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CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES (UNIT/AL) CURSO DE ODONTOLOGIA DISCPLINA DE PERIODONTIA I PERIODONTITE: RESUMO BASEADO EM ARTIGOS 2021.1 MACEIÓ-AL 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES (UNIT/AL) CURSO DE ODONTOLOGIA DISCPLINA DE PERIODONTIA I ALUNOS: EWERTHON FÁBIO CIRILO LIMA JULIA SÓSTENES PETER LARA MARIA MEDEIROS DE AGUIAR PONTES MAYARA MARA DE ARAUJO CURSINO PRYSCYLA MIRELLY GOMES FERNANDES PERIODONTITE: RESUMO BASEADO EM ARTIGOS Resumo solicitado pela Profa. Dra. Mariana Costa como meio De obtenção de nota e atividade Complementar referente a 1UP. 2021.1 MACEIÓ-AL 3 Sumário PERIODONTITE ......................................................................................................................................... 4 ESTAGIOS DA PERIODONTITE ........................................................................................................... 4-5 GRAUS DA PERIODONTITE ........................................................................................................... 5-6 DIAGNÓSTICO PERIODONTAL ................................................................................................................. 7 EXAME CLÍNICO .................................................................................................................................... 7 EXAME LABORATORIAL .................................................................................................................... 7 DIAGNÓSTICO PERIODONTAL BASEADO EM EQUIPAMENTOS............................................................8 DIFERENÇA ENTRE GENGIVITE E PERIODONTITE...................................................................................9 TRATAMENTO......................................................................................................................................10 PERIODONTITE CRÔNICA................................................................................................................10 PERIODONTITE AGRESSIVA........................................................................................................10-11 CASO CLINICO..................................................................................................................................12-14 REFERÊNCIAS.........................................................................................................................................15 4 PERIODONTITE A periodontite é definida como “doença inflamatória crônica multifatorial associada com biofilme disbiótico e caracterizada pela destruição progressiva do aparato de inserção dental”. Clinicamente, caracteriza-se por: 1. Perda de inserção detectada em dois ou mais sítios interproximais não adjacentes; ou 2. Perda de inserção de 3 mm ou mais na vestibular ou lingual/palatina em pelo menos 2 dentes, sem que seja por causa de: 1) recessão gengival de origem traumática; 2) cárie dental estendendo até a área cervical do dente; 3) presença da perda de inserção na face distal de um segundo molar e associado ao mau posicionamento ou à extração de terceiro molar; 4) lesão endoperiodontal drenando por meio do periodonto marginal; ou 5) ocorrência de fratura radicular vertical. A periodontite pode ser classificada de acordo com seu Estágio e seu Grau. Estágios da Periodontite: Os estágios da Periodontite estão relacionados a severidade da doença, a definição desses estágios é definida primeiramente pela perda clínica de inserção, a característica determinante. Em sua ausência utiliza-se a perda óssea radiográfica e caso haja fatores de complexidade (por exemplo: lesões de furca ou mobilidades avançadas), sobe-se o estágio ao pior cenário encontrado, em pacientes tratados o estágio não deve diminuir. Para todos os estágios deve-se classificar ainda quanto à extensão: Localizada (até 30% dos dentes afetados), Generalizada (30% dos dentes, ou mais) ou padrão molar/incisivo. Os estágios são definidos em: Estágio I: Característica determinante: 1-2mm de perda de inserção Interproximal no pior sitio ou perda radiográfica no terço coronal. Características secundárias: Profundidade de sondagem de até 4mm, sem perda óssea dental devido à periodontite e padrão de perda óssea. Estágio II: Característica determinante: 3-4 mm de perda de inserção Interproximal no pior sítio ou perda radiográfica no terço coronal (15-33%). Fatores que modificam o estágio: profundidade de sondagem de até 5mm, sem perda dental devido à periodontite e padrão de perda óssea horizontal. 