Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 Raciocínio Neurológico Observação (sinais e sintomas) → hipóteses (suspeitas) → aceita/rejeita (diagnóstico) → diagnóstico sindrômico (junção de todos os achados da anamnese + exame físico) → diagnóstico topográfico (local do SNC) → diagnóstico etiológico. I. ANAMNESE NEUROLÓGICA : ➔ Queixa principal. ➔ Identificar desde o início se há doenças prévias ou crônicas que são importantes para contextualizar o problema neurológico. ➔ HMA: pontos importantes: ✓ Orientar relato em ordem cronológica. O tempo de evolução é muito importante nos pacientes neurológicos. ✓ Período exato de início dos sintomas. ✓ Constantes ou intermitentes? ✓ Caracterização: verificar caráter, duração, frequência, intensidade e relação com fatores externos. ✓ Irradia? ✓ Frequência: avaliar se sintoma avança ou regride – associar se há variação sazonal, diurna ou noturna. ✓ Melhora com medicamento? Diagnóstico sindrômico: (síndrome é o conjunto de achados na anamnese e exame físico, por onde que vamos tentar reconhecer qual a função está acometida e depois se questionar qual a doença). Exemplo: “fraqueza MMII há 3 dias” pode ser: ➔ Síndrome do neurônio motor: o neurônio motor é a junção da medula e tronco encefálico que desempenha integração de impulsos nervosos do SNC e atividade muscular. As patologias afetam o neurônio motor causam apoptose neuronal, gerando fraqueza muscular e outros achados. A depender da localização acometida, a clínica é totalmente diferente: • Superior: área motora primária, giro pré-central, até raiz anterior do nervo espinal. Emite impulsos para NM inferior – unidade motora. Característica clínica: hiperreflexia e hipertonia, por perda do comando de inibição e controle dos movimentos, • Inferior: porção anterior da substância cinzenta na medula e se distribui pelas fibras musculares. Caracterizado por hiporreflexia, hipotonia, por perda do transporte da informação até o musculo. Diagnóstico topográfico: localização nos ajuda a entender a fisiopatologia e achar a etiologia. Exemplo: é no encéfalo? Meninges? Localização do encéfalo (afasia visual/motora/verbal...). Diagnóstico etiológico: a etiologia tem que justificar para os achados. Exemplo: existem várias etiologias possíveis para síndrome do NM superior e inferior, e cada uma delas são diferentes uma das outras. 2 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 ✓ Marcos principais da doença: quando o paciente considerou que estava bem pela última vez, quando precisou parar de trabalhar, quando começou a usar um dispositivo auxiliar, quando foi forçado a ficar acamado. ➔ ANTECEDENTES PESSOAIS E FAMILIARES: ✓ História pregressa de doenças sistêmicas atuais, crônicas e passadas são importantes. ▪ Histórico de câncer: preocupação de metástase e síndromes paraneoplásicas; ▪ IAM ou valvulopatia: atenção para doença cerebrovascular. ▪ Doenças genéticas na família. ✓ Vegetarianos ou história de cirurgia gástrica ou DII: atenção para deficiência de B12. ✓ Condições pré-natais, do nascimento e desenvolvimento neuropsicomotor; ✓ Hábitos de vida: especialmente para etilismo, tabagismo, fármacos, café, chá → substâncias que podem causar abstinência. ✓ Comportamento sexual de risco? ✓ História familiar: doenças? Câncer? Diabetes? HAS?.... importante perguntar sobre enxaqueca, epilepsia, doença cerebrovascular, distúrbios de movimento, miopatias e doença cerebelar. ➔ ANTECEDENTES MÉDICOS: ✓ Hospitalizações, cirurgias, acidentes ou lesões. ✓ Em especial perguntar: traumatismo cranioencefálico, doenças infecciosas, doenças sexualmente transmissíveis, anomalias congênitas, alimentação e padrões de sono. ✓ Medicações: importante pelos efeitos colaterais. ✓ Vacinações: questionar sobre poliomielite e sarampo, por exemplo. ✓ Hemotransfusão? ➔ INTERROGATÓRIO SISTEMÁTICO: importante para ver se temos alguma pista de algum outro sistema acometido. II. MINI EXAME DO ESTADO MENTAL : ferramenta serve como triagem, pois destaca o estado cognitivo da pessoa. Se houver queixa de dor: 1. Localização; 2. Caráter ou qualidade; 3. Intensidade; 4. Sintomas associados; 5. Episódica? Qual a frequência, duração e fatores de piora, melhora e precipitantes. Pela CRONOLOGIA: • Abrupto seguido de melhora = pensar em traumatismo e eventos vasculares. • Início gradual avanço variável = doenças degenerativas. • Início gradual e avanço contínuo = tumores. • Início súbito, mas geralmente não drástico = infecções. 