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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – CCH ESCOLA DE ARQUIVOLOGIA JONATHAN DOS SANTOS COSTA ARQUIVOS MÉDICOS Rio de Janeiro 2021 2 JONATHAN DOS SANTOS COSTA ARQUIVOS MÉDICOS Trabalho teórico final da disciplina Arquivos Médicos sob orientação da professora Dra. Brenda C. B. Rocco como requisito parcial para aprovação. Rio de Janeiro 2021 3 RESUMO Cada vez mais, o registro de informações vem se tornando indispensável para a sociedade, por ser necessário nos processos de tomada de decisões e em pesquisas que melhoram significativamente a vida dos indivíduos. Destarte, faz-se mister a atuação de um profissional arquivista, por ser essencial no tratamento dos documentos produzidos e/ou recebidos, documentos estes, apontados como fontes informacionais fundamentais que colaboram diretamente para as tarefas administrativas, bem como para o emprego das obrigações essenciais na assistência médica. Portanto, indubitavelmente, o Arquivista deve aprender as práticas da documentação das instituições de saúde e ser o responsável por criar estratégias de ação para garantir a elaboração, o armazenamento e a disseminação do acervo documental, para facilitar a tomada de decisão sobre as ações a serem implementadas. Do Arquivista depende a eficácia da recuperação da informação: sua uniformidade, ritmo, integridade, dinamismo de acesso, pertinência e precisão nas buscas, pois será necessário na classificação, avaliação e descrição. Sua atuação pode influenciar no processo decisório das organizações e nas conclusões a que chegam os historiadores e pesquisadores a respeito da evolução e identidade da social. 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 5 2. O CONCEITO DE ARQUIVO ........................................................................................................ 6 3. OS ARQUIVOS MÉDICOS ............................................................................................................. 8 4. ARQUIVOS MÉDICOS E O PAPEL DO ARQUIVISTA .......................................................... 10 5. ACESSO À INFORMAÇÃO E O SIGILO DO PACIENTE ...................................................... 11 6. OS ARQUIVOS MÉDICOS E A INFLUÊNCIA NA PESQUISA.............................................. 13 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 15 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 16 5 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por finalidade elencar as principais definições de arquivo, o papel dos arquivistas e a sua relação com os arquivos médicos, visto que, para uma eficaz assistência e com a crescente demanda por informação, faz-se mister a gestão, o armazenamento e a recuperação de dados. São apontados conceitos aplicados pelos principais pensadores do mundo arquivístico, descrevendo as mais importantes características dos arquivos médicos bem como sua importância no que tange o mundo dos arquivos, quanto ao uso para pesquisa, sigilo e privacidade dos pacientes. Nessa perspectiva, é imprescindível o esclarecimento dos conceitos e das definições a respeito dos Portuários. Por conseguinte, é válido ressaltar a maneira com que um acervo bem gerido denota influência na assistência médica das unidades de saúde. O texto encontra-se estruturado da seguinte forma: a) O conceito de arquivo; b) Os arquivos médicos; c) Arquivos médicos e o papel do Arquivista; d) Acesso à informação e o sigilo do paciente; e) Os arquivos médicos e a influência na pesquisa. 6 2. O CONCEITO DE ARQUIVO O arquivo tem se desenvolvido ao longo dos tempos, a medida em que o homem começa a registrar as informações relacionadas a seu tempo, seu conceito vem se aperfeiçoando a cada dia. Percebe-se, diante de diversas definições, que há muito a se discutir, sobre a concepção dos arquivos. Dessa maneira, vale ressaltar como tudo se iniciou, e não se pode falar de arquivo sem antes definirmos o que vem a ser um documento. De acordo com Bellotto (2007), documento é o registro contido em uma determinada forma: Segundo a conceituação clássica e genérica, documento é qualquer elemento gráfico, iconográfico, plástico, ou fônico pelo qual o homem se expressa. É o livro, o artigo de revista ou jornal, o relatório, o processo, o dossiê, a carta, a legislação, a estampa, a tela, a escultura, a fotografia, o filme, o disco, a fita magnética, o objeto utilitário etc., enfim, tudo o que seja produzido, por motivos funcionais, jurídicos, científicos, técnicos, culturais ou artísticos, pela atividade humana. (BELLOTTO, 2007, p. 73). O arquivo não é identificado pelo seu suporte, e sim pela sua natureza e são oficiais de um órgão produtor. Jenkinson (1922) definiu os arquivos como: Documentos produzidos ou usados no curso de um ato administrativo ou executivo (público ou privado) de que são partes constituintes