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PROJETO INTEGRADO III

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Faculdade de Tecnologia – FINACI
Jáina Silva Araújo
Paloma Cristina Moreira Cordeiro
Alexandre Lindo Vital
AUTISMO
O mundo pelos olhos de um autista
São Paulo
2019
Jáina Silva Araújo
Paloma Cristina Moreira Cordeiro
Alexandre Lindo Vital
AUTISMO
O mundo pelos olhos de um autista
Trabalho apresentado ao curso de Biomedicina como requisito para obtenção de nota na matéria de Projeto Integrado III. 
Orientador (a): Jéssica Volejnik
São Paulo
2019
Sumário
1. Introdução ......................................................................................................05
2. Método ...........................................................................................................06
3. Objetivo...........................................................................................................06
4. Sintomas ........................................................................................................06
5. Tratamento......................................................................................................07
6. Discussão........................................................................................................07
7. Considerações finais.......................................................................................09
8. Referências ....................................................................................................10
São Paulo
2019
1. Introdução
O Autismo é um distúrbio de desenvolvimento que se apresenta nos indivíduos em três faixas sintomáticas: sociais, desenvolvimento com a sociedade, comportamento e comunicação em geral. (FERNANDES, 2006).
O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é definido como um grupo de pessoas que apresentam uma dificuldade de interação social de diversas maneiras como: dificuldade de expressão verbal e não-verbal para interação social; interação com amigos, parentes, colegas e familiares; padrões internos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, dentre outros.
As alterações comportamentais podem ser representadas por questões Motores ou verbais; comportamentos de sensibilidade incomum; rotina excessiva e repetitiva, ecolalia, apraxia da fala, comprometimento do equilíbrio, pouca noção de perigo, entre outros. Essa síndrome geralmente apresenta-se no início da infância e os sintomas podem manifestar-se do 1º ano de vida até os 3 anos de idade sendo nesta ultima fase o limite para seu diagnóstico fechado ser considerado precoce e ainda com um bom prognostico. No individuo com TEA ainda que no menor grau do transtorno, com ou sem intervenção alguns dos sintomas poderão ser presentes.
As causas concretas do TEA não são totalmente conhecidas, mas pesquisas sugerem que o desenvolvimento dá-se a partir de uma combinação de influências genéticas (90%) onde a herança genética desempenha o papel mais importante, e, quando combinado com gatilhos e/ou questões ambientais inespecíficas podem aumentar as chances de uma criança na sua formação desenvolver o transtorno. Não há autista no singular, o autismo contempla vários graus, os quais são definidos conforme os sintomas apresentados e graus de acometimento de cada área neurológica. Sua classificação é dada no Brasil tanto pelo DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos Mentais) quanto pelo CID (Classificação Internacional da Doença). O primeiro classifica de forma generalista o TEA como leve, moderado e severo, já o último trata-o de forma mais específica, de forma a delimitar suas subcategorias. A classificação mais usada no Brasil é a da DSM, abordando a gravidade e nível de comprometimento do indivíduo.
 De forma resumida, o grau leve é caracterizado pelo indivíduo que com acompanhamento adequado não é limitante para interações sociais ainda que apresente dificuldades para se comunicar. Já nos graus moderado e severo mesmo com o acompanhamento é necessário um suporte maior, já que o nível de comprometimento é notoriamente superior ao grau leve, e, essa classificação é dada após avaliação do profissional capacitado que levará em conta os sintomas apresentados pelo autista, visto que é de suma importância termos em mente que dentro de cada grau vão existir variações, conforme complexidade do transtorno.
Na maioria das vezes é estudado o transtorno e não como o individuo autista interage no meio em que vive, quais dificuldades são apresentadas no cotidiano e como tais serão superadas. A necessidade de ter um olhar humano ao invés de somente clínico, faz-se necessário para que haja um prognóstico melhor e uma assertividade no acompanhamento, fazendo jus a individualidade de cada autista.
Esse transtorno atinge com maior freqüência meninos que meninas e metade dessas crianças têm desenvolvido algum grau de retardo mental, acontece do TEA ser diagnosticado com comorbidades associadas, como convulsões, e até epilepsia, também sendo comuns alterações gastrointestinais. (TEIXEIRA, 2011) 
Logo, é de suma importância um acompanhamento adequado para evitar a progressão dos sintomas e também um acompanhamento psicossocial que atue no desenvolvimento enquanto ser humano da criança com TEA, a fim de resultar em uma qualidade de vida satisfatória tanto para o autista quanto para aqueles que convivem com ele.
