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FICHAMENTO DE LEITURA Curso: MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL Professor: Miguel Ângelo Perondi Aluno: Marcelo Guilherme Kühl Disciplina: Fundamentos do Desenvolvimento Regional Tipo: Documentário Assunto / tema: Economia/Política Referência bibliográfica: O Fim do Sonho Americano. EUA: PF Pictures - Direção: Peter D. Hutchison; Kelly Nyks e Jared P. Scott. Produção: Peter D. Hutchison; Kelly Nyks e Jared P. Scott. Narração (protagonista): Noam Chomsky. Resumo / conteúdo de interesse: Nesse documentário, produzido durante 4 anos e lançado em janeiro de 2016, o professor Noam Chomsky, através de uma série de entrevistas, faz um retrato histórico de sua vida, relacionando-a às mudanças socioeconômicas e políticas, apontando datas consideradas Idades Douradas americana (1920-1990) – O Sonho Americano; contrastando com o pesadelo de outras datas, incluindo a atual. Chomsky, professor de linguística do M.I.T. desde 1955, ativista contrário a guerra dos EUA x Vietnã, considerado pela elite da época - por suas “... opiniões inflexíveis” (24’15’’) -, como antiamericano (não patriota por não concordar com as políticas externas americanas) e como um dos maiores líderes da nova esquerda. Nesse documentário, o protagonista, usando de sólidas argumentações, retrata historicamente a sociedade americana na perspectiva socioeconômica, dos interesses políticos, da concentração de poder e da riqueza; desmistificando de forma clara esse ciclo vicioso – “Tudo para nós e nada para os outros”, ou seja, canalizar muito poder e riqueza para um porcentual reduzido de pessoas (o mesmo ciclo descrito por Adam Smith 1776 - A Riqueza das Nações), as quais Chomsky, citando Smith, denomina-as de “mestres da humanidade”;. Após uma descrição da esperança que havia, através do sonho da mobilidade social que obtido através: do trabalho árduo, da educação/formação, do poder de compra, constituir família, bem como seu bem estar. Uma esperança que hoje não existe, pois tudo entrou em colapso, culminando com o Fim do Sonho Americano, obtido por uma série de ações tomadas pelos mestres, elencadas por Chomsky; após conceituar o termo democracia, onde a opinião pública tem alguma influência na política, portanto o governo toma decisões determinadas pela população; o que não é bem visto pelos poderosos, pois coloca o poder nas mãos do povo, tirando deles; sendo esse um dos dez princípios da concentração do poder e da riqueza, discriminados a seguir. 1º) REDUZIR A DEMOCRACIA: um dos dilemas da democracia é a possibilidade da maioria (pobre) tirar as propriedades da minoria (rica), Aristóteles propões uma solução que é chamada nos dias de hoje, de Estado de Bem-estar, ele disse: “Reduza a desigualdade”, mas outra solução dada pela minoria é reduzir a democracia, lutas entre essas tendências acontecem, com períodos de progresso (advindo da organização do povo, do trabalhador, que exige seus direitos ) ou de regressão (pelo poder da reação ao ativismo do povo). 2º)MOLDAR A IDEOLOGIA : O nível ideológico da reação contrária, a partir dos de 1970, começa com uma enorme ofensiva empresarial para diminuir os esforços de igualdade (citando o período do presidente Nixon), os lobyystas empresariais enviam a Câmera de Comércio o Memorando Powell (juiz) que alertava a perda do controle das empresas sobre a sociedade, e que diante disso (em forma de proteção) deveriam tomar uma atitude (....”e passou a hora de agirem”). Surge então um relatório da Comissão Trilateral, intitulado A Crise da Democracia, colocando em evidência o excesso da democracia nos anos 60, principalmente com atitudes dos mais jovens que, pela forma de se expressarem, apontava falhas das escolas, ou das universidades, ou das igrejas, as quais eram responsáveis pela doutrinação dos jovens, “pois estão muito livres e independentes”. 3º) REDESENHAR A ECONOMIA: como mais uma forma de reação aos ativistas, as empresas mudaram o foco, enquanto nos anos 50 tinha-se engenheiros do MIT como diretores das mesmas, focando no valor da produção (28% do PIB era produção e apenas 11% dos sistema financeiros), a partir de 1970, são os administradores os diretores, drenando os recursos para capital especulativo, chegando em 2010 com 11% aplicado na produção e 21% no sistema financeiro, notando-se um expressivo aumento do papel das instituições financeira, Chomsky denomina de financeirização da economia, citando exemplos como a empresas G.E. que deixa de produzir, para investir na especulação, fazendo uma realocação da produção; assim a financeirazação e a realocação, garantem o círculo vicioso da Concentração do Poder e da Riqueza. 