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ENDODONTIA A terapia endodôntica consiste na descontaminação e modelagem do sistema de canais radiculares, seu preenchimento com um material obturador, seguido pela restauração coronária, definitiva ou pré- restauradora com materiais adesivos, para evitar a reinfecção do canal radicular. - há dois tipos de procedimentos em endodontia: os eletivos, cujas consultas são pré-agendadas (pacientes assintomáticos), e as urgências, que exigem atendimento imediato por parte do profissional. PROCEDIMENTOS ELETIVOS - TRATAMENTOS ENDODÔNTICOS DE DENTES PERMANENTES (COM POLPA VIVA OU NECROSADA), ASSINTOMÁTICOS, CUJA ANATOMIA NÃO OFEREÇA MAIORES DIFICULDADES PARA A INSTRUMENTAÇÃO: - período pós-operatório é de que o paciente poderá, quando muito, acusar certo desconforto ou dor leve a moderada, que pode ser prevenida e controlada com o uso exclusivo de um analgésico: • 1° opção: dipirona sódica – 500 mg a 1 g • alternativas: ibuprofeno 200 mg ou paracetamol 750 mg - regime de analgesia preventiva – administrar a primeira dose logo após o término do atendimento, antes de cessarem os efeitos da anestesia local. Prescrever as doses de manutenção com intervalos de 4 h para a dipirona (6 h para o ibuprofeno ou paracetamol), por um período de 24 h. - TRATAMENTOS OU RETRATAMENTOS ENDODÔNTICOS DE DENTES PERMANENTES, ASSINTOMÁTICOS, QUANDO EXISTEM COMPLEXIDADES ANATÔMICAS EM RAZÃO DE ATRESIAS, CURVATURAS, PRESENÇA DE NÓDULOS PULPARES OU CALCIFICAÇÕES QUE DIFICULTAM A INSTRUMENTAÇÃO DOS CANAIS RADICULARES: - lançar mão da analgesia perioperatória, ou seja, o regime analgésico terá início antes do estímulo lesivo, com o objetivo de prevenir a hiperalgesia e a consequente amplificação da dor inflamatória aguda, sendo mantido nas primeiras 24-48 h após a instrumentação; PRÉ-OPERATÓRIO • dexametasona 4 mg (1 compr.) ou betametasona 4 mg (2 compr. de 2 mg); • administrar dose única, ~ 30-45 min antes do atendimento. PÓS-OPERATÓRIO • dipirona sódica – 500 mg a 1 g, a cada 4 h, ou ibuprofeno 200 mg, a cada 6 h, por 24-48 h. PROCEDIMENTOS DE URGÊNCIA - as condições pulpares e periapicais: pulpites irreversíveis e as necroses com ou sem envolvimento periapical (pericementites e abscessos apicais agudos). PULPITES IRREVERSÍVEIS SINTOMÁTICAS o tratamento requer o pronto alívio da dor, que invariavelmente está presente, de forma espontânea. • anestesia local: lidocaína ou mepivacaína 2% com epinefrina 1:100.000 ou articaína 4% com epinefrina 1:100.00 ou 1.200.000, evitando-se o uso desta última nos bloqueios regionais; • medicação pós-operatória: dipirona 500 mg a 1 g, a cada 4 h, pelo período de 24 h (primeira dose administrada no consultório). Paracetamol 750 mg ou ibuprofeno 200 mg são analgésicos alternativos no caso de intolerância à dipirona (intervalos de 6 h para ambos); • seguimento: após 24 h, obter informações do paciente com relação à remissão dos sintomas. Caso a dor ainda persista agendar consulta para reavaliação do quadro clínico. NECROSES PULPARES SEM ENVOLVIMENTO PERIAPICAL • anestesia local: embora o dente envolvido não responda a estímulos, ele ainda pode conter tecido vital inflamado, na porção apical do canal radicular. Por essa razão, a anestesia local deve sempre ser realizada no tratamento de dentes com polpas necrosadas; • medicação pós-operatória: dipirona 500 mg (20 gotas) a cada 4 h, pelo período de 24 h (primeira dose administrada ainda no ambiente do consultório). Paracetamol 750 mg ou ibuprofeno 200 mg são analgésicos alternativos no caso de intolerância à dipirona (intervalos de 6 h para ambos). A prescrição