5 Estágio III: Característica determinante: 5 mm ou mais de perda de inserção interproximal no pior sítio ou perda óssea radiográfica se estendendo à metade ou ao terço apical da raiz. Fatores que modificam o estágio: profundidade de sondagem de 6mm ou mais, com perda dental devido à periodontite em até 4 dentes. Pode ter perda óssea vertical de até 3 mm, lesões de furca grau II ou III e defeito de rebordo moderado. Estágio IV: Característica determinante: 5 mm ou mais de perda de inserção interproximal no pior sítio ou perda óssea radiográfica se estendendo à metade ou ao terço apical da raiz. Fatores que modificam o estágio: perda dental de 5 ou mais dentes devido à periodontite. Além dos fatores de complexidade listados no estágio III, pode ocorrer disfunção mastigatória, trauma oclusal secundário (mobilidade grau 2 ou 3), defeito de rebordo grave, problemas mastigatórios, menos de 20 dentes remanescentes (10 pares de antagonistas). Graus da Periodontite: O grau reflete as evidências, ou o risco, de progressão da doença e seus efeitos na saúde sistêmica. Inicialmente, todo paciente com periodontite deve ser considerado como grau B e, assim, modificar esse grau (para A ou C) de acordo com: 1) evidências diretas de progressão; ou 2) evidências indiretas. Após a determinação da graduação da periodontite pela evidência de progressão, o grau pode ser modificado pela presença de fatores de risco (tabagismo e diabetes mellitus). Grau A (Progressão Lenta): Característica determinante: evidência direta de não progressão de perda de inserção por 5 anos ou indireta de perda óssea/ano de até 0,25 mm. Características secundárias: pacientes com grande acúmulo de biofilme, mas pouca destruição periodontal. Fatores de risco que podem modificar a graduação: sem fatores de risco (tabagismo ou diabetes mellitus). Grau B (Progressão moderada): Característica determinante: evidência direta de progressão inferior a 2 mm em 5 anos ou indireta de perda óssea/ano de 0,25-1 mm. Características secundárias: destruição compatível com depósitos de biofilme. Fatores de risco que podem modificar a graduação: fumantes abaixo de 10 cigarros ao dia ou HbA1c < 7% em pacientes com diabetes mellitus. 6 Grau C (Progressão rápida): Característica determinante: evidência direta de progressão igual ou superior a 2 mm em 5 anos ou indireta de perda óssea/ano superior a 1 mm. Características secundárias: a destruição excede ao esperado para a quantidade de biofilme. Padrões clínicos específicos sugerem períodos de rápida progressão e/ou acometimento precoce da doença (por exemplo, padrão molar/incisivo e ausência de resposta esperada às terapias de controle do biofilme). Fatores de risco que podem modificar a graduação: tabagismo (10 ou mais cigarros/dia) ou pacientes com diabetes mellitus (HbA1c igual ou superior a 7%) 7 DIAGNÓSTICO Na doença periodontal (DP) o diagnóstico é feito após uma análise das informações obtidas a partir de um minucioso exame clínico e muitas vezes radiográfico. O CirurgiãoDentista deve colher informações que incluem a presença ou ausência de sinais clínicos de inflamação, tais como sangramento após sondagem, 2) profundidade de sondagem, 3) extensão e configuração de perda de inserção clínica e osso, 4) histórias médicas e dentárias do paciente, e 5) presença ou ausência de outros sinais ou sintomas, incluindo dor, ulceração e quantidade de placa observável e cálculo. Somando a isso, o Cirurgião Dentista pode utilizar exames complementares para melhorar o diagnóstico e o prognóstico da doença periodontal e inclusive podendo ajudar a prevenir a doença. Exame clínico periodontal Para o diagnóstico da doença periodontal é necessário avaliar os parâmetros clínicos de profundidade de sondagem, nível clínico de inserção e sangramento à sondagem, sendo avaliados em seis sítios por dente (mésio-vestibular, vestibular, disto-vestibular, mésio-lingual, lingual e disto-lingual).9 Para compor o diagnóstico periodontal, o estado de higiene bucal deve ser analisado pelo índice de placa (IP) e índice gengival (IG), onde depósitos de biofilme dental e sangramento na margem gengival são observados nas quatro superfícies de cada dente (vestibular, mesial, distal e lingual) e registrados de forma dicotômica. Exames laboratoriais de interesse em Periodontia O teste de índice glicêmico Um exame simples que pode ser realizado em laboratórios especializados ou no próprio consultório por meio de aparelhos portáteis com o uso de fitas. A influência das alterações glicêmicas como a diabetes na gravidade, progressão e resposta ao tratamento da doença periodontal já está bem estabelecida na literatura. Testes baseados na saliva para o diagnóstico da Periodontite A saliva pode ser um veículo para ajudar o CD no diagnóstico odontológico, pois a saliva é descrita como um espelho da saúde bucal e sistêmica do indivíduo por conter uma variedade de enzimas, hormônios, anticorpos, citocinas e outros biomarcadores encontrados no prioritariamente no sangue.12 Além disso, a cavidade oral apresenta uma rica microbiota residente e que algumas situações clínicas podem elevar o número destas bactérias. 