Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Números reais APRESENTAÇÃO Você sabia que toda a matemática moderna é organizada na forma de conjuntos? A noção de conjuntos é fundamental para compreender todas as estruturas matemáticas que são apresentadas ao longo do processo de ensino-aprendizagem. Podemos dizer, sem medo de errar, que ter conhecimentos sólidos sobre a matemática é fundamental para o profissional da área da saúde. Esses conhecimentos serão necessários para a leitura e a construção de gráficos, para estudos estatísticos (fundamentais para as tomadas de decisões diárias), para leituras de resultados de análises clínicas e muitas outras aplicações. Nesta Unidade de Aprendizagem, destacam-se a noção de conjuntos; suas relações, operações e aplicações; a definição de conjuntos numéricos; operações com números reais; e os intervalos numéricos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar o conjunto dos números reais dos demais conjuntos numéricos. • Demonstrar um subconjunto dos números reais por meio de intervalos.• Resolver problemas envolvendo números reais.• DESAFIO O leucograma é a parte do exame de sangue que consiste em avaliar os leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, que são as células responsáveis pela defesa do organismo. Esse exame indica o número de neutrófilos, bastões ou segmentados, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos presentes no sangue. Existem 5 tipos de leucócitos que desempenham diferentes papéis no sistema imunológico: eosinófilos, basófilos, neutrófilos, linfócitos e monócitos. Mediante o conhecimento dos intervalos numéricos, é possível realizar a leitura dos exames clínicos. Uma vez estabelecidos os parâmetros aceitáveis ou descritos como ideais, é possível informar ao indivíduo o seu quadro de saúde. INFOGRÁFICO É possível avaliar as diferentes quantidades de determinada grandeza ao organizar os números de acordo com suas características, seguindo determinada formulação. Ou seja, em sua classificação, os números são organizados em conjuntos numéricos, que podem ser classificados em naturais, inteiros, racionais, irracionais e reais. Veja no Infográfico as particularidades de cada um desses conjuntos numéricos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO Ao iniciar os estudos de aritmética, é necessário entender com clareza que, em sua totalidade, os números são divididos em conjuntos numéricos. Além disso, para compreender os números reais, é importante conhecer os demais conjuntos. Em sua maioria, os conjuntos representados são os numéricos, os de formas geométricas e os derivados desses. Na obra Cálculo (aplicado à saúde), base teórica desta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo Números reais, no qual você irá conhecer os conjuntos numéricos e seus subconjuntos; suas relações, operações e aplicações; a definição de conjuntos numéricos; operações com números reais; e os intervalos numéricos. CÁLCULO (APLICADO À SAÚDE) Nome da Prof Números reais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Diferenciar o conjunto dos números reais dos demais conjuntos numéricos. � Demonstrar um subconjunto dos números reais por meio de intervalos. � Resolver problemas envolvendo números reais. Introdução Instintivamente, como seres humanos (assim como muitas outras es- pécies), tendemos a nos organizar de modo a formar conjuntos, e essa organização sempre gira em torno de características comuns. Alguns exemplos são os grupos que organizamos com a família, os amigos, os colegas de trabalho. Esse conceito é o mesmo utilizado por matemáticos, ao longo da história, para estabelecer, formular e desenvolver a matemática como conhecemos. Assim, toda a matemática moderna é organizada em forma de conjuntos. Ter clareza sobre a noção de conjuntos é fundamental para compreender todas as estruturas matemáticas que serão apresentadas ao longo de nosso processo de ensino e aprendizagem, uma vez que todos os conceitos matemáticos serão expressos por meio