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Fisiologia da Lactação

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Fisiologia da Lactação Rachel Diniz 
Nutricionista 
 
 
 
 
 
 
Fisiologicamente, a lactação está sob o controle de hormônios, principalmente os de origem hipofisária, cuja produção é 
influenciada por estímulos externos e emoções maternas. O início e a manutenção da lactação consistem em processos 
neuroendócrinos complexos que envolvem os nervos sensoriais do mamilo, a pele adjacente à mama, a parede torácica, a 
medula dorsal, o hipotálamo e a hipófise com vários hormônios, particularmente a prolactina, ACTH, glicocorticoides, 
hormônio de crescimento e ocitocina. 
 
A mama é composta internamente por ductos lactíferos, alvéolos, 
células mioepiteliais, lóbulos, tecido conjuntivo e, externamente por 
mamilo, aréola e corpúsculos de Montigomery. Os ductos lactíferos 
próximos ao ápice do seio – ou seja, do mamilo – apresentam 
aumento no diâmetro que são chamados de seios lactíferos. Os 
quais não são considerados reservatórios de leite, por terem 
volume reduzido. 
Os corpúsculos de Montigomery situam-se na aréola e são 
responsáveis por produzir secreção lubrificante e protetora da 
aréola e do mamilo. 
 
A mamogênese (desenvolvimento da glândula mamária) apresenta dois momentos de desenvolvimento: 
1. O primeiro ocorre durante a puberdade 
2. O segundo ocorre durante a gestação 
 
A estrutura mamária composta de ductos e lóbulos que se origina no feto continua a se desenvolver em ambos os sexos 
de maneira semelhante até a puberdade. Pouco antes da puberdade os ductos começam a se alongar mais no sexo 
feminino, O crescimento dos ductos mamários parece depender mais da ação do estrogênio e não ocorre na ausência de 
ovários. O complexo desenvolvimento dos alvéolos é mais dependente da ação da progesterona. 
 
Quando os ciclos menstruais se regularizam, ocorre nova fase de desenvolvimento mamário, o qual inclui alongamento do 
sistema ductal, proliferação e canalização das unidades lóbulo-alveolares. A cada ciclo menstrual, devido à ação do estrogênio 
e da progesterona, há promoção do desenvolvimento das estruturas mamárias existentes até por volta dos 30 anos. 
 
Durante a gestação inicia-se um novo período de desenvolvimento mamário. Logo no início, pela ação dos hormônios do 
corpo lúteo e da placenta, ocorre proliferação dos ductos, ramificações e formação lobular. A ação da prolactina apesar 
de reduzida, também é importante para o desenvolvimento mamário, e por sua ação, por volta do terceiro mês de gestação 
inicia-se um tipo de secreção láctea que lembra o colostro. 
A partir do segundo trimestre de gestação, o hormônio lactogênio placentário humano, juntamente com o maior 
desenvolvimento das estruturas mamárias exercido pelo estrogênio e pela progesterona, será responsável pela síntese 
do colostro. 
 
ESTÁGIOS DA LACTAÇÃO 
 Estágio1: a lactogênese começa no último trimestre da gestação, e caracteriza-se por aumentos significativos de 
lactose, proteínas totais e imunoglobulinas e diminuição de sódio e cloretos. No período pós-parto, inicia-se efetivamente 
quando os níveis de progesterona caem e os níveis de prolactina se mantêm elevados. Esse processo independe da 
sucção pela criança até o 3º ou 4º dia após o parto, quando a produção diminui se o leite não for extraído da mama. 
 
 Estágio 2: inclui aumento do fluxo sanguíneo e captação de oxigênio e glicose, bem como concentração de citrato, que 
é considerado um marcador importante desse estágio. O período normal desse estágio, clinicamente identificado como 
o momento da “apojadura” ou “descida do leite”, é dois a três dias após o parto. 
 
