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A MEDIAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: APLICAÇÃO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO COM A CÂMARA DE CONCILIAÇÃOE ARBITRAGEM DA AMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL (CCAF)

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A MEDIAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: APLICAÇÃO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO COM A CÂMARA DE CONCILIAÇÃOE ARBITRAGEM DA AMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL (CCAF)
Erik Marques Pereira[footnoteRef:1] [1: Bacharelando em Direito] 
Marcelo Emmanuel Nunes[footnoteRef:2] [2: Bacharelando em Direito] 
RESUMO: Este trabalho apresenta considerações acerca da aplicação da prática da mediação no âmbito administrativo, com foco nas câmaras de conciliação e arbitragem da administração federal (CCAF). Foi feita uma análise histórica da judicialização da mediação, um estudo sobre como ela é aplicada nos processos administrativos, uma explicação sobre o que são e como funcionam as CCAFs e, por fim, análises de casos concretos envolvendo o tema. O objetivo do projeto é demonstrar os benefícios que a mediação pode trazer às resoluções de conflitos administrativos, principalmente em relação à celeridade que traz aos processos e à melhor satisfação dos interesses dos entes envolvidos.
PALAVRAS-CHAVE: Administração Pública - Mediação - CCAF
ABSTRACT: This paper presents considerations about the application of the practice of mediation in the administrative scope, with a focus on the conciliation and arbitration chambers of federal administration (CCAF). A historical analysis on the judicialization of mediation, a study about how it’s applied in administrative process, an explanation about what the CCAFs are and how they work and, finally, analyses of concrete cases involving the theme were all performed. The goal of the project is to demonstrate the benefits that mediation can bring to the resolutions of administrative conflicts, especially in relation to the celerity it brings to the process and the better satisfaction of the interests of the entities involved.
KEYWORDS: Public administration. Mediation. CCAF.
INTRODUÇÃO
	Quando indivíduos possuem interesses opostos e diversos sobre o mesmo objeto, instaura-se o conflito, aspecto inevitável da convivência humana. Faz-se necessário, portanto, que haja métodos para solucioná-los. O meio tradicionalmente utilizado é a via judicial, por meio da qual a lide é decidida por um Magistrado, que determinará qual dos posicionamentos em questão é o correto segundo o entendimento legal. Há, porém, métodos autocompositivos de solução de conflitos, onde as partes decidem entre si a melhor solução para todos. Dentre eles, destaca-se a mediação, onde esta decisão é auxiliada por um terceiro imparcial, o mediador, que almeja facilitar a discussão. É um instituto que pode ser aplicado nos mais diversos âmbitos. Nas palavras de Briquet[footnoteRef:3] a mediação: [3: BRIQUET, Enia Cecilia. Manual de Mediação: teoria e prática na formação do mediador. Rio de Janeiro: Vozes, 2016. p. 15.] 
“é um processo no qual uma pessoa imparcial ajuda as partes a se comunicarem e a fazer escolhas voluntárias e conscientes num esforço de resolver suas disputas” 
	Como entes de Direito, os órgãos da Administração Pública também podem vir a entrar em conflito, seja entre si ou com particulares. Nestas situações, é possível também utilizar-se da mediação, como forma de solução amigável das demandas.
	O objetivo do presente artigo é realizar uma análise de como a mediação é aplicada no âmbito administrativo, tendo como foco a exploração do funcionamento das câmaras de conciliação e arbitragem da administração federal (CCAF), que consistem na maneira pela qual ela é exercida.
	A pesquisa aplicada teve abordagem qualitativa e procedimento bibliográfico, tendo como base a leitura de publicações sobre o tema e a análise de casos concretos.
1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MEDIAÇÃO.