da noção de conjuntos. Assim, não podemos iniciar este estudo sem ter clareza acerca de uma das mais simples ideias matemáticas, pois é preciso ter segurança sobre os conhecimentos relacionados aos conjuntos para que possamos compreender os números reais. Entre os conhecimentos trabalhados neste capítulo, destacam-se a noção de conjuntos — suas relações, operações e aplicações —, a definição de conjuntos numéricos, as operações com números reais e os intervalos numéricos. Noção de conjuntos Uma das ideias mais simples da matemática é também aquela que formula toda a matemática atual. Trata-se da noção de conjuntos. Um conjunto é formado por elementos com características comuns que os relacionam entre si. Assim, dados um conjunto A e um objeto qualquer a (que pode ser até mesmo outro conjunto), podemos formular a seguinte questão: a é (ou não é) elemento do conjunto A? Se a resposta for sim, podemos dizer que a ∈ A, onde se lê “a pertence a A”. Caso contrário, dizemos que a não pertence ao conjunto A que, em linguagem matemática, escreve-se: a ∉ A. É importante destacar que a matemática, como a conhecemos, ocupa-se de números e de espaços (ELON, 2004). A maioria dos conjuntos que encon- tramos frequentemente representados é formada pelos numéricos, pelos de formas geométricas e pelos seus derivados. Porém, há estudos que estabelecem conjuntos de diferentes elementos para a sua operacionalização matemática, a fim de obter as respostas para os questionamentos estabelecidos ao longo dos projetos de pesquisa. Um exemplo está relacionado à Teoria de jogos, que observa o perfil das respostas comportamentais possíveis, em determinadas situações (estabelecendo um conjunto), para a verificação da tendência do grupo estudado. A seguir, serão apresentadas algumas relações importantes para nos apro- priarmos da noção de conjuntos. É importante revisarmos os símbolos matemáticos, como os símbolos de pertence e não pertence representados anteriormente. À medida que aprofundarmos nossos estudos, muitos deles estarão presentes em nossas atividades. Assim, recordemos de alguns desses símbolos. < menor que ≤ menor e igual que > maior que ≥ maior e igual que ≠ diferente ≅ aproximadamente Números reais2 ∀ para todo ∃ existe ∄ não existe ∅ conjunto vazio ∈ pertence ∉ não pertence ⊂ contém ⊃ está contido ⟷ se e somente se Existe um universo de símbolos matemáticos a serem utilizados e, aqui, destacamos apenas alguns, que serão mais utilizados em nossos estudos. Relação de inclusão Uma vez que já temos claro o conceito de conjuntos, bem como a sua impor- tância nos estudos matemáticos (ou que possuem base matemática), passaremos a estabelecer definições e relações matemáticas que serão a base para o estudo dos números reais e também de estudos futuros. Iniciaremos pela relação de inclusão. Sejam A e B conjuntos quaisquer; se observarmos que todo elemento de A for também elemento de B, dizemos que A é subconjunto de B. Com base na identificação do conjunto A como subconjunto de B, também podemos dizer que A está contido em B, ou que A é parte de B. Usando a linguagem matemática, podemos escrever a relação de A e B da seguinte forma: A ⊂ B. A relação A ⊂ B chama-se relação de inclusão. Quando A não é um sub- conjunto de B, escrevemos A⊄B. Isso significa dizer que nem todo elemento de A pertence ou está contido em B. A relação de inclusão apresenta propriedades fundamentais de extrema importância para as operações matemáticas. Assim: dados quaisquer conjuntos A, B e C, as propriedades fundamentais da inclusão são: � reflexividade (reflexiva): A ⊂ A � antissimétrica: se A ⊂ B e B ⊂ A, então, A = B � transitividade: se A ⊂ B e B ⊂ C, então, A ⊂ C É importante ressaltar a condição de igualdade entre os conjuntos, onde os conjuntos A e B são iguais se, e somente se, possuírem osmesmos elementos. 