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1 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 Hipo e Hipertireoidismo HIPERTIREOIDISMO O termo hipertireoidismo primário é usado quando a fonte do problema (do excesso hormonal) está na glândula tireoide e não na hipófise ou hipotálamo. Contudo, nem todo estado de excesso de hormônio tireoidiano é um hipertireoidismo... Este último refere-se à hiperfunção da glândula tireoide, devendo ser diferenciado do termo (mais genérico) tireotoxicose. QUAL A DIFERENÇA ENTRE HIPERTIREOIDISMO E TIREOTOXICOSE? ➔ Hipertireoidismo: excesso de produção da própria tireoide, resultando no aumento da síntese de hormônios tireoidianos circulantes. O hipertireoidismo leva à tireotoxicose. ➔ Tireotoxicose é da síndrome clínica decorrente de um aumento de hormônios tireoidianos circulantes, independente da etiologia. ➔ Nem toda tireotoxicose é um hipertireoidismo. ➔ Crise tireotóxica: condição aguda emergencial muito relacionada a Graves. Deve ser suspeitada em pacientes com tireoidopatias. Se manifesta com os mesmo achados da tireotoxicose, porém tão exacerbados que levam à disfunção orgânica cerebral, cardíaca, etc. As manifestações neurológicas são as mais importantes para caracterizar a crise . Confusão, delirium, agitação e psicose franca podem evoluir par obnubilação, estupor e coma. Outros sinais e sintomas clássicos são: febre alta, insuficiência cardíaca de alto débito, hipertensão com PA divergente, FA aguda, icterícia por insuficiência hepática , náuseas e vômitos. As principais drogas empregadas são o propiltiouracil, o iodo, o propranolol e a dexametasona. o Propiltiouracil (DAT que inibe conversão periférica de T4 em T3); o Propanotol (diminui sintomatologia adrenérgica e diminui conversão periférica de T4 em T3) ;[ o Dexametasona (também diminuem conversão periférica de T4 em T3) o Iodo (efeito Wolf-Chaikoff = indução ao hipodireoidismo pela adiministração de iodo, fazendo feedback negativo e diminuindo produção tireoidiana) 2 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 DOENÇA DE GRAVES: Doença autoimune causada por uma hiperestimulação do anticorpo antirreceptor do TSh, o TRAb. Ele estimula excessivamente a tireoide, a qual produz hormônios tireoidianos em grande quantidade. É a causa mais comum de tireotoxicose (80%). QUAL A EPIDEMIOLOGIA? ➔ Mulheres jovens com pico na 2ª a 4ª década – pico de inscidência. Obs: pode acontecer em outras faixar etária, apenas é menos comum. ➔ Associada com outras doenças autoimunes → uma doença autoimune geralmente acompanha outra. Exemplo: DM1, vitiligo, doença celíaca, entre outras, associada à Graves. ➔ Tempo de evolução prolongado. ➔ Existe, na doença de Graves, uma predisposição familiar importante, com cerca de 15% dos pacientes apresentando um parente com a mesma desordem. ➔ Há também um aumento da incidência dessa desordem em pessoas que tem dieta rica em iodo. QUAL A BASE DA FISIOPATOLOGIA? A etiologia ainda é desconhecida, porém sabe-se que é uma doença autoimune, na qual linfócitos B sintetizam anticorpos contra os receptores de TSH localizados na tireoide → o TRAb. Eles se ligam à glândula, estimulando-a e desempenhando funções do TSH: aumento da glândula, aumento da vascularização e produção de hormônios tireoidianos circulantes. QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS? ➔ Perda de peso, apesar do aumento de apetite; ➔ Palpitações / taquicardia; ➔ Tremores; ➔ Irritabilidade e ansiedade; ➔ Pele quente e úmida; ➔ Sudorese; ➔ Perda de cabelo; ➔ Intolerância à calor; ➔ Ritmo