A mediação, como prática, existe há muito tempo na humanidade. A simples iniciativa de um indivíduo de intervir em um conflito para tentar auxiliar outros a chegar a um consenso mostra características da mediação, sendo impossível, portanto, determinar sua concepção[footnoteRef:4]. Seu estudo e aplicação judicial, entretanto, iniciaram-se apenas no século XX. No final da década de 1970, o professor Frank Sanders, nos Estados Unidos, apresentou uma proposta chamada Multidoor Courthouse (Fórum de Múltiplas Portas), que consistia na visão do espaço do fórum como apto a oferecer diversos tipos de resolução de conflito, além do processo judicial tradicional. A base da teoria é a ideia de que cada caso concreto apresenta suas peculiaridades, e tentar adequar todos ao mesmo tipo de processo é uma prática reducionista. A pluralidade de opções, portanto, ofereceria condições melhores para a resolução das demandas. Para tal, deveriam ser introduzidas as chamadas Resoluções Apropriadas de Disputas (RADs), que incluem, entre outras, a arbitragem, a conciliação e a mediação[footnoteRef:5]. [4: FONSECA, Brian Gentil. Evolução Histórica das Formas de Resoluções de Conflito. Disponível em: <link>. Último acesso em 9 de agosto de 2019.] [5: (AZEVEDO, André Gomma de (Org.) Manual de Mediação Judicial. 6 Ed., Brasília, 2016)] 
Além dos benefícios já mencionados, estas técnicas auxiliam na celeridade processual, por possuírem um grau maior de informalidade em comparação ao processo tradicional. Frente ao crescente número de demandas ajuizadas, a adoção destes métodos poderia trazer grandes benefícios.
Com base nesta teoria, os sistemas legais de diversos países decidiram implementar as RADs como métodos alternativos para a solução de conflitos. No Brasil, essa implementação teve seu início com a Lei. nº 9.099/95, que trata do regramento dos juizados especiais. Nela consta previsão explícita do uso da mediação. Entretanto, o dispositivo dá pouca ênfase às técnicas a serem utilizadas no procedimento, bem como ao treinamento a ser feito pelos conciliadores[footnoteRef:6]. Posteriormente, em 2015, foi implementado o novo Código de Processo Civil, que dedicou a Seção V de seu Capítulo III (Dos Auxiliares da Justiça) ao regramento da mediação de conciliação, promovendo o avanço de sua implementação. Neste mesmo ano, foi editada a Lei 13.140/15, a Lei da Mediação, que dispõe em mais detalhes sobre como o procedimento deve ser conduzido. São de especial relevância a este artigo os conteúdos de seu Capítulo II, Da Autocomposição de Conflitos em que for Parte Pessoa Jurídica de Direito Público. [6: (AZEVEDO, André Gomma de (Org.) Manual de Mediação Judicial. 6 Ed., Brasília, 2016)] 
Pode-se constatar, portanto, que apesar da demora em sua implementação, a mediação no Brasil vem avançando em anos recentes, firmando-se como método viável de resolução de conflitos.
