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Análise da peça Lição de Botânica, de Machado de Assis

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Discente: Stefany Silva do Nascimento
Orientadora: Cleiser Schenatto Langaro
UNIOESTE
Foz do Iguaçu
A ironia machadiana na obra Lição de Botânica
 Este trabalho consiste em realizar uma análise da obra Lição de Botânica (1905), de Machado de Assis, a partir de estudos a respeito do fenômeno da ironia na literatura. 
 Partindo-se dos conceitos de ironia defendidos e estabelecidos por D. C Muecke e Linda Hutcheon, em suas respectivas obras, Ironia e Irônico (1995) e Teoria e Política da Ironia (2000), pretende-se estabelecer reflexões sobre a obra machadiana. 
 
O autor
 Joaquim Maria Machado de Assis, (21 de junho de 1839 – 29 de setembro de 1908) foi cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta. 
 Foi o fundador da Cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras, ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis.
 
 Machado de Assis é de estilo clássico e sóbrio, com frases curtas e bem construídas e com um vocabulário muito rico.
 Sua obra analisa, principalmente, o comportamento dos indivíduos e da sociedade, ambos cheios de imperfeições.
 - O teatro machadiano: Machado de Assis escreveu e publicou, no total, onze peças teatrais entre os anos de 1860 e 1906.
 
 Começou a escrevê-las no momento em que o teatro passava por uma grande transformação, sofrendo a mudança do romantismo para o realismo.
 “O teatro realista chegou como uma forma de ruptura ao teatro romântico e às comédias de caráter muito popular.” ¹
________________________________________
¹Visões críticas do teatro de Machado de Assis; Gabriela Maria Lisboa Pinheiro.
 
 
 
A obra Lição de Botânica (1995)
*Personagens: D. Helena, D.Leonor, D.Cecília e Barão Segismundo de Kernoberg. 
 *Lugar da cena: Andaraí.
 *Sinopse: A peça mostra o convívio de três mulheres numa residência no Rio Antigo. A mais jovem, Cecília, pretende casar-se com o Henrique, sobrinho do barão Von Kronenberg. Este opõe-se ao casamento porque deseja para o jovem um futuro de total dedicação à botânica. Porém, o barão muda de opinião pela influência da viúva Helena, irmã de Cecília.
 
 
“Lição de Botânica apresenta elementos recorrentes na obra teatral de Machado de Assis; como o tema da habilidade feminina nas questões de amor, e a estrutura dramatúrgica com personagens enrijecidas, e até caricatas - nesse caso, o Barão(...)” ¹
 
_______________________________________________________
 ¹Disponível em http://www.c7s.com.br/acade7/peca-teatral-licao-de-botanica; acessado em 07/10/14.
 
 
 
A ironia segundo MUECKE
“(...) A ironia tem basicamente uma função corretiva. É como um giroscópio que mantém a vida num curso equilibrado ou reto.” 
(MUECKE, 1995, p.19).
“Diz uma coisa mas significa outra.”
(MUECK, 1995, p.33).
“Elogiar a fim de censurar e censurar a fim de elogiar.”
(MUECK, 1995, p.33).
 
“Onde antes se encarava a ironia como algo essencialmente intencional e instrumental, alguém que realizava um propósito usando a linguagem ironicamente, agora era possível considerar a ironia como algo que, ao invés, podia ser não-intencional, algo observável e, por conseguinte, representável na arte, algo que aonteceu ou de que alguém se tornou ou se podia tornar consciente; de agora em diante, a ironia tem natureza dupla, ora instrumental, ora observável.” (MUECK, 1995, p.34-35).
 
“(...) Deste modo, imaginamos por trás destes acidentes uma deidade zombeteira, caprichosa, hostil ou indiferente, o destino.” (MUECK, 1995, p.37).
“A velha definição de ironia – dizer uma coisa e dar a entender o contrário – é subsituída; a ironia é dizer alguma coisa de uma forma que ative não uma, mas uma série infindável de interpretações subversivas.” (MUECK, 1995, p.48).
 
