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Cimentos Entre os tecidos dentais, a polpa e a dentina se relacionam. A polpa é o tecido responsável pela vitalidade do dente (possui vasos sanguíneos, terminações nervosas e células) por isso, deve ser preservado. A dentina possui fibras de colágeno, ela é um tecido mineralizado formada pelos túbulos dentinários por isso possui uma conexão direta com a polpa. -Físicos por fatores mecânicos, térmicos ou elétricos (bruxismo, abrasão ou atrição); -Químicos: materiais odontológicos que, aplicados em cavidades profundas sem proteger o complexo dentinopulpar, podem atuar como fator irritante ao tecido pulpar, levando à sua inflamação; -Biológicos: microrganismos presentes na cárie dental ou em periodontopatias. Se a cárie dental não for tratada, as bactérias ali presentes agridem o tecido pulpar via túbulos dentinários. A fratura dental com exposição de dentina ou dentina/polpa aos microrganismos da cavidade bucal também representa um fator biológico à alteração pulpar. Logo, antes de escolher um material restaurador que seja definitivo, devem ser selecionados materiais para proteção do complexo dentina-polpa. Os cimentos são usados como agentes cimentantes, ou seja, materiais utilizados para fixar uma peça protética que esteja substituindo uma parte do órgão dental perdida por uma lesão de cárie ou mesmo em conseqüência de um trauma. Já os restauradores provisórios, fecham uma cavidade provisoriamente até que esta possa ser restaurada definitivamente através de uma restauração direta ou por uma restauração indireta (uma prótese). Os cimentos são classificados como: -Selantes: Verniz -Forradores: Hidróxido de cálcio -Bases: Óxido de zinco e eugenol. Ionômero de vidro, Fosfato de zinco São requisitos fundamentais para ser bons protetores do complexo dentina-polpa: -Isolante térmico e elétrico; (FZ/OZE/IV) -Bactericida (mata) e/ou bacteriostático (impede crescimento); (HC) -Ter adesão às estruturas dentais; (IV) Odontologicos O que agride a polpa? Classificação Requisitos -Adequar o meio neo-formação dentinária (dentina terciária); (HC) -Ser biologicamente compatível; (IV/HC) -Possuir resistência mecânica; (FZ/OZE/IV) -inibir o manchamento dental; (V) -Promover eficiente vedamento evitando a infiltração de bactérias; (V) -Ser insolúvel aos fluídos bucais. (V) Verniz Cavitário Convencional Esse material é formado por um conjunto de resinas naturais e sintéticas dissolvidas em um solvente orgânico que pode ser a acetona, o éter ou o clorofórmio. São comercializados em um frasco de vidro âmbar. -Propriedades: Um material líquido que sela ou veda a superfície da cavidade presente no órgão dental, protegendo o complexo dentina-polpa de agressões advindas e dos materiais restauradores definitivos. Esta possui baixa resistência mecânica, por isso não se deve formar uma camada muito espessa de verniz. -Manipulação: Deve ser aplicado nas paredes de uma cavidade com o auxílio de um pincel aplicador ou uma bolinha de algodão, justamente por ser líquido. Após a aplicação, recomenda-se aplicar um leve jato de ar com o objetivo de promover a evaporação do solvente e assim, criar uma fina película de resinas sobre as paredes cavitárias. -Indicações: Usar o verniz como selante em cavidades que serão restauradas com amálgama odontológico ou ainda fazer dele um protetor para restaurações de ionômero de vidro aplicando-o sobre esse cimento e sobre linhas de cimentação. Cimento de Hidróxido de Cálcio Os principais constituintes deste cimento são o hidróxido de cálcio que reage com partículas de óxido de zinco. O cimento é comercializado sob a forma de duas pastas: base, catalisadora. Também existe à disposição o pó de hidróxido de cálcio PA (pró-análise) que neste caso, deverá ser dissolvido em uma solução anestésica, soro fisiológico ou em água destilada para a produção de uma suspensão. -Propriedades: É formado por uma base, possui pH bastante alcalino propiciando um estímulo crônico de baixa intensidade ao tecido pulpar. A polpa então, reage produzindo uma nova camada de dentina a dentina terciária ou reparadora. Os odontoblastos, células responsáveis pela produção de dentina, produzem a dentina terciária para proteger a polpa, preservando sua vitalidade. A dentina