2 APLICAÇÃO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO
Uma primeira hipótese seria fazendo próprio local de trabalho em um departamento em uma repartição pública. Comumente acontece um conflito entre pessoas e servidores, o que é uma coisa normal, já que a humanidade tem como fundamental característica a convivência em grupo, de modo que se pode afirmar que, em vários ciclos da vida, passa-se mais tempo envolvido com um conjunto do que a sozinho. Essa constatação leva a crer que a vida em comunidade perpassa pela experiência igualmente grupal. Quanto a essa realidade, o ordenamento jurídico lida, especificamente, com conceitos técnicos como o de pessoa jurídica, uma decorrência do mundo dos fatos que, de tão relevante, importou na entrada ao mundo jurídico[footnoteRef:7]. [7: MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da existência. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2014,
] 
Uma mediação pode ser um mecanismo interno utilizado pela administração pública visando evitar esses conflitos, de modo a fazer com que o próprio serviço público atenda pelo princípio da eficiência e ache um entendimento perfeito com a pacificação no ambiente de trabalho, entre os servidores dentro do mesmo departamento, e isso dentro de sistema menor o que não obsta para ser ampliado cada vez mais daquele órgão adiante[footnoteRef:8]. [8: Acesso 09/08/2019 >https://www.conjur.com.br/2016-abr-15/juliana-loss-possivel-usar-mediacao-administracao-publica<] 
Outra utilização que se relaciona mais com nossa situação de litígioseria aquela utilizada no PAD (Procedimento Administrativo Disciplinar), Já que a “autoridade que tiver ciência do fato, ou de uma possível irregularidade, deverá
promover sua imediata apuração a fim de elucidar as condições que a irregularidade se
manifestou e seu (s) respectivo (s) autor (es), ou ainda, se houve irregularidade de fato. A
Sindicância Administrativa é utilizada para elucidar os indícios de existência e autoria de
determinada irregularidade oriunda do Serviço Público, e, se necessário, optar pela
instauração do Processo Administrativo Disciplinar (PAD)”[footnoteRef:9]. A aplicação da mediação nesses casos deveria ocorrer durante o próprio processo, em que se vendo o possível indiciado dentro de uma infração disciplinar na administração pública o mediador poderá contribuir para que aquilo possa ser dirimido. [9: NEVES, Alberto Alves de Melo - Orientadora Lavínia Cavalcanti Lima Cunha- Artigo- a mediação como mecanismo de resolução de conflitos nos processos administrativos disciplinares.] 
A mediação tem sido usada nos processos administrativos disciplinares da administração pública, pois são demandas muito comumente que acontecem na administração pública federal, principalmente em casos, por exemplo, de desapropriações ligadas às indenizações, a mediação tem sido instrumento extremamente eficaz interessante para dirimir essas questões relacionadas ao poder de Império do Estado na desapropriação, e para também buscar melhores acordos entre as partes envolvidas, ou seja, um mediador buscando intermediar, para que se possam atingir as finalidades buscadas pelas partes e a pacificação diante de processos tão complicados que são as desapropriações.
A elaboração de instrumentos e regulamentos administrativos na fase interna de resoluções e de instruções demanda muitas ideias, e a mediação tem o condão de estabelecer exatamente isso. Vale dizer que essas partes muitas vezes tem a mesma intenção, mas com exposições e colocações diversas, aparenta a princípio um conflito, mas podem verificar que o conflito necessariamente pode não estar existindo e o mediador pode identificar como as partes podem construir as opiniões públicas e regras internas, em que elas como construtoras terão entusiasmo para poder cumprir e também contribuirão com maior eficiência para celeridade maior no atendimento à população.
E há também a figura da Câmara de conciliação e arbitragem da administração Federal (CCAF). Como dispõe o art. 32, II, da Lei n.º 13.140, de 2015, conhecida como "Lei de mediação", que a União, por meio da Advocacia-Geral da União - AGU -, poderá avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução consensual/pacífica de conflitos entre particulares e pessoas jurídicas de direito público, leia-se, órgãos da União e suas autarquias e fundações públicas, verbis:
 “Art. 32. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos, no âmbito dos respectivos órgãos da Advocacia Pública, onde houver, com competência para: 
 (...)
 II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público;”
O processo de conciliação, assim como qualquer processo administrativo em um estado democrático, deve ser desenvolvido em contraditório, afim de chegar-se ao desejado "aperto de mãos".
3 CÂMARA DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL (CCAF)
A câmara de conciliação e arbitragem da administração foi criada em meados de 2007 pela Advocacia Geral da União (AGU), surgindo como uma maneira de reduzir o grande número de litígios judiciais envolvendo a União, suas autarquias, fundações e sociedades de economia mista e empresas públicas federais[footnoteRef:10]. [10: Brasil. Advocacia-Geral da União. Consultoria-Geral da União. Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal - CCAF: cartilha. 3ª ed. atual. Brasília: AGU, 2012. – revista e atualizada. Pág. – 7.
] 
A Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal é regida pela seguinte disposição normativa do Decreto n.º 7.392/2010[footnoteRef:11]: [11: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7392.htm > Acesso em 10/08/2019.] 