8 Diagnóstico periodontal baseado em equipamentos DIAGNOdent Perio Probe (Kavo, Biberach, Germany) é um aparelho que possui uma sonda periodontal com luz infravermelha visível (655 nm) e tem como aplicação a detecção de cálculo radicular e até mesmo o tratamento subgengival de bolsas até 9 mm de profundidade. Com o mesmo objetivo, o Perioscan (Sirona, Alemanha) tem como finalidade diagnosticar e tratar as bolsas periodontais por meio de sondas ultrassônicas que detectam a presença de cálculo, e diversos outros aparelhos que possuem a mesma finalidade também podem ser utilizados. 9 DIFERENÇA ENTRE GENGIVITE E PERIODONTITE A gengivite e a periodontite são doenças que afetam inicialmente a gengiva. Os problemas ocasionados pela gengivite podem ser revertidos tendo em vista que o osso e o tecido conjuntivo, estruturas de sustentação, não são acometidos. Já os danos causados pela periodontite, que se trata de uma gengivite avançada, podem chegar a serem irreversíveis, visto que os tecidos de sustentação são afetados, como ossos e periodonto. Dentre os danos destacam-se reabsorção óssea, retração gengival, mobilidade dentária e até perda do dente. A gengivite é caracterizada por áreas de vermelhidão, inchaço, sangramento no uso de fio dental ou ao escovar os dentes. Na periodontite, com a progressão da doença, há a formação de uma bolsa periodontal que facilita a contaminação e afasta a gengiva, quando o paciente está neste estágio também apresenta sangramento, retração gengival, mau hálito, mobilidade dentária dentre outros sintomas. No caso da gengivite, primeiramente, é causada pelo acúmulo de biofilme dental, se não houver a utilização diária do fio dental, escovação e higienização adequada haverá o acúmulo de placa bacteriana, assim, inflamando a gengiva, além desses fatores, pode ser causada também por xerostomia, uso de tabaco, má oclusão dentre outros. A progressão da doença favorece a formação de bolsas periodontais que acarretam na periodontite, as causas da periodontite estão também ligadas à falta de higiene oral e visitas às consultas odontológicas. No que tange o tratamento da gengivite e periodontite vale especificar que nos estágios iniciais a correta higienização, utilização do fio dental, ou até a intervenção do cirurgião-dentista são de grande valia para a regressão, todavia em estágios mais avançados podem ser necessárias intervenções mais invasivas dependendo do acometimento dos tecidos e dos danos causados a estes. 10 TRATAMENTO Periodontite Crônica A raspagem supra e subgengival e alisamento radicular têm sido considerados eficazes no tratamento da periodontite crônica e ainda é a abordagem mais utilizada na terapia periodontal não cirúrgica. Alguns estudos têm reportado a diminuição de tempo, melhora no acesso, menor dano à superfície radicular e maior conforto para o paciente. Os clássicos estudos de ANITA BADERSTEN, na década de 80, contribuíram para o entendimento do efeito da terapia periodontal não cirúrgica no tratamento da periodontite crônica moderada e avançada. A prática de raspagem com intervalos de 1 a 2 semanas foi desafiada pelo protocolo de “desinfecção da boca toda”, que objetiva prevenir a reinfecção por áreas não tratadas. Esse procedimento inclui raspagem e alisamento radicular da boca toda, em 24 horas, bochechos com clorexidina duas vezes por dia, raspagem da língua, spray de clorexidina na garganta e irrigação subgengival com clorexidina. O protocolo de “raspagem da boca toda” inclui raspagem e alisamento da boca toda sem antissépticos orais. Duas revisões sistemáticas concluíram que as três técnicas podem ser recomendadas para o tratamento não cirúrgico da periodontite crônica e a preferência do profissional e do paciente devem determinar o tipo de procedimento. Periodontite Agressiva As fases de tratamento para a Periodontite Agressiva não são muito diferentes da orientação terapêutica