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EDUCAÇÃO E TRÂNSITO: UMA MISTURA QUE DÁ CERTO. SIMIONI, VIVIANE.1 INTRODUÇÃO Com freqüência se lê sobre trânsito nas primeiras páginas dos jornais, nos noticiários da televisão e rádio. De maneira especial, o centro das atenções se volta para as tragédias, com mortos e feridos, mas raramente são notícias de trabalhos que estão voltados para a segurança e a educação no trânsito. Com o crescimento e o desenvolvimento do Brasil, as cidades ficaram pequenas, sem infra- estrutura para atender as necessidades da população. Dessa forma, adveio a expansão dessas cidades, com a concepção de bairros cada vez mais longínquos do centro. Juntamente com o crescimento das cidades, as pessoas encontraram facilidades financeiras, que lhes possibilitaram a aquisição de veículos. Deste modo conseguiam atender às necessidades quanto ao cumprimento do horário estabelecido por seus empregadores e, também, como forma de satisfação íntima, proporcionando maior conforto. Essas mudanças fizeram com que o número de veículos majorasse e, conseqüentemente, aumentaram os congestionamentos e os desastres no trânsito. Como se pode contribuir para a formação de cidadãos conscientes e em conseqüência motoristas educados, reduzindo as estatísticas de acidentes, principalmente no município de Toledo2, é o desafio para este século. Enquanto isso, os incidentes continuam fazendo novas vítimas a cada dia, a toda hora e as pessoas envolvidas pertencem às diversas classes sociais, culturais e de variadas idades. Acredita-se que, introduzindo a educação para o trânsito em todos os níveis escolares, desde Educação Infantil até o Ensino Superior, respeitando os limites necessários para a aprendizagem, de acordo com cada faixa etária, conseqüentemente modificaremos as atitudes dos motoristas. Conforme FRANCO, é uma questão cultural urgente: A escola como instrumento de apropriação do saber, assume mais um papel representativo na sociedade: a Educação para o Trânsito, que não pode ser isolada do contexto da cidade em que tem lugar, mas sim, estar ligada ao contexto social e cultural mais amplo. Trânsito é pedestre, passageiro, ciclista, catador de papel e demais condutores. Preparar culturalmente a sociedade para o Trânsito Viário, é transformar a história em favor da preservação da vida.(2000, p.2) 1 Viviane Simioni, Pedagoga; Docente no Colégio Estadual Presidente Castelo Branco. Toledo-PR; no Ensino Superior e em cursos de Pós Graduação; Especialista em Ed. Inclusiva; Mestre em Ciências da Educação; Atua na área da pedagogia para o trânsito. Docente nos cursos de formação de instrutor e diretor de Centro de Formação de Condutores; Diretora Geral de Centro de Formação de Condutores. vivianesimioni@hotmail.com 2 Município localizado na região Oeste do Paraná que tem uma população aproximada de 110 mil habitantes, segundo ultima pesquisa do IBGE e em sua 34ª CIRETRAN, órgão representativo do DETRAN/PR, uma estimativa de 45.000 veículos registrados. mailto:vivianesimioni@hotmail.com A idéia principal é de defender a necessidade da educação do futuro motorista, desde sua entrada na Educação Infantil até a saída do Ensino Médio, tendo seqüência no Ensino Superior, fase esta aonde os adolescentes chegam à idade da obtenção da habilitação provisória. O ensinamento de maneiras adequadas de agir nas diferentes situações do trânsito, transforma o motorista numa pessoa mais segura e pronta para reagir de acordo com a legislação de trânsito. O objetivo do estudo analítico do trânsito em Toledo é apresentar o número de acidentes neste município nos últimos 05 (cinco) anos e analisar o conhecimento sobre trânsito e o comportamento no mesmo de: crianças, adolescentes e adultos. Busca-se mostrar a necessidade de desenvolver ações eficientes de educação para o trânsito, criando hábitos e comportamentos seguros, através de um processo contínuo e sistemático de conscientização, desde a infância até a fase adulta, afinal, o trânsito não é uma questão de individualidade e sim de responsabilidade coletiva. Assim, se realizou uma série de palestras e dinâmicas instrutivas e educativas sobre trânsito e cidadania, no período de julho de 2006 a dezembro de 2006, em uma Escola Municipal e em um Colégio Estadual de Ensino, com a pretensão de analisar o conhecimento sobre trânsito e o comportamento no mesmo, de crianças, adolescentes e adultos, enquanto ciclistas, pedestres, motociclistas e motoristas, participantes do sistema de trânsito no município de Toledo. EDUCAÇÃO FAMILIAR NO TRÂNSITO Essencialmente a educação tem o desígnio de levar o homem a atingir um estado de maturidade que o capacite a se encontrar com a realidade