3Números reais O pensamento matemático é muito utilizado em exemplos cotidianos. A relação de inclusão é a base do raciocínio dedutivo. Observe o exemplo a seguir. O ser humano é um animal, todo animal é mortal, logo, todo ser humano é mortal. Se fossemos escrever essa dedução em linguagem matemática de conjuntos, seria: Seja H, A e M, respectivamente, o conjunto dos humanos, animais e mortais. Temos H ⊂ A e A ⊂ M, logo, H ⊂ M. Reunião e interseção Assim como a relação de inclusão, as relações de reunião (também chamadas de união) e interseção também são conceitos muito intuitivos para nós. Com frequência, reunimos grupos de informações ou, ainda, utilizamos apenas uma parcela desses dados, que atendem a dois conjuntos ao mesmo tempo. Dessa forma, observemos as definições para essas relações. Dados os conjuntos A e B, a reunião (ou união) de A e B, representada por A∪B, é o conjunto formado por todos os elementos de A mais todos os elementos de B. Já a interseção, representada por A∩B, é o conjunto formado pelos ele- mentos que são, ao mesmo tempo, conjuntos de A e de B. Concisamente: � x ∈ A ∪ B significa x ∈ A ou x ∈ B � x ∈ A ⋂ B significa x ∈ A e x ∈ B A união e a interseção podem ser representadas pelos diagramas a seguir. � União: A B A ∪ B Números reais4 � Interseção: A ∪ B A B As operações de união e interseção são constituídas pelos conectivos lógicos e e ou. Esses conectivos são muito utilizados em nosso cotidiano. Observe os exemplos. 1. Se um paciente der entrada em uma unidade de saúde com um quadro de cálculo renal, com o cálculo medindo até 0,5 mm, ele poderá usar um medicamento e ex- pelir o cálculo naturalmente ou usar um duplo J para facilitar a expulsão do cálculo. 2. Se um paciente der entrada em uma unidade de saúde com um quadro de cálculo renal, com o cálculo medindo mais que 0,5 mm, ele poderá usar um medicamento para expelir o cálculo naturalmente e usar um duplo J para facilitar a expulsão do cálculo. Observe que, no primeiro exemplo, não há obrigatoriedade em realizar os dois procedimentos (tratamentos). Já no segundo exemplo, por usarmos o conectivo e, os dois tratamentos deverão ocorrer. Igualdade entre conjuntos Sobre as relações entre conjuntos, estabeleceremos a definição da relação de igualdade. A relação A = B (A igual a B) significa que todos os elementos de A são iguais aos elementos de B, e apresentam as seguintes propriedades. � Reflexividade: A = A. � Simetria: se A é igual a B, então, B é igual a A. � Transitividade: se A = B e B = C, então, A = C. 5Números reais Cabe destacar que as propriedades estabelecidas nas relações de inclusão, união, interseção e igualdade são as mesmas presentes nas operações matemá- ticas básicas, respeitando as especificidades de cada uma das operações. Essa observação é pertinente, pois, para podermos buscar soluções matemáticas na prática diária do profissional da saúde, precisaremos estar atentos às definições para a escolha adequada das relações e operações matemáticas que melhor atendem à demanda apresentada. Conjuntos numéricos Desde os tempos mais remotos, o homem apresenta a necessidade de estabelecer relações para definir a quantidade de bens (produtos) que possuí. Há diversos relatos que descrevem as relações que estabeleciam quantidades. Alguns exemplos desses relatos são as construções gráficas presentes em cavernas com o desenho representativo de animais e, por consequência, sua quantidade, ou a relação entre a quantidade de pedras e a quantidade de animais de um rebanho. Em algum momento, o homem percebeu que era necessário criar um sistema de contagem que facilitasse sua vida diária e, com isso, surge a história dos números. Em um primeiro momento, são apresentadas representações gráficas locais, como o sistema numérico babilônico, até evoluir para a criação de um sistema simbólico que, independentemente da localização geográfica, é de fácil entendimento. Isso surge devido à necessidade do homem em estabelecer relações comerciais com diferentes povos. A história da evolução do sistema numérico até os dias de hoje é extrema- mente rica, e está entrelaçada com a evolução da sociedade moderna, o que nos permite perceber a importância de