2. Método
A pesquisa foi realizada através de revisão literária na plataforma Google Acadêmico e entrevista concedida pela Josiclea de Souza (Psicóloga e mãe de uma criança com autismo em grau severo)
3. Objetivo
Trabalho realizado com o objetivo de demonstrar como é a vivência de uma criança com diagnostico de autismo clássico em grau moderado a severo. Como é a atuação em relação às limitações, as problemáticas existentes no meio em que vive e como possivelmente o autista enxerga toda essa situação.
4. Sintomas
Os sintomas podem ser observados a partir dos primeiros meses de vida. Alguns bebês demonstram dificuldade ou ausência de fixação visual enquanto amamentados, podendo demonstrar um olhar perdido e até em alguns casos, rejeitando a amamentação por conta do toque que lhes é custoso. Podem apresentar também apatia exacerbada, choro ininterrupto, irritabilidade sem causa aparente, auto-agressividade ou heteroagressividade, incômodo com algumas texturas de alimentos, surdez aparente, movimentos oscilados estereotipados de tronco, mãos e cabeças, dificuldade de interação social, comportamentos repetitivos e restritos, sintomas psicológicos como a depressão ou parecer ignorar as emoções dos outros também são comuns (em idade mais avançada), andar constantemente na ponta dos pés, ansiedade, dificuldade de empatia, sensibilidade a sons ou tique, distúrbio da fala ou perda da mesma, hiperatividade, imitação involuntária dos movimentos de outra pessoa, impulsividade, irritabilidade, repetição de palavras aparentemente sem sentido, repetição das próprias palavras ou repetição persistente de palavras ou ações na tentativa de se comunicar mesmo que inadequadamente, na sua fase de desenvolvimento pode acontecer atraso de fala ou dificuldade de aprendizagem, falta de atenção ou intenso interesse em um número limitado de coisas. Esses sinais e sintomas tendem a agravar com o passar dos anos e a falta de um acompanhamento adequado. (ZANON, 2012)
5. Tratamento
As terapias costumam ser executadas de forma inter e multidisciplinar. É planejado e executado de acordo com a individualidade e necessidade de cada autista, avaliação que deve ser feita pelos profissionais que o acompanham. Via de regra, a tríade basal de alguém no espectro, engloba as principais dificuldades apresentadas por eles: psicologia comportamental (para treinamento de algum tipo de comunicação, rotina e aprendizado através do estimulo-reforço), terapeuta ocupacional (responsável pelo aprendizado de AVDS - Atividade de Vida Diária, remanejamento do equilíbrio, postura e acompanhamento do transtorno de processamento sensorial, tão comuns nos autistas), e fonoaudiólogo (que é quem vai trabalhar as possibilidades vocais e de comunicação alternativa,bem como em casos verbais, aprimorar a fala, significá-la e deixá-la o mais funcional possível para o indivíduo. Quanto antes começarem as intervenções, maiores serão os progressos, principalmente nas relações afetivas, atividades diárias e motoras. (AUTISMO, 2019)
Alguns tipos de interações são complicadas para pessoas com autismo, por exemplo, se apresentar para pessoas desconhecidas, pedir informações ou responder a perguntas. No entanto, há algumas exceções em que autistas que convivem com um animal de estimação, que é auxiliado com o estímulo independente do animal, desde os mais comuns como cachorros, gatos e peixes até mesmo os mais exóticos como aranha e répteis, e podem ser beneficiados com essa troca, porém não é uma regra e nem uma garantia acerca dos resultados positivos, mas a escolha depende da família e das necessidades de cada criança, também tendo a vantagem de aprendizagem de lições de companheirismo e responsabilidade com os bichos (AUTISMO, 2019). O tratamento usual é feito por meio de terapia individual e familiar, análise do comportamento, medicamentos antipsicóticos, inclusão social nos meios de convívio, além de compreender as necessidades individuais do paciente. Quanto antes for diagnosticado o transtorno mais qualidade de vida será proporcionado ao individuo com TEA (AUTISMO, 2019). Algumas pessoas têm usado como tratamento a possíveis complicações gastrointestinais a intervenção dietética a base de GFCF (Gluten free – Casein free), ou seja, a exclusão do glúten e da caseína da dieta a fim de melhorar o comportamento gastrointestinal (NEVES, 2011). Entretanto, é importante frisar que não há estudos contundentes acerca do GFCF em autista, ou seja, a intervenção dietética pode ajudar qualquer pessoa independente do autismo.