e, subsequentemente, preservados sob a custódia da pessoa ou pessoas responsáveis por aquele ato e por seus legítimos sucessores para a sua própria informação. (apud SCHELLENBERG, 2007, p. 36) Dessa maneira, Jenkison definiu que para se tornar arquivo o documento necessita ter finalidade administrativa ou executiva, sempre custodiados por uma pessoa que se torna responsável dessas informações. Os documentos de arquivo precisam ser imparciais e o responsável pela sua preservação deve garantir sua autenticidade. Casanova, em seu Manual Archivistica, publicado em 1928, define arquivo como A acumulação ordenada de documentos criados por uma instituição ou pessoa no curso de sua atividade e preservados para a consecução de seus objetivos políticos, legais e culturais, pela referida instituição ou pessoa. (apud SCHELLENBERG, 2007, p. 37) 7 A definição de Casanova especifica a origem, ou seja, documento ordenado e acumulado; a finalidade, que vem a ser preservar para um objetivo, seja ele político, legal ou cultural; e estipula quem será o acumulador e produtor, seja uma instituição ou pessoa. Brenneke define arquivos: Como o conjunto de papéis e documentos que promanam de atividades legais ou de negócios de uma pessoa física ou jurídica e se destinam à conservação permanente em determinado lugar como fonte e testemunho do passado. (apud SCHELLENBERG, 2007, p. 37) Nesse contexto, o arquivo surge como uma forma de prova, testemunho. E sua finalidade é determinada a partir do registro do passado. As definições adotadas pelos referidos autores apontam algumas características em comum, ao passo que, delimita o arquivo como parte de um órgão produtor. Partindo do pressuposto em que cada definição tem sua particularidade e seu contexto histórico, as características sempre são baseadas em um ponto focal, não importa em que suporte o documento esteja, o suporte não define o arquivo. As definições de termos no que tange o mundo dos arquivos estão em constante evolução. Entretanto, não podemos tomar como base apenas as definições, as práticas em arquivo são importantes pautas a serem discutidas. Do mesmo modo, a gestão dos arquivos e documentos são aspectos relevantes no mundo das informações. A gestão da informação é importante para o desenvolvimento do planejamento estratégico nas organizações e os arquivos estruturados auxiliam nessa gestão. A falta de informação adequada cria um problema informacional dentro de qualquerorganização e esses problemas podem ser identificados como deficiência informacional, causados pela indisponibilidade da informação necessária. O arquivo bem gerenciado proporciona uma melhora na assistência e na gestão de qualquer organização. Faz-se mister, adequar-se aos primórdios da eficiência gerencial arquivística, aplicando metodologias capazes de aprimorar o armazenamento, recuperação e disponibilização da informação. 8 3. OS ARQUIVOS MÉDICOS O registro de informações, gradativamente, vem se tornando indispensável para a sociedade, por ser necessário nos processos de tomada de decisões e em pesquisas que melhoram significativamente a vida dos indivíduos. Não é diferente quando se trata de arquivos médicos, que são os arquivos responsáveis por todo o histórico dos pacientes, e dependendo da sua eficiente organização melhora a assistência médica e a organização da unidade de saúde. De acordo com Santos e Freixo, o prontuário: Serve como elemento de comunicação entre os vários setores do hospital e entre os diferentes atores envolvidos, sendo o repositório de um conjunto rico de informações, capazes de gerar conhecimento, não somente no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento prescrito nas enfermidades de cada paciente, como também importante fonte de informações sobre diversas patologias, seu histórico, desenvolvimento, prescrições, cura ou medidas paliativas. (SANTOS; FREIXO, 2011, p.2). Com base nos mesmos autores, observamos que o prontuário é um instrumento que, legalmente, comprova o atendimento prestado. Ele deve ser elaborado e manuseado com cuidado, para garantir a integridade de seus elementos. Cada documento médico tem um tratamento específico, e sua elaboração e utilização pode servir de defesa ou acusação, pois possibilita uma análise de tudo que ocorreu com o paciente. Ademais, prontuários, são registros que contém informações sobre aspectos físicos, mentais, emocionais e pessoais de cada paciente. São documentos importantes para pesquisas clínicas e médicas, pois auxiliam na história das especialidades médicas e na história social das doenças. A Resolução Conselho Federal de Medicina - CFM nº 1.638, de 9 de agosto de 2002, em seu artigo 1º, define o prontuário como: O documento único constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo. (BRASIL, 2002) Fica evidente que não apenas o prontuário é produzido no cotidiano hospitalar, porém é o que mais se destaca, pois é considerado documento sigiloso, afinal nele estão registradas informações pessoais referentes aos cuidados médicos e serviços realizados ao paciente. 