estudá-la. Contudo, em nossa unidade de aprendizagem, nosso foco será a relação entre os diferentes conjuntos numéricos e suas aplicações em nossas práticas profissionais. Dessa forma, utilizaremos a definição de Elon (2004), que classifica os números como entes “abstratos desenvolvidos pelo homem como modelos que permitem contar e medir”, bem como avaliar as diferentes quantidades de determinada grandeza. Quando organizamos os números de acordo com suas características (par- ticularidades), seguindo determinada formulação, ou seja, os classificados, estamos apenas organizando os números em conjuntos. Os conjuntos numéricos são elencados como: naturais, inteiros, racionais, irracionais e reais, conforme veremos a seguir. Números reais6 Conjunto dos números naturais (ℕ) O conjunto dos números naturais é composto por números inteiros positivos, e o número zero é o primeiro elemento desse conjunto. Nesse conjunto, o sucessor de cada elemento é igual à soma dele mesmo com uma unidade, ou seja, o sucessor de 3 será 4, pois 3 + 1 = 4. N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, ...} Para representar o conjunto dos números naturais não nulos (ou seja, dife- rentes de zero), deve-se colocar um * ao lado do símbolo. Assim: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, ...} Conjunto dos números inteiros (ℤ) O conjunto dos números inteiros é composto pelo conjunto dos números naturais acrescido dos números inteiros negativos. Assim, o conjunto dos números inteiros pode ser escrito da seguinte forma: Z = {..., −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, ...} O conjunto dos números inteiros apresenta a relação de simetria em sua composição. Em outras palavras, para cada número existe o seu oposto, ou o seu simétrico. Um exemplo é o elemento 3, que possui o seu oposto no conjunto, sendo ele o –3. Dessa forma, o 3 e o –3 são opostos ou simétricos. Veja que todo número natural é inteiro, mas nem todo número inteiro é natural. Assim, é possível observar que o conjunto dos números naturais está contido no conjunto dos números inteiros. Conjunto dos números racionais (ℚ) Assim como houve, ao longo do processo evolutivo do ser humano, a necessi- dade de estabelecer um sistema de contagem, surgiu também a necessidade de descrever partes de algo inteiro. Desse modo, surgem os valores, ou melhor, os números fracionários ou, simplesmente, as frações. Quando adicionamos as frações aos números inteiros, obtemos o conjunto dos números racionais. São exemplos de números racionais: 7Números reais Q = {−1, −2/5, 4/3, 5, ...} Então, um número racional é todo aquele que pode ser escrito na forma de uma fração. Usando a linguagem matemática, dizemos que um número pertence ao conjunto dos racionais se: Q = {x/x = a/b, a ∈ Z, b ∈ Z, b ≠ 0} Onde se lê “x e x é igual a a sobre b” (ou a dividido por b), com a per- tencente ao conjunto dos inteiros e b pertencente ao conjunto dos inteiros e diferente de zero. Observe que todo número inteiro é racional, mas nem todo número racional é inteiro. Por exemplo, –1 é inteiro e é racional, mas 4/3 é racional e não é inteiro. Conjunto dos números irracionais (𝕀) Mesmo com o conjunto dos números racionais, há valores numéricos que não conseguimos expressar na forma fracionária como, por exemplo, raízes não exatas, como √2, √3, √5 , e do número π, do logaritmo neperiano, além do número de ouro ϕ (fi). Assim, o conjunto dos números irracionais é composto por todos os números que não são possíveis de se descrever na forma inteira ou fracionária. Esse conjunto não está contido em nenhum dos outros três, ou seja, nenhum número irracional é racional, inteiro ou natural, e nenhum número natural, inteiro ou racional é irracional. Conjunto dos números reais (R) Usando as relações de inclusão,podemos definir o conjunto dos números reais como o conjunto formado da reunião do conjunto dos números racionais com os números irracionais (PROFESSOR FERRETO, 2018). Ainda, com base nos estudos das relações de conjuntos, podemos dizer