6. Discussão
 Compreender as necessidades do autista diante de situações do dia a dia ajuda a conviver com ele de forma que auxilie positivamente no seu prognostico. Conforme informações disponibilizadas pela psicóloga Josiclea de Souza (durante uma entrevista), que além de profissional também é mãe do Guilherme, criança autista diagnosticada em grau severo, buscamos entender melhor a rotina, dificuldades, limitações e toda a dinâmica a qual tanto a pessoa com TEA quanto a família enfrentam. Segundo ela as agressividades podem decorrer a partir das alterações sensoriais, uma vez que é comum a pessoa com autismo ter a desordem do processamento sensorial, o indivíduo sente a necessidade de defender-se dessa desregulação, assim demonstrando-se auto-agressivo ou heteroagressivo. Ela relata que o Guilherme é uma criança bem calma, que tem boa aceitação de contato e de carinho desde que estes sejam com o seu consentimento, mas algumas situações o deixam irritado ou em processo de necessidade de defesa, como por exemplo, o corte de cabelo, uma vez, que o mesmo possui uma desordem sensorial atendida em nível grave. Outra situação considerada rotineira para a maioria que causa aflição para ele é a escovação dental que a exemplo do corte de cabelo, mexe com os sentidos, texturas, e barulhos que trazem um incômodo tal qual alguém neurotipico se sente incomodado com uma caneta riscando algo de metal. Joseclea residia no interior do Maranhão quando Guilherme nasceu. Seu contexto familiar passou a ser o filho e o esposo habitando um apartamento. Quando Guilherme tinha 1 ano e 8 meses, a mesma notou que havia uma certa dependência excessiva por parte do filho, logo optou por matriculá-lo em uma creche visando o desenvolvimento psicoeducacional do pequeno. Após um mês de aula a psicóloga foi chamada na escola para conversar acerca das dificuldades de socialização apresentadas pelo filho, onde não havia interesse dele em contato com outras crianças e também dificuldade de atenção e interação com o externo. Mesmo formada em psicologia, Josiclea relata que nunca havia tido contato com o autismo e não tinha nenhum embasamento sobre o assunto, a fim de melhorar o prognóstico do filho, foi em busca de profissionais (neurologistas) conceituados de sua cidade para entender melhor como lidar com essa nova vivência, no entanto não obteve êxito, era nítido segundo a mesma o despreparo dos médicos no auxílio a obtenção do diagnóstico do Guilherme. O resultado final veio depois de um ano de suspeita, após a psicóloga se mudar com a família para a cidade de São Paulo – SP. No inicio a criança foi inserida em uma escola convencional e passava por terapias que o atendia semanalmente, no entanto, segundo a mãe a freqüência era aquém da necessidade da criança, o que comprometia o prognostico e a deixava angustiada. Segundo Josiclea, a intervenção feita até 5 anos proporciona um prognóstico melhor ao individuo com TEA. Em Janeiro de 2013 Guilherme iniciou o acompanhamento adequado e foi inserido em uma clinica escola, onde está até hoje e conta com diversas terapias e até mesmo educação física, o acompanhamento é ofertado de forma gratuita o que é um bônus, uma vez, que ficaria em média de 10 mil reais. Guilherme fala, porém sem significar, identifica as letras, cores e possui uma independência razoável, já que come, bebe, se veste sozinho ainda que com dificuldades. Ele não costuma sair muito e segundo a mãe não possui amigos, não costuma mostrar interesse em estar com as demais crianças, sempre opta por brincar com os pais ou sozinho. O tempo ocioso costuma alterar sua questão sensorial, aumentando sua irritabilidade e agressividade, sair da rotina costuma causar estranheza e para Guilherme um meio de relaxamento é o mar, a mãe enfatiza o gosto assíduo do filho pelo mar e meios aquosos que são aliados na reordenação do processamento sensorial.
O mesmo tem o seu acompanhamento direcionado conforme suas necessidades e cronograma da escola, mas lhe é fornecido psicoterapia, equoterapia, educação física, pedagogia, fisioterapia, natação, fonoaudiologia, terapia ocupacional, teatro, dança dentre outras atividades, o que resulta de forma proporcional socialização e aprendizado. 