de maneira consciente e assim agir de modo responsável. Além disso, o fato do homem ser um ser social e viver em constante relacionamento com as pessoas, é que faz pensar que a educação que cada indivíduo recebe pode ser a chave para os sentimentos e decisões na mudança e amadurecimento constante do comportamento humano. Essa vivência em sociedade é altamente complexa no mundo moderno onde as relações são mediadas por inúmeros objetos provenientes do trabalho humano para melhorar sua existência. O transporte e, por conseqüência, o trânsito fazem parte dessas relações, como nos aponta o pesquisador VASCONCELLOS: O trânsito é uma disputa pelo espaço físico, que reflete uma altercação pelo tempo e pelo acesso aos equipamentos urbanos, é uma negociação, dadas às características de nossa sociedade, não se dá entre pessoas iguais: a disputa pelo espaço tem uma base ideológica e política; depende de como as pessoas se vêem na sociedade e de seu acesso real ao poder. (1988). Quando se aborda educação, se reflete sobre quem é responsável para que a mesma ocorra, sejam os pais, familiares, professores, ou aonde se adquire esta educação, seja no trânsito, no clube, na escola ou no trabalho. Acredita-se que estas aprendizagens equivalem a uma extensão das aprendizagens que ocorrem no lar, com a mediação dos primeiros educadores - os pais ou familiares mais próximos, mas todos os lugares e/ou pessoas com quem se convive educam constantemente; logo, existe um contínuo aprendizado. Com exemplos de bons comportamentos, boa índole e de personalidade equilibrada e socialmente adequada, ter-se-á conseguido demonstrar às crianças que a educação no trânsito faz parte do conceito de respeito ao próximo. O respeito gera inevitavelmente a educação. O fator educacional se estende por meio do comportamento do indivíduo nas vias públicas, pois se participa do trânsito desde o ventre materno até a morte. Convém lembrar que quando se dirige, passeia, se caminha também se está no trânsito e, nesse momento, se repete o que foi aprendido na educação familiar e no convívio social. Se foram bons exemplos, formar-se-ão bons motoristas, participantes do sistema de trânsito, educados e conscientes. Partindo deste paradigma educacional e frente aos constantes óbitos no trânsito de crianças no Brasil e no mundo, é que se percebe quão fundamental são as bases educacionais, ou seja, os valores, responsabilidades e exemplos adquiridos na família, que determinam junto à escola, o cidadão do futuro. A educação no trânsito, fornecida pelas escolas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, é fundamental para a mudança constante de comportamento humano e formação de futuros cidadãos e motoristas contribuindo para um trânsito seguro. A continuidade deve ser ofertada sempre que possível no Ensino Superior, seja através de programas ou projetos. Trata-se de uma aprendizagem cujas bases são práticas, existem a partir das vivênciase, por isso mesmo, são tão difíceis de mudança quando já arraigadas, conforme nos orientam os estudos de JEAN PIAGET: Só podemos olhar o outro e sua história, se temos conosco uma abertura de aprendiz que se observa em sua própria história. Nesse sentido, a ação de olhar é um ato de estudar a si próprio, a realidade, o grupo, à luz que nos inspira, pois sempre só vejo o que sei. (PIAGET apud ARANHA,1996) A carência de bons exemplos dos pais para os filhos, quanto à educação para o trânsito, apenas afasta a efetividade de um trânsito possível de melhorias, segurança e mudanças reais no comportamento dos participantes. CRIANÇA, TRÂNSITO E EDUCAÇÃO. Todo ser humano participa do trânsito mesmo antes de nascer, ainda no ventre materno, estabelecendo formas de interação social. A educação é a porta de entrada para o convívio em sociedade e a possibilidade de prevenção de acidentes, como mostra a frase: a educação vem do berço. Os pais ou responsáveis tem importância fundamental na educação de seus filhos, ao final de processos identificatórios as crianças demonstram maior possibilidade de aprender e de serem futuros responsáveis por um trânsito mais consciente e seguro. Segundo o CTB3 no Art.1 em seu §1° se define trânsito como “a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fim de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga”. (1997, p. 2) Além da questão técnica, o trânsito é uma questão social e política. Assim sendo, quando se pensa no trânsito, se devem descrever as características da sociedade na qual se insere. Por essas características, o trânsito traz um tema, uma problemática sócio-econômica, psico-social e nestes aspectos, o gerenciamento do trânsito tem sido uma aglomeração de conflitos. Logo, se