que o conjunto dos números inteiros está contido no conjunto dos números reais. Podemos afirmar, também, que o conjunto dos números reais contém o conjunto dos números naturais, inteiros e racionais. Números reais8 Representação geométrica dos conjuntos numéricos Graficamente, é possível realizar a representação geométrica dos conjuntos numéricos, conforme o diagrama ilustrado na Figura 1. Figura 1. Representação geométrica dos conjuntos numéricos. ℝ ℚ ℤ ℕ � É possível observar que o conjunto dos números reais, ℕ, contém todos os demais conjuntos. Se fixarmos o conjunto dos números reais como o nosso universo, 𝑢, podemos dizer, por exemplo, que o conjunto dos números naturais, ℕ, é subconjunto de 𝑢, ou seja: se ℕ ∈ 𝑢, logo, ℕ ∈ ℝ. Conjunto dos números reais O conjunto dos números reais nos permite trabalhar com grandezas contínuas, uma vez que esse é o conjunto que contém os demais conjuntos numéricos. Para melhor representá-lo, usamos um segmento de reta, que também é conhecida como reta real ou, simplesmente, reta. A representação da reta surge para esclarecer as posições dos números racionais entre os inteiros, bem como para facilitar o entendimento dos pro- cedimentos de operações, como a soma e a subtração, entre os valores de grandezas expressas por números inteiros (positivo ou negativo) e fracionários. 9Números reais A reta real é dividida pelo ponto O, chamado origem ou zero. No sentido da origem para a direita, encontram-se os números positivos e, da origem para a esquerda, os negativos. É importante recordar que a reta tende ao infinito, tanto pela esquerda quanto pela direita. Segundo Guidorizzi (2001), é possível elencar as seguintes propriedades básicas dos números positivos: � Dado um número real x, há três possibilidades que se excluem mutuamente: ou x é positivo; ou x = 0; ou x é negativo. � A soma do produto de números positivos também será positiva. A desigualdade entre números reais está reduzida aos números positivos, uma vez que a sentença x < y significa que y – x apresenta resultado positivo. Dessa relação, é possível estabelecer os seguintes princípios: ■ Tricotomia: dados x, y ∈ ℝ, vale uma, e somente uma, das seguintes alternativas: x < y, x = y ou y < x. ■ Transitividade: se x < y e y < z, então, x < z. ■ Monotocidade da adição: se x < y, então, para todo z ∈ ℝ, tem-se x + z < y + z. ■ Monotocidade da multiplicação: se x < y e z é positivo, então, xz < yz. Intervalos Há situações em que, para estabelecer relações métricas e solucionar questões, faz-se necessário determinar parâmetros numéricos. Um exemplo seria a leitura do resultado de exames patológicos. Essa ação de estabelecer parâmetros, que realizamos de forma intuitiva, tem como base matemática o estudo dos intervalos numéricos. É possível definir um intervalo numérico como o conjunto numérico que é composto por cada número real entre dois extremos indicados, seja numérica ou geometricamente. Cabe destacar que não é possível representar subconjuntos ou conjuntos que não sejam reais (ou contidos nos reais) pela notação de intervalo. Números reais10 Suponha que o conjunto A é um subconjunto dos números reais, e podemos escrever da seguinte maneira: A ={x ∈ ℝ R: 1 ≤ x ≤ 2} = [1,2] onde se lê “x pertencente ao conjunto dos números reais tal que um é menor e igual a x que é menor e igual a dois”. Essa definição de intervalo indica que o conjunto A é composto por todos os valores reais contidos no intervalo entre 1 e 2. Como os sinais que indicam as extremidades do intervalo são de maior e igual e menor e igual, eles indicam que os valores 1 e 2 pertencem ao conjunto A. Também podemos representar o conjunto A de forma geométrica. Assim, 1 2 Ao definirmos intervalos, podemos dizer que o intervalo é aberto, o que significa que os extremos desses intervalos não estão inclusos, ou podemos dizer que o intervalo é fechado. Isso significa que os extremos estão inclusos. Notações A definição e a representação dos intervalos numéricos indicam se os valores das extremidades estão contidos ou não no intervalo. Assim, faz-se necessário estar atento às notações que representam os intervalos estabelecidos. 