uma empre-
sa familiar atingindo determinado tamanho precisa ter 
uma gestão profi ssional. E, com essa aquisição, a Cultura 
se torna deste tamanho. Na realidade, ela praticamente 
dobra de tamanho. Então, o objetivo é não ter mais um 
CEO da família que é controladora da empresa. Mas, sim, 
profi ssionais que ou entregam ou saem. Assim como um 
primeiro-ministro de um país que tenha um regime parla-
mentarista. Sem confusões, sem traumas. Ninguém é per-
feito, é possível que dê certo, é possível que não dê certo. E 
nós estamos num ponto com uma boa infraestrutura, em 
que conseguimos minimizar os erros. Não que a gente não 
erre, claro que vai errar sempre, mas as chances passam a 
ser menores porque estamos muito bem informados sobre 
tudo o que se passa. Então a gente comete novos erros, não 
os mesmos. Chegamos a esse ponto em que a empresa vai 
precisar que todos sejam gestoresprofi ssionais e não mais 
acionistas. Existem coisas psicológicas na relação e no con-
trole familiar que não podem ir para a gestão.
Mas esse é um plano com que prazo? Acho que de cur-
to para médio prazo. Quer dizer, claro que isso não vai 
acontecer amanhã. Nós temos 12 lojas a mais agora [após 
a compra da Fnac], em alguns lugares com duplicidade, o 
que não cabe. As lojas precisam ter uma identidade, pre-
cisam ser modernizadas, e nós vamos rever isso.
Mas você estaria preparado para parar de trabalhar? To-
talmente. Parar de trabalhar, não, mas trabalhar aqui, sim.
Pergunto porque muitas pessoas não imaginam, mas 
você está presente diariamente na empresa e cumpre 
um longo expediente. Há novos produtos dentro da com-
panhia que eu desconheço totalmente. Não sei comprar e 
vender computadores, por exemplo. Posso aprender, mas 
não é o meu desejo. 
Mas quem será o Pedro Herz fora do dia a dia da com-
panhia? Dentro de mim, há uma coisa de não correr atrás 
da felicidade. Isso é bobagem. Corro atrás de uma vida 
interessante. Não busco a felicidade, não sei bem o que é 
isso. Se sou hoje um executivo da Livraria Cultura, posso 
ser amanhã uma outra coisa qualquer e fazer coisas que 
também me interessam. 
Então você realmente conseguiria ficar longe dos 
negócios? Conseguiria sem problema nenhum. Não 
tenho a menor dificuldade com isso. Tenho uma vida 
muito simples, ando de ônibus, de metrô. Meu carro 
tem nove anos de uso. Tenho uma vida comum e não 
vejo problema de tê-la em outros cantos do mundo, 
criar coisas, pisar em terrenos que nunca pisei; pode 
ser que eu descubra que não me dão prazer, mas são 
interessantes de se conhecer. 
Você acha que sua mãe, Eva Herz, se assustaria com 
o tamanho que a Cultura tem hoje? Não saberia te di-
zer, mas ela disse, no ano 2000, uma frase que usamos: 
“Isto há de ser uma grande livraria”. Então, acho que 
ela não se assustaria. A gente caminhou para isso, não 
foi um passo falso. Mas tenho absoluta consciência da 
realidade, que manter estabelecimento do tamanho 
que a gente tem com livros é absolutamente inviável e 
precisamos remodelar isso. 
Quando a livraria começou a comercializar e-books e 
e-readers, você declarou que o livro digital não toma-
ria o lugar do papel, mas serviria mais para quem quer 
viajar e não quer carregar muito peso, por exemplo. A 
sua opinião permanece a mesma? Sim, permanece exata-
mente a mesma. Tanto é que as vendas de livros eletrôni-
cos são decrescentes e o aparelho de leitura não faz leitor. 
E não faz o leitor por que em sua opinião? Porque ele 
não cria o hábito da leitura. Quem não lia em papel não 
passou a ler por causa do aparelho. Mas quem tem o há-
bito de ler ganha uma mídia a mais. Antes ele só tinha o 
papel, hoje ele pode escolher. Por exemplo, se a pessoa 
vai viajar, ela pode decidir levar um livro impresso de 500 
páginas ou um aparelho que pesa 80 gramas.
26
| entrevista | pedro herz
Pedro, se olhássemos alguns anos adiante, como você 
imagina a Cultura? Acho que ela deixará de ser somen-
te livraria. Ela será um estabelecimento comercial com 
uma variedade enorme de produtos, ligados entre si de 
alguma forma e que levem conteúdo junto com eles, 
mas não somente um vaso para se colocar flores, por 
exemplo. Serão produtos dinâmicos, que agreguem con-
teúdo. Nessa direção, será um varejo bem interessante.
E isso daqui a quanto tempo? Isso é rápido, é um pro-
cesso rápido. 
Faz parte do crescimento. O crescimento natural de 
qualquer negócio que seja implica em alguns movimen-
tos. Se hoje você trabalha só com livros, vai deparar com 
o momento em que precisará agregar outra coisa. Ne-
nhuma indústria nasce grande. Ela nasce pequena, daí 
cresce, vai ficando mais complexa, fabrica mais produ-
tos. Assim também é no varejo. Veja a Amazon, que é 
uma excelente prestadora de serviços. Ela começa nos 
EUA apenas com livros, mas o senhor Jeff Bezos [fun-
dador da Amazon], inteligentíssimo, por quem tenho 
admiração, detectou algo que nós de alguma forma sa-
bíamos, mas ele detectou e foi extremamente inteligente 
e hábil nas ações: ele percebeu que o leitor toma vinho, 
usa camiseta, compra meia, tênis. Mas o inverso não é 
verdadeiro. Ou seja, quem compra vinho, meia, tênis, 
chapéu não necessariamente compra livro. A partir des-
se momento, por exemplo, ele passa a oferecer vinho ao 
leitor. E, se oferece vinho, também faz isso com copo, 
adega... Oxalá esse modelo se repita com todas as em-
presas. Neste ano, a Amazon comprou a Whole Foods, 
que é uma cadeia de supermercados de alimentos sau-
dáveis. E, em minha opinião, não foi para adquirir um 
negócio a mais, mas para oferecer uma nova forma de 
logística, de repente servir a todos os restaurantes. E Jeff 
Bezos está se esforçando para aprender isso. Aplausos 
para ele. Por isso repito: ninguém nasce grande.
O e-commerce é um modelo que obviamente tomou 
conta do mundo todo e representa uma fatia enorme 
dos rendimentos das empresas. Algumas, inclusive, 
deixaram de ter loja física e ficaram somente no onli-
ne e outras nasceram apenas digitais. Por outro lado, 
sabe-se que o comércio eletrônico não fideliza nem fa-
cilita uma relação mais afetiva do cliente com a marca. 