intestinal aumentado; ➔ Hipermenorreia; ➔ Astenia; ➔ Insônia. Obs: sintomas em Graves são exuberantes. QUAIS OS ACHADOS NO EXAME FÍSICO? ➔ Bócio difuso e simétrico; Obs: pode-se observar sofro, frêmitos na glândula = resultado da hipervascularização local. Obs2: qualquer paciente que tenha hipertireoidismo e bócio difuso, é sim doença de Graves até que se prove ao contrário. ➔ Oftalmopatia: presente em 20 a 40% dos casos. Ela se manifesta com exoftalmia ou proptose bilateral, olhar fixo, retração palpebral e edema eriorbitário. Obs: a fisiopatologia da oftalmopatia em Graves é justificada pelo anticorpo TRA b, o qual além de aumentar produção de hormônios tireoidiano, ele age contra a musculatura extra-ocular e gordura retobulbar, de forma que aumenta o volume → aumenta pressão intra-orbitária → produção ocular e diminuição da drenagem venosa = oftalmopatia. Obs2: a oftalmopatia pode ser unilateral, porém é menos comum. No entanto, diante de um paciente com exoftalmia unilateral, precisamos pedir um exame de imagem de crânio para afastar causas locais de acometimento ocular unilateral, como aneurismas. ➔ Dermopatia (mixedema pré-tibial) → pode aparecer (5 a 10% dos casos), mas não acontece nas outras tireotoxicoses, então se aparecer é Graves. 3 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 o espessamento da pele, principalmente pela região pré-tibial. Apresenta-se em placas com aspecto “casca de laranja”. QUAIS OS ACHADOS LABORATORIAIS DE GRAVES? ➔ Precisamos pedir TSH, T3, T4l e TRAb. ➔ TSH baixo (feedback negativo, por hormônios tireoidiano circulante altos). ➔ T3 e T4l altos. ➔ TRAb alto (se negativo, não exclui graves, mas se positivo é confirmado Graves). ➔ Anti-TPO alto (80% das vezes) → marcador de doença autoimune tireoidiana, mas que é mais típico na tireoidite de Hashimoto. ➔ Também são encontrados: o Leucopenia (comum); o Anemia normo normo (pode ocorrer); o Pode ter hipercalemia; o A hiperbilirrubinemia acontece em casos muito graves. EXAME DE IMAGEM: os exames radiológicos não são necessários quando temos confirmação de TSH baixo e TRAb elevado, mas a USG é necessária quando há presença de nódulos. ➔ Cintilografia com capacitação de iodo (diz se está normofuncionante, hiperfuncionante difusamente ou só uma parte da tireoide): em Graves mostra hiperfunção difusa. ➔ USG de tireoide: bócio importante, pseudonódulos. QUAL O TRATAMENTO? São 3 opções de tratamento: 1. Drogas antitireoidiana: 1ª escolha no Brasil. o Metimazol: vantagem de ser mais barato e dose única diária. É a droga de escolha. o PTU – propiltiouracil: vantagem é que inibe a conversão de T4 em T3 → ajuda na sintomatologia. Desvantagem é precisar usar de 2/3 vezes no dia. É escolhido quando gestantes no primeiro trimestre, crise tireotóxica e nos pacientes com contraindicação ao metimazol e outros métodos terapêuticos. Atenção! Se T3 e T4L altos e ao mesmo tempo TSH alto: 1°- Repetir exame. Se ainda positivo: 2°. Tumor tireoidiano produtor de TSH (raro). 4 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 o Inicialmente podemos associar aos antitireoidianos com betabloqueadores, com objetivo de diminuir as manifestações adrenérgicas da tireotoxicose. 2. Radioterapia: 1ª escolha nos EUA e europa. Risco de evoluir para hipotireoidismo pela destruição do tecido tireoidiano. Está contraindicado na gravidez e amamentação. 