9 Marques (2008) afirma que a importância do prontuário: [...] se dá pelo fato de ser um instrumento valioso não só para o paciente, mas também para o médico e demais profissionais de saúde, para as unidades prestadoras dos serviços de saúde, sejam elas clínicas, consultórios ou hospitais, para fins estatísticos com fornecimento de dados para as pesquisas e estudos e para os serviços de auditorias internas e externas que fazem a fiscalização da qualidade do atendimento oferecido. (MARQUES, 2008, p.25). Sobre o exposto, destacamos que a informação contida nos prontuários é o elemento principal na tomada de decisões das unidades de saúde, por ser essencial para a assistência, o cuidado e o gerenciamento em saúde. A qualidade da informação em uma unidade de saúde, assim como a celeridade na recuperação e nos processos administrativos é o resultado de um gerenciamento adequado dos prontuários médicos, de forma em que se torna um diferencial para qualquer unidade quando o arquivo médico é bem gerenciado. Destarte, faz-se mister a atuação de um profissional arquivista, por ser essencial no tratamento dos documentos produzidos e/ou recebidos, documentos estes, apontados como fontes informacionais fundamentais que colaboram diretamente para as tarefas administrativas, bem como para o emprego das obrigações essenciais na assistência médica. 10 4. ARQUIVOS MÉDICOS E O PAPEL DO ARQUIVISTA O Arquivista é visto como o profissional responsável pela implementação da gestão documental como forma de melhorar o atendimento e otimizar processos internos e externos, bem como a produção e o fluxo documental, garantindo o sigilo das informações e a rastreabilidade dos acessos. O Arquivista garante a recuperação da informação através de mecanismos eficientes de gestão. Como profissional da informação, o Arquivista deve aprender as práticas da documentação das instituições de saúde e ser o responsável por criar estratégias de ação para garantir a elaboração, o armazenamento e a disseminação do acervo documental, para facilitar a tomada de decisão sobre as ações a serem implementadas. Arquivos médicos são arquivos especializados, e seu acesso, uso e manuseio deve ser autorizado e resguardado pelo profissional Arquivista. Os arquivos médicos assim como qualquer arquivo deve ser gerenciado por um profissional arquivista. De acordo com Bellotto (2004), Do Arquivista depende a eficácia da recuperação da informação: sua uniformidade, ritmo, integridade, dinamismo de acesso, pertinência e precisão nas buscas, porque terá havido precisão na classificação, avaliação e descrição. Sua atuação pode -e muito- influir no processo decisório das organizações e nas conclusões a que chegam os historiadores a respeito da evolução e identidade da sociedade. (BELLOTTO, 2004, p. 5) Diante do que foi apresentado, pode-se destacar que não apenas os historiadores, mas também os pesquisadores da área de saúde se beneficiam com informações sobre os documentos e registros médicos bem armazenados. Para que isto ocorra, é essencial uma gestão e planejamento eficiente dos arquivos médicos, para garantir o pleno aproveitamento das informações. O profissional arquivista deve ser protagonista na atuação em qualquer arquivo, por ser capaz de gerir de forma eficiente os acervos e possibilitar a recuperação da informação. 11 5. ACESSO À INFORMAÇÃO E O SIGILO DO PACIENTE O prontuário médico é a junção de vários documentos que registram informações de procedimentos, exames, intimidades e condições do paciente. É um documento sigiloso e exclusivo do paciente e só pode ser liberado mediante autorização dele. De acordo com a Constituição Federal (1988), no artigo 5º, inciso X, “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;” Entretanto, a Resolução nº 2.217, de 27 de setembro de 2018, que aprova o código de Ética Médica pelo Conselho Federal de Medicina, garante sigilo sob condições específicas de liberação, se o paciente autorizar. O Código, em seu artigo 89, proíbe o médico de: Liberar cópias do prontuário sob sua guarda exceto para atender a ordem judicial ou para sua própria defesa, assim como quando autorizado por escrito pelo paciente. § 1º Quando requisitado judicialmente, o prontuário será encaminhado ao juízo requisitante. § 2º Quando o prontuário for apresentado em sua própria defesa, o médico deverá solicitar que seja observado o sigilo profissional. (BRASIL, 2018) Diante disso, qualquer utilização das informações do paciente, sem consentimento, é considerada como violação do segredo profissional. O Código Penal Brasileiro, sob Decreto Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, no artigo 154, deixa claro que “revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão,e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. [...]” No que diz respeito aos prontuários dos pacientes, principal fonte de informações sensíveis, além de ser resguardado pelo Código de Ética Médica, também se destaca a Resolução do Conselho Federal de Medicina - CFM nº 1.605, de 15 de setembro de 2000, que trata da necessidade de consentimento para o compartilhamento de informação do prontuário e ficha médica. A lei nº 13.709/18, denominada Lei de Proteção de Dados – LGPD, que passou a vigorar em setembro de 2020, pautada nos dados pessoais, inclusive nos meios digitais, vislumbra proteger a privacidade e a intimidade do indivíduo. A Lei de Proteção de Dados – LGPD (2018), em seu artigo 5, considera: 12 I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável; II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural; III - dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser identificado, considerando a utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu tratamento (...). (BRASIL 2018) Diante disso, afirmamos que os dados pessoais são privados e de responsabilidade do indivíduo. A LGPD tem como fundamentos o respeito à privacidade, os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania, a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem. Em seu artigo 52 relata as sanções administrativas, tais como, suspensões, bloqueios, proibições, multas, aplicadas pela autoridade nacional, caso ocorra infração das normas e violação dos direitos dos indivíduos. Segundo a Lei de Proteção de Dados – LGPD (2018), O tratamento de dados pessoais sensíveis somente poderá ocorrer nas seguintes hipóteses: I - quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma específica e destacada, para finalidades específicas; II - sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóteses em que for indispensável para: a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador; b) tratamento compartilhado de dados necessários à execução, pela administração pública, de políticas públicas previstas em leis ou regulamentos; c) realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais sensíveis;[...]. (BRASIL, 2018) Vale ressaltar que as informações além de serem sigilosas são muito importantes para os indivíduos e para a sociedade. Fazendo um bom uso das informações adquiridas, grandes pesquisas e estudos podem ser desenvolvidos a partir dos prontuários e registros médicos. Porém, é preciso levar em consideração a privacidade e os direitos do indivíduo. 13 6. OS ARQUIVOS MÉDICOS E A INFLUÊNCIA NA PESQUISA Hodiernamente, muitas pesquisas são realizadas com dados médicos autorizados, seguindo padrões vigentes em normas e resoluções, com a finalidade de resguardar a privacidade dos indivíduos. O Código de Ética Médica do Conselho Federal de Medicina – CFM Nº 2.217/2018, em seu artigo 54, prenuncia que é indispensável a autorização do paciente ou de seu representante legal para o compartilhamento de informações entre os médicos. Sobretudo, nos artigos 73 e 74, vedam o compartilhamento quando “revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão”; “revelar sigilo profissional relacionado a paciente criança ou adolescente, desde que estes tenham capacidade de discernimento, inclusive a seus pais ou representantes legais “e “quando o consentimento for obtido e após as devidas explicações sobre a natureza e as consequências da pesquisa.” Outrossim, permite o compartilhamento quando “houver motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente.” e “quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente”.1 A Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 251, de agosto de 1997, trata de Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. As pesquisas objetivam a criação de medicamentos ou tratamentos contra doenças e identificação de efeitos colaterais. As pesquisas são importantes para o desenvolvimento de tratamentos de doenças, contudo a resolução visa resguardar os pacientes e garante a segurança dos estudos realizados. A coleta dos dados pode ocorrer de diversas maneiras, como a coleta primária através de uma ficha clínica, como também através do cruzamento de dados de saúde autorizados. Muitas pesquisas realizadas atualmente utilizaram dados clínicos com informações de pacientes, dados como exames, prontuários, dados fornecidos pelos pacientes e dados cruzados em clínicas. Os dados auxiliam na confecção dos estudos e apontam fatos importantes para a sociedade. A exemplo do que foi exposto, aponta-se um estudo realizado sobre a Covid-19, onde a descoberta pode ajudar os profissionais da saúde a preverem qual é o tratamento ideal para cada tipo de paciente. Os dados foram coletados diretamente dos pacientes e revela três 1 Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/48226289/do1- 2018-11-01-resolucao-n-2-217-de-27-de-setembro-de-2018-48226042. Acesso