Em boa parte das vezes, o consumidor digita o nome 
do produto em um buscador que compara preços e ele 
compra de onde for mais barato. Por isso, pergunto: 
no caso da Cultura, que historicamente é marcada 
pela relação afetiva das pessoas, que circulam pela loja 
com gosto para descobrir coisas, para as trocas cultu-
rais, como se lida com esses dois cenários? Como se 
mantém a afetividade em tempos de e-commerce tão 
presente? Acho que o varejo passa por enormes mudan-
ças no mundo todo. Vamos ter de encontrar uma solu-
ção. Penso que o varejo, em um futuro muito próximo, 
se já não o é, será um showroom de produtos. Vai exibir 
um produto para você olhar bem, tocar, ver se é leve 
ou se é pesado, se a cor é aquela de que você gosta, se 
ele abre para a esquerda ou para a direita, para cima ou 
para baixo. E o fabricante pagará a esse estabelecimento 
para expor seu produto. Já a compra será toda feita pelo 
comércio eletrônico e pelo menor preço. O varejo será o 
local em que pouca coisa será entregue diretamente ao 
consumidor. Na internet, você vê imagens, vê uma série 
de coisas, mas, no caso de uma geladeira, por exemplo, 
você pode até ver uma foto, saber as dimensões. Porém, 
observar a distância entre prateleiras em uma imagem 
é diferente de ver pessoalmente. E quem compra uma 
geladeira vai querer mais informação além disso. Para 
isso que existirão as lojas. E, em minha opinião, isso vai 
acontecer com todos os estabelecimentos comerciais, 
exceto os supermercados. 
Quando você observa a história da Cultura, há sauda-
de de algo que foi vivido? Não saudade propriamente 
dita, mas diria que tenho gratas recordações de quando 
éramos reconhecidos por entender o que os leitores que-
riam. Entendíamos a linguagem que eles falavam. A gente 
tenta fazer isso, mas hoje acho que inverteu a situação. 
Atualmente, nós dizemos o que o cliente quer. Sabe, ele 
não tem tanta noção do que está querendo e busca um 
conteúdo pronto. Então inverteu um pouco esse papel. 
Acho que o nosso time aqui é muito bem preparado, apto 
a informar o consumidor. 
E qual é o principal legado desses 70 anos de história e 
o legado que você deixará? Vou dizer em uma resposta 
muito rápida: o legado que herdei e deixo é não se esque-
cer da palavra compromisso. A empresa tem compromis-
so com seu cliente e continuará tendo. E compromisso 
é um palavrão erradicado do vocabulário nacional. Mas 
aprendi e ensinei a tê-lo. Talvez por ter sido escoteiro, e 
um dos lemas do escotismo é: “O escoteiro tem uma só 
palavra se uma honra vale mais do que a própria vida”. 
Aprendi isso quando era moleque. Não preciso do contra-
to, é só uma formalidade. O que combinarmos de palavra 
será cumprido. E, se não cumprirmos por alguma razão, 
pagaremos as consequências. c 
O LEGADO QUE HERDEI EDEIXO É NÃO SE ESQUECER DA PALAVRA 
COMPROMISSO. A EMPRESA TEM COMPROMISSO COM SEU 
CLIENTE E CONTINUARÁ TENDO. E COMPROMISSO É UM PALAVRÃO 
ERRADICADO DO VOCABULÁRIO NACIONAL. MAS APRENDI E ENSINEI 
A TÊ-LO.”
27
O LEGADO QUE HERDEI E DEIXO É NÃO SE 
ESQUECER DA PALAVRA COMPROMISSO. 
A EMPRESA TEM COMPROMISSO COM 
SEU CLIENTE E CONTINUARÁ TENDO. 
E COMPROMISSO É UM PALAVRÃO 
ERRADICADO DO VOCABULÁRIO NACIONAL. 
MAS APRENDI E ENSINEI A TÊ-LO.
28
Um mUndo qUe mUda 
mUito e a mUitos mUda
Fatos e obras que marcaram o brasil e o exterior 
desde a Fundação da livraria cultura, 70 anos atrás
p o r J r . B e l l é
| linha do tempo | 
A Livraria Cultura é 
fundada por Eva Herz. 
O negócio consistia 
inicialmente em 
alugar livros para a 
comunidade alemã 
em seu idioma natal.
Em 14 de maio, o Estado de Israel se torna 
independente e, pouco depois, em 9 de 
setembro, acontece a independência da 
República Popular Democrática da Coreia, 
mais conhecida como Coreia do Norte.
19
4
8
George Orwell 
lança, em 8 de 
junho, uma das 
mais importantes 
obras do século, 
a distopia 1984.
Em 1° de outubro, é criada a 
República Popular da China, que, 
a partir de então, aos poucos, 
começaria a tornar-se uma 
potência militar e econômica.
1949
Em 15 de agosto, a 
Índia finalmente declara 
a independência 
do Reino Unido.
1947
fo
to
s
 l
iv
r
a
r
ia
 c
u
lt
u
r
a
: a
r
q
u
iv
o
 d
a
 e
m
p
r
e
s
a
fo
to
s
 g
e
r
a
is
: w
ik
im
e
d
ia
 c
o
m
m
o
n
s
29
Entre meados de 1954 
e começo de 1955, 
J. R. R. Tolkien publica, 
em três volumes, um 
livro divisor de águas, 
O senhor dos anéis.
Getulio Vargas, pressionado pelos 
militares, que exigiam sua renúncia, 
suicida-se com um tiro no coração.
O poeta chilena Pablo 
Neruda publica seu 
mais célebre livro, 
uma ode à história 
da América do Sul, 
Canto geral.
Dois anos depois da independência da 
Coreia do Norte, começa a Guerra da Coreia, 
colocando frente a frente Estados Unidos e 
Reino Unido, de um lado, e China, do outro. 
Um armistício assinado em 1953, e em voga 
até hoje, colocou fim aos conflitos, que ainda 
separam as duas Coreias.
Os negócios prosperam 
e Eva Herz dedica um 
espaço de sua casa na 
Rua Augusta, centro 
de São Paulo, para a 
então pequena Livraria 
Cultura. Porém, a 
família deixa de realizar 
a locação de livros e 
passa a vendê-los, 
incluindo também 
títulos de literatura 
brasileira.
1953
1954
Em 1° de novembro, 
uma nova guerra 
começa, desta 
vez no Vietnã.
Em 29 de julho, 
na Suécia, a Seleção 
Brasileira de futebol 
conquista o primeiro 
de seus cinco 
títulos mundiais.
Marrocos torna-se um reino independente da França em 
2 de março. Dezoito dias depois, a Tunísia declara independência. 
No Leste Europeu, irrompe a Revolução Húngara contra o governo 
soviético, na tentativa de abandonar o Pacto de Varsóvia.
1956
1955
1958
1950
30
Em 1° de janeiro, o 
Movimento 26 de Julho 
entra em Havana e vence 
a Revolução Cubana, 
destituindo o ditador 
Fulgencio Batista e 
empossando Fidel Castro.
Em 21 de abril, é 
inaugurada, no coração 
do país, a nova capital 
brasileira, Brasília.
Tropas da URSS 
invadem a 
Tchecoslováquia e 
põem fim à 
Primavera de Praga.
Yuri Gagarin torna-se o 
primeiro homem a ir ao 
espaço, no dia 12 de abril.
Os Estados Unidos da 
América, descontentes 
com a vitória da 
Revolução Cubana, 
fracassam ao tentar 
invadir a Baía dos Porcos. 
A tentativa deu início à 
Crise dos Mísseis, o ponto 
mais perigoso para um 
conflito nuclear durante 
toda a Guerra Fria.