terciária recém produzida fecha a câmara pulpar impedindo que os Nem todos os requisitos estão presentes em um determinado material. Portanto, o cirurgião-dentista deverá combinar mais de um material para que se faça uma eficiente proteção ou cimentação. @ODONTOROUTINE_ agentes agressores possam atingir a polpa dental. Como um material altamente alcalino, este cimento possui importante atividade antibacteriana, que contribui com a eliminação dos microorganismos causadores das lesões da cárie dental. Além disso, têm propriedades que o tornam um eficiente forramento cavitário: isolante térmico e elétrico, ser radiopaco e possuir baixa resistência mecânica. -Manipulação: Dispensar porções iguais em volume da pasta base e da pasta catalisadora. Com auxílio da espátula n° 50. misturar as duas pastas até obter uma mistura com cor homogênea e brilhante. Utilizar o aplicador de hidróxido de cálcio e tocar na superfície do material. em seguida aplicá-lo sobre a parede pulpar, na região mais profunda da cavidade em uma fina camada. Possui baixa resistência mecânica, jamais deverá ser aplicada uma camada muito espessa do material que poderá fraturar quando as forças mastigatórias incidirem sobre o dente. -Indicações: Um material forrador e para capeamento pulpar. Utilizado sempre que houver uma cavidade dental profunda, ou seja, bem próxima da câmara pulpar. Forramento (cavidade profunda): uma fina película é aplicada na região de maior profundidade do assoalho, evitando que as laterais das parede da cavidade se molhem com o cimento. Capeamento Pulpar (cavidade bastante profunda): deve aplicar uma fina película sobre o assoalho da cavidade. Embora seja uma cavidade bastante profunda ainda não houve a exposição pulpar. Capeamento Pulpar Direto (exposição do tecido pulpar): uma fina película de cimento de HC deverá ser aplicada no assoalho da cavidade e sobre a polpa exposta. Para que esta opção terapêutica possa ter um bom prognósticos: -paciente deve ser jovem; -exposição pulpar pequena e acidental; -cavidade isolada sem contaminação do campo operatório com saliva. Caso contrário, tratamento edodôntico (canais radiculares) deverá ser realizado e o dente perderá sua vitalidade. Óxido de Zinco e Eugenol A reação de presa deste cimento é do tipo ácido-base onde partículas de óxido de zinco reagem, com moléculas de água, produzindo um composto intermediário, o hidróxido de zinco. Este reage com o eugenol produzindo o eugenolato de zinco. As partículas não reagidas ficam aprisionadas aumentando a resistência mecânica do cimento. Existem 3 diferentes tipos: OZE tipo l, OZE tipo ll e OZE tipo lll. No Brasil, é muito ultilizado os cimentos tipo l e ll. Os cimentos tipo ll possuem partículas de resina polimerizada misturadas ao pó, que melhora as propriedades mecânicas do material, tornando-o mais resistente que o tipo l, que é composto de óxido de zinco e eugenol puros. No tipo ll, também há presença de água, logo, a mistura do pó ao líquido inicia a reação de presa, pois moléculas de água à reação são fornecidas na composição do material. OZE tipo lll também possui partículas de resina no pó e moléculas de água no líquido, além de moléculas ácido etoxi- benzóico que reforçam as propriedades dos materiais -Propriedades: permitem ser agentes deproteção do complexo dentina-polpa e, assim indicados como bases cavitárias e/ou materiais restauradores provisórios além de agentes de cimentação. Possuem bom selamento marginal que previne a ocorrência de microinfiltração na interface dente/restauração. São bons isolantes térmico e elétrico, baixa resistência mecânica, com exceção dos OZE tipo ll e lll, baixa solubilidade aos fluidos bucais, ação antibacteriana em função da presença do eugenol, um óleo essencial antimicrobianas, anódinas ou analgésicas e anti-inflamatórias. Porém, não podem ter contato direto com o tecido pulpar exposto, pois o eugenol pode causar irritabilidade à polpa. -Manipulação: OZE tipo l é manipulado através da mistura do pó (óxido de zinco) com o líquido (eugenol), sem proporção definida, em uma placa de vidro fina e uma espátula rígida n° 36. É obtida uma massa consistente que se desprende formando um rolinho. A reação só acontece quando o material é inserido na cavidade e fornecido água. Já