 Estágio 3: também chamado de galactopoiese, é o período em que ocorre a manutenção da lactação. Para eu a 
produção de leite continue, é necessário que o eixo hipotálamo-hipófise mantenha a produção de prolactina e ocitocina. 
O processo de lactação exige a produção de leite no alvéolo e a saída do leite pelos ductos lactíferos. Quando o leite 
não é extraído, ocorre aumento da pressão capilar, que inibe a nova síntese de leite. A falta e sucção impedirá que o 
hipotálamo estimule a hipófise a produzir prolactina. 
A sucção vai estimular receptores sensitivos localizados na região da aréola e do mamilo que, por vias aferentes, vão 
enviar mensagens ao hipotálamo; este por sua vez vai estimular a hipófise anterior a produzir prolactina e a hipófise 
posterior a produzir ocitocina. 
 
HORMÔNIOS DA LACTAÇÃO 
o Prolactina: esse hormônio atua nas células alveolares, fazendo com que produzam leite, especialmente a proteína. Os 
níveis de prolactina são proporcionais à sucção quatro dias após o parto, pois nesse período o leite é produzido 
independentemente do estímulo da sucção. A sucção é um importante estímulo para a produção da prolactina. Dessa 
forma, as técnicas corretas que possibilitam que o bebe sugue adequadamente vão ser fundamentais na produção de 
leite. 
O fator inibidor de prolactina (PIF) liberado pelo hipotálamo controla a produção de prolactina pela hipófise e parece 
ser controlado pelas catecolaminas. Dessa forma, fármacos ou eventos que diminuem as catecolaminas também 
diminuem o PIF e, em consequência, aumentam a produção de prolactina. A progesterona é considerada principal 
hormônio inibidor da prolactina. O declínio dos níveis plasmáticos de progesterona é considerado o desencadeador do 
Estágio II da lactogênese. O estrogênio também tem efeito negativo na lactação, uma vez que é antagonista da 
prolactina, inibindo a secreção de leite. Os níveis de prolactina mantêm o ritmo circadiano durante a lactação, com 
níveis mais elevados durante a noite. 
 
o Ocitocina: com o mesmo estímulo de sucção, por meio de receptores neurossensitivos, a hipófise posterior libera 
ocitocina que vai atuar nas células mioepiteliais que circundam as células alveolares, contraindo-as. Dessa forma o leite 
dentro das células alveolares vai ser ejetado para dentro dos ductos lactíferos. Esse sistema é conhecido como reflexo 
de ejeção de leite. Na maior parte das vezes, a dificuldade de se ter a apojadura ou descida do leite nos primeiros dias 
após o parto deve-se a falta de adequado estímulo desse hormônio. A ocitocina atua também na musculatura lisa do 
útero, contraindo-a. 
 
CARACTERÍSCAS GERAIS DA COMPOSIÇÃO DO LEITE MATERNO 
COLOSTRO 
O leite secretado nos primeiros dias após o parto, até cerca de uma semana. É um liquido amarelado e espesso com alta 
concentração proteica e menos lactose e gordura. O teor de proteína deste leite compõe-se de protepinas não-nutricionais, 
ou seja, proteínas relacionadas aos aspectos imunológicos. 
 
A composição do colostro caracteriza-se por: 
o Menor teor energético (67kcal/dL) 
o Volume de 2 a 20mL por mamada nos primeiros dias 
o Altas concentrações de sódio (Na), K, Cl e zinco 
o Altas concentrações de vitaminas lipossolúveis A, E e carotenoides (responsável pela cor amarelada) 
o Altas concentrações de imunoglobulinas (IgA, IgM, IgG) 
 
O colostro também facilita a eliminação do mecônio (primeiras fezes do bebe). E apresenta atividade anti-inflamatória, uma 
vez que ele interfere nas atividades enzimáticas dos leucócitos polimorfonucleares. 
 
Do colostro até o alcance do leite maduro, temos o que chamamos de “leite de transição”, ocorre do 7º ao décimo dia em 
média. 
 
LEITE MADURO 
Apresenta composição mais estável a partir do 15º após o parto. 
 