3. Cirurgia: a menos indicada. Fazer quando o bócio é muito volumoso, suspeita de câncer e 2° trimestre de gestação. Marcador de tratamento efetivo: TRAb normalizar. NÓDULO AUTÔNOMO TÓXICO – DOENÇA DE PLUMMER A doença de Plummer é caracterizada por um nódulo tireoidiano autônomo hiperfuncionante que produz quantidades não fisiológicas de hormônios tireoidianos, causando o hipertireoidismo. É um nódulo benigno = adenoma. EPIDEMIOLOGIA ➔ Sexo feminino > masculino – acometendo mais idosos. ➔ Nódulo 100% benigno = adenoma tireoidiano tóxico. QUAIS OS ACHADOS CLÍNICOS? 5 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 ➔ Clínica é mais branda que Graves. ➔ O que mais chama atenção aqui são SINTOMAS CARDIOVASCULARES; ➔ Palpitações; ➔ Insônia; ➔ Alterações de humor; ➔ Tremores nas extremidades; ➔ Presença de nódulo na tireoide – maior que 3 cm. ➔ Não tem bócio, nem oftalmopatia QUAIS OS ACHADOS LABORATORIAIS? ➔ T3 e T4L altos. ➔ TSH baixo. ➔ Não tem TRAb. QUAIS EXAMESDE IMAGEM AJUDAM NO DIAGNÓSTICO? ➔ Cintilografia: acha-se um nódulo hipercaptante quente = diagnóstico confirmado. ➔ USG tireoide: nódulo grande. QUAL O TRATAMENTO? O tratamento do adenoma tóxico pode ser feito por quatro modalidades: (1) administração de radioiodo 131I; (2) cirurgia: nodulectomia; e (3) alcoolinização: injeção percutânea do nódulo com etanol guiada por ultrassonografia; e (4) Betabloqueador + drogas antitireoidianas TRANSITORIAMENTE. TIREOTOXICOSE NA TIREOIDITE AUTOIMUNE As tireoidites começam com uma inflamação e destruição glandular, o que pode liberar subitamente os hormônios previamente armazenados na tireoglobulina do coloide folicular. Assim, os pacientes desenvolvem uma tireotoxicose transitória (T4 livre elevado e TSH suprimido), quase sempre sucedida pelo hipotireoidismo, já que a glândula foi lesada. EPIDEMIOLOGIA ➔ Sexo feminino principalmente; ➔ Idade variável. ACHADOS CLÍNICOS: ➔ Mesmo achados que em Graves, porém em menor intensidade e transitório. ➔ Palpitações; ➔ Tremores; ➔ Sudorese; ➔ Queda de cabelo; ➔ Perda de peso.... EXAME FÍSICO: 6 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 ➔ Não tem oftalmopatia e nem dermopatia. ➔ Pode ter bócio (menor) → por isso grande diagnóstico diferencia de Graves. QUAL OS ACHADOS LABORATORIAIS? ➔ T3, T4L altos. ➔ TSH baixo. ➔ TRAb negativo. ➔ Anti TPO e/ou ATT positivos → anticorpos inflamatórios. QUAIS OS ACHADOS NO EXAME DE IMAGEM? ➔ Cintilografia: hipocaptação ➔ Nesse caso NÃO TEM HIPERTIREOIDISMO, tem apenas tireotoxicose (glândula não ta produzindo, foi lesada e os hormônios foram soltos). QUAL O TRATAMENTO? ➔ Não damos DAT porque a tireoide está inflamada/destruída, então estimular ainda mais a tireoide irá “soltar” mais hormônios, podendo causar um hipertireoidismo severo. ➔ Beta bloqueador para diminuir sintomatologia adrenérgica. MEGA REVISÃO: 7 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 HIPOTIREOIDISMO O hipotireoidismo é uma síndrome clínica ocasionada por síntese/secreção insuficiente ou ação inadequada dos hormônios tireoidianos nos tecidos, resultando em lentificação generalizada do metabolismo. ➔ Em suas formas mais graves ocorre deposição de mucopolissacarídeos (glicosaminoglicanas) na derme, gerando um edema (sem cacifo) conhecido como mixedema. CLASSIFICAÇÃO: 1. Hipotireoidismo primário: falência tireoidiana → 90% dos casos. o Hashimoto, tireoidites subagudas, pós-parto ou pós tratamento de Graves, hipotireoidismo congênito, uso de drogas como amiodarona... 2. Hipotireoidismo secundário: deficiência do TSH por falência hipofisária. 