11Números reais Intervalo aberto Ao definirmos um intervalo como aberto, queremos informar que os valores das extremidades não pertencem ao intervalo. Para isso, representamos a abertura de um intervalo por meio de colchetes invertidos, conforme o exemplo a seguir. Esses colchetes podem ser substituídos escrevendo os sinais de maior ou menor. ]a,b[={x ∈ ℝ R: a < x < b} O intervalo também é aberto quando indicamos apenas um dos extremos, enquanto o outro pode ser uma infinidade de elementos à direita (+∞) ou à esquerda (−∞). Note que sabemos que a infinidade é dada à esquerda ou à direita da reta real por meio dos sinais positivos ou negativos ao lado do símbolo de infinito, e também na posição ocupada na representação do par ordenado que compõe as extremidades do intervalor (direita ou esquerda). Então: ]a,+∞[={x ∈ ℝ: x > a} Geometricamente, a representação do intervalo aberto se dá por meio de um círculo vazado na reta. ]a,b[ a b ]a, +∞[ a ]-∞, a[ a Números reais12 Intervalo fechado O intervalo é fechado e, tanto em sua definição quanto em sua representação, o oposto do aberto. Assim, representamos o intervalo fechado por colchetes e sinais de maior e igual ou menor e igual e, na reta, com circunferências totalmente preenchidas, conforme os exemplos a seguir. [a,b]={x ∈ ℝ: a ≤ x ≤ b} a b Os intervalos numéricos não precisam ser fechados nas duas extremidades ou abertos nas duas extremidades. Eles podem assumir uma forma mista com uma das extremi- dades aberta e a outra fechada. Assim, podemos definir um intervalo A, por exemplo, [a,∞[, que é fechada em a e aberto para o infinito à direita. Operações É possível realizar operações matemáticas com intervalos numéricos, pois podemos assumir que um intervalo é um subconjunto dos números reais. Dessa forma, é possível realizar algumas operações entre intervalos, como união e interseção de intervalos. 13Números reais Vamos supor que temos dois intervalos: [a, b] e [c, d], e que d > c > b > a. A união dos intervalos será dada por: [a,b] ∪ [c,d] = {x ∈ ℝ R: a ≤ x ≤ b ou c ≤ x ≤ d} Geometricamente, representamos da seguinte maneira: a b c d A sua interseção é vazia, pois não existem elementos comuns em ambos os intervalos: [a,b] ∩ [c,d] = ∅ Vamos tomar um exemplo com valores. Supondo os intervalos [1,5] e [2,7]. A sua união será: [1,5] ∪ [2,7] = [1,7] = {x ∈ ℝ R: 1 ≤ x ≤ 7} Se representarmos na reta, veremos que seus elementos estão ligados linearmente: 1 2 5 7 Então, a sua união será a junção, ou inclusão, utilizando, assim, o estudo das relações de todos os elementos de seus intervalos, resultando em um intervalo único de 1 a 7. Porém, a sua interseção será dada por: [1,5] ∩ [2,7] = [2,5] = { x ∈ ℝ R: 2 ≤ x ≤ 5} Geometricamente, vemos que existe um intervalo entre eles composto pelos ele- mentos que são comuns em ambos, no caso, o intervalo [2,5], veja: 1 2 5 7 Números reais14 Na área da saúde, constantemente, deparamo-nos com intervalos numéricos. Um exemplo é a leitura de exames clínicos, em que verificamos se o indivíduo está dentro do que é considerado normal, e se o valor obtido em seu resultado está dentro de um intervalo preestabelecido. Um exemplo seria o nível de creatinina. Para um adulto do sexo feminino, o valor da creatinina, para ser considerado normal, deve estar entre 0 ≤ c ≥ 1, onde c é o valor do sujeito. A leitura desse intervalo é a seguinte: creatinina deve estar maior ou igual a zero e menor ou igual a 1. Note que são intervalos fechados, logo, os valores 0 e 1 pertencem aointervalo. 