“Art. 18. A Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal compete:
I - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da Advocacia-Geral da União;
II - requisitar aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal informações para subsidiar sua atuação;
III - dirimir, por meio de conciliação, as controvérsias entre órgãos e entidades da Administração Pública Federal, bem como entre esses e a Administração Pública dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios;
IV - buscar a solução de conflitos judicializados, nos casos remetidos pelos Ministros dos Tribunais Superiores e demais membros do Judiciário, ou por proposta dos órgãos de direção superior que atuam no contencioso judicial;
V - promover, quando couber, a celebração de Termo de Ajustamento de Conduta nos casos submetidos a procedimento conciliatório;
VI - propor, quando couber, ao Consultor-Geral da União o arbitramento das controvérsias não solucionadas por conciliação; e
VII - orientar e supervisionar as atividades conciliatórias no âmbito das Consultorias Jurídicas nos Estados.”
 É de notório saber que o judiciário vem sofrendo há anos com um grande aumento de demandas, numa situação onde há falta de servidores suficiente para atender todas as ações que chegam diariamente, surgindo assim, uma precarização do serviço no judiciário, tornando princípios judiciais como o da própria celeridade nos processos, ineficientes e/ou mitigados. Com a Introdução da CCAF houve uma maior autonomia para que a administração pudesse resolver dentro de seu próprio âmbito conflitos de interesses. O que evoluiu e posteriormente teve seu objeto ampliado para alcançar também controvérsias entre administração pública e os administrados federais.
Inicialmente os particulares não tinham legitimidade ativa para pedir a instauração de procedimento conciliatório perante CCAF, para tentar solucionar suas controvérsias com a Administração federal. Isso só passou a ser possível com a entrada em vigor da Lei n.º 13.140, de 2015. Portanto se teve um avanço a fim de se resolver os conflitos de maneira material, envolvendo particulares de maneira consensual com administração pública federal [footnoteRef:12]. [12: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm > Acesso em 10/08/2019.] 
Quando se solicita a instauração do procedimento consensual de resolução de conflitos na CCAF, é designado um conciliador que é um advogado Público Federal que exerce também um papel de mediador, ou seja, ele utiliza técnicas para estabelecer diálogo entre as partes e tentar resolver o conflito de forma consensual[footnoteRef:13]. [13: <http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/do. 50.15.PDF > Acesso em 09/08/2019.] 
No caso de conflitos envolvendo os órgãos federais na inocorrência da conciliação, a CCAF encaminha proposta de resolução para que haja a resolução por meio do arbitramento.
A CCAF está em harmonia com o princípio da proteção pelo Estado da solução pela autocomposição que é o novo princípio processual.
Atualmente há o incentivo a resolução consensual dos conflitos como uma política pública. No entanto, nos termos do §2º do art. 32 da Lei nº 13.140/2015, a submissão do conflito às câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos - como a CCAF - é facultativa. Nota-se que a facultatividade não reside apenas na efetiva resolução extrajudicial do conflito em sede de procedimento conciliatório (mediação); a própria submissão do conflito à CCAF é facultativa e, portanto, depende da aquiescência das partes envolvidas. 
Logo, ainda que um Juízo venha a “determinar” a instauração da mediação administrativa, cabe às partes avaliarseu interesse na tentativa de autocomposição extrajudicial. Caso considerem inconveniente a medida, devem peticionar nos autos judiciais requerendo o prosseguimento do feito.
4 CASOS CONCRETOS
Como visto no tópico anterior a utilização da Câmara de conciliação e arbitragem Federal só se dará de fato quando as partes concordarem com isso não sendo uma imposição apenas uma recomendação. Como objeto da pesquisa deste artigo, trazemos análise de alguns processos administrativos que ocorreram no âmbito Federal.