Ao ser questionada sobre como é ser mãe de um autista, Josiclea é bem firme em seu posicionamento “Não romantizo a maternidade de uma forma geral, é aprendizado, no entanto, solidão. E ser mãe de um autista é mais solitário ainda, afinal, seu filho é o que ninguém quer ser, o que ninguém quer ter e o que ninguém quer lidar” (JOSICLEA DE SOUZA). A mesma relata que cerca de 80% dos pais abortam a paternidade após 2 anos do diagnóstico, o que gera ainda mais solidão e dificuldade maternal. Além das questões sociais e contextuais, como desunião familiar entre as famílias dos portadores do TEA. 
Para a mãe não há um modo de falar pelo filho, de limitar suas ações e forma de ver o mundo, ainda que imaginasse seria somente algo lúdico, utópico, já que cada ser possui suas emoções baseadas na sua vivência, e, para ela, falar pelo Guilherme está fora de cogitação. Ele pensa, ele sente tudo que sentimos em um nível exacerbado, ele sorri, ele chora, ele brinca e, mas também requer seu tempo sozinho, sua felicidade fica nítida nas coisas que lhe causam sensações boas, a vida para ele é o que sente e cada um sente de uma forma, talvez ele não consiga representar através da fala, mas é notório diante de cada olhar que ele manifesta. (JOSICLEA DE SOUZA).
7. Considerações finais
 Diante do exposto, concluímos que o autista é um individuo pensante, singular e que necessita de um cuidado individual visando suas necessidades, já que cada um possui um nível diferente ainda que inserido ao mesmo grau de classificação. Entender como um autista ver o mundo é tão complexo quanto entender o que cada um visa diante de suas expectativas e realidades. O fato de sentir muito ou em momentos aleatórios quase nada, não os tornam tão diferentes das demais pessoas, a fase que cada um encontra-se não se difere do que comumente as pessoas dadas como típicas estão inseridas. Não há um manual que nos disponibilize todas as respostas acerca de como um autista se sente diante das situações expostas diariamente, cabe a cada um olhar parao outro com olhos de amor e buscar entender como suas ações poderão agregar na vida de um uma pessoa com autismo. A inclusão é um passo importante, quando alinhado ao conhecimento é capaz de desenvolver técnicas que melhor se encaixem no cotidiano do autista. Vale ressaltar, a necessidade de um diagnostico e acompanhamento precoce o que proporciona um melhor prognostico. O investimento em instituições e profissionais capacitados para receber esse público também se faz válido. 
Ademais, conhecer a necessidade do outro nos faz entender o real valor da nossa coexistência, no TEA, esse ponto é importante, assim como compreender que cada um pode ter um papel importante na qualidade de vida de um individuo com transtorno objetiva a necessidade do conhecimento sobre o assunto e aplicação deste no dia a dia. Logo, empatia, conhecimento e aceitação são palavras chaves para conviver com um autista e entender suas necessidades, anseios e significância do mundo e existência do mesmo.
8. Referências
Silva, Micheline . ET AL . Diagnosticando o transtorno autista: Aspectos fundamentais e considerações práticas. 2009. Disponível em: scielo.br/pdf/pcp/v29nla1o. Acessado em 15/11/2019.
Zanolla. ET AL. Causas genéticas, epigenéticas e ambientais do transtorno do Espectro Autista. 2015. Disponível em: C:/users/Sony/downloads./11278-texto%20do%20artigo_45629_/_10_2018030%(1).pdf. Acessado em 15/11/2019.
Zanon, R. Identificação dos primeiros sintomas do autismo pelos pais. 2014. Disponível em cmpdi.sites.uff.br/wpcontent/uploads/sites/186/2018/08/Artigo_01.pdf. Acessado em 18/09/2019.
Cohen, Simon. B. Autismo e a mente técnica. 2014. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rprs/v33n2/v33n2a09
Castro, Célia. Recursos alternativos para a inclusão de crianças com autismo no ensino regular. 2013.Disponívelemhttp://revistas.unifoa.edu.br/index.php/cadernos/article/view/1218. Acessado em 18/1102019
Junior, Francisco. B. Assumpção. ET AL. Autismo. Disponível em https://scholar.google.com.br/scholar?hl=ptBR&as_sdt=0%2C5&q=autismo&btnG=#d=gs_qabs&u=%23p%3D_njvK42khgNQJ. Acessado em 17/11/2019
 
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