1. Um conjunto é a reunião de elementos com características em comum como, por exemplo, o conjunto das estações do ano. Em matemática, os elementos de um conjunto são relacionados segundo a sua lei de formação, o que possibilita infinitos agrupamentos. Porém, alguns representam uma situação ou lei de formação especial, como o conjunto dos números reais e, por conta disso, recebem um símbolo que os representa. Assim, é correto afirmar que o símbolo Ø representa: a) um conjunto unitário, ou seja, que contém um único elemento. b) conjuntos iguais, ou seja, que contêm, exatamente, os mesmos elementos. c) o conjunto dos números complexos. d) o conjunto dos valores infinitos ou finitos. e) o conjunto vazio, ou seja, que não contém elemento. 2. Qual alternativa apresenta corretamente a definição de subconjunto? a) Caso todo elemento do conjunto A pertença também ao conjunto B, sem que todos os elementos desse segundo grupo pertençam a B, diremos que A é subconjunto de B: A ⊂ B. b) Caso todo elemento do conjunto A não pertença também ao conjunto B, sem que todos os elementos desse segundo grupo pertençam a B, diremos que A é subconjunto de B: A ⊂ B. c) Caso todo elemento do conjunto A não pertença também ao conjunto B, sem que todos os elementos desse segundo grupo pertençam a B, diremos que A é subconjunto de B: B ⊂ A. d) Caso todo elemento do conjunto A pertença também ao conjunto B, sem que todos os elementos desse segundo grupo pertençam a A, diremos que A é subconjunto de B: A ⊂ B. 15Números reais e) Caso os elementos de B estejam contidos em A, sem que todos os elementos de B pertençam a A, podemos dizer que A é subconjunto de B: A ⊂ B. 3. Sejam os pontos a e b pertencentes ao conjunto dos números reais, identifique quais das representações a seguir caracterizam um intervalo fechado. a) ]b,a] b) ]a,b] c) [a] d) [a,+∞[ e) ]−∞,a] 4. Com base nos estudos sobre o conjunto dos números reais, é correto afirmar que: a) o conjunto dos números reais não contém todos os demais conjuntos. b) o conjunto dos números reais contém todos os demais conjuntos, exceto o conjunto dos números complexos. c) o conjunto dos números irracionais está contido nos naturais. d) o conjunto dos números reais não contém o conjunto dos naturais. e) o conjunto dos números inteiros contém o conjunto dos números reais. 5. Dizemos que um exame de creatinina é normal se seus valores estiverem contidos no intervalo [0,1]. Assim, é correto dizer que: a) o intervalo [0,1] é um intervalo semiaberto. b) se o sujeito apresentar resultado superior a 1, estará dentro do considerado normal, pois atende aos valores de referência do exame. c) se o sujeito apresentar valores iguais a 0,6, estará dentro do considerado normal, pois atende aos valores de referência do exame. d) os valores considerados normais para esse exame não podem ser considerados um intervalo numérico. e) para serem um intervalo numérico, os valores das extremidades devem ser, obrigatoriamente, racionais. GUIDORIZZI, H. L. Um curso de cálculo. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001. v. 1. PROFESSOR FERRETO. Números irracionais e reais. 2018. Disponível em: <http://www. professorferretto.com.br/numeros-irracionais-e-reais/>. Acesso em: 7 dez. 2018. Números reais16 Leituras recomendadas ACCBARROSO. Teoria dos conjuntos. 2016. Disponível em: <https://ensinodematemtica. blogspot.com/2010/12/teoria-dos-conjuntos.html>. Acesso em: 7 dez. 2018. ANTON, H. Cálculo: um novo horizonte. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000. v. 2. DANTE, L. R. Matemática: contexto e aplicações. 2. ed. São Paulo: Ática, 2013. v. 1. DIAS, J. Projeção oblíqua. [2018]. Disponível em: <https://www.geogebra.org/m/ kKu5kA9t>. Acesso em: 7 dez. 2018. LIMA, E. L. Curso de análise. 14. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2016. v. 1. 17Números reais Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Um dos temas de maior aplicabilidade para os profissionais da área da saúde, quando estudamos o conjunto dos números reais, é a noção de intervalos numéricos. Veja nesta Dica do Professor como os intervalos numéricos são representados e como operá-los. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Um conjunto nada mais é do que a reunião de elementos com características em comum, como, por exemplo, o conjunto das estações do ano. Em matemática, os elementos de um conjunto são relacionados segundo a sua lei de formação, o que possibilita infinitos agrupamentos. Porém, alguns representam uma situação ou lei de formação especial, como o conjunto dos números reais, e por conta disso recebem um símbolo que os representa. Assim, é correto afirmar que o símbolo Ø representa: A) um conjunto unitário, ou seja, que contém um único elemento. B) conjuntos iguais, ou seja, que contêm exatamente os mesmos elementos. C) o conjunto dos números complexos. D) o conjunto dos valores infinitos ou finitos. E) o conjunto vazio, ou seja, que não contém nenhum elemento. 2) Qual das alternativas a seguir apresenta corretamente a definição de subconjunto? A) Caso todo elemento do conjunto A pertença também ao conjunto B, sem que todos os elementos desse segundo grupo pertençam todos a B, diremos que A é subconjunto de B: A ⊂ B. B) Caso todo elemento do conjunto A não pertença também ao conjunto B, sem que todos os elementos desse segundo grupo pertençam todos a B, diremos que A é subconjunto de B: A ⊂ B. C) Caso todo elemento do conjunto A não pertença também ao conjunto B, sem que todos os elementos desse segundo grupo pertençam todos a B, diremos que A é subconjunto de B: B ⊂ A. D) Caso todo elemento do conjunto A pertença também ao conjunto B, sem que todos os elementos desse segundo grupo pertençam todos a A, diremos que A é subconjunto de B: A ⊂ B. E) Caso os elementos de B estejam contidos em A, sem que todos os elementos de B pertençam a A, podemos dizer que A é subconjunto de B: A ⊂ B. 3) Sejam os pontos a e b, sendo a e b pertencentes ao conjunto dos números reais. Identifique quais das representações abaixo caracterizam um intervalo fechado. A) ]b,a]. B) ]a,b]. C) [a]. D) [a,+∞[. ]E) −∞,a]. 4) Com base em nossos estudos sobre o conjunto dos números reais, é correto afirmar que: A) o conjunto dos números reais não contém todos os demais conjuntos. B) o conjunto dos números reais contém todos os demais conjuntos, exceto o conjunto dos números complexos. C) o conjunto dos números irracionais está contido nos naturais. D) o conjunto dos números reais não contém o conjunto dos naturais. E) o conjunto dos números inteiros contém o conjunto dos números reais. 5) Dizemos que um exame de creatinina é normal se seus valores estiverem contidos no intervalo [0,1]. Assim, é correto dizer que: A) o intervalo [0,1] é um intervalo semiaberto. B) se o sujeito apresentar resultado superior a 1, estará dentro do considerado normal, pois atende aos valores de referência do exame. C) se o sujeito apresentar valores iguais a 0,6, estará dentro do considerado normal, pois atende aos valores de referência do exame. D) os valores considerados normais para esse exame não podem ser considerados um intervalo numérico. E) para serem um intervalo numérico, os valores das extremidades devem ser obrigatoriamente racionais. NA PRÁTICA Na área da saúde, constantemente nos deparamos com questões de matemática básica, como, por exemplo, no cálculo de dosagens. Por isso, é muito importante adquirir uma base sólida de matemática e compreender de que modo esse conhecimento afeta as atividades do seu dia a dia. Veja neste Na Prática alguns exemplos de como a matemática pode influenciar em questões da área da saúde. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Matemática para profissionais da saúde Este livro é um ótimo complemento para os seus estudos, pois ensina conceitos, fórmulas ecálculos básicos de matemática, sempre relacionando-os às atividades do dia a dia. Matemática em toda parte No vídeo a seguir, você pode conferir como a matemática pode ser aplicada em conceitos relacionados à saude. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conjunto dos números reais No vídeo a seguir, você poderá ampliar seus conhecimentos acerca dos números reais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Interseção e união de conjuntos Veja neste vídeo exemplos de interseção e união de conjuntos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Compartilhar