o OZE tipo ll, é feito da mesma forma que descrita para o OZE tipo l, porém possui uma proporção pó/líquido já definida. Deve-se dispensar uma medida do pó e uma gota do líquido. -Indicações: OZE tipo l: é indicado para a confecção de restaurações provisórias de curta duração ou para cimentação provisória. OZE tipo ll: indicado para confecção de bases cavitárias, cimentação permanente ou restaurações provisórias de longa duração. OZE tipo lll: para a confecção de bases cavitárias, restaurações provisórias de longa duração e cimentação permanente. Além da realização de retro-obturações endodônticas. Ambos possuem como contra-indicações uso em situações de exposição pulpar e, o eugenol quando em contato com a matriz resinosa de um polímero, impede ou interfere a reação. Logo, jamais deve-se utilizar um cimento de OZE para a confecção de uma base cavitária em um dente restaurado com resina composta. Fosfato de Zinc0 O cimento de fosfato de zinco é um dos mais antigos materiais utilizados pelo cirurgião-dentista. Comercialmente é apresentado sob a forma de um pó e um líquido. Também é obtido a partir de uma reação ácido-base. Neste caso, trata-se de uma reação entre as partículas de óxido de zinco (que funcionam como uma base) e o ácido fosfórico a uma concentração de cerca de 65%. A ionização do ácido fosfórico (pela presença de água) libera íons H+ que atacam as partículas de óxido de zinco formando um composto intermediário, produzindo então um sal que confere a presa do material, ou seja, o fosfato de zinco hidratado. Esse sal cristalizado forma uma matriz que aprisiona partículas de óxido de zinco não reagidas em seu interior e aumenta a resistência mecânica do cimento. -Propriedades: alta resistência mecânica, embora seja bastante solúvel aos fluidos bucais. Possui módulo de elasticidade parecido ao da dentina, forma espessura de película o que o torna adequado à cimentação de próteses e é ainda um bom isolante térmico e elétrico. Não tem atividade anti-microbiana e nem adesividade aos tecidos dentais. É considerado um material frágil, ou seja, não sofre deformação plástica e fratura ao atingir seu limite elástico. -Manipulação: em geral, deve-se utilizar uma medida do pó mensurada com o auxílio do dosador para 3 ou 4 gotas do líquido. Devem ser dispensados em uma placa de vidro grossa e manipulados com uma espátula flexível n° 24. O pó deve ser divido academicamente em 6 porções, uma porção maior que deve ser espatulada por cerca de 30s, duas porções intermediárias que devem ser espatuladas por cerca de 15s cada uma e três porções menores que serão espatuladas por cerca de 10s cada, portanto, a incorporação do pó ao líquido é lenta levando em torno de 90s para acontecer. Vale lembrar que a espatulação deve ser iniciada pelas menores porções. Sua manipulação é simples, possui um tempo de presa bem definido (15 minutos) e sua reação química de presa é exotérmica. Em dias muito quentes o dentista pode resfriar a placa de vidro sem deixá-la molhada ajudando na dissipação do calor. -Indicações: obtida a consistência de um fio que se quebra assim que levanta a espátula sobre o cimento, utiliza o FZn como o agente de cimentação. Essa consistência indica que o material tem fluidez suficiente para formar a espessura de película e não impedir o assentamento da peça protética. Quando a consistência é a de um fio que não se quebra, o FZn deve ser utilizado como uma base cavitária protegendo o complexo dentina-polpa. Quando a consistência obtida é a de uma massa, o FZn pode ser utilizado como um material restaurador provisório de curta duração. Ionômero de Vidro Este cimento foi desenvolvido a partir de dois outros cimentos: cimento de silicato que tinha como principal característica a presença de flúor na sua composição e o cimento de policarboxilato de zinco que por possuir ácido poliacrílico apresentava adesividade aos tecidos dentais. A reação de presa inicia-se a partir da mistura do pó formado por partículas de vidro (sílica e alumina) e sais de flúor (AlF3, CaF2, NaF, AlPO4) com o líquido formado especialmente pelo ácido poliacrílico e outros ácidos (tartárico, itacônico, maleico, tricarboxílico). Algumas marcas comerciais liofilizam, ou seja, desidratam os ácidos antes presentes no