No dia 1° de abril, o 
presidente do Brasil, João 
Goulart, é derrubado pelos 
militares, colocando em 
marcha um golpe militar 
que mergulharia o Brasil 
em 21 anos de ditadura.
 
No dia 9 de outubro, nas 
matas da Bolívia, Che 
Guevara é executado.
1959
| linha do tempo | 
1960
1963
1964
1961
Em 22 de 
novembro, o 
presidente dos EUA, 
John F. Kennedy, é 
assassinado com 
um tiro à distância, 
em Dallas, no 
Estado do Texas.
Em maio, Gabriel García 
Márquez lança a mais 
notória obra do realismo 
fantástico já escrita, 
Cem anos de solidão.
 Em 15 de março, nosso país muda de nome, deixa 
de ser República dos Estados Unidos do Brasil e passa 
a se chamar República Federativa do Brasil.1967
 
Nobel da Paz e mais 
proeminente líder negro da 
América, Martin Luther King 
Jr. é assassinado a tiros em 
Memphis, aos 39 anos.
A Revolução de Maio, 
iniciada nas universidades 
de Paris e apoiada 
por uma greve geral, 
sacode não só a França, 
mas toda a Europa.
1968
fo
to
s
 l
iv
r
a
r
ia
 c
u
lt
u
r
a
: a
r
q
u
iv
o
 d
a
 e
m
p
r
e
s
a
fo
to
s
 g
e
r
a
is
: w
ik
im
e
d
ia
 c
o
m
m
o
n
s
31
A Revolução dos Cravos 
põe fim, em 25 de abril, 
à ditadura em Portugal.
Isabelita Perón é deposta 
e a Argentina entra em 
um sangrento período 
de ditadura militar.
Após os escândalos de 
Watergate, Nixon 
renuncia à presidência 
dos Estados Unidos.
Salvador Allende é eleito, em 24 de 
outubro, presidente do Chile. Trata-se do 
primeiro chefe de Estado marxista eleito 
democraticamente no mundo. Em 11 de 
setembro de 1973, Allende é deposto 
e assassinado em um golpe militar 
liderado pelo general Augusto Pinochet.
Entre 15 e 17 
de agosto, 
acontece no 
EUA o mais 
importante 
festival de rock 
da história, o 
Woodstock.
 É o fim das Guerras Coloniais portuguesas, com 
a independência de Cabo Verde, em 5 de julho; 
de São Tomé e Príncipe, em 12 de julho; de 
Moçambique, em 25 de julho; de Angola, em 11 de 
novembro; e do Timor-Leste, em 28 de novembro.
Pedro Herz assume o 
comando da Livraria 
Cultura, com 29 anos, 
e, neste mesmo ano, 
realizando o sonho 
de sua mãe, a loja 
muda para o Conjunto 
Nacional. Também neste 
ano, a livraria adota 
um de seus símbolos: 
o móvel redondo, de 
madeira, que permite 
uma melhor exposição 
dos livros.
 Neil Armstrong é o 
primeiro homem a pisar 
na Lua, em 20 de julho, 
como comandante da 
Apollo 11.
1969
19
7
0
1974
1975
A Livraria Cultura abre três filiais na cidade 
de São Paulo: na estação São Bento do 
metrô, na PUC-SP e na Rua Turiassú. 
Nenhuma delas opera hoje. Neste mesmo 
ano, a 27 de abril, começa a ser distribuído 
gratuitamente o Livraria Cultura Impressa, o 
primeiro jornal sobre livros e lançamentos. 
1976
32
| linha do tempo | 
O poeta brasileiro 
Augusto de Campos, um 
dos criadores da mais 
disruptiva vanguarda 
artística brasileira, o 
concretismo, lança sua 
principal obra, Viva vaia.
1979
No dia do aniversário de 
São Paulo, 25 de janeiro, 
um dos maiores comícios 
da história do Brasil 
acontece na Praça da Sé 
em prol das Diretas Já.
Em 26 de abril, acontece 
o acidente nuclear de 
Chernobyl, na Ucrânia.
Entre 27 de abril e 
5 de julho, a China é 
abalada por inúmeras 
manifestações estudantis 
que acontecem na 
Praça da Paz Celestial.
1984
1986
No dia 5 de outubro, é promulgada 
a nova Constituição Brasileira, 
apelidada de Constituição Cidadã.
Após 21 anos de ditadura, o Brasil 
elege democraticamente um 
presidente, Fernando Collor de Mello.
Em 9 de novembro, cai, enfim, o Muro De Berlim. 
Pouco mais de um mês depois, os presidentes George H. W. 
Bush e Mikhail Gorbachev anunciam o fim da Guerra Fria.
1988
Neste ano, a Livraria 
Cultura contava com 40 
colaboradores, sendo 18 
livreiros especializados 
por área. Hoje, são mais 
de 1.500 colaboradores.
 A Livraria Cultura inova 
ao lançar o Disk Livros. 
A empresa pagava a 
ligação e fazia a 
entrega dos livros em 
até 48 horas para os 
clientes que fizessem 
o pedido por telefone.
1989
1990
Em 17 de janeiro, 
começa a Guerra do 
Golfo, que acabaria 
pouco depois, 
em 28 de fevereiro.
No dia 25 de dezembro, 
o líder soviético 
Mikhail Gorbachev 
renuncia ao cargo, 
dando volume 
a uma grave crise, 
que culminaria, em 
31 de dezembro, 
com o fim da URSS.
Iniciado em 1948, o 
regime de apartheid é 
extinto na África do Sul.1991
fo
to
s
 l
iv
r
a
r
ia
 c
u
lt
u
ra
: a
r
q
u
iv
o
 d
a
 e
m
p
r
e
s
a
fo
to
s
 g
e
r
a
is
: w
ik
im
e
d
ia
 c
o
m
m
o
n
s
33
Em 29 de setembro, 
o presidente Fernando 
Collor de Mello sofre 
um impeachment.
J. K. Rowling, 
em 26 de junho, lança 
um dos maiores best-
sellers da história da 
literatura: Harry Potter 
e a pedra filosofal.
José Saramago recebe 
o Prêmio Nobel de 
Literatura, até hoje o 
único atribuído a um 
autor que escreve em 
língua portuguesa.
Em outubro, a Livraria 
Cultura torna-se a 
primeira empresa 
brasileira a vender 
livros pela internet.
Inauguração da loja do 
Shopping Villa Lobos, 
a primeira da Livraria 
Cultura dentro de um 
shopping center. 
Em seu aniversário 
de 50 anos, a Livraria 
Cultura lança o primeiro 
Café Filosófico, 
conceito que se 
popularizou na televisão 
nos anos seguintes.
Lançamento do 
Livraria Cultura News, 
continuação do projeto 
Cultura Impressa, 
comandado por 
Pedro Herz.
1995
1997
1998
1992
Nelson Mandela, após 
ter sido libertado da 
prisão e vencer o 
Prêmio Nobel da Paz, 
é eleito o primeiro 
presidente negro da 
África do Sul.
Em San Marino, 
no dia 1° de maio, 
Ayrton Senna sofre 
um acidente fatal na 
curva Tamburello.