em: 13 de maio de 2021 14 tipos diferentes de resposta imunológica entre pacientes infectados pela Covid-192. Não obstante, muitos outros estudos foram e estão sendo realizados, com resultados satisfatórios, buscando informações diretamente com o paciente ou até mesmo cruzando dados de diversas unidades de saúde. Os arquivos sobre os históricos de doenças são fundamentais para pesquisa e desenvolvimento de novos tratamentos e novas vacinas, especialmente, em relação a epidemias, pandemias e outros agravantes com grandes doenças infecciosas. O arquivista é importante nesse cenário, por ser o profissional que pode propor mecanismos e ferramentas essenciais para a recuperação das informações. A pandemia para combater a COVID-19 mudou e forçou uma reestruturação das atividades e dos serviços para adaptação à nova realidade. O mundo não estava preparado para grandes mudanças e o isolamento impôs uma situação desafiadora. Todavia, novos estudos e novas maneiras de olhar o mundo foram se desenvolvendo. A crescente evolução dos serviços eletrônicos possibilitou, forçosamente, o alcance das pessoas à tecnologia. No entanto, o desafio é quebrar as barreiras informacionais e expandir o conhecimento pelo mundo. O profissional arquivista é de suma importância para que o acesso à informação aconteça, porém é essencial adaptar-se às novas tecnologias, se atualizando à nova era sem barreiras físicas. O mundo digital é o novo mundo. 2Disponível em :https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/07/15/estudo-revela-tres-tipos- diferentes-de-resposta-imunologica-entre-pacientes-infectados-pela-covid-19.ghtml 15 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se, portanto, que o arquivo é parte fundamental de qualquer organização, e bem gerenciado faz com que a recuperação eficiente das informações aconteça. Destarte, o profissional arquivista é peça chave nesse cenário, por ser capaz de aplicar ações que favoreçam a recuperação das informações. Recuperar e gerir as informações é preservar a história, é cultivar a ciência, é fazer valer o direito e dever de todo cidadão. Os arquivistas, como responsáveis por garantir o armazenamento, tratamento, gestão e disseminação da informação, são essenciais em ambientes em que tratam de documentos de arquivo, principalmente, em locais em que os arquivos fazem parte de um rico repertório de evolução social, histórica e econômica do país.16 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVISTAS HOLANDESES. Manual de arranjo e descrição de arquivos. 2. ed. Trad. Manoel A. Wanderley. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1973. [1ª. ed. original: 1898]. BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos Permanentes: tratamento documental. Rio de Janeiro: FGV, 2007. _________________________. O arquivista na sociedade contemporânea. 2004b. Disponível em: < https://www.marilia.unesp.br/Home/Extensao/CEDHUM/texto01.pdf>. Acesso em: 10 maio. 2021. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. _______. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. ________. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm Acesso em: 13 maio 2021. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM - Brasil). Código de ética médica. Resolução nº 1.605/2000. Brasília, 2000. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/resolucoes/BR/2002/1638_2002.pdf . Acesso em: 13 de maio 2021 ___________________________________________ Código de ética médica. Resolução nº 1.638/2002. Brasília, 2002. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2002/1638 . Acesso em: 13 de maio 2021 ___________________________________________Código de ética médica. Resolução nº 2.217/2018. Brasília, 2018. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/- /asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/48226289/do1-2018-11-01-resolucao-n-2-217-de-27-de- setembro-de-2018-48226042 . Acesso em: 13 de maio 2021 MULLER, S. FEITH; A, FRUIN, R Manual de Arranjo e descrição de arquivos. Preparado pela Associação dos Arquivistas holandeses. Trad. de Manoel Adolpho Wanderley. 2 ed. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1973, P.13-39. MARQUES, Willian Agostinho. Arquivo Permanente da Casa de Saúde São Sebastião: Prontuário Médico do Paciente. Trabalho de Conclusão do Curso de Biblioteconomia. Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Florianópolis, 2008. SANTOS, Nanci Moreira dos; FREIXO, Aurora Leonor. A gestão do prontuário do paciente com ênfase na atuação da Comissão de Revisão de Prontuários. III SBA – Simpósio Baiano de Arquivologia. Políticas arquivísticas na Bahia e no Brasil. Salvador: Bahia, outubro de 2011. SCHELLENBERG, Theodore R. Arquivos Modernos: Princípios e Técnicas. 6. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
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