4º) DESLOCAR O FARDO: trata-se da alteração no sistema de tributação, que na Idade Dourada – crescimento igualitário, onde ricos pagavam um porcentual muito mais alto do que os pobres em impostos, Chomsky cita o exemplo de Henry Ford que aumenta os salários dos empregados para que possas comprar carros fabricados por em sua empresa. Isso foi alterado, pela legislação, feita por pessoas indicadas pela elite, para transferir ao povo maiores taxas de tributação, surgindo o termo plutonomia1, ou seja, produzir para os ricos (uma pequena parte da população), não só dos EUA, mas para os ricos de outras nações, produzindo os produtos, no exterior se necessário; e o resto da população (grande maioria)? Chomsky usa o termo precariado para esse resto da população, um proletário precário. A elite remodela os impostos (aumentado o fardo sobre o povo e diminuindo dos ricos), sempre com o pretexto de elevar a empregabilidade. 5º) ATACAR A SOLIDARIEDADE: vários esforços foram utilizados para tirar da cabeça do povo a solidariedade, o ato de preocupar-se com o próximo, surgindo uma das máxima vil: “Não se importe com os outros”, esses esforços atacaram: a) O sistema da Seguridade Social ( que é um princípio da solidariedade), tirando os fundos desse e terceirizando-o. b) Escolas públicas, que pelos impostos, eram 100 % gratuitas no pós 2ª Guerra Mundial, onde a sociedade era mais pobre e mesmo assim dava conta da escola pública, contrastando com os dias atuais, em que tem mais riqueza, porém não tem recursos, assim paga-se mensalidades (parciais ou totais). 6º) CONTROLAR OS REGULADORES : Trata das regras – regulamentações, que geralmente são iniciadas pelas concentrações econômicas, que são reguladas ou apoiadas por elas, virando numa “captura regulatória”, exemplificando que os próprios lobistas bancários ditam as regras de regulamentação financeira, pois no mandato do remanescente da era New Deal2, presidente Nixom (considerado traidor da classe/elite), existiam regulamentações de proteção para o povo, o que chateava muitos da elite. Assim esforços foram realizados para desregulamentar, surgindo novamente colapsos, levando empresas buscarem amparo financeiro no governo, que toma decisões para que o contribuindo pague pela crise gerada pelas instituições 1 Plutonomia: A pequena porcentagem da população mundial que reúne uma crescente riqueza. 2 New Deal: O “novo acordo” foi um conjunto de medidas criado no governo de Franklin Delano Roosevelt (1933-1945), que foi inspirado nas idéias do economista John Keynes onde visava tomar medidas econômicas que garantissem o pleno emprego dos trabalhadores. Keynes defendia, também, uma redistribuição de lucros para que o poder aquisitivo dos consumidores aumentasse de acordo com o desenvolvimento dos meios de produção. Fonte: https://www.infoescola.com/historia/new-deal/ financeiras. 7º) CONTROLAR AS ELEIÇÕES: Chomsky cita uma disposição da 14º emenda: “Os direitos de ninguém podem ser violados sem devido processo legal”, o qual tinha o pretexto de proteger os escravos libertos, mas foi utilizado pelas empresas, como que tornando-se aos poucos como pessoas sob a lei, obtendo direitos alémdo que pessoas tem, citando exemplo como estrangeiros sem documentos (assim não são pessoas) e empresas como a G.E, como pessoa superpoderosa e imortal. Desta forma, as empresas podem gastar seus recursos onde quiserem, inclusive e sem restrições nas campanhas políticas, comprando-as literalmente, atacando ao que ele menciona o resíduo da democracia (eleição). Assim presidentes são eleitos pela elite, o que mantém o círculo vicioso. 8º) MANTER A RALÉ NA LINHA: Uma das barreiras contrária a concentração do poder e da riqueza são as organizações trabalhistas, sendo uma força democratizante, por isso esforços são concentrados em desmantelá-los, Chomsky cita datas onde foram esmagados (1920) por ações do estado, em 1930 começam a se reerguerem (os sindicatos). Roosevelt era a favor de uma legislação que beneficiaria a população, indo de encontro aos anseios dos movimentos sindicais, mas tinham que ser aprovadas, então incita os líderes a se manifestarem de forma organizada, como a greve sentada, assustando muitos empresários. Ações ativistas como essa deveriam ser oprimidas, veio a 2ª Guerra Mundial, houve um tempo de trégua (povo x elite), porém assim que passou a guerra, foi criada pela empresas a Lei de Taft-Hartley que tinha um único propósito: “Restaurar a justiça e igualdade nas relações trabalhistas”, logo em seguida o macartismo (propagandas de ataques aos sindicatos), chegando no período do presidente Reagan com expressão: “Se querem ilegalmente organizar esforços e greves, vão em frente.... – ...eles estão violando a lei e se não se apresentarem no trabalho em até 48 horas, perderão seus empregos e serão demitidos”. Dessa maneira, com o tempo, por pressão dos governantes, com estratégias desencorajadoras, muitos trabalhadores deixaram seus vínculos com os sindicatos, ao ponto de chegar em apenas 7% de sindicalizados no tempo em que esse documentário foi produzido (2014), comparando com o ano de 1970 que era de 25%, como consequência há um aumento significativo na desigualdade de salários e a perda de consciência de classe. 