 No dia 1° de julho, entra 
em circulação a nova 
moeda brasileira, o real.1994
Em 26 de março, 
Vladimir Putin é eleito 
presidente da Rússia, 
cargo que ocupa até hoje.
2000
No dia 11 de setembro, 
as torres do World Trade 
Center, em Nova York, 
desabam após serem 
atingidas por dois 
aviões. O Pentágono, em 
Washington, também 
é atacado e um quarto 
avião é abatido. Os 
ataques terroristas são 
atribuídos ao saudita 
Osama Bin Laden.
2001
34
| linha do tempo | 
Em 7 de janeiro, 
debaixo de protestos, 
o euro entra em vigor, 
substituindo moedas 
de 12 países da União 
Europeia.
Após 38 anos de ocupação, as tropas do 
Reino Unido deixam a Irlanda do Norte e passam 
o poder para as autoridades locais.
Em 22 de novembro, 
Angela Merkel, maior 
liderança do Partido 
Democrata Cristão, 
é eleita chanceler da 
Alemanha e torna-se 
a primeira mulher a 
ocupar o cargo na 
história do país.
Em 20 de janeiro, 
Barack Obama toma 
posse como primeiro 
presidente negro da 
história dos EUA.
2002
2005
Inauguração da loja 
da Livraria Cultura em 
Porto Alegre, a primeira 
fora da cidade de São 
Paulo. Nessa década, 
a Cultura expandiria 
sua rede, inaugurando 
outras sete lojas.
 É inaugurado o 
Teatro Eva Herz 
dentro da loja do 
Conjunto Nacional. 
Com isso, a Cultura 
passa a oferecer 
múltiplas opções 
culturais e de 
entretenimento no 
ambiente da loja. 
Atualmente, o Teatro 
Eva Herz está presente 
nas seguintes lojas: 
Conjunto Nacional-SP, 
Shopping 
Iguatemi-Brasília, 
Salvador Shopping, 
Shopping Curitiba 
e Cine Vitória-RJ.
Em 14 de abril, o Projeto 
Genoma consegue mapear 
99% do DNA humano.2003
Após anos de 
perseguição pela 
ditadura, o ex-
guerrilheiro tupamaro 
José Mujica é eleito 
presidente do Uruguai.
Em 18 de dezembro, 
tem início uma série de 
insurreições populares 
em inúmeros países. 
Começa a chamada 
Primavera Árabe.
A Livraria Cultura 
lança e inicia a distribuição 
gratuita do tabloide Cultura 
Indica, que une, até hoje, 
conteúdos relevantes com 
indicações de produtos, 
modelo pioneiro na categoria.
Em seu aniversário de 60 
anos, a Livraria Cultura 
renova sua identidade visual, 
lança o periódico Cultura da 
Gente e inicia, em agosto, 
a publicação e distribuição 
gratuita da Revista da 
Cultura, uma de suas 
marcas mais queridas até 
hoje. Neste ano, a empresa 
também constrói a grande 
loja no espaço do antigo Cine 
Astor, no Conjunto Nacional, 
em São Paulo. Nasce assim a 
maior livraria do Brasil.2007
2009
2010
fo
to
s
 l
iv
r
a
r
ia
 c
u
lt
u
r
a
: a
r
q
u
iv
o
 d
a
 e
m
p
r
e
s
a
fo
to
s
 g
e
r
a
is
: w
ik
im
e
d
ia
 c
o
m
m
o
n
s
35
Em 26 de novembro, o congresso colombiano referenda o segundo acordo 
de paz entre o Estado e as Farc, colocando fim a 52 anos de guerra civil.
Em 31 de agosto, 
Dilma Rousseff, a 
primeira mulher a 
assumir a Presidência 
do Brasil, sofre um 
impeachment. Michel 
Temer assume o cargo.
 Osama Bin Laden, 
fundador e líder da 
Al-Qaeda, é morto em 
uma operação militar 
dos EUA no Paquistão, 
em 1° de maio.
Em 14 de março, 
a ciência dá um 
passo crucial e 
prova a existência 
da partícula de Deus, 
o bóson de Higgs.
A Cultura inaugura 
sua loja de venda 
de obras de arte: 
a Galeria Cultura. 
Valorizando cada vez mais sua crença no poder 
transformador do conhecimento, a Livraria Cultura lança o 
Cultura em Curso, sua escola de cursos livres.
2011
Em 28 de setembro, 
a Nasa anuncia a 
descoberta de água 
líquida em Marte.
Barack Obama e Raúl 
Castro apertam as 
mãos durante encontro 
histórico na 7ª Cúpula 
das Américas, no 
Panamá, e iniciam o 
processo para o fim 
do embargo à ilha.
2015
Inauguração da Geek.
Etc.Br, a loja da Livraria 
Cultura especialmente 
focada em cultura geek. 
Também neste ano ela 
lança a linha Cultura 
Inspira, marca própria 
de produtos.
A Livraria Cultura dá 
um importante passo 
em direção à leitura 
digital ao firmar 
parceria exclusiva com 
a Kobo. Na época, foi 
a primeira livraria do 
Brasil a disponibilizar 
recursos para a leitura 
de e-books.
 Inauguração da loja do Cine 
Vitória, no Rio de Janeiro, 
a primeira loja de rua no 
centro antigo do Rio de 
Janeiro. O lugar, que no 
passado abrigou o famoso 
Cine Vitória, foi totalmente 
restaurado para receber a 
loja da Livraria Cultura. 2012
Em 2016, a Cultura aplica bastante foco 
em levar as mesmas experiências que o 
consumidor tem nas lojas para o universo 
digital e com isso lança seu canal de conteúdo 
no YouTube, o Canal da Cultura, que conta com 
indicações de produtos feitas diretamente 
pelos vendedores, e com o programa semanal 
Sala de Visita, no qual Pedro Herz entrevista 
grandes personalidades do universo da cultura. 
Neste ano, a livraria promove mais de 1.600 
eventos gratuitos em suas lojas.
2013
2016
A Lava Jato, 
maior operação 
anticorrupção levada 
a cabo no Brasil, 
segue denunciando 
e prendendo políticos 
e empresários. 
Em 19 de julho, a Cultura 
anunciou a compra da Fnac Brasil, 
rede varejista de livros e produtos 
eletrônicos, expandindo seu número 
de lojas e a presença no país, além 
do leque de produtos, tendo sempre 
a qualidade como foco principal.
2
0
17
36
p o r 
c l a r i a n a z a n u t t o
Durante as 
DécaDas De 1970 
e 1980, a cultura 
foi ponto De 
encontro De 
consagraDos 
escritores e 
intelectuais 
que se reuniam 
semanalmente 
para conversar 
sobre assuntos 
Diversos e 
beber; hoje, 
DécaDas Depois, 
os momentos 
enriqueceDores 
para autores e 
clientes ainDa 
são a marca Da 
empresa
Parada obrigatória
| personagens na cultura | 
fo
to
: r
o
b
s
o
n
 f
e
r
n
a
n
D
e
s
fo
to
: t
h
e
r
e
za
 c
h
r
is
ti
n
a
 m
o
tt
a
37
Parada obrigatória
P
a r a m u i t o s , 
vender livros 
é apenas um 
t i p o d e c o -
mércio como 
qualquer ou-
tro: você entra 
em uma loja, 
escolhe o que 
vai levar, paga 
pelo produto e 
ponto final. Acaba aí a experiência de com-
pra. Quem pensa dessa forma não conhece a 
Livraria Cultura, que neste mês de setembro 
completa 70 anos. A cultuada marca come-
çou sua história quando Eva Herz, mãe de 
Pedro Herz, atual Presidente do Conselho 
Administrativo da rede, teve a ideia de abrir 
um serviço de aluguel de livros em sua pró-
pria casa, no bairro dos Jardins, em São Pau-
lo, e hoje oferece ao seu público, espalhado 
por todo o Brasil, uma jornada cultural com-
pleta, que vai desde o primeiro momento em 
que um livro é folheado, passando pela ar-
quitetura das lojas, seu imenso acervo, seus 
teatros e auditórios, chegando ao café e seus 
eventos gratuitos. 