de antibiótico não está indicada nessas situações; • acompanhamento: após 24 h, obter informações do paciente com relação à presença de dor ou de flare-up (dor intensa acompanhada de edema da face). NECROSES PULPARES COM ENVOLVIMENTO PERIAPICAL PERIODONTITES APICAIS AGUDAS (PERICEMENTITES) • SEM ENVOLVIMENTO PULPAR (p. ex., por trauma oclusal, em geral devido a procedimentos restauradores): o tratamento consiste, no ajuste oclusal do elemento envolvido e na prescrição de analgésico. • COM ENVOLVIMENTO PULPAR (NECROSE), o paciente chega ao consultório com a boca entreaberta e relata a sensação de dente “crescido” (extrusão dental). • medicação pré-operatória: administrar 2-4 mg de dexametasona ou betametasona, por via oral; • anestesia local: na técnica infiltrativa, optar pela solução de articaína 4% com epinefrina 1:100.000 ou 1:200.000, por apresentar difusibilidade óssea um pouco maior. Nos bloqueios regionais na mandíbula, pode-se considerar o uso de uma solução de bupivacaína 0,5% com epinefrina 1:200.000, pela maior duração da anestesia; • medicação pós-operatória: dipirona 500 mg a 1 g (20-40 gotas) a cada 4 h, pelo período de 24 h (primeira dose administrada ainda no ambiente do consultório). Paracetamol 750 mg ou ibuprofeno 200 mg são analgésicos alternativos no caso de intolerância à dipirona (intervalos de 6 h para ambos). A prescrição de antibiótico não está indicada nessas situações; • seguimento: após 24 h, obter informações do paciente quanto à remissão ou exacerbação dos sintomas. ABSCESSOS APICAIS AGUDOS - a dor de caráter espontâneo, severa e contínua, aliada ou não ao aumento de volume na região apical do dente envolvido, é um sinal e sintoma frequente de abscesso apical agudo; - o exame radiográfico pode mostrar desde mínimas alterações na região do periápice dental até a presença de uma grande área radiolúcida. - tratamento: - deve ser direcionado à descontaminação do local; - em primeiro lugar, deve- -se tratar o efeito (o abscesso), para numa segunda etapa tratar a causa (o dente), que é o reservatório das bactérias. A eliminação da coleção purulenta consiste em estabelecer uma via de drenagem que depende, fundamentalmente, da localização do abscesso; ABSCESSOS INTRAÓSSEOS – a formação da coleção purulenta ocorre na região periapical, circunscrita ao ápice radicular, e o acesso para a drenagem é pela via do canal radicular. Após a abertura coronária, a “drenagem via canal” pode ocorrer de forma espontânea ou após a descontaminação progressiva do canal radicular e a ampliação do forame apical, por meio de lima endodôntica de maior calibre; ABSCESSOS SUBPERIÓSTEOS OU SUBMUCOSOS – o aumento do volume de pus e sua natural migração em busca de uma via de saída (formação de fístula) levam o exsudato purulento para a superfície da mucosa oral. O pus se concentra abaixo do periósteo e, posteriormente, ao romper esta barreira, abaixo do tecido epitelial mucoso, provocando um aumento significativo de volume no fundo de sulco (flutuação). Nesses casos, a drenagem da coleção purulenta é sempre cirúrgica; ABSCESSOS “FÊNIX” – são formados em decorrência da reagudização de um processo periapical crônico intraósseo (granuloma ou cisto). Sua principal característica é apresentar dor espontânea severa e contínua, sem aumento de volume e assintomática à palpação na região do fundo de sulco gengival. Sua prevalência é maior na mandíbula. Quando prescrever os antibióticos? - se os sistemas de defesa do paciente estiverem conseguindo controlar a infecção, não é recomendado o uso de antibióticos para tratar os abscessos apicais agudos, bastando que se faça a