da Periodontite Crónica. Contudo, sendo esta patologia caracterizada pela sua rápida progressão associada a elevada taxa de perda óssea e a idade jovem, é necessária uma abordagem terapêutica mais agressiva. De acordo com a literatura atual, a primeira fase do tratamento consiste na educação do paciente, ou seja, é essencial transmitir ao indivíduo a importância de uma correta higienização oral. Será esta a base terapêutica essencial para conseguir um bom controlo de placa bacteriana A segunda fase inclui o tratamento mecânico não cirúrgico, raspagem e alisamento radicular. Este tem como objetivo reduzir a quantidade de bactérias presentes nas bolsas periodontais e promover um ambiente desfavorável para as mesmas, isto é, impedir a sua proliferação alterando o meio de cultura. Contudo, segundo vários autores este tratamento isolado não parece ter o efeito desejado na Periodontite Agressiva, devido à persistência dos micro-organismos nos locais afetados. Apesar do adequado tratamento mecânico não cirúrgico, poderão manter-se bolsas residuais impedindo o controlo adequado da doença. Assim, a cirurgia poderá ser necessária, dado que fornece um acesso direto à zona radicular e à zona afetada, 11 permitindo melhor raspagem e alisamento local. Na literatura atual, descreve-se também que a Aggregatibacter actinomycetemcomitan invade o epitélio da bolsa, colocando-se fora do alcance, sendo necessária a remoção cirúrgica para ajudar no controlo da doença. O retalho de Widman modificado é um dos exemplos usados para obter acesso direto às superfícies radiculares dentárias permitindo uma eficaz curetagem dos tecidos moles.12 CASO CLÍNICO Paciente, vinte anos de idade, foi encaminhado para atendimento no Curso de Especialização em Periodontia na Clínica Odontológica da PUCPR, com queixa de mobilidade acentuada em todos os dentes da boca. Durante a anamnese, o paciente não referiu ser portador de doenças sistêmicas; declarou-se não fumante e não-etilista. Relatou escovação dentária regular, três vezes por dia, com uso regular de fio dental e enxaguatórios bucais. Perguntado sobre doenças periodontais semelhantes na família, declarou desconhecer. Ao exame radiográfico, observou-se perda óssea vertical generalizada, sendo mais localizada nas regiões de molares e incisivos. O diagnóstico foi periodontite agressiva (Figuras 2 e 3). 13 O exame extrabucal foi normal. Ao exame intrabucal, presença de várias recessões gengivais, sendo que ocorria mobilidade grau III do 12 (Figura 4) e grau II em todos os molares, incisivos e no 14 (17-19). Observou-se pouca quantidade de placa, classificada como nível I. Havia presença de lesão de furca grau II apenas no 46 e o índice gengival geral apresentou-se na média de 0,5; ou seja, havia presença de inflamação gengival em pelo menos dois sítios ao redor de cada dente (21, 22). Ausência de cáries. Durante o exame periodontal, constatou-se a presença de bolsas periodontais de até 8 mm nos molares inferiores e de até 7 mm nos molares superiores; nos incisivos superiores, o nível clínico de inserção era de até 7 mm (Figuras 5 e 6) e nos inferiores de até 5 mm; além disso, havia presença de bolsas verdadeiras em pré-molares, tendo nos superiores a profundidade de até 10 mm e nos inferiores de até 8 mm. Ocorria sangramento gengival nas regiões de maiores perdas de inserção, além de ocorrer sangramento em todas as faces de todos os incisivos (23). O plano de tratamento para este paciente foi tratamento periodontal básico, (orientação de higiene bucal, terapia ultrasônica, raspagem supragengival e subgengival em todos os sextantes), e cirurgia, quando necessária; polimento dentário após cada sessão de raspagem, exodontia dos dentes irrecuperáveis, no caso, o 12 (Figuras 7 e 8); antibioticoterapia Amoxicilina – 500 mg, via oral, a cada 8 horas, durante 10 dias e Metronidazol – 400 mg, um comprimido a cada 08 horas, igualmente 14 O tratamento e controle da paciente seguiram na Clínica de Periodontia da PUCPR. 15 REFERÊNCIAS CASTRO,M.L.et al.; O estado atual e os avanços no diagnóstico da Doença Periodontal e da Cárie Dentária. REV ASSOC PAUL CIR DENT 2016. v.70, n.4, p.358-362. STEFFENS,J.P.; MARCANTONIO,R.A.C.; Classificação das Doenças e Condições Periodontais e Peri-Implantares 2018: Guia Prático e Pontos-Chave. Rev Odontol UNESP. 2018 v.47 n.4, p. 189-197. HEPP,V. et al.; PERIODONTITE AGRESSIVA: Relato de caso e revisão da literatura. Rev. Clín. Pesq. Odontol. 2007, v. 3 n.1 p.23-31.
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