“O ironista, em seu papel de ingênuo, propõe um texto, mas de tal maneira ou em tal contexto que estimulará o leitor a rejeitar o seu significado literal expresso, em favor de um significado ‘transliteral’ não expresso de siginificação contrastante.” (MUECK, 1995, p.58).
“(...)O teatro e a ficção narrativa tendem ambas a gerar ironia. (...)isto sugere uma vinculação com a ironia, porque é a platéia que vê e as dramatis personae que são vistas, que não têm consciência de serem observadas, cegas ao fato de estarem sendo olhadas.” (MUECK, 1995, p.87).
 
“Teatro, drama e ironia estão inter-relacionados de várias maneiras.” (MUECK, 1995, p.89).
“Todas as ironias observáveis são ‘teatrais’ por definição, na medida em que é necessária a presença de um ‘observador’ para completar a ironia. A ironia não é apenas alguma coisa que acontece; é alguma coisa que pelo menos pode ser representada acontecendo.” (MUECK, 1995, p.91).
 
 
A ironia segundo Hutcheon
“Por que alguém iria querer usar essa estranha forma de discurso onde você diz algo que você, na verdade, não quer dizer e espera que as pessoas entendam não só o que você quer dizer de verdade, como também sua atitude com relação a isso?” (HUTCHEON, 2000, p.16).
“A ironia não é ironia até que seja interpretada como tal – pelo menos por quem teve a intenção de fazer ironia, se não pelo destinatário em mira. Alguém atribui ironia; alguém faz a ironia ‘acontecer.’” (HUTCHEON, 2000, p.22-23).
 
 “Mesmo a ironia de situação (...) não parece provocar as mesmas preocupações, mas as ironias verbais e estruturais parecem ser ou deploradas ou valorizadas, dependendo de como são vistas em operação e do interesse de quem as vê operando.” (HUTCHEON, 2000, p.26).
“Que a ironia possa ser usada como uma arma sempre se soube: a humilhação social e a farpa satírica têm seus corolários até na autoridade que os críticos exercem sobre o texto.” (HUTCHEON, 2000, p.26).
 
“Mas quem são os participantes desse ato social chamado ‘ironia’? A orientação partidária diz que há um ‘ironista’ com intenção e suas platéias – a que ‘pega’ a ironia e a que não ‘pega’ a ironia.” (HUTCHEON, 2000, p.27).
“A pessoa geralmente chamada ‘ironista’ (...) é aquela que pretende estabelecer uma relação irônica entre o dito e o não dito, mas pode nem sempre ter sucesso em comunicar aquela intenção (ou relação).” (HUTCHEON, 2000, p.28).
 
Cenas irônicas na peça
 A obra em questão apresenta um humor romântico, com delicadeza sentimental e ironia fina.
 A questão irônica mais explícita que podemos destacar é o fato da personagem – Barão - que negava a ideia do matrimônio, demonstar seu desejo em pedir a mão de D.Helena em casamento.
 A moça, que afirmava que “seu coração não queria jóias” também se apaixona pelo Barão, no momento em que se aproxima dele, somente para ajudar sua irmã Cecília a se casar.
 
 Entretanto, uma das falas da peça – a última –levanta uma dúvida que pode modificar a ideia da paixão entre as personagens como a principal ironia da obra.
“D.HELENA: (ESTENDENDO A MÃO) – Está nas suas mãos a escolha. (A D.LEONOR). Não se admire tanto, titia; tudo isto é botânica aplicada.”
 