faz necessário refletir sobre o comportamento de cada integrante que faz uso deste sistema de circulação, para que permita ou assegure o direito a todos de sua utilização. Há que se considerar que o trânsito comporta grupos diferentes de pessoas que transitam de um lado para o outro. Dentre esses grupos, o das crianças merece atenção especial, afinal, com que visão e preparos são inseridos no trânsito? As crianças fazem parte de um dos grupos de risco, talvez o mais importante, pois estão mais vulneráveis e propensas às ocorrências de acidentes. As mesmas querem afirmar sua independência, o que é natural do desenvolvimento humano. No entanto, pouquíssimas crianças4 podem lidar seguramente com o trânsito. Conforme ROZESTRATEN, (1988) estas crianças, que estão no trânsito, acabam sendo um risco, pois: As crianças não reagem como um adulto; Não enxergam e não percebem como os adultos quanto à maneira como um carro se aproxima; Confundem o “ver” com o “ser visto”; Tem um campo visual mais estreito; Tem baixa estatura; Confundem tamanhos com distâncias; Têm dificuldade para distinguir sons, principalmente se misturada; São distraídas; Só ouve o que lhe interessa; Não compreendem a relação entre causa e efeito; Não avaliam distância, tempo e velocidade. 3 Abreviação utilizada para Código de Trânsito Brasileiro. 4 Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 2º, “Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquele entre doze e dezoito anos de idade”. DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO Do mesmo modo como a aprendizagem da leitura facilita e amplia o entendimento do mundo possibilitando sua transformação, passar por um processo de alfabetização no trânsito para aprender a ler as cidades, as ruas, as estradas e outros elementos que norteiam o ir e vir organizado poderá facilitar o trânsito sem perigos. Em 1994, o então Presidente da República, Itamar Franco, institucionalizou o Ano Nacional da Educação para o Trânsito, mesmo assim, a não ser pela iniciativa de empresas privadas e ações isoladas de escolas e professores, pouco se fez para concretizar a lei. Espera-se uma mudança neste descaso apresentado anteriormente, através do novo Código de Trânsito Brasileiro, sancionado no dia 23 de setembro de 1997, pelo então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que em seu Capítulo VI, dispõe sobre a obrigatoriedade da educação de trânsito: Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito. § 1º É obrigatória a existência de coordenação educacional em cada órgão ou entidade componente do Sistema Nacional de Trânsito. § 2º Os órgãos ou entidades executivas de trânsito deverão promover, dentro de sua estrutura organizacional ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas Públicas de Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos pelo CONTRAN. Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito. § 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais. § 2º As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundir gratuitamente, com a freqüência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de Trânsito. Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação. Parágrafo único. Para a finalidade prevista de artigo, o Ministério da Educação e do Desporto, mediante proposta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, promoverá: I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito; II - a adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o treinamento de professores e multiplicadores; III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para o levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao trânsito; IV - a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à integração universidades-sociedade na área de trânsito. Art. 77. No âmbito da educação para o trânsito caberá ao Ministério da Saúde, mediante proposta do CONTRAN, estabelecer campanha nacional esclarecendo condutas a serem seguidas nos primeiros socorros em caso de acidente de trânsito. Parágrafo único. As campanhas serão de caráter permanente por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, sendo intensificadas nos períodos e na forma estabelecidos no art. 76. Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e do Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por intermédio do CONTRAN, desenvolverão e implementarão programas destinados à prevenção de acidentes. Parágrafo único. O percentual de dez por cento do total dos valores arrecadados destinados à Previdência Social, do Prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974, serão repassados mensalmente ao Coordenador do Sistema Nacional de Trânsitopara aplicação exclusiva em programas de que trata este artigo. Art. 79. Os órgãos e entidades executivos de trânsito poderão firmar convênio com os órgãos de educação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, objetivando o cumprimento das obrigações estabelecidas neste capítulo. (CTB, 1997, p.24) Na prática, se sabe que existe uma escassez de atividades realizadas sobre este tema nas escolas e colégios. Os currículos escolares são formados por disciplinas que se encontram fechadas em si mesmas e incomunicáveis com as outras áreas do saber. Depende do educador para fazer a interdisciplinaridade. Faz-se confusão entre educar e informar. Em grande parte, as campanhas institucionais, mais informam do que educam, pois são desenvolvidas com fins publicitários. Os sinais de trânsito e os pontos para cada infração cometida são fatores comuns nas campanhas institucionais e se entende que não é o desconhecimento da legislação que causa a maioria dos acidentes e sim o comportamento reinante do não respeitar a lei. Para cada propaganda de conscientização, existem dezenas incitando a velocidade. O primeiro passo para desenvolver ação eficiente de educação para o trânsito é fazer cumprir o código de trânsito brasileiro. A EDUCAÇÃO DE TRÂNSITO NA FRANÇA Devido à ausência de experiências sobre a educação para o trânsito no Brasil e sua real aplicabilidade dentro dos níveis do Ensino, se buscou experimentos em países que fazem da educação para o trânsito alicerce norteador desde a educação infantil ao ensino médio. Para tal, o relato a seguir apresenta a França como país modelo de trânsito seguro e consciente. Na França, bem como em muitas instituições educativas do Brasil, se acredita que a educação para a segurança no trânsito faz parte das missões fundamentais da Escola. A educação e a formação do cidadão, abordadas desde a escola primária, prosseguida da 5ª a 8ª séries e no ensino médio, constituem uma missão majoritária para a Escola. Uma vez adulto, o discente adota comportamentos sociais e cívicos que a escola tem a obrigação de preparar. A Educação para a Segurança no Transito é, desde a escola maternal, um campo de ações e de reflexões que, num ambiente que deve ser apreendido e em relação constante com os outros, desenvolvam e permitam o exercício de comportamentos de cidadão responsável. Pedestres ou ciclistas, passageiros de um carro ou dos transportes coletivos, a criança e mais tarde o adolescente deve adquirir um comportamento responsável, saber decodificar as situações, fazer escolhas administrando os riscos e conhecendo os perigos. No decorrer da escolaridade, sem descontinuidade a segurança no trânsito constitui um dos temas de educação para a cidadania que se integra no projeto da escola ou do estabelecimento. Na França, em todas as escolas cujo trabalho corresponde ao Ensino Fundamental e Médio brasileiros, os professores possuem a responsabilidade de garantir segurança a seus discentes e de atrelar, nas atividades de ensino, a educação à segurança. Este enfoque constitui um dos aspectos integrantes do ensino de regras gerais de segurança nas escolas francesas através do decreto n°: 83- 896 de 04 de outubro de 1983. Instituindo pela lei n°: 57-831 de 26 de julho de 1957, o ensino do Código de Trânsito foi instaurado sob a forma de educação no campo da segurança no trânsito. O decreto n°: 93-204 de 12 de fevereiro de 1993, referente ao ensino das regras de segurança no trânsito e a emissão da carteira de habilitação fixaram as modalidades de organização e de realização da educação para a segurança no trânsito nos estabelecimentos escolares. Este decreto assevera que no primeiro ciclo do primeiro grau (correspondente aos anos iniciais do Ensino Fundamental): Os programas e instruções para as escolas elementares decreto de 15 de maio de 1985 prevêem explicitamente um ensino da segurança sob seus diversos aspectos, principalmente os capítulos destinados à educação cívica, às ciências e à tecnologia. Este campo é lembrado no documento de janeiro de 1991 que fixa a organização da escolaridade em ciclos pedagógicos e define as competências a adquirir em cada um. A circular n. 87-287 de 25 de setembro de 1987, Educação e segurança no trânsito nas escolas maternais e de primeiro ciclo do primeiro grau precisam os objetivos e as modalidades de uma educação para a segurança no trânsito utilizando os elementos do código de trânsito. (DECRETO FRANCÊS 93-204, 1993). Os professores têm toda liberdade de abordar com seus discentes, a partir de casos concretos, os dados fundamentais destas regras a fim de permitir que adotem o mais cedo possível: Um comportamento responsável no que tange à circulação a pé, e de bicicleta; Um comportamento