O primeiro caso de processo administrativo 00407.005552/2014-45, em análise, é um tanto quanto peculiar, pois como visto no processo civil a mediação e a conciliação deveria ocorrer antes da entrada no processo judicial. Porém, neste caso específico, a instauração da câmara de conciliação e arbitragem Federal ocorreu no decorrer de processo judicial, após ter sido declarado incompetente juízo estadual para dirimir a lide, em ação Civil Originária em trâmite no Supremo Tribunal Federal (ACO 1602/PE), na qual se discutia a posse de imóvel do INSS, ora sob uso do Estado de Pernambuco. Determinada a instauração dessa Câmara conciliatória pelo Ministro Gilmar Mendes, após manifestação das partes em uma resolução consensual.
No caso em questão, O INSS proprietário de imóvel, tinha o imóvel utilizado pelo Estado de Pernambuco, mediante cessão, para o funcionamento de uma escola. Entretanto, a da Lei nº 9702/98, meio que inviabilizou a gratuidade da cessão. Diante disso, o INSS solicitou à Caixa Econômica Federal (CEF), para que avaliasse o imóvel, no qual se chegou ao valor que achava ser justo. O Estado por sua vez, entende que já se faz muitos anos que tem aquela propriedade, onde presta serviço de relevante interesse social e que conserva o prédio desde 1955.
Assim diante dos pressupostos necessários, instaurou-se a câmara para resolução do conflito, com a designação de advogado da união para no papel de conciliador, o que após 6 reuniões e tratativas, com a utilização de várias técnicas da mediação como o Brainstorming (chuva de ideias)[footnoteRef:14], Surgiu como a mais plausível dessas ideias, uma permuta. No entanto, nem sempre é possível chegar a um acordo, neste caso a tentativa de solução se viu frustrada por desídia deliberada e superveniente do estado de Pernambuco. Retornando para a via judicial. [14: (AZEVEDO, André Gomma de (Org.) Manual de Mediação Judicial. 6 Ed., Brasília, 2016) pág. -110.] 
O Próximo caso 00688.000505/2017-49 versa sobre uma discussão acerca de “processo conciliatório que tem o desiderato de resolver controvérsia envolvendo o Banco do Brasil e o Ministério da Economia (antigo Ministério da Fazenda), relacionada ao suposto (não) pagamento de subvenção econômica para as instituições financeiras, sob a forma de equalização de parte dos custos a que estão sujeitas para contratação e acompanhamento das operações relacionadas ao Programa Nacional de Microcrédito, na modalidade Microcrédito Produtivo Orientado.” Neste caso o processo judicial não havia sido instaurado ainda perante a justiça federal, além disso, traz como diferencial, a aplicação de técnica de mediação onde se traz para o processo conciliatório, apenas parte do problema, ou seja, tenta-se resolver parcialmente o problema para depois ir para outra parte. Fragmentando assim um grande problema, em problemas menores, e os resolvendo aos poucos, até chegar-se a satisfatoriedade das partes. Em verdade até o presente momento tal lide não foi completamente resolvida, mas já obteve sucesso em alguns pontos incontroversos reduzindo assim o tamanho do problema. Como a questão financeira envolvia os ano 2013,2014 e 2015, decidiu-se repartir cada ano, afastando do “todo”, tendo como objeto apenas o problema de 2013, aonde chegaram a um acordo equitativo para ambos, solucionando assim parte do mérito e firmando acordo através de termo de conciliação.
Vale dizer, que tal processo ainda encontra-se em decurso, mas que a aplicação de técnica de mediação, fez com que avançasse e resolvesse parcialmente o problema, é importante mencionarmos que são muito difíceis acordos quando se envolvem valores.
Por fim, vale mencionar que os referidos processos foram analisados de maneira resumida e simplória diante de suas complexibilidades, aqui buscamos apenas ver aspectos relacionados às técnicas mediativas para uma possível solução de conflito. Pode-se identificar que a mediação ou conciliação são alternativas viáveis e que se forem estimuladas tanto desafogará o judiciário, quanto trará soluções mais pacíficas aos conflitos, tal como se defende no decorrer de toda a obra de Leila Cuéllar[footnoteRef:15]. [15: CUÉLLAR, Leila. Administração Pública e mediação: notas fundamentais. Curitiba, outubro de 2017.] 