3 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 III. EXAME FÍSICO : ➔ FORÇA MUSCULAR: ✓ Nomenclaturas: paresia (perda parcial da força), paralisia (perda total da força) e plegias (perda total dos movimentos e força muscular); ✓ Força contra gravidade X força contra resistência aplicada: ✓ Comparar com os dois lados. ✓ Escala da força: 0 é plegia e 5 é força normal. ➔ TÔNUS: movimentações passivas nos membros inferiores e superiores do paciente para checar a resistência do músculo ao movimento. ➔ REFLEXOS: resposta automática a determinado estímulo. Importante caracterizar. ✓ Superficiais: estímulo cutâneo e tem uma resposta motora a ele. • Cutâneo plantar: resposta normal é flexão dos dedos. Se extensão = sinal de babinski. • Cutâneo abdominal: estimula o abdome do paciente no sentido da linha mediana em três níveis: superior, médio e inferior. A resposta normal é a contração da musculatura abdominal com um leve deslocamento da cicatriz umbilical para o lado estimulado. • Classificação: ausente, presente ou se mudança de padrão, como em babinski. ✓ Profundos: estímulo motor com resposta motora. • O estímulo é feito pela percussão com o martelo de reflexos do tendão do músculo a ser examinado. • Aquileu, patelar, flexor dos dedos, supinador.... • Classificação ao lado. Obs: CLÔNUS são movimentos involuntários e fortes por um estiramento súbito do músculo → se presente, consideramos patológico (GRAU 4). ➔ SENSIBILIDADE: é testada dolorosa, vibratória, térmica. ➔ EQUILÍBRIO: ✓ Avaliar postura: base (ampla? Normal?), oscilação ou quedas? Sinal de romberg (perda de equilíbrio com os pés juntos e de olhos fechados)? 4 Clara Rêgo – 6° Semestre 2021.1 ➔ MARCHA: O distúrbio da marcha, denominado disbasia, pode ser apresentado de várias formas, inclusive de forma unilateral ou bilateral. Deve se observar o paciente andar em linha reta, ao longo da sala ou de um longo corredor, observando quaisquer eventos adversos. ➔ COORDENAÇÃO: Avalia-se no exame da coordenação o funcionamento adequado do cerebelo (centro coordenador) e da sensibilidade proprioceptiva. A perda de coordenação é denominada ataxia e pode ser categorizada como cerebelar, sensorial ou mista. Obs: nas lesões sensoriais o paciente pode tentar compensar por meio da visão, de forma que ao fechar as pálpebras acentua-se a ataxia, o que não ocorre caso o acometimento seja cerebelar. ✓ Prova dedo-nariz: solicita-se que estenda o membro superior lateralmente e, em seguida, que toque a ponta do nariz com o dedo indicador. Deve-se solicitar que repita o exame algumas vezes, com os olhos abertos e fechados. ✓ Prova calcanhar-joelho: paciente em decúbito dorsal, solicite que coloque o calcanhar sobre o joelho oposto e em seguida deslize-o suavemente até a planta do pé. Em seguida, peça para que retorne o calcanhar para o joelho. Para maior sensibilidade no exame, realize o exame com o paciente de olhos fechados. Avalie ambos os lados. ✓ Prova dos movimentos alternados: solicita-se que o paciente realize movimentos rápidos e alternados, tais como abrir e fechar a mão, movimento de supinação e pronação ou extensão e flexão dos pés. Avalie ambos os lados. OBS: esses movimentos denominam-se de diadococinesia, e a dificuldade de realizá-los chama-se disdiadococinesia e a incapacidade de realizá-los adiadococinesia.Conclusão da aula:
Compartilhar