adaptado à situação de passageiro de um automóvel ou dos transportes coletivos. A todo o momento da aula, os docentes podem integrar estes conhecimentos às seqüências consagradas às diversas disciplinas. Trata-se pelo conhecimento de regras de vida em sociedade e pela tomada de consciência clara de sua justificação, de contribuir para a formação de um cidadão consciente de suas responsabilidades em relação a si próprio e para com os outros. No segundo ciclo do primeiro grau (correspondente aos Anos Finais do Ensino Fundamental), o indicante dos objetivos inscritos nos programas que foram definidos no decreto de 14 de novembro de 1985 e cuja aplicação data do ano letivo de 1986, aparece à abertura ao exterior e suas realidades. Assim são abordados os problemas de sociedade, entre os quais a segurança no trânsito em meio escolar ocupa um lugar importante. A abordagem desta temática, é parte complementar dos programas de 5ª a 8ª séries, deve permitir que o discente perceba as convergências entre disciplinas e também analise, com uma visão de conjunto, os aspectos do mundo onde vive e age, de maneira a desenvolver comportamentos adaptados e responsáveis. O tema da segurança se presta de maneira privilegiada à abertura às situações que cada discente pode enfrentar individualmente, a qualquer momento, quando sai de sua casa ou do colégio, e que coloca em questão sua própria segurança. Este tema permite abordar, de uma maneira que corresponde melhor às preocupações dos discentes, uma educação às regras de segurança no trânsito. Estes objetivos foram mencionados na circular n. 87.289 de 25 de setembro de 1.987 que, por outro lado, dá indicações sobre os conteúdos de ensino da segurança no trânsito no colégio e além do seu aspecto regulamentar, esta educação se integra na preparação do discente ao seu papel de futuro cidadão responsável, que é uma das missões atribuídas ao segundo ciclo do primeiro grau. No interior desta missão é dever do professor formar seus discentes para a prática desta responsabilidade. Para que esta ação seja realmente eficiente, o tratamento do tema implica, por sua própria natureza, a participação de todas as disciplinas e exige uma coordenação entre os professores. A educação para a segurança no trânsito, dispensada nas condições acima citadas é sancionada pela entrega do atestado escolar de segurança no trânsito definido pelo decreto de 12 de fevereiro de 1993. Para o ensino no segundo grau (correspondente ao Ensino Médio), a formação à segurança no trânsito não deve ser interrompida, mas sim continuar a ser ofertada aos discentes sob formas e em um plano diferente. A explicação de fenômenos e fatores que intervêm no campo da segurança no trânsito oferece ao professor uma oportunidade de exploração pedagógica na sua disciplina. Finalmente, pela reflexão que desenvolve a educação para a segurança no trânsito no primeiro e segundo graus participa à formação cívica. METODOLOGIA Conforme as característicase os objetivos apresentados, o processo metodológico se baseou em instrumentos de revisão bibliográfica referente às experiências em outros países que adotaram a educação para o trânsito desde a infância, sito como exemplo a França, bem como amparo legal para a aplicabilidade da educação para o trânsito na educação básica e no ensino superior. Após ocorreram outras duas etapas, sendo a segunda de pesquisa e tabulação de dados sobre os acidentes no município de Toledo do ano de 2002 a 2006, com ciclistas, pedestres, motociclistas e demais veículos5, e a terceira etapa com análise do conhecimento sobre trânsito e o comportamento no mesmo, de crianças, adolescentes e adultos como resposta a aplicabilidade do projeto pedagógico que teve enfoque no trânsito seguro, desenvolvido em uma Escola Municipal e um Colégio Estadual no município de Toledo, com discentes da Educação Infantil, Ensino Fundamental fase inicial e fase final, e discentes do Ensino Médio, nos períodos matutino, vespertino e noturno, no 2º semestre do ano de 2006. ANÁLISE E DISCUSSÕES DO GRÁFICO Observou-se que os acidentes com todos os segmentos pesquisados tiveram uma crescente do ano de 2002 a 2006. Porém, alguns destes merecem atenção especial, como os ciclistas, que 5 No que tange “demais veículos” estão condizentes veículos de propulsão humana, animal, de passeio ou de carga. PESQUISA SOBRE OS ACIDENTES NO MUNICÍPIO DE TOLEDO fonte: SENOT - 19º Batalhão Polícia Militar 276 310 398 541 505 97 137 127 151 133 31 38 47 50 43 923 1010 1147 1401 1270 20 20 24 15 27 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 2002 2003 2004 2005 2006 Motociclista Ciclista Atropelamentos Demais veículos Vítimas Fatais talvez por ser comum