Como visto nas aulas de mediação com a professora Lavínia Cavalcante, na faculdade de Direito de Alagoas, haverá casos em que inexistindo interesse das partes poderá ser inconciliável, mesmo com o mediador/conciliador se valendo de muitos instrumentos para solucionar o conflito, caberá a este informar o que a mediação pode ou não fazer por elas. Todavia, o uso correto das técnicas de mediação pode sensibilizar e aos poucos mostrar que melhor que uma vitória no conflito é que este se resolva e deixe de existir, quebrando enfim o ciclo da espiral conflituosa[footnoteRef:16]. [16: (AZEVEDO, André Gomma de (Org.) Manual de Mediação Judicial. 6 Ed., Brasília, 2016) pág. -54.] 
CONCLUSÃO
	Ante os aspectos analisados, ficam claros os benefícios trazidos ao processo administrativo pela mediação. Seu potencial para resolução de conflitos não deve ser ignorado, como comprovado pelos resultados de sua implementação nos últimos anos.
	A solução de conflitos com base conciliação, através da utilização de órgãos como a AGU, vai ao encontro da visão moderna do Estado Gerencial na medida em que traduz o cumprimento eficiente de suas finalidades, por meio de mão de obra qualificada e instrumentos adequados, evitando-se maiores custos e emprego de
esforços desnecessários para solução de controvérsias envolvendo segmentos da administração pública.
	Por ser a AGU um órgão com certa independência, poderá atuar de maneira imparcial numa resolução de conflito, já que esse é um intuito do conciliador.
 	Importante ressaltar que como vimos ao longo deste artigo o maior intuito é que se busque a resolução material do conflito, fazendo com que este deixe de existir ou amenize bastante, com isso, as práticas e técnicas da Mediação tem sido amplificadas e utilizadas com mais frequência na resolução destes conflitos.
	Entretanto, ainda é de necessário que haja um maior incentivo do uso da mediação, tanto no âmbito administrativo como em geral, para que a prática seja ainda mais reconhecida e implementada com maior frequência.
.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Juliana Loss de. Administração Pública deve usar a mediação para resolver conflitos. 2016. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2016-abr-15/juliana-loss-possivel-usar-mediacao-administracao-publica. Último acesso em 14 de agosto de 2019.
AZEVEDO, André Gomma de (Org.). Manual de Mediação Judicial. 6 Ed., Brasília, 2016)
BAUMAN, Zigmunt. Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro:
Zorge Zahar, 2004.
Brasil. Advocacia-Geral da União. Consultoria-Geral da União. Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal - CCAF: cartilha. 3ª ed. atual. Brasília: AGU, 2012. – revista e atualizada.
BRIQUET, Enia Cecilia. Manual de Mediação: Teoria e prática na formação do mediador. Rio de Janeiro: Vozes, 2016.
CUÉLLAR, Leila. Administração Pública e mediação: Notas fundamentais. Curitiba, outubro de 2017.
FONSECA, Brian Gentil. Evolução Histórica das Formas de Resoluções de Conflito. 2016. Disponível em: https://enem2015brian.jusbrasil.com.br/artigos/619192905/evolucao-historica-das-formas-de-resolucoes-de-conflito. Último acesso em 9 de agosto de 2019.
MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: Plano da existência. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
 NEVES, AlbertoAlves de Melo. A mediação como mecanismo de resolução de conflitos nos processos administrativos disciplinares.
 Brasil. Advocacia-Geral da União. Consultoria-Geral da União. Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal - CCAF: Referencial de Gestão CCAF. Brasília:
AGU, 2013, atualizada.
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=395135&amp;caixaBusca=N Acesso em 11 de agosto de 2019.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7392.htm Acesso em 10 de agosto de 2019.
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