9º) CONSENTIMENTO NA PRODUÇÃO: Aqui Chomsky aborda o marketing maciço com o intuito de criar consumidores, surgindo as indústrias de publicidade e relações públicas, pois não é tão fácil controlar uma população à força, então controla-se pelas suas crenças e hábitos (atitudes), vendendo a necessidade, ao fabricar vontades , através de uma mudança na mente (com propagandas) muda-se atitudes e por consequência compra-se o que não é necessário com o dinheiro que não se tem. Para isso as indústrias de propaganda usam de várias técnicas e estratégias, para “alcançar” seu público. É citado pelo protagonista, um intelectual progressista dos anos 1920 Walter Lippman, que escreve famosos ensaios progressistas, que afirma que o público deve ser colocado no seu lugar, para que a elite possa tomar atitudes responsáveis, assim o povo é mero expectador e não participante, pois estará no sistema perfeito, baseado na díade, a pessoa com seu par (tv, celular, etc), menos com outras pessoas, ou seja, há uma desinformação daquilo que é adquirido – incluindo seus eleitos, e isso alimenta o ciclo vicioso. 10º) MARGINALIZAR A POPULAÇÃO: Esse princípio revela que o objetivo do sistema é corroer as relações sociais, em que as pessoas se odeiam e temem-se, preocupando-se somente elas próprias e não com as outras, cita-se o dia 15 de abril, dia em que acontece o pagamento de impostos, que deveria ser uma data comemorativa, onde pessoas se unem para auxiliar outras (com a tributação) numa democracia verdadeira, mas não é assim, o sentimento é de roubo daquilo que foi conquistado. Chomsky finaliza o documentário apontando algumas soluções para uma sociedade perfeitamente justa e livre: desmantelando autoridades ilegítimas, lutar o tempo todo de forma organizada, para que mudanças aconteçam, como a liberdade de expressão - um direito conquistado por ativistas. Citações: Tempo: 1 A desigualdade é sem precedentes 1’ 12’’ 2 James Madison, principal legislador acreditava na democracia tanto quanto qualquer um na época, no entanto, ele achou que o sistema nos Estados Unidos deveria ser criado, e , de fato, com sua iniciativa, ele foi elaborado, para o poder ficar nas mãos dos ricos, porque eles são os homens mais responsáveis. 7’ 24’’ 3 Se você ler os debates da Convenção Constitucional, Madison disse: “A maior preocupação da sociedade tem que ser proteger a minoria dos opulentos contra a maioria.....Então o sistema foi organizado para prevenir a democracia.” 8’ 06’’ 4 Nenhuma pessoa sensata pode questionar que o sistema americano está sob amplo ataque. 13’ 37’’ 5 O Sistema de comércio foi reconstruído com um design bem explícito de colocar trabalhadores competindo entre si no mundo todo. E isso leva a uma redução na parcela de renda por parte dos trabalhadores. 20’ 50’’ 6 Manter os trabalhadores inseguros os materá sob controle 22’ 35’’ 7 É verdade que em quase toda sociedade, os críticos são difamados ou matratados, de várias formas, dependendo da natureza da sociedade. 25’ 18’’ 8 A solidariedade é muito perigosa, do ponto de vista dos mestres, você só precisa se preocupar consigo, não com os outros. 9 Você quer destruir um sistema? Tire os fundos dele. 33’ 42’’ 10 Se uma comunidade, estado ou nação corajosamente investe uma substancial parcela de seus recursos na educação, o investimento retorna na forma de melhores negócios e um padrão mais alto de vida. 35’ 10’’ 11 Toda vez, o contribuinte é chamado para socorrer aqueles que criaram a crise, de forma crescente, as instituições financeiras. 41’ 11’’ 12 As pessoas que foram escolhidas para consertarem a crise foram as que criaram. 41’ 51’’ 13 Um conjunto de regras para os ricos, regras contrárias para os pobres 42’ 36’’ 14 Se querem ilegalmente organizar esforços e greves, vão em frente eles estão violando a lei e se não se apresentarem no trabalho em até 48 horas, perderão seus empregos e serão demitidos. 52’ 54’’ 15 No interesse do poder e privilégio, é bom tirar essas ideias da cabeça das pessoas. Você não quer que elas saibam que são uma classe oprimida. 54’ 17’’ 16 O público deve ser colocado no seu lugar, para que os homens responsáveis tomem decisões. 56’ 44’’ 17 A ideia é controlar todo mundo, transformar toda sociedade no sistema perfeito. 57’ 48’’ 18 A questão é criar consumidores desinformados que farão escolhas irracionais. É disto que se trata a publicidade. 59’ 10’’ 19 O que importa são os incontáveis pequenos atos de pessoas desconhecidas, que fundam as bases para os eventos significativos que se tornam história. 1h 09’ 50’’ Indicação da obra: professores de todas as áreas, pedagogos, acadêmicos de cursos ligados a economia, administração, educação, pós-graduandos em ensino.