 Proteína: varia entre 1,2 a 1,5g/dL, adequada a velocidade de crescimento do lactente. É representada por 60% de 
proteínas do soro (alfa-lactalbumina, imunoglobulinas, enzimas) e 40% de caseína. 
 Carboidratos: apresenta 7,0g/dL de lactose, sendo este o carboidrato mais expressivo, que exerce papel protetor 
para o lactente e favorece a absorção de cálcio, fósforo e magnésio. 
 Lipídios: constituem o componente energético mais importante do leite humano. A quantidade total é de 3,5g/dL. O 
conteúdo lipídico é constituído por 97% de triglicerídeos e quantidades pequenas de fosfolipídios, colesterol e ácidos 
graxos livres. Minerais e oligoelementos: as quantidades atendem as necessidades dos lactentes e não sobrecarregam o metabolismo 
deles. Assim como as de vitaminas. 
 Imunoglobulinas: todas as classes de imunoglobulinas estão presentes no leite humano. A IgA é a principal, constituindo 
90% de todas as imunoglobulinas presentes no colostro e no leite. A IgAS é resistente às mudanças de pH e a digestão 
Na maior parte das vezes, as dificuldades de amamentar estão relacionadas a esse aspecto do processo, pois os 
problemas com a produção de leite são menos imediatos do que os da saída do leite. Entretanto, a não saída ou 
esvaziamento adequado da mama faz com que o alvéolo secrete menos leite, dando início a parada total da produção. 
O processo de lactação é dinâmico, e por isso é necessário que os reflexos de produção do leite (prolactina) e da 
ejeção (ocitocina) ocorram de maneira simultânea e harmônica. 
enzimática, propriedade que é importante no seu papel de protetora da mucosa intestinal. A IgM e a IgG se apresentam 
em quantidades menores do que no colostro, mas ainda assim significativas. 
 Outros fatores de defesa: lactoferrina é uma enzima quelante de ferro que apresenta ação bacteriostática, 
principalmente sobre a E. Coli. E a lisozima participa do grupo de defesa do leite humano, pois apresenta ação bactericida 
sobre a maioria das bactérias gram-positivas. 
 
VARIAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DO LEITE 
A principal variação biológica do leite materno é aquela que ocorre durante a mamada, em que o leite que sai no início, 
chamado de anterior é mais aquoso, pois contem menos gordura e consequentemente menos caloria. Desse modo, deve-
se garantir que a criança esvazie uma mama a cada mamada, para receber o leite posterior, que tem maior quantidade 
de gordura e, portanto, mais energia. 
A prematuridade também é um determinante de alterações na composição química do leite materno. Foram encontrados 
níveis mais elevados de proteínas, representadas especialmente pelos fatores de defesa do leite, Na, Cl e ácidos graxos 
de cadeia curta, além de menor concentração de lactose no colostro. Essas diferenças são justificadas pela maior presença 
da via paracelular nos alvéolos. 
 
A transferência de nutrientes para o leite materno é feita por duas vias, a via transcelular e a via paracelular. 
o A via transcelular é representada pela transferência de nutrientes que são produzidos dentro da célula alveolar, 
como a lactose, Ca, fosfatos, citrato, proteínas, lipídios e imunoglobulinas e outras proteínas séricas por pinocitose. 
Na gestação a termo, essa via é predominante. 
o A via paracelular é representada por espaços abertos entre as células produtoras de leite que permitem a 
passagem fácil de componentes séricos como as imunoglobulinas, proteínas séricas e Na. Dessa forma, na condição 
de prematuridade a via paracelular vai estar muito atuante, pois não houve tempo de ocorrer maior fechamento 
dessas junções. 
Em condições de desnutrição materna, as alterações que podem ocorrer 
no leite secretado dependem do grau de do tipo de desnutrição. Ocorrem 
adaptações no organismo materno para sustentar a lactação, tais como a 
diminuição do gasto energético dos tecidos, aumento da absorção intestinal, 
níveis mais altos de prolactina, maior eficiência enzimática e economia no 
custo celular para produção e secreção de nutrientes no leite materno. 
As concentrações dos macronutrientes do leite materno não são 
alteradas, porém, há menor produção de volume diário. Os níveis de 
algumas vitaminas, como vitamina C, A, tiamina e B12 são rapidamente 
afetados na vigência de dietas deficientes. 
 
Uma condição que deve ser observada com cuidado é a nutriz adolescente em relação ao cálcio. Foi demonstrado que essas 
mães têm menores concentrações de cálcio no leite quando comparada com mulheres adultas.

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