E, durante os 70 anos de existência, o mais 
natural é que ela tenha mudado bastante des-
de sua abertura – como a transição de alugar 
livros para vendê-los, se transformar em uma 
livraria instaladaem um sobrado na Rua Au-
gusta, mudar de endereço para o Conjunto 
Nacional e expandir suas lojas primeiro para 
a cidade de São Paulo e depois para o resto do 
país, até anunciar muito recentemente a com-
pra da Fnac Brasil. Isso tudo se adequando a 
cada época em que vivemos, mas sem nun-
ca perder a sua essência: acreditar no poder 
transformador da informação e da cultura.
É disseminando conhecimento que as 
mais incríveis experiências culturais aconte-Caio Fernando Abreu autografa Ovelhas negras em julho de 1995; na 
página ao lado, de cima para baixo, o encontro dos escritores Marcos Rey, 
Ignácio de Loyola Brandão e Mário Prata; Eva e Pedro Herz no lançamento 
de Uma vida entre livros, de José Mindlin, em novembro de 1997
fo
to
: r
e
n
at
a
 j
u
b
r
a
n
38
cem, como descobrir um novo autor que vira 
o seu favorito, aceitar uma indicação de um 
livro de um estilo que você não pensaria em 
ler, mas, depois de devorá-lo, passa a gostar, 
ou embarcar em conversas sobre literatura, 
arte e cultura e só lembrar que é hora de ir 
para casa quando já anoiteceu. E olha que a 
Cultura já abrigou inúmeros papos literários 
nesses anos de vida, incluindo nessa lista ami-
gos e grupos de leitores, escritores e artistas.
Foi nos anos 1970 e 1980 que um célebre 
grupo de escritores marcou a história da Li-
vraria Cultura. No chamado Sábado Cultura, 
autores como Marcos Rey, Lygia Fagundes 
Telles, Hilda Hilst, Caio Fernando Abreu e 
Ignácio de Loyola Brandão, entre muitos ou-
tros, se reuniam em frente à loja para papear, 
falar sobre novos lançamentos de livros e do 
cinema, fofocar e petiscar, ou seja, curtir a 
vida da melhor forma possível: passando um 
tempo com os amigos! Loyola lembra essa 
época com carinho: “O Sábado Cultura era 
sagrado. As pessoas apareciam aos poucos. 
Mário Chamie, Ives Gandra Martins, Gil-
berto Mansur, Marcos Rey e sua mulher Pal-
ma [Bevilaqua], Lygia Fagundes Telles, Ana 
Maria Martins, Ivan Ângelo, Wladir Nader 
(da Revista Escrita). Paulo Bomfim eventual-
mente, Joyce Cavalcanti, Roniwalter Jatobá, 
Ricardo Ramos... Íamos puxando mesinhas 
e cadeiras de uma lanchonete que existia 
em frente à livraria. Gell’s era o nome, se 
não me engano. Falávamos de livros recém- 
lançados e a lançar, fofocávamos, discutía-
mos cinema, filávamos [líamos de graça] li-
vros da livraria, metíamos o pau na ditadura. 
Ao meio-dia o encontro estava no auge. Ives 
Gandra ia até a lanchonete e voltava com 
uma bandeja de salgadinhos, isso era ritual 
quase religioso”.
Jose Carlos Honório, escritor, psicanalis-
ta e curador da Livraria Cultura há 35 anos 
– um dos livreiros mais queridos que a mar-
ca teve e tem em sua história –, participava 
desses encontros ao lado de Loyola e com-
panhia. “Quando comecei a trabalhar, com 
18 anos, na Cultura, pude entrar em contato 
com todos aqueles escritores que eu lia. A loja 
sempre foi essa efervescência: como marca, 
como referência, como encontro, como lugar 
| personagens na cultura | 
Um dos animados Sábado Cultura; Orlando Villas-Bôas 
em uma comemoração na livraria; o rabino Henry Sobel na 
sessão de autógrafos do livro O judeu na década de 80 
fo
to
: a
r
q
u
iv
o
 l
iv
r
a
r
ia
 c
u
lt
u
r
a
fo
to
: t
h
e
r
e
za
 c
h
r
is
ti
n
a
 m
o
tt
a
fo
to
: a
r
q
u
iv
o
 l
iv
r
a
r
ia
 c
u
lt
u
r
a
39
onde as pessoas interessantes e formadoras de 
opinião se encontravam. Até geograficamen-
te falando, como ela era na Paulista, ajudava 
muito, então todo mundo se encontrava ali, e 
eu comecei a beber muito rápido dessa convi-
vência. Todo esse povo vinha aos sábados e a 
gente conversava muito. Era tipo um grupo. 
Ficavam em várias mesas em frente à loja be-
bendo cerveja, tomando vinho, conversando 
sobre literatura, e isso sempre me interessou 
muito, essas inquietações humanas.”
Loyola não cansa de recordar os ótimos 
momentos que passou nesses encontros. 
Conta que uma vez “houve um momento de 
encanto: apareceu a Tereza Collor, chamada 
na época de musa do impeachment, e sen-
tou-se à mesa, ao lado de Lygia. Ocasionais 
foram Hernani Donato, boa conversa, histo-
riador cheio de causos; Bruna Lombardi, a 
dramaturga Consuelo de Castro, Hilda Hilst. 
À determinada hora, anunciava-se: o homem 
chegou. Olhávamos e víamos um bando de 
seguranças postando-se em locais estratégi-
cos nos corredores. Formavam um verdadeiro 
cordão. E então o velho Sebastião Camargo 
[fundador da construtora Camargo Corrêa], 
cachimbo na boca, surgia no Conjunto Na-
cional, entrava na livraria e demorava-se um 
tempão escolhendo livros. O jornalista Muri-
lo Felisberto, diretor de redação do Jornal da 
Tarde em seu período de esplendor, era um 
dos habitués. Ele chegava com um pacote de 
jornais e revistas estrangeiros debaixo do bra-
ço, mas não se aproximava do grupo. Olhava 
de longe, chamava Gilberto Mansur. Depois 
chamava Ivan Ângelo. Se o Nirlando Beirão 
estava, tinha também seus cinco minutos. 
Conversa em segredo entre mineiros. Em se-
guida, Murilo desaparecia, não se misturava”.