possuir uma bicicleta, todas as classes sociais e culturas têm se manteve em uma média de acidentes nos últimos anos. Em contrapartida, o índice de motociclistas e demais veículos, teve um aumento considerável nos anos pesquisados. Uma hipótese foi mudança no setor econômico do Brasil o que refletiu na facilidade em crédito para aquisição de veículos de duas ou mais rodas, muitas vezes por pessoas não habilitadas, acostumadas a fazerem uso de transportes coletivos e despreparados para o trânsito. Outra hipótese é que a cidade de Toledo, assim como grande parte das cidades no Brasil, não foi projetada para a crescente frota de veículos, sendo assim a engenharia de trânsito também deve ser questionada. Fica incógnito o ano de 2005, onde se destacou um elevado número de acidentes com todos os veículos citados na pesquisa, em relação aos outros anos e ao mesmo tempo, foi o ano com menor número de óbitos no município. Faz-se necessário enfatizar que, conforme atribuição dada pela Medicina de Tráfego, se considera vítima com óbito de acidente de trânsito, o indivíduo que teve morte no local do acidente. Se o mesmo for levado ainda com vida para receber cuidados e vir a falecer depois, não é considerado para as estatísticas, como vítima fatal, devido acidente sofrido. CONCLUSÃO Através de diálogo com os discentes, se constatou que uma multiplicidade de pais ou responsáveis falam sobre trânsito ou falaram com os seus filhos, entretanto não são portadores de exemplos aos mesmos, incorrendo assim nas dificuldades encontradas no trânsito da atualidade. Houve comprovação através da aplicabilidade do projeto que a falta de educação para o trânsito, desde a infância à fase adulta, existe e que se supõem, segundo experiências realizadas em países desenvolvidos, que a preparação para o trânsito seguro desde a educação infantil faria com que o número de acidentes viesse a diminuir, não só em Toledo, mas em todo o país. Como resultado, se pode observar que ignorar as normas de trânsito em função de açodamentos, na qual todos vivem, representa um valor equivocado, um lapso na formação do indivíduo adulto que é o transmissor de conhecimento para os menores com quem convive. É de fundamental importância que todos os participantes deste trânsito respeitem as regras de circulação e reflitam sobre o seu comportamento. Entende-se que independentemente do que rege a lei, é papel da família preservar a vida e a integridade física das pessoas, bem como formar cidadãos responsáveis tendo a sua base na educação proporcionada desde a infância. É possível perceber que a educação para o trânsito é uma realidade social que esta sujeita às interferências positivas e negativas próprias do ser humano. Desta forma, se deve pensar que ser transmissor de conteúdos e exemplos positivos no trânsito é dever, tanto dos pais, mestres ou de simples participantes da sociedade onde se vive e que o primeiro passo para desenvolver ação eficiente de educação para o trânsito é fazer cumprir o Código de Trânsito Brasileiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APPSITRAN – Associação Paranaense de Psicologia de Trânsito. Na prática teórica: Psicologia do Trânsito. Revista Contato, São Paulo, (CRP-08/PR). Ano 21 nº 21, mar./abr. 2002. ______________A Educação de Trânsito na França. São Paulo, 2003. Disponível em: <http://www.ui.jor.br/educaçãohtm>Acesso em: 15 mar.2005. ARANHA, M. L. de A. Filosofia da Educação. São Paulo:Moderna, 1996. Brasil. Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2001. CONTE, O. A.; COLDEBELLA, A.; CORREA J.J. et al.Apresentação de trabalhos Científicos: projetos, monografias e trabalhos de conclusão de curso. Toledo: Fasul Editora, 2004. DELGADA, M. A solução na prevenção de acidentes. Curitiba, 2001. D352s Monografia (Especialização em Trânsito) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC DETRAN/PR, Curso de Educação para o Trânsito no Ensino Fundamental e Médio. Curitiba, 2000, p.02. ELIAS, A. M. A Psicologia e a educação para o trânsito. Curitiba, 2002. D794i. Monografia (Especialização em Trânsito) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC. PHILLIPS, A. Dizer não: impor limites é importante para você e seu filho. 4. ed. Campos, Rio de Janeiro: Campos, 2000. RIBEIRO, M. J. S. Analise da Educação de Trânsito como fator de humanização. Curitiba, 1994. D249e Monografia (Especialização em Trânsito) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do trânsito: conceitos e processos básicos. São Paulo: EDUSP, 1988. Tecnodata Educacional. Materiais pedagógicos sobre trânsito. Curitiba, Paraná, 2003. VASCONCELOS, E.A. O que é trânsito? 3. ed. 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