 
“BARÃO: - O padre desposa a igreja; eu desposei a ciência. Saber é o meu estado conjuga; os livros são a minha família. Numa palavra, fiz voto de celibato.” 
“D.CECÍLIA: - Oh! Tens naturalmente em vista algum diamante de primeira grandeza.
D.HELENA: - Não tenho, não. Meu coração já não quer jóias.
D.CECÍLIA: - Mas as jóias querem teu coração.
D.HELENA: - Tanto pior para elas: hão de ficar em casa de joalheiro.”
“BARÃO: - Perdão, minha senhora. Sabe botânica?
D. HELENA: - Não ouso dizer que sim, estudo alguma coisa; leio quando posso. É ciência profunda e encantadora.”
“BARÃO (PENSATIVO): Até amanhã! Devo eu cá voltar? Talvez não devesse, mas é interesse da ciência... a minha palavra empenhada... O pior de tudo é que a discípula é graciosa e bonita. Nunca tive discípula, ignoro até que ponto é perigoso... Ignoro? Talvez não... (PÕE A MÃO NO PEITO). Que é isto?... (RESOLUTO). Não, sicambro! Não hás de adorar o que quimaste! Eia, volvamos às flores e deixemos esta casa para sempre.”“D. HELENA: - Aquele professor não é assaz velho, como convinha. Além disso, há nele um ar de diamante bruto, uma alma apenas coberta pela crosta científica, mas cheia de fogo e luz. Se eu viesse a arder ou cegar... (LEVANTA OS OMBROS). Que ideia! Não passa de um urso, como titia lhe chama, um urso com patas de rosas.”
 
 Todavia, podemos notar também outras cenas irônicas que evidenciam costumes da época como, por exemplo, a posição que a figura feminina deveria ocupar na sociedade:
 
“D. CECÍLIA: - Ah! O tio de Henrique!
D.LEONOR: - De Henrique! Que familiaridade é essa?
D.CECÍLIA: - Titia, eu...
D.LEONOR: - Eu que?... Henrique!
D.HELENA: - Foi uma maneira de falar na ausência. Com que então o Sr.barão Sigismundo de Kernoberg pede-lhe dez minutos de atenção, em nome e por amor da ciência. Da parte da botânico é por força alguma égloga.
(...)
 
D. LEONOR: - Seja o que for, não sei se deva receber um senhor a quem nunca vimos. Já o viram alguma vez?
D.CECÍLIA: Eu nunca.
D.HELENA: Nem eu.”
 
 A grande preocupação da figura feminina em não conseguir sucesso no casamento também fica evidente:
“D.CECÍLIA: - Será deveras ele? Estou trêmula... Henrique não me avisou de nada... Virá pedir-me?... Mas, não, não, não pode ser... Tão moço?...”
“D.CECÍLIA: - Que devo então fazer?
D.HELENA: - Esperar. Há tempo para tudo.
D.CECÍLIA: - Pois bem, quando Henrique vier...
D.HELENA: - Não vem, titia resolveu fechar a porta a ambos.
(...)
 
D.CECÍLIA: - Impossível!
D.HELENA: - Pura verdade! Foi uma exigência do Barão.
D.CECÍLIA: - Ah! Conspiram todos contra mim. (PÕE AS MÃOS NA CABEÇA). Sou muito infeliz! Que mal fiz eu a essa gente? Helena, salva-me! Ou eu mato-me. Anda, vê se descobres um meio.”
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
HUTCHEON, Linda. Teoria e Política da Ironia. Trad. Julio Jeha. Revisão de Olga M. A. Moraes. Belo Horizonte - MG: Editora UFMG, 2000. 
MUECKE, D. C.. Ironia e o irônico. Trad. Geraldo Gerson de Souza. Revisão de Vera Lúcia Beluzzo Bolognani; Valéria Cristina Martins. São Paulo: Editora Perspectiva S.A., 1995.
Textos-fontes: http://www.biblia.com.br;
Obra completa de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, vol. II, 1994. 
http://casadosaber.com.br/sp/cursos/especial/lic-o-de-botanica.html (disponníel em 07/10/14).
http://www.c7s.com.br/acade7/peca-teatral-licao-de-botanica/ (disponível em 07/10/14).
http://www.portalabrace.org/vcongresso/textos/teatrobrasileiro/ 
(disponível em 07/10/14, escrito por Gabriela Maria Lisboa Pinheiro).

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