líquido, transformando-os em pó. Neste caso, os ácidos desidratados estão incorporados ao pó. No líquido ficam apenas moléculas de água ou uma solução de ácido tartárico responsável por aumentar o tempo de trabalho e diminuir o tempo de presa. Estes CIV foram denominados de anidros. Assim que o CIV perder o brilho, o que indica o estágio final da reação inicial de presa, deve ser protegido por uma camada de verniz convencional ou de um adesivo aplicada externamente ao material já inserido na cavidade. Desta forma, o dentista impermeabiliza a superfície do CIV, protegendo-o e evitando a perda de íons (Ca2+, Al3+) necessários à reação final de presa. Quando protegido o CIV atinge sua maturação máxima tornando-se resistente à hidrólise ou ao dessecamento, ou seja, resistente à perda (sinérese) ou ganho (embebição) de água. Uma característica bastante relevante do CIV é a liberação de flúor para os tecidos dentais. Na fase de gelação, íons que se desprenderam das partículas de pó ganham mobilidade e se deslocam em direção às cadeias do ácido poliacrílico e também em direção às paredes da cavidade. Permitindo remineralização dos tecidos pela formação da apatita fluoretada ainda mais resistente às variações de pH. Existem três diferentes tipos de CIV são: CIV-R (restaurador), CIV-F (forrador) e o CIV-C (cimentante). A diferença existente entre eles está na proporção pó/líquido, mas a reação química e as propriedades se mantém em qualquer um dos tipos. Eles podem ainda ser classificados como CIV convencionais: cujos ácidos estão presentes no líquido; os anidros: cujos ácidos estão liofilizados e presentes no pó; os cermets: são modificados por ligas de prata e os resino-modificados que possuem monômeros resinosos (hema) em sua composição. Os CIV resino-modificados possuem duas reações de presa que acontecem simultaneamente: a reação ácido-base e fotopolimerização componente resinoso que protege o CIV, dificultando a ocorrência da sinérese e embebição. -Propriedades: adesividade aos tecidos dentais; liberam íons F- que ajudam no processo de remineralização; além de conferir ao material propriedades anti- microbianas (flúor interfere no metabolismo bacteriano). Possui propriedades anti- cariogências importantes; propriedades estéticas, embora sejabastante opaco e boas propriedades mecânicas quando manipulados corretamente. Além do CETL muito semelhante ao CETL dos tecidos dentais, diminuindo a microinfiltração. -Manipulação: render uma medida do pó e uma gota do líquido em um bloco de papel. A mistura deve ser realizada com a utilização de uma espátula plástica. O pó pode ser dividido em duas porções e a manipulação é feita por aglutinação do pó em grandes porções ao líquido com movimentos leves, cerca de 60 segundos, até obter a consistência desejada para cada indicação do material. A inserção do material na cavidade deve ser feita quando este ainda apresenta brilho. -Indicações: depende o tipo de cimento utilizado e consistência final alcançada. 1. CIV-R: obtido a consistência de uma massa cremosa e brilhante é indicado como material restaurador provisório de longa duração. ou material restaurador definitivo em algumas situações clínicas específicas: Em pacientes odontopediátricos, o CIV é indicado devido à sua técnica facilitada; pacientes com alto índice de cárie que serão submetidos ao ART (tratamento restaurador atraumático) ou para restauração de cavidades classe V em pacientes de qualquer idade. 2. CIV-F: mais indicado para a realização de bases cavitárias em cavidades profundas ou bastante profundas. 3. CIV-C: possui fluidez suficiente para formar uma espessura de película entre o dente e a prótese, por isso é indicado como agente cimentante definitivo para diversos tipos de próteses (coroas protéticas, pinos intra-radiculares. bandas ortodônticas). 4. CIV-RM: um avanço muito importante nos cimentos de ionômero de vidro foi a adição de resina (monômero hema) no líquido, produzindo os cimentos de ionômero de vidro resino-modificados. Em virtude disto, estes materiais são muito indicados para restaurações de classe V (agora com resultados estéticos bastante favoráveis) e forramento de cavidades, com a rapidez na presa tão esperada pelos profissionais.
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