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Relatório estágio - transferência

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DEISE DOS SANTOS BRANDÃO 919124478
FELIPE RODRIGUES DA SILVA 919124586
GIOVANNA LOPES PINHO 919122265
LARA SANTANA FOGAÇA 919124472
RELATÓRIO: TRANSFERÊNCIA 
No seu texto transferências (1912/1984) Freud diz que a transferência é a atualização da realidade do inconsciente. Trata-se de atos constantemente repetidos que determinam a escolha dos objetos amorosos, ou seja, indicam de modo inconsciente o curso da “vida erótica” do sujeito. A transferência surge como uma contradição no curso do tratamento terapêutico, sendo a resistência mais poderosa do tratamento e ao mesmo tempo que está próximo ao conflito inconsciente. 
Nas palavras do psicanalista Christian Dunker, em seu canal do youtube (2016) fala que a transferência para Freud é a repetição da história dos nossos amores com nossos novos encontros, porém temos a tendência a resistir as contingências inéditas do que é novo. O mecanismo para lidar com isso é através da resistência; infiltrando padrões antigos de afetos, identificações, demandas e de modalidades que se formaram a partir da nossa experiência e se apresenta para esse novo alguém e assinala a repetição da neurose. A transferência é então um punhado de todas as neuroses investidas nessa nova relação. 
Focando na neurose de transferência, o surgimento pode ser precoce ou tardio e o analisando vive intensamente uma forte carga emocional investida no analista e que vai além do setting terapêutico, ocupando seu tempo e espaço mental. A neurose de transferência implica numa projeção oriunda do complexo de castração na pessoa do analista. Nesses casos o analisando revive suas experiências afetivas como se de fato estivesse vivenciando aquilo naquele momento e não como antigas vivências (ZIMERMAN, 1999). Ou seja, ao invés de recordar, o analisando repete as atitudes e impulsos emocionais e tais afetos podem ser utilizados como resistência para o tratamento. Esse passado do paciente que é revivido é um importante material para análise combinado com a técnica adequada de manejos das questões do analisando. (FREUD, 1915).
Uma complicação para o processo psicanalítico é o amor de transferência, no qual o analisando se diz “apaixonado” pelo analista, nesses casos o psicanalista deve reconhecer o caráter transferencial defensivo e não confundir com amor verdadeiro e nem reprimir o sujeito pelos sentimentos, além disso pode rastrear esse sentimento transferencial até suas origens. (FREUD. 1915/1996). Temos um exemplo de amor de transferência no seriado Sessão de Terapia no episódio em que a personagem Júlia começa a falar que está enganando seu namorado, pois nutre sentimentos pelo Theo, seu analista e imaginava que, ao se declarar para ele, teriam relações amorosas e eróticas. No entanto, o Theo reafirma que é seu terapeuta e que, portanto, não é uma opção amorosa. Ele vai além disso, e tenta rastrear esse sentimento até sua origem, ou seja, se ela está enxergando esse sentimento com o ele para ter motivos para terminar o relacionamento com seu namorado, que era uma das queixas levantadas pela Júlia no processo terapêutico.
Em seu trabalho A dinâmica da transferência (1912/1966) Freud afirma que a transferência está operando num campo de batalha e a vitória, isto é, a cura da neurose, deve ser conquistada. Para Dunker o objetivo da transferência no tratamento é levar a sua autodissolução ao fim da análise. A ideia é que o analisando consiga se livrar do amor e superá-lo, passando pelo luto desse afeto e isso significa a dissolução da transferência. 
RERERÊNCIAS
DUNKER, Christian. O que é a transferência? Christian Dunker Falando nIsso. 2016 (5m24s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sh8Af0NIvsU>. Acesso em: 19 out 2020.
FREUD, S. A Dinâmica da Transferência. In: Obras Completas Ed. Standard Brasileira. Vol. XII. Rio de Janeiro: Imago, 1912/1996.
______. Observações Sobre o Amor Transferencial. In: Obras Completas Ed. Standard Brasileira. Vol. XII. Rio de Janeiro: Imago, 1915/1996.
______. Transferência: Conferências introdutórias sobre Psicanálise. In: Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro. Imago. 1912/1984.
"JÚLIA" (Temporada 1, ep. 1). Sessão de Terapia [seriado]. Direção: Selton Melo. Produção: Roberto D'Ávila. São Paulo: Produtora GNT, 2012. 1 DVD (26min.)
ZIMERMAN, D. E. (1999). Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica – Uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed, 2007.

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