descontaminação do local; - pacientes portadores de doenças metabólicas (p. ex., diabetes) ou imunossuprimidos podem requerer o uso complementar de antibióticos no tratamento de abscessos, mesmo localizados; - o uso de antibióticos é recomendado quando os abscessos são acompanhados de sinais locais de disseminação (limitação da abertura bucal, linfadenite, celulite) e manifestações sistêmicas da infecção (febre, taquicardia, falta de apetite e mal-estar geral), que indicam ao profissionalque os sistemas de defesa do paciente não estão conseguindo, por si só, controlar o processo infeccioso; - se as medidas de assepsia e antissepsia forem seguidas à risca, a profilaxia antibiótica não é indicada nessas situações, a menos que o sistema imune do paciente esteja comprometido ou apresente condições de risco para infecções à distância (p. ex., endocardite infecciosa). Doses de manutenção/duração do tratamento com antibióticos: - a prescrição deve ser feita inicialmente por um período de três dias; - o único parâmetro confiável para interromper a terapia antibiótica das infecções agudas é a remissão dos sinais e sintomas clínicos. A experiência mostra que a duração média do tratamento dos abscessos apicais agudos é de 3-5 dias. Complicações dos abscessos - as infecções bacterianas bucais podem provocar sérias complicações locais ou à distância, como osteomielite, fasciite necrosante cervical, abscessos orbitais ou cerebrais e angina de Ludwig; - convém lembrar, mais uma vez, que a descontaminação do local é de fundamental importância, e que não se deve supervalorizar o emprego dos antibióticos (ou de anti- inflamatórios), na expectativa de que esses medicamentos, por si só, resolvam o problema. MICROCIRURGIAS PERIRRADICULARES - feitas essas considerações, segue o protocolo farmacológico sugerido para as cirurgias perirradiculares: • cuidados pré-operatórios: 1-2 dias antes da intervenção, remover cálculos grosseiros e placa dentária por meio de raspagem e aplicação de jato de bicarbonato de sódio (ou com o auxílio de pedra-pomes e taça de borracha); • controle da ansiedade: considerar a sedação mínima por meio da administração oral de um benzodiazepínico (p. ex., midazolam 7,5 mg ou alprazolam 0,5 mg) – 1 comprimido 30 min antes do atendimento; • profilaxia antibiótica cirúrgica: em pacientes imunocompetentes, não há necessidade do uso sistêmico de antibióticos; • antissepsia intrabucal: orientar o paciente a bochechar vigorosamente com 15 mL de uma solução aquosa de digluconato de clorexidina 0,12%, por ~ 1 min; • antissepsia extrabucal: solução aquosa de digluconato de clorexidina 2%; • anestesia local: a. Intervenções na maxila – infiltrar solução de lidocaína 2% ou articaína 4%, associadas a epinefrina 1.100.00. Nos bloqueios regionais, empregar lidocaína 2% ou mepivacaína 2%, associadas a epinefrina 1:100.000; b. Intervenções na mandíbula – bloqueios regionais com lidocaína 2% ou mepivacaína 2%, com epinefrina 1:100.000, que podem ser complementados pela infiltração de articaína 4% com epinefrina 1:200.000; • analgesia preventiva: ao final do procedimento, administrar 1 g de dipirona e prescrever 500 mg a cada 4 h, pelo período de 24 h. O ibuprofeno 200 mg ou o paracetamol 750 mg são analgésicos alternativos no caso de intolerância à dipirona (intervalos de 6 h para ambos). • cuidados pós-operatórios: orientar a higienização do local, por meio de escovação cuidadosa. Orientar a bochechar 15 mL de uma solução aquosa de digluconato de clorexidina 0,12%, pela manhã e à noite, até a remoção da sutura (~ 5-7 dias).
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