NOVA SAFRA
A Livraria Cultura, além de recepcionar 
as pratas da casa nessas conversas e em lan-
çamentos de livros, sempre recebeu escrito-
res internacionais, impressionados com seu 
acervo e arquitetura única. “Lembro que a 
gente conhecia muito escritor que vinha de 
fora. Quando o Gore Vidal esteve na livraria, 
eu tenho até um livro bem bacana autogra-
fado por ele, causou um frisson. O Fritjof 
Jose Carlos Honório autografa seu livro No Deus-que-
o-diga dos dias; a atriz no lançamento de Fernanda 
Montenegro – O exercício da paixão, em 1990; 
bate-papo com José Saramago durante visita do 
escritor, em 2008; Gore Vidal é recebido por Décio 
Pignatari, Pedro Herz e Luiz Schwarcz, em 1987
fo
to
s
: a
r
q
u
iv
o
 l
iv
r
a
r
ia
 c
u
lt
u
r
a
40
| personagens na cultura | 
Capra também, o ‘tal da física’. As escada-
rias ficaram tomadas com gente querendo 
autógrafo dele. O Saramago então... Vem 
sempre muita gente!”, relata Jose Carlos. O 
curador e psicanalista, entre o atendimento 
de uma consulta e seu trabalho na Cultura, 
nunca deixou de papear com os escritores, 
que continuam frequentando a loja com fer-
vor. “Às vezes encontro o Ruy Castro, que 
eu adoro, e é casado com a Heloísa Seixas, 
também uma escritora maravilhosa. Adélia 
Prado, que mora em Minas e é maravilhosa, 
o Loyola vem muito e a gente conversa bas-
tante, José Nêumanne, que eu adoro e é um 
grande poeta. O Milton Hatoum vem mui-
to, o Marcelo Rubens Paiva... No Nordeste a 
gente perdeu o Ariano Suassuna, mas tem o 
Abel Menezes. O Scliar vinha bastante. Hoje, 
ao redor do Brasil, tem a Lia Luft, o Fabrício 
Carpinejar, o Cristovão Tezza, o Trevisan, o 
Raduan Nassar, o Rubem Fonseca, o Alfon-
so Romanini Santana, a Marina Colasanti, o 
Contardo Calligaris...”
O jornalista, biógrafo e escritor Ruy Cas-
tro, frequentador assíduo da Cultura, enche 
a boca para falar que, durante 1979 e 1995, 
época em que morou em São Paulo, não ficou 
sem visitá-la nem por uma semana. “Calculo 
ter deixado em seu caixa o equivalente a um 
ou dois apartamentos. E quer saber? Valeu a 
pena! Sempre foi a livraria pela qual as outras 
se mediram. Ela tem uma coisa fundamental: 
seus funcionários gostam de livros, gostam de 
ler, podem conversar com os fregueses sobre 
literatura ou qualquer assunto. O cliente sen-
te-se em casa. Imagino a quantidade de es-
critores e intelectuais que a Cultura formou, 
por causa de seus livros e de seu atendimento. 
Talvez eu seja um desses casos.”
A escritora e tradutora Lya Luft, que mora 
pertinho da Cultura do Shopping Bourbon 
Country, em Porto Alegre, confessa que não 
sai da loja. “Somos vizinhos e estou lá sempre, 
como todos na família. Todos os meus lança-
mentos são lá! A Cultura é especial e se afir-
mou como especial no país. Uma coisa que 
muito me agrada é a qualidade, formação e 
gentileza dos funcionários em atender, infor-
mar, orientar, encomendar o que às vezes não 
tem na loja.”
O diretor Gabriel Villelae 
a atriz Regina Duarte, em 
janeiro de 1997; Cláudio 
Willer lança seu livro Volta, 
em novembro de 1996; 
Domenico Calabrone e a 
escritora Lygia Fagundes 
Telles, em junho de 1989
fo
to
: f
e
r
n
a
n
D
o
 a
r
e
ll
a
n
o
fo
to
: t
h
e
r
e
za
 c
h
r
is
ti
n
a
 m
o
tt
a
fo
to
: a
r
q
u
iv
o
 l
iv
r
a
r
ia
 c
u
lt
u
r
a
41
Já a também escritora Patrícia Melo é ou-
tra apaixonada pela Cultura, espaço que já lhe 
proporcionou grandes emoções. “São incon-
táveis os bons momentos que passei na Livra-
ria Cultura. Foi onde fiz a maioria das noites 
de autógrafos de meus romances. Lembro 
que em uma noite de autógrafos de um amigo 
conheci o Paulo Francis, que estava de passa-
gem pelo Brasil. Eu havia acabado de publicar 
Acqua toffana e o Francis o havia elogiado na 
sua coluna de jornal. Quando me apresentei, 
ele me disse daquele seu jeito inimitável e 
personalíssimo: ‘A sua aparência não condiz 
com sua literatura’.” 
Frequentador assíduo, o que não falta 
para Loyola são boas histórias sobre o es-
paço. “Conheço a livraria quase do tempo 
em que dona Eva alugava livros em alemão. 
Segui seu crescimento, suas divisões seg-
mento a segmento. Uma vez, Pedro [Herz] 
inventou um lançamento de 12 horas para 
meu livro O ganhador. Cheguei ao meio-dia 
e saí à meia-noite. Foi calmo, sem filas e as-
sinei quase 400 livros. No lançamento de O 
verde violentou o muro, em 1985, olhando a 
extensa fila, vi uma velha senhora lá no fim. 
Falei com Pedro e ele foi buscá-la dizendo 
que podia passar à frente [estávamos criando 
a prioridade por idade]. A mulher recusou: 
‘Estou aqui, converso com as pessoas, tomo 
um vinho, estou me divertindo. Se ele assina 
meu livro, pego e vou para casa assistir à te-
levisão? Nem pensar’. A fila andava e ela vol-
tava ao último lugar. Ficou até o final da noi-
te. Em 1978, quando lancei o Cuba de Fidel, 
relato de uma viagem para lá, a livraria mais 
do que lotou. Depois de A ilha, de Fernando 
Morais, era o segundo livro que reportava 
aquele país. Vendeu mais de 400 exemplares. 
Anos depois, quando o secretário de Cultu-
ra Marcos Mendonça liberou os arquivos do 
Dops [Departamento de Ordem Política e 
Social], recebi minha ficha e ali havia o se-
guinte comentário do policial de plantão: ‘O 
lançamento foi um fracasso, havia uns pou-
cos gatos pingados, todos de esquerda’.”
Por tudo isso que foi contado, não deixe de 
ficar de olho: quem sabe o próximo grupo de 
escritores não está se encontrando neste exa-
to momento em uma das lojas da Cultura? c 
Fernando Henrique Cardoso, ainda 
senador, em 1992; o antigo visual 
da Cultura no Conjunto Nacional
fo
to
s
: a
r
q
u
iv
o
 l
iv
r
a
r
ia
 c
u
lt
u
r
a
| coluna | clarice niskier
VIVÊNCIAS
Q
uando chego ao Rio de 
Janeiro via Aeroporto 
Internacional Tom 
Jobim/Galeão, passo 
obrigatoriamente por 
uma livraria (todos 
passam, com a nova 
reforma), e nessa li-
vraria há um banner 
publicitário no qual 
está escrito a célebre 
frase do escritor Jorge 
Luis Borges: “Sempre imaginei que o paraíso fosse uma 
espécie de biblioteca”. Sigo para o portão de desembarque, 
imaginando o escritor bem acomodado em uma nuvem- 
poltrona, cercado de livros por todos os lados, milhares 
de páginas à sua disposição, lendo tudo o que deseja, es-
crevendo poesias, sem nenhum problema de tempo ou de 
espaço. No paraíso há noites e dias? Lê-se à luz de velas? 
Há luz elétrica? Enfim, questões práticas à parte, sempre 
que saio do Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura, em São 
Paulo, após uma apresentação da peça A alma imoral, te-
nho vontade de ficar na livraria, pois ela é bem atraente 
também fora do horário comercial. Os livros em silên-
cio me olham, eu olho para os livros em silêncio, há uma 
cumplicidade sedutora no ar. Sinto uma vontade irresis-
tível de ficar ali, como se ali pudesse ser o meu quarto de 
dormir. Pediria um delivery, estenderia um colchonete, 
avisaria à família – “vou dormir na livraria, amanhã eu 
volto” –, e passaria a noite ali, folheando tudo aleatoria-
mente, sem limite de tempo ou de espaço. Vivenciaria a 
curiosidade na sua máxima potência. Um dia, comentei 
com um dos seguranças (sem segundas intenções... rsrs): 
“Meu sonho é passar a noite aqui”. Ele riu e disse: “Tem 
noites que um ou outro livro cai sozinho da estante”. 
“Jura? Deve ser o Jorge Luis Borges, esse menino tem jei-
to não.” A Livraria Cultura tem um quê de biblioteca. Não 
somos meros consumidores. Somos consumidores-leito-
res, temos direito ao tempo. A crise no país perturbou 
esse fluxo de apreciação, em clima pacífico e reflexivo. 
Toda crise econômica e política magoa a cultura. E, no 
nosso país (e no mundo), quanto mais pessoas puderem 
desfrutar de um paraíso, tanto melhor. Mas há muito que 
comemorar. A valentia é grande: a livraria completa 70 
anos. Sabem o que é uma livraria no Brasil completar 
70 anos? Sou carioca, vi uma das maiores livrarias da ci-
dade não suportar a pressão e fechar (depois reabrir): a 
Leonardo da Vinci. Uma livraria muito importante para 
mim na adolescência. Ali, detectei minha ansiedade vo-
raz. Quando entrava na Da Vinci, ficava tão encantada e 
perturbada que não dava conta. Queria ler tudo, comprar 
tudo, não sabia escolher. Não tinha calma para pesquisar. 
E, na adolescência, para cada linha de livro que lia, sentia 
vontade de escrever um catatau de mil linhas nos meus 
cadernos espirais (de onde tirei essa palavra, catatau? 
Memória dos anos 1970). A Da Vinci, com suas estantes 
gigantescas, seu acervo infinito, seus labirintos, e clima de 
livraria do mundo, me dava uma sensação de potência- 
impotência muito grande. Aliás, essa é a sensação que os 
livros me dão. Tudo posso. Nada posso. Eu tinha vontade 
de escrever mais de um milhão de palavras por dia para 
dar conta de tudo o que os livros me inspiravam. Era mui-
to jovem. Não sabia elaborar tantas coisas ao mesmo tem-
po. Então, o melhor era não ir muito à Da Vinci. O teatro 
curou essa ansiedade. Aprendi a escutar os livros, apreciá- 
los, conversar com eles, e não somente devorá-los, ras-
gá-los com meus olhos, como um bode-leitor que come 
pedras e escrituras. Um dia, a história com a Da Vinci 
se fechou na Cultura. Explico: estreei A alma imoral, no 
Teatro Eva Herz, a convite de Dan Stulbach, em 2008. A 
primeira temporada foi até 2011. Nesse período, conhe-
ci Pedro Herz, dono da livraria, por quem tenho grande 
admiração; conheci André Acioli, que hoje é o diretor 
artístico do teatro. Gosto tanto de sua maneira de traba-
lhar e pensar que recentemente dirigimos juntos a peça A 
cabala do dinheiro, em cartaz no mesmo Teatro Eva Herz; 
conheci o público paulista, com quem travo uma história 
de amor; conheci a Revista da Cultura. A alma imoral 
retornou em 2014 e segue em cartaz até hoje. Estreitei os 
laços com Gustavo Ranieri, editor da Revista da Cultura. ilu
s
tr
a
ç
ã
o
: d
a
n
ie
l 
b
u
e
n
o
42
43
Neste ano, passei a escrever para a Revista, fortificando os 
laços de confiança entre nós. Em resumo: há seis anos fre-
quento a livraria semanalmente. Acompanho a dinâmica 
de arrumação dos livros, que se reagrupam numa dança 
genial pelas estantes e balcões, o que estimula a imagi-
nação, e vai dando a eles novos sentidos, pois onde esti-
verem, ou ao lado de que títulos estiverem, são mais ou 
menos perceptíveis ou desejáveis. Estou sempre a par dos 
lançamentos, independentemente dos jornais, das redes 
sociais ou revistas. Sinto um prazer enorme em descobrir 
livros, CDs e DVDs (sim, eu compro CDs e DVDs). Os 
próprios livros te ensinam a achar outros livros. É a in-
dependência intelectual necessária. Livraria é um ótimo 
lugar para desenvolver autonomia emocional. Um dos 
livros “descobertos” foi A era das máquinas espirituais, 
de Ray Kurzweil. Flanava distraída quando o encontrei 
numa seção destinada a livros de matemática. O autor é 
bem conhecido, mas, confesso, não sabia nada sobre ele, 
nem sobre o livro. E foi com esse livro nas mãos que tive 
uma epifania: “Clarice,você não é mais a menina ansiosa 
da Da Vinci. Já sabe escolher um livro entre os milhares 
que existem. Não pensa mais no que vai perder ao deixar 
todos os outros entregues ao próprio destino. Só pensa no 
que vai ganhar ao ler o livro que tem nas mãos”. Só tenho 
a agradecer. E lançar um viva! à bravura de Pedro Herz 
e da família Herz por manter o Teatro Eva Herz aberto. 
Algumas pessoas perguntam: a Clarice vai ficar no tea-
tro para sempre? Por mim, eu ficaria. Mas “para sempre 
é sempre por um triz”, como canta Milton Nascimento. 
Brinco com os amigos que dona Eva Herz deve gostar 
bastante de A alma imoral. Do pouco que sei, foi a partir 
de uma ideia dela, de alugar livros para ajudar a família a 
sobreviver, que nasceu a semente da livraria. O tema obe-
diência-desobediência lhe deve ser caro. Aliás, quando 
cheguei em 2008 com A alma imoral a SP, tinha o apoio 
cultural de outra livraria da cidade. Apoio esse acolhido 
pelo Pedro Herz (a logomarca entrou no material gráfico 
da peça), assim como foi acolhida pela outra livraria a mi-
nha estreia na Cultura. Coisa de gente grande. Que possa-
mos manter aberta essa estrada do diálogo, da tolerância, 
da arte e dos afetos. E que o país possa ter suas livrarias, 
bibliotecas, seus paraísos. É hora de sonhar novamente. 
Que eu possa um dia passar a noite na livraria. c 
ClariCe Niskier É atriz e sonHa eM adaPtar 
uM Catatau de liVros Para o teatro.
p o r R e n a t a V o m e R o i l u s t r a ç õ e s f i d o n e s t i
em sete décadas de história, a livraria cultura já 
mudou de endereço, se modernizou, abriu várias 
lojas, comprou uma outra empresa do varejo, 
abraçou as novas tecnologias e se mantém com um 
olho bastante atento às tendências do mercado. 
Quais mudanças fizeram parte desta trajetória?
De lá 
para cá
| curiosidades |
44
45
É 
bem provável que você, leitor desta revista e clien-
te da livraria, já esteja bem antenado a respeito da 
história da Livraria Cultura. O que você não imagina, 
ou possa até imaginar caso esteja acompanhando 
a trajetória da empresa há mais tempo, é que mui-
ta coisa mudou nesses 70 anos. Principalmente a 
partir dos anos 1960, com a chegada da Cultura ao 
Conjunto Nacional, transformando-a em ponto de 
encontro de intelectuais e formadores de opinião e 
parada obrigatória para visitação na cidade de São 
Paulo. Desde então, a companhia vem se modernizando e procurando 
sempre atingir a excelência em atendimento, o que se tornou sua grande 
marca. Fato é que, nos últimos anos, muita coisa mudou com o advento 
da tecnologia; além disso, o mercado editorial se profissionalizou e a Li-
vraria Cultura se tornou referência em todo o Brasil. Como diz Fernanda 
Baggio, uma das colaboradoras das antigas: “Antes, nosso atendimento 
era mais para um chá gostoso na casa da vovó, mas hoje nós temos um 
banquete, em que todo mundo pode se sentar e se sentir à vontade”. 
E você? Já pegou seu lugar à mesa? Aproveite para acompanhar a se-
guir algumas das curiosidades entre o passado e o presente da livraria. 
46
| curiosidades |
Como eRa: Os eventos eram or-
ganizados de maneira um pouco ar-
caica, programados em uma agenda 
física e sem um padrão imposto às 
editoras e parceiros. Além disso, 
qualquer evento exigia uma grande 
mobilização dos vendedores, o que 
fazia com que todas as atividades da 
loja fossem voltadas para aquilo. 
Como é: Hoje tudo o que aconte-
ce é organizado por uma equipe es-
pecífica, que se comunica por meio 
de agenda eletrônica com todas as 
lojas do país, além de existir um pa-
drão desenhado para as editoras e 
parceiros. As equipes de eventos são 
as responsáveis pelo monitoramento 
dessas atividades, fazendo, assim, 
com que os outros setores da loja 
não sejam impactados.
Como eRa: Na primeira loja na 
Paulista, entre os anos 1970 e 2000, 
o único tipo de evento que acontecia 
eram as sessões de autógrafos e os 
lançamentos de livros. 
Como é: Desde então, a Livra-
ria Cultura tem uma diversidade de 
eventos, em que a prioridade é a 
grande qualidade de conteúdo tra-
zido aos frequentadores. Por conta 
disso, a Cultura se tornou referência 
não só na comercialização de livros e 
outros produtos, mas como um polo 
cultural em cada cidade em que está. 
eVentos:
expeRiênCia do Cliente em loja:
Como eRa: Na chegada da Livraria Cultura ao Conjunto Nacio-
nal, em 1969, os vendedores se posicionavam atrás de um grande 
balcão, o que era o padrão do comércio da época. O cliente en-
trava na loja, consultava o vendedor, que realizava o atendimento, 
o cliente comprava e ia embora. Era um sistema mais similar ao 
que vemos hoje em dia nas farmácias menores.
Como é: Atualmente, os espaços da Livraria Cultura são amplos 
e instigam o cliente a visitar a loja e buscar atendimento apenas 
quando sente necessidade. A ideia é deixar a pessoa o mais livre e 
confortável possível. 
Como eRa: Os funcionários tinham algo que se chamava car-
teira de clientes, ou seja, aquela clientela que já era exclusiva de 
determinado vendedor. Além disso, não era raro os vendedores 
criarem laços de amizade com os consumidores. 
Como é: Por conta da política de deixar o cliente o mais confor-
tável possível, hoje os vendedores não possuem mais uma cartei-
ra de clientes, mas continuam, claro, criando boas relações com 
aqueles que frequentam a loja. 
Como eRa: Cada vendedor tinha a sua área de especialização e 
era conhecido por tal. A grande dificuldade era quando o vendedor 
atendia alguém que buscava algo que não fizesse parte de sua es-
pecialização, sendo necessário pedir ajuda a colegas de trabalho. 
Como é: O funcionário não deixou necessariamente de ter sua 
área de especialização, mas agora ele precisa conhecer um pou-
co de tudo, mesmo que não tão profundamente. Dessa maneira, 
não é mais pego de surpresa. Além disso, a Livraria Cultura ofe-
rece ao vendedor um sistema rápido de consulta ao estoque e 
também possibilita o acesso aos sites de pesquisa da internet. 
47
Catalogação 
e estoque:
Como eRa: Pode parecer engraça-
do, mas até os anos 1990 o estoque 
era controlado no olho. Sim, você 
ouviu direito. Sem um sistema de 
catalogação dos produtos, os ven-
dedores eram os responsáveis por 
esse controle. 
Como é: Com a grande expansão 
das lojas, se fez necessário um sis-
tema informatizado para o controle 
de todos os produtos do estoque. 
Dessa maneira, os funcionários fi-
cam em constante comunicação en-
tre si e com o centro de distribuição. 
Ainda assim, o cadastro dos produ-
tos é feito no sistema pela equipe de 
catalogação. 
pagamentos, entRegas e enComendas:
Como eRa: Os pagamentos eram feitos em dinheiro ou cheque 
e, por incrível que pareça, existia uma espécie de caderneta em 
que os vendedores anotavam as compras daqueles clientes mais 
frequentes e muitas vezes cobravam apenas no fim do mês. Era o 
famoso “bota na minha conta”.
Como é: Hoje o cliente paga em cartão, boleto ou dinheiro no ato 
da compra, mesmo que o produto ainda vá demorar alguns dias 
para chegar a suas mãos. c 
Como eRa: Em sua maior parte, todos os serviços eram feitos 
de forma bastante artesanal. A nota fiscal era preenchida manual-
mente, as entregas eram feitas por funcionários da Livraria Cultura 
e as encomendas efetuadas no máximo por telefone. Infelizmen-
te, acontecia de os entregadores sofrerem assaltos e perderam a 
mercadoria. 
Como é: Bom, a tecnologia veio para ajudar, não é? Hoje esses 
serviços são feitos pela internet e as entregas são realizadas por em-
presas terceirizadas, que contam com seguro para casos de roubo. 
Como eRa: As encomendas eram feitas diretamente com o 
vendedor, que por sua vez anotava em uma agenda e ficava res-
ponsável por acompanhar cada passo até a chegada do livro ao 
cliente. Era ele que separava o produto, contatava o entregador, 
passava as informações para a entrega e ficava responsável por 
receber o pagamento. 
Como é: Se realizado em loja, o vendedor cadastra o pedido no 
sistema e os outros setores responsáveis já tomam

Continue navegando