3. Hipotireoidismo terciário: deficiência hipotalâmica de TRH. ➔ A secundária e terciária são chamados juntos de hipotireoidismo central. COMO DIFERENCIAR? ➔ Hipotireoidismo primário: T4L baixo e TSH alto → dá levotiroxina. ➔ Hipotireoidismo secundário: T4L baixo + TSH baixo → antes de tratar, identificar se a causa é deficiência hipofisária, para depois tratar. QUAIS OS SINTOMAS? Os principais são: ➔ Ganho de peso; ➔ Letargia; ➔ Constipação; ➔ Rouquidão; ➔ Intolerância ao frio; ➔ Extremidades frias e secas; ➔ Fraqueza e fadiga. 8 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 ✓ A grande maioria é fácil entender que é pela lentificação do metabolismo. ✓ Rouquidão: acúmulo de glicosaminoglicanos nas cordas vocais. ✓ HAS secundária: acúmulo de glicosaminoglicanos nos vasos, reduzindo seu diâmetro, assim aumentando a resistência periférica. ✓ Mixedema generalizado: ocorre justamente pelo depósito de mucopolissacarídeo na pele, formando edema sem cacifo! ✓ Bócio: mecanismo compensatório da tireoide de tentar produzir mais hormônios. ✓ Derrame pleural ou pericárdio ou ascite ou edema facial: todos são justificados pela lentificação da circulação da linfa, de forma que há derramamento de líquido. ✓ Pseudodemência: comum em idosos – diagn´stico diferencial de Alzheimer TRATAMENTO: ➔ Levotiroxina: T4. ➔ Orientar ingestão do fármaco pela manhã ainda em jejum – 30 minutos antes da alimentação. TIREOIDITE DE HASHIMOTO Causa mais comum do hipotireoidismo. É uma doença autoimune que destrói aos poucos o tecido tireóideo. No inicio, essa destruição acaba causando um quadro de hipertireoidismo, pois, pela destruição, há liberação de hormônios que estão armazenados no folículo. Com o avanço do quadro, o paciente vai regredindo ao estado normal e depois ao hipotireoidismo (pode levar anos essa evolução). ➔ Mais prevalente em mulheres. ➔ História familiar positiva de doenças tireoidianas aumenta chances. ➔ Muito associada à outras doenças autoimunes. ACHADOS CLÍNICOS CARACTERÍSTICOS: ➔ Bócio indolor, firme e mais elástico que o normal. Pode ser liso ou nodular. ➔ Sinais e sintomas de hipotireoidismo. ➔ No inicio tem sintomas de hipertireoidismo. QUAIS OS ACHADOS LABORATORIAIS? 9 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 ➔ TSH alto. ➔ T4L baixo. ➔ Esses dois podem estar normais no inicio. ➔ Anti-TPO e anti-TGB altos. TRATAMENTO? ➔ Levotiroxina. ➔ Cirurgia: indicafa quando o bócio é grande o suficiente para compressão significativa das estruturas cervicais, ou quando há nódulos malignos. Anticorpos da tireoide: → NÃO FAZEM DIAGNÓSTICO SOZINHOS Existem três: TRAb, anti-TPO e anti-tireoglobulina (anti-TGB). Ter o anticorpo no sangue não significa obrigatoriamente que o paciente apresentará o hipo/hipertireoidismo. Eles só vão ajudar a encontrar etiologia. ➔ Anti-TPO: o Mais relacionado com a tireoidite de Hashimoto – 90% dos casos têm anti-TPO positivo. o Positivo em 80% dos casos de Graves. o Quanto maior o valor encontrado no sangue, maior probabilidade de presença da doença autoimune. ➔ Anti-TGB: a tireoglobulina é uma substância precursora dos hormônios da tireoide. o Positivo em 80 a 90% d os casos de Hashimoto → acompanhando o anti-TPO. (pouco comum encontrar um deles positivo e outro negativo EM Hashimoto). o Pode estar presente em Graves. ➔ TRAb: o Presente em 95% dos casos de Graves. o Apenas em 20% de Hashimoto. o Não é comum encontra-lo positivo em pessoas sadias, como acontece com os outros dois anticorpos. o Se positivo, muito indicativo de TRAb, porém se negativo apenas sabemos que não deve ser Graves, por isso a cintilografia com capitação